Private Collections: Beauty and Rage escrita por Calpúrnia


Capítulo 5
"Simplicidade"


Notas iniciais do capítulo

E olha só que eu não demorei muito! E eu, particularmente, estou feliz por isso. Bom, estamos na reta final, pessoal. Pode-se dizer que este capítulo é o último mesmo, levando-se em consideração que os próximos serão apenas extras.

Quero muito agradecer todo o carinho de vocês para com a história e comigo; foi muito importante ter esse apoio. Também quero dizer que foi muito bom escrever essa história, tão diferente, porém intensa e amada. Foi incrível poder compartilhar isto tudo com vocês. Peço, também, perdão se não pude fazer mais ou se exagerei em algum ponto. De qualquer forma, estou imensamente agradecida.

Espero que gostem! Boa leitura!



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5.

Escrito por G. de Oliveira

Japão, 1944

Janeiro

A notícia da morte de Uchiha Madara demorou mais do que o esperado a vir a público. Tanto o governo quanto a equipe do projeto se esforçaram para encobrir tal fato, mas escolheram por manter o fato de que ele fora assassinado — uma ideia que desagradou e muito a Hinata que gostaria que ele não ficasse como o homem digno e sábio que todos achavam que era.

Havia muitos burburinhos sobre o que realmente havia acontecido, no entanto, as pessoas pareciam preferir se fazer de cegas, ignorando muitas coisas. Para aqueles que tinham ideia do que aconteceu, era um absurdo como tudo estava se encaminhando. Neste mesmo tempo, Hinata e Hiashi corriam para organizar todas as provas que possuíam de modo que pudessem entregar a polícia. Os dois não permitiriam que tudo fosse esquecido.

As estações já haviam mudado. O Inverno estava batendo à porta dos moradores mostrando toda sua maestria, ainda que a neve ainda não estivesse presente. O tempo estava passando mais rápido que se poderia acompanhar. Para Naruto estava sendo novo e impressionante acompanhar sua trajetória. Tornou-se rotina encontra-lo do lado de fora da casa observando o céu e o movimento das ruas.

Com toda a agitação entre Hinata e Hiashi, ele ficava quieto e, em geral, longe dos dois. Eles haviam escolhido não usar o testemunho de Naruto — mesmo que não tivessem perguntado algo a ele. Eles sabiam que toda a vivência num lugar como a Área Sete havia deixado marcas que deveriam se curar com o tempo, sem interferências nem tentativas evasivas.

Foi numa tarde, quando Hinata e Hiashi discutiam sobre precisarem de algo mais forte para acabar com Madara, que Naruto, pela primeira vez, se pronunciou. Nenhum deles esperava por isso.

— Talvez eu devesse dizer algo. — disse ele de pé na soleira da porta. — Uma testemunha.

— Não, Naruto-kun. — disse Hinata preocupada. — Nós não sabemos o resultado que isso pode causar.

— Bom, vocês entregarem essas provas também não, e mesmo assim irão. — fez uma pausa. — Minhas palavras podem mudar isso.

Hinata e Hiashi se entreolharam envergonhados por saberem que era verdade, do poder que as palavras de Naruto teriam. No entanto havia o outro lado: a exposição de Naruto poderia fazer com que o mundo quisesse explora-lo ainda mais do que Madara conseguiu. Esta era a parte difícil de explicar para ele.

— Naruto, você precisa estar ciente de que sua exposição pode te prejudicar. O mundo é muito mais malvado do que você pode imaginar. — fez uma pausa antes de voltar a falar e escrever em alguns papéis. — Uchiha Madara só era um, existem muitos mais.

O Uzumaki parecia ponderar o que Hiashi dizia. Ele realmente não queria ser tão exposto assim, porém sabia que não era possível. Por outro lado, queria justiça por tudo que Madara fez. Não só por si, como também por outros rapazes que foram mortos e por suas famílias que sofreram com isto. Ele poderia ser um grande estúpido em toda e qualquer questão universal, no entanto sabia que não queria que a Área Sete ficasse esquecida como se nunca tivesse existido.

— Ninguém precisa saber que o experimento deu certo. Além do mais, eu realmente quero isso. Não como um dever, mas como gratidão.

Com estas palavras, ele saiu deixando uma Hinata sorridente e orgulhosa. Hiashi ainda achava que sua atitude era perigosa e não queria que ele se arriscasse tanto, no entanto, gostava da coragem que exalava de Naruto e mais ainda em saber que ele não havia sido tão quebrado afinal de contas.

— Ele continua o mesmo, não é?! — disse Hiashi com um leve sorriso nos lábios.

— Sim. — murmurou Hinata. — Ainda é o Naruto-kun de sempre.

— Você está feliz, filha?

A Hyuuga olhou para o pai de uma forma que ele não esperava. Pela primeira vez, Hiashi enxergou tranquilidade naqueles olhos tão brancos e tristes. Ninguém poderia imaginar todas as dores que sua pequena flor havia passado, portanto não saberiam como era grande a satisfação de vê-la tão feliz. Não havia peso em seus ombros, a preocupação de antes se evaporou e tudo nela se resumia em brilho e doçura. Era bom saber que tudo estava resolvido.

— Sim, otou-san.

{...}

Em meio a todos os problemas diplomáticos que o mundo enfrentava, a morte e acusação de Madara vieram como uma bomba, muito pior do que qualquer cidadão poderia imaginar. Para a felicidade dos Hyuuga, o processo ocorreu exatamente como queriam, e não sobraram dúvidas sobre a malícia e crueldade que compunham Uchiha Madara. Com o depoimento de Naruto, a situação se favoreceu. No entanto ninguém imaginaria que Sabaku no Gaara aparecia também. No começo, não se tinha o paradeiro de Gaara — na verdade, não se tinha conhecimento sobre o rapaz. No final, ele apareceu, deu seu depoimento e reforçou todos os atos cometidos pelo Uchiha.

De forma que tudo fosse mais bem esclarecido, alguns integrantes da família Uchiha também deram seu depoimento. Um deles foi Uchiha Sasuke, o rapaz que seria, supostamente, o terceiro experimento concluído de Madara. Segundo o depoimento do rapaz e dos pais, o tio-avô queria levar o menino consigo alegando “treinos militares”, porém Uchiha Itachi, o irmão mais velho, intercedeu, o que impediu Madara de leva-lo.

No dia dos depoimentos, Naruto se encontrou, finalmente, com o seu melhor amigo — e rival — de infância. De imediato, não o reconheceu, porém após alguns minutos, questionou-se por que ele parecia tão familiar. Estava no corredor, sentado com Hiashi e Kushina, esperando Hinata terminar seu depoimento quando a família Uchiha chegou. Todos com seus olhos incrivelmente escuros ficaram surpresos, ainda que Sasuke fosse o mais abalado de todos.

— Eu diria que é o Naruto, mas tenho minhas dúvidas. — brincou o Uchiha mais velho, Itachi.

O rapaz ficou quieto, mas quem respondeu foi Kushina, animada e sorridente. — Não precisa de dúvidas, Uchiha. É o meu menino.

Naruto deu um pequeno sorriso para a mãe, entendendo que estavam entre pessoas conhecidas, mas não sabia como agir diante delas. Era frustrante saber que tiveram intimidade um dia, e naquele momento não conseguia nem chutar qual seria o nome deles. Levantando-se, o loiro dirigiu-se a Sasuke que insistia em encara-lo com total choque e alívio, misturados de uma forma que o deixava com uma careta engraçada.

— Não acredito. — murmurou o moreno. — Eu realmente não acredito, dobe.

— Como sempre um gatinho assustado, não é, teme? — disse Naruto, mas imediatamente corou em vergonha sem saber por que havia dito aquilo. — Desculpe. Não foi por querer.

Para sua total surpresa — e de todos os outros —, Sasuke riu descontroladamente, até que surgissem lágrimas em seus olhos, escorrendo por sua bochecha e se transformando num choro silencioso e feliz. O Uzumaki observou tudo sem conseguir esboçar uma reação diante a cena que se formava diante de seus olhos, no entanto, apenas se esforçou para sorrir um pouco. Hinata sempre dizia que um sorriso poderia aliviar a tensão de um ambiente.

O Uchiha aproximou-se mais e permitiu-se um aperto forte e sincero no ombro do amigo. Não sabia o que dizer ainda que quisesse dizer muitas coisas, mas sabia da esperteza do loiro e que, portanto, ele entenderia todos os seus sentimentos naquele momento, porque sempre fora assim: Naruto sempre entendia e sentia suas dores sem que ele precisasse dizer nada. Eles eram uma família.

— Dobe, eu quero muito quebrar essa sua cara feia. — disse em fingida irritação. — Mas não quero ser preso aqui dentro.

Naruto apenas sorriu para o amigo. — Tudo bem, teme. Vamos nos resolver depois.

Apesar de não ter suas lembranças mais antigas de volta, Naruto se esforçava para deixar que seus sentimentos guiassem seus passos, como fazia naquele momento. Não se lembrava de Sasuke completamente, no entanto lembrava-se de que ele era o “teme” e que nunca, jamais, se permitiria abandona-lo. Ali, naquele exato momento, as safiras contra os ônix, ele entendeu que seus laços com todas aquelas pessoas iam muito além de apenas memórias. Eram sentimentos, sensações, estava tudo em seus olhos. Nos olhos de todos.

— Kushina-san disse que suas memórias se foram. — começou o Uchiha sério. — Sinto muito por isso.

— Não tem problema. — fez uma pausa para sorrir. — Eu posso construir novas, não é mesmo?

O Uchiha, satisfeito com a resposta do amigo, gargalhou. Com mais um aperto no ombro do amigo, o moreno sentiu seu coração aliviado e feliz. Pela primeira vez desde que perdeu o amigo, Sasuke sentia o conforto de poder sorrir, sabendo que seu melhor amigo o faria também.

{...}

Hinata sentia-se quebrada depois de passar horas e mais horas dando depoimento e apresentando todas as provas que conseguira obter contra Madara. Ela sabia que teria muito trabalho a cumprir, porém nunca imaginou que seria tanto. Tudo que ela mais queria era poder ir para casa e mergulhar em sua cama sem pensar em mais nada. Os advogados tinham certeza de que ela não precisaria mais dar depoimentos dali em diante — o contrário só aconteceria se algo mudasse durante as investigações.

Ao ser liberada, encontrou-se com seu pai, Kushina e Naruto. No entanto, o loiro estava muito entretido conversando com Uchiha Sasuke. A cena fez com que um sorriso sincero surgisse em seus lábios. Não era íntima do moreno, longe disso, porém acompanhou de perto seu desespero por encontrar o melhor amigo. Quando Naruto simplesmente desapareceu, eles fizeram buscas incessantes por anos e Sasuke fez parte de cada uma delas. Ela jamais seria capaz de saber como funcionavam os laços que eles tinham, porém sempre conseguiu enxergar a dor e impotência que o Uchiha sentia. Era de doer o coração de qualquer ser humano.

Diante da cena, ela só se sentia ainda mais orgulhosa de suas decisões. Ter trabalhado e visto tudo que havia visto foi um inferno, mas o alívio de saber que Naruto estava bem a fazia se segurar e seguir em frente. Aqueles olhos azuis que a tragavam de volta para os tempos em que nada os ameaçava. Era ele quem a fez ter coragem de dar um passo após o outro e lutar para que a Área Sete não ficasse esquecida nem continuasse funcionando. A recompensa estava bem diante de seus olhos.

— Hyuuga. — disse o moreno dirigindo-se a ela. — Bom trabalho.

A morena continuou andando até alcança-los. Sob o olhar perscrutador de Naruto, ela sorriu. Sabia da imensa felicidade do Uchiha; bastava olha-lo.

— Eu fiz o que eu precisava fazer. — disse calma. — Cumpri com a minha promessa, não foi?

Naruto, confuso, olhou-a. — Que promessa?

Sasuke deu um sorriso de lado, presunçoso como costumava ser, e deixou que Hinata respondesse a dúvida de Naruto.

— Quando você desapareceu e nós fizemos de tudo para encontra-lo, mas não conseguimos, eu prometi que o traria de volta. — explicou hesitante. — Por um bom tempo acreditei que não conseguiria, mas cá estamos.

O Uzumaki admirou-se da atitude da Hyuuga, tentando entender por que ela iria tão longe. Mesmo que não fosse o único motivo para sua atitude, queria saber de onde vinha tanta determinação em trazê-lo de volta.

— Por quê?

— Como? — pergunta confusa.

— Por que queria tanto me trazer de volta?

Para sua surpresa, ela sorriu. — Ora, Naruto-kun, você nos ensinou a nunca desistir de algo.

Mais tarde, neste mesmo dia, Hinata sentia-se mais leve e satisfeita. Kushina havia preparado um jantar maravilhoso para eles e a família Uchiha. Puderam conversar mais e relembrar momentos que, para Naruto, estavam esquecidos. A Hyuuga sentia o alívio de estar em casa com as pessoas que mais amava e poder proporcionar tal conforto a Naruto também. Ele não tinha mais aquela aura triste menos ainda o peso nos ombros; o que ela via no Uzumaki era apenas paz. Ao vê-lo rindo e irritando Sasuke, ela teve certeza de que tudo que havia feito foi certo e que faria tudo de novo se fosse preciso.

Logo após o jantar e toda a agitação, ela foi a primeira a se retirar. Tomou um banho demorado e relaxante, sem se preocupar com mais nada. Ao final, sentia-se ainda melhor, com o corpo descansado e um cheiro agradável na pele. Sentia saudade de poder tomar banho em casa e de poder se aconchegar em seu lar sem qualquer problema para atormenta-la.

Vestida com um pijama confortável e quente, Hinata finalmente pôde deitar-se. Sem poder esperar mais, seus olhos pesaram, ainda que em seus lábios houvesse um sorriso doce e feliz.

{...}

Kushina e Hiashi já haviam ido dormir, mas ele permanecia na sala. A lareira sustentava um fogo mais leve do que anteriormente. Naruto sabia que precisava tomar um banho e se deitar, tentar dormir um pouco — sentia o cansaço em seu corpo —, mas as cenas do dia ainda estavam impregnadas em seus olhos. Não sabia dizer exatamente como se sentia, porém em seu coração havia algo muito quente e confortável que se espalhava por todos os seus poros.

Tudo vinha mudando de uma forma bem drástica em sua vida. Não havia se passado muito tempo desde que havia retornado ao Japão, com Hinata a seu lado. A partir daí, havia recuperado sua família, reencontrado velhos amigos e descoberto quão humano ele era. Naruto, finalmente, havia aprendido a olhar para si mesmo como uma pessoa, se olhava no espelho e não se reprimia. Não sentia ódio quando encarava as safiras que carregava nem os cabelos cor de Sol que agora já estavam mais curtos. Não odiava o fato de que estava perdido, simplesmente pelo fato de que estava tentando melhorar. E sabia que era possível.

O ápice do dia foi reencontrar Sasuke. O moreno era uma pessoa estranha, diferente de Hinata e de Kushina, especialmente, mas sua seriedade se assemelhava e muito com a de Hiashi. Sua família também era como ele, com exceção de Mikoto, uma mulher sorridente e cheia de luz. Vendo-os ali entendia por que existia tal amizade entre as famílias. Vendo-os, Naruto entendeu como era valioso poder criar laços, ter um pedaço do paraíso quando podia, simplesmente, sentar-se com seu amigo e rir.

Sem nem ao menos saber, diante de todos eles, percebeu a saudade que sentia. Mesmo que tivesse entendido que não havia ninguém no mundo enquanto dentro da Área Sete, ali, ele soube que tinha sim, portanto seu coração ainda sentia saudade, a vontade de voltar para casa e se deixar consolar por sua família. Não entendia na época, mas ali sim. E estava feliz, satisfeito com tudo que acontecia. Não sabia se era merecedor de receber tanto, no entanto sabia que daria o que pudesse.

Ele sabia de todo o esforço que Hinata estava tendo para fazer as coisas se encaixarem. Não sabia como nem por que, mas ela se dedicava de corpo e alma para que ele pudesse ter uma chance de recomeçar. Naruto não tinha ideia de como agradecê-la por tudo que havia feito, no entanto, sabia que viver feliz era o que ela mais gostaria que ele fizesse; esta seria sua forma de agradecer por tudo. Para ele, era satisfatório o fato de que ela estava ao seu lado, ensinando-o tudo que havia de novo para ele, e também aprendendo outras coisas mais. Hinata havia se tornando a luz em sua vida, a famosa luz no final do túnel.

Naquele dia pôde observa-la com mais calma. Via-se que ela estava cansada, ele sentia isso, porém também sentia o alívio em seu coração. Cada vez que seus olhares se cruzavam, percebia como o coração dela disparava e seus olhos brilhavam. Gostava disso nela, e também o fato de que ela não se escondia dele; Hinata o acolhia e dava a ele o que pensou nunca ter conhecido e que nunca veria: amor. Reencontrar-se com Kushina o permitiu conhecer o amor também, sendo este diferente do que recebia de Hinata. Sua mãe era só orgulho, saudade e lar. Já Hinata era conforto, luz e cores. Dela, parecia que todo o mundo ganhava um novo visual. Não sabia como nem por que, mas ele se sentia assim. Eram incontáveis as vezes em que sentia imensa vontade de tocar-lhe a pele branca e macia ou então colocar suas mãos nos cabelos sedosos e brilhantes.

Quando estavam na Área Sete, Hinata o tocava vez ou outra. Às vezes, o abraçava e, em outras, apenas segurava suas mãos. Entender tais gestos o fez perceber como ela era importante para si. Enquanto viviam num inferno, ela se dedicava ao máximo para que se sentisse seguro e esperançoso. Por isso, também era agradecido, porque a incerteza de viver como um experimento o deixava irritado e amedrontado.

Fora da Área Sete, as coisas eram diferentes. Não havia olhos maldosos os vigiando, portanto ele se permitia abraça-la e toca-la quando quisesse. Na maior parte do tempo, estavam de mãos dadas. Naruto sempre queria que ela se sentisse segura e feliz, porque era o brilho daqueles olhos perolados que o fazia seguir em frente, sem medo nem temores. Não havia dúvidas: Hyuuga Hinata o movia. O escuro no qual vivia não existia mais.

Suspirando, o loiro levantou-se, finalmente. Após apagar as luzes do cômodo, ele seguiu para seu quarto. Tomou um rápido banho e colocou roupas novas e confortáveis. Desde que havia chegado, precisaram comprar muitas roupas para ele, além de uma cama nova que conseguisse abriga-lo de forma que não caísse nem ficasse com os pés de fora.

Estava se preparando para dormir quando percebeu que algo estava de errado no quarto de Hinata. Esquecendo-se do cansaço, caminhou com certa pressa até o quarto da morena, tomando cuidado para não assusta-la ao entrar. Na cama, ela se revirava suada, e balbuciava coisas incompreensíveis. Dali, ele sentia o medo, a dor e a aflição da Hyuuga que não parecia ter fim. Com receio de que isso pudesse piorar, ele se aproximou, tocando-lhe o rosto e segurando sua mão até que ela se acalmasse. Em poucos minutos, Hinata já estava quieta e respirava tranquilamente.

Naruto continuou ali, apenas segurando sua pequena mão e acariciando seu rosto fazendo cafuné em sua cabeça. Ele não sabia quanto tempo havia se passado nem mesmo se havia passado algum tempo, apenas ficou lá, observando-a. Hinata já dormia tranquila, porém, em algum momento, despertou. Os olhos perolados abriram-se lenta e preguiçosamente, tentando focar em algo, até que se encontrou com as safiras dele.

— Naruto-kun?

— Você não parecia bem. — murmurou uma explicação.

A morena apenas assentiu enquanto se virava de lado, ficando numa posição em que pudesse observa-lo melhor. Os cabelos loiros — agora na altura dos ombros — estavam soltos e um pouco úmidos, e ele vestia um pijama quente de algodão. Seu rosto demonstrava tranquilidade e segurança, enquanto a mão entrelaçada na sua, a deixava quente e feliz. Hinata soube, naquele momento, que poderia ficar daquele jeito para sempre.

— Obrigada por vir.

— Não há de quê.

Nos últimos dias não havia tido tempo para dar atenção a Naruto, especialmente com toda a confusão dos depoimentos e a investigação, mas naquele momento queria muito poder recompensa-lo. Sentando-se, ela usou a mão livre para acariciar o rosto do loiro. A barba começava a crescer de novo e ela sabia que ele teria de apara-la em breve. Não havia mais machucados em sua pele bronzeada, apenas cicatrizes que, ela sabia, não o deixavam menos bonito.

Aproximando-se mais, Hinata encostou sua testa na dele. Por um momento, ela apenas deixou que sua respiração se mesclasse com a dele. Dessa forma, tudo ao seu redor sumiu. Não havia tempo, pessoas, sons. Apenas os dois, apenas Hinata e Naruto, a mulher e o homem que se conheciam desde sempre e só tinham amor para oferecer um ao outro. Sem poder se conter mais, a Hyuuga finalmente o beijou. Ao contrário do que Madara pensava, ela nunca havia se atrevido a ir tão longe — ainda que o quisesse muito. Poder fazê-lo, naquele momento, deu-a êxtase.

Com as mãos enlaçadas no pescoço de Naruto, Hinata permitiu-se aprofundar o beijo, pedindo passagem para sua língua. Ali, puderam se explorar, sentir o gosto que tinham. Apesar de se sentir tímido e inseguro, Naruto, aos poucos, acompanhou os gestos da morena, deixando-se levar pelo beijo. Gostou da forma com que ela se encaixava perfeitamente nele, a forma com que podia apenas abraça-la e colocar suas mãos na cintura bem marcada da Hyuuga.

Quando encerram o beijo, Hinata esboçou o sorriso mais bonito que Naruto já havia visto — ainda que compartilhasse o cargo com Kushina. Ele sentia a felicidade de Hinata, descobrindo que ser feliz não é ser, e sim estar. E ele também estava feliz, esperando que a morena soubesse disso.

— Fica essa noite? — ela murmurou o pedido. — Por favor?

— Sim.


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Notas finais do capítulo

E é isso. Espero que tenham gostado. Eu realmente fiquei contente de poder trazer o Sasuke para a história e também deixar esse momento super fofo NaruHina. Sei que não foi muito, mas gosto da atmosfera sutil que encobre esses dois. Claro que planejo trazer um pouco mais disso.

Mais uma vez: muito obrigada a todos. A história foi feita com muito amor e carinho.

Espero poder vê-los em outras histórias por aí. Até mais! ♥ ♥ ♥



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