Meu Querido Cupido escrita por Bonnie Only


Capítulo 26
Criando Laços


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente ♥
Mais um para vocês.
E hoje agradeço a "Tina", pela recomendação que fez para a história. Não preciso nem dizer que eu amei, vocês são tão incríveis ♥ Mt obrigada, Tina.

"As vezes, eu leio histórias em que a protagonista é bem sucedida na vida, fez faculdade em Harvard, Oxford e outras famosas por aí. Mas a Cassie, a minha querida Cassie é uma pessoa normal. É apenas uma garçonete que leva uma vida rotineira. Mas ela não reclama disso! Ela ama a vida dela."

♥ Chorei.

Bjs e boa leitura ♥



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Existe um jeito fácil de lidar com os problemas que venho enfrentando. Eu poderia me comportar direitinho, fazer tudo o que os cupidos sugerirem e ficar longe de tudo o que emane perigo. Se eu fosse mais esperta, nunca criaria laços com os cupidos, muito menos com o David.

Eu deveria procurar manter distância deles.

Mas estou fazendo tudo ao contrário. Estou criando laços. 

Tenho me conectado a cada um deles, todos os dias, me esquecendo de que um dia nunca mais os verei. 

Me sinto uma pessoa horrível depois que a Stacy me flagrou quase aos beijos com o meu cupido, por quem Hayley é extremamente apaixonada. Elas agora são amigas, e temo que ela conte tudo à Hayley. Ela vai pensar que estou sendo falsa desde o inicio. E talvez eu realmente esteja...

Passei a madrugada toda com os olhos abertos, pensando que raios o David pensa que está fazendo. Ele me prometeu diante de todos os outros cupidos, que nunca faria nada que fosse nos prejudicar.

E é exatamente o que ele está fazendo agora. E eu preciso saber o que ele quer com isso. Sou a escolhida dele, e isso é mais grave do que parece.

O sol nasceu muito rápido, como em um piscar de olhos. Eu demorei um pouco para descer à cozinha, na esperança de evitar qualquer um deles. Principalmente David, ou então o Bruce, que também flagrou aquele momento confuso.

Mas meu plano deu errado, porque assim que desci, Bruce estava se servindo na cozinha, assim como a própria Stacy. E não poderia faltar o David, que estava preparando alguma coisa.

Trocamos rápidos cumprimentos. Eu ainda vestia meu pijama, e Stacy uma blusa do Bruce. Me lembrei da aposta que ela fez com a Hayley... Com toda certeza, Stacy ganhou.

Evitei contato visual com todos. O clima estava pesado, era evidente.

— Dormiu bem? — Stacy me perguntou, espetando sua panqueca gorda, coberta de melado. Era com certeza a panqueca mais bonita que já vi. Fiquei me perguntando qual dos cupidos que preparou. Como David estava de pé diante do fogão, deduzi que foi ele.

— Uhum, e você? — falei baixinho, pegando um jarro com leite quente.

— Também. 

Continuamos caladas. Bruce estava ao lado da Stacy, e de vez em quando me olhava. A mistura daquela sensação terrível e do repreendimento em seus olhos, era perturbador. Senti vontade de dizer a ele que não fiz nada de errado, e que ele é com certeza o ser mais hipócrita daquela cozinha. Ele sabe que a Hayley corre perigo estando ali, mas mesmo assim, ele insiste em mantê-la. 

David se juntou à nós na mesa, respondi algumas perguntas que ele me fez, apenas com "sim" ou "não". Ele parecia bem distraído, e todos agíamos normalmente, como se nada estivesse acontecendo.

Mas na verdade, Bruce se deitou com sua escolhida nessa última noite, e David e eu quase nos beijamos. 

Os dois, eram com certeza, os cupidos mais rebeldes de toda a história. Estão tomando café da manhã justamente com suas escolhidas. Estão quebrando a regra número um, e tenho medo do que está por vir.

➴ ➵ ➶

Stacy e eu decidimos dividir a louça. Quando o Bruce se ofereceu para limpar tudo, Stacy dispensou ele e disse que eu e ela daríamos conta. Aquilo era um pretexto para ficar a sós comigo. 

Quando os rapazes saíram da cozinha, ela se aproximou mansamente e depois de alguns minutos tocou no assunto de ontem.

— Que noite longa. — Esfregava um copo me olhando.

Apenas sorri e concordei.

— A Hayley perdeu a aposta. E por incrível que pareça, eu estava torcendo por ela. Mas não foi dessa vez. — Prosseguiu. Continuei calada. — Cassie?

Olhei para ela.

— Acha que fiz certo me deitando com o Bruce?

— E-eu não sei, Stacy. — Falei e desviei o olhar rapidamente. — Acho que você mesma deve responder isso.

— É que você o conhece melhor. Ele faz isso com todas as garotas?

— Não presto muita atenção na vida amorosa do Bruce. — Respondo.

Stacy logo nota que não estou disposta a responder suas perguntas

 — Desculpe, Cassie. Não quero me parecer com a louca que apareceu do nada, desesperada para suprir sua carência afetiva. Eu estou longe de ser esse tipo de garota, é que... Quando eu conheci o Bruce e percebi que ele é diferente de qualquer outro homem que conheci, decidi que vou lutar por ele. E só do que preciso saber, é se vale a pena.

— Desculpe, eu... Não posso responder sua pergunta. Na verdade, nenhuma das suas perguntas.

Ela ergueu as sobrancelhas, surpresa e confusa.

— Você... Acha que fez a coisa certa? — Decido perguntar.

Ela sorriu.

— Foi a melhor decisão que já tomei. Passar a noite com o Bruce foi a experiência mais... Sobrenatural que já tive. Não tem outra palavra para descrever.

Se eu estivesse bebendo alguma coisa, com toda certeza cuspiria tudo e me engasgaria.

— Senti algo diferente. Que nunca senti com nenhum outro. — Ela abaixou o tom de voz e franziu a testa. — Foi de verdade, uma sensação única. Diferente. Você vai pensar que eu estou louca...

 A declaração que Stacy fez sobre passar a noite com o Bruce, resume exatamente o porquê de todas as garotas ficarem nos pés dos cupidos o tempo todo. Eles não só exalam beleza, como conquistam todas elas na cama também. Tudo o que fazem é diferente e tem seu toque especial. Naquele momento me perguntei como seria ter a mesma experiência com o David, e afastei o pensamento rapidamente.

— Não consigo entender o que esses caras têm... — Stacy deu uma pausa e parou para refletir. — Isso é muito estranho.

— Eu acho que terminei. — Falei.

— Cassie, espera.

Olhei para ela.

— Você e o David, ontem... Vocês têm algo? — Perguntou.

Meu coração disparou.

— Sobre ontem... Foi tudo um mal entendido. Eu não estava muito bem. Eu e David estávamos conversando. Apenas isso. Por favor, não interprete de outra forma e não diga nada à Hayley.

Stacy me forçou um sorriso e pareceu sentir pena de mim. Fez uma expressão acolhedora e assentiu. Eu apenas me virei e saí dali.

 ➴ ➵ ➶

Durante a noite, todos os cupidos se arrumaram para ir ao Bar dos Cupidos. Exceto por David, que decidiu ficar comigo na casa. Louis, Colin, Bruce e Franklin saíram, cheirosos e exalando perigo. Eu estava no escuro da sala, sentada no sofá, coberta por algumas almofadas, assistindo a um filme sobre guerra. Espadas e sangue para todos os lados.

Observei cada um deles passando por mim e abrindo a porta. Todos se despediram, eu dei um tchauzinho. Era muito bom observá-los. Talvez por serem cupidos, talvez pelo fato de que imagino todos eles reunidos com as asas aparecendo, ou talvez porque eram a minha nova família, e eu tinha orgulho deles e admirava o passado de cada um.

Pouco tempo depois, David apareceu na sala. Temi sua presença ali, mas não queria que as coisas ficassem estranhas entre nós, então permaneci sentada. Ele se juntou a mim no sofá.

— Esse filme não faz o seu estilo. — Sentou-se com as pernas abertas, cruzou os braços e fez cara feia para o filme.

— E por que não? — Perguntei, levantando uma sobrancelha.

— Tem sangue. — Assim que ele falou sangue, um homem arrancou a cabeça do outro com sua espada afiada. — Muito sangue. — Completou.

Eu fechei meus olhos, bem forte, e sorri. David sabe o quanto tenho pavor de sangue. Uma vez, na oitava série, uma colega com quem eu me sentava cortou o dedo com papel, e sangrou um bocado. As gotas de sangue pingaram no papel do meu caderno, e eu desmaiei. 

— Que filme faz meu estilo? — Pergunto, o desafiando.

— Algo que tenha cachorros. Ou aqueles filmes cheios de arte e significados ocultos, que todos assistem e acham entediantes, mas você, acha incrível.

Olhei de lado para ele e sorri, logo em seguida voltando a prestar atenção no filme.

É espantante a forma como ele me conhece. Às vezes me esqueço disso, que ele sabe quase tudo sobre mim e minha pequena vida amorosa que tive. Ele age tão discreto quanto a isso.

— Quer conversar sobre ontem? — Me olhou.

Respirei fundo e olhei para minhas mãos.

— Acho que sim. Na verdade só quero te pedir para... Não me deixar confusa. 

— É a última coisa que quero.

— Então por que me seguiu ontem? Deveria ter ficado com a Hayley.

— Vi como me olhava. E quando subiu a escada, senti que precisava ir até você. Não é a Hayley que quero, e não vou ficar brincando com ela.

— Não importa. Não faça mais isso, não tente se aproximar. — Pedim — Bruce e Stacy viram. Tenho medo que ela conte alguma coisa para a Hayley. Nós somos amigas agora e eu não quero estragar isso.

Ele apenas assentiu, e sei que não deveria, mas uma pontada me apertou o coração, por ele não querer insistir. 

— Acho que perdi o controle. — David confessou. — Não vou fazer nada que te coloque em perigo, de agora em diante.

Forcei um sorriso e concordei. Passamos o resto do filme sangrento em silêncio, até a porta ser aberta bruscamente.

Olhei rapidamente na direção dos cupidos, que entraram bruscamente. Bruce empurrou a porta com toda sua força, parou e passou a mão no queixo, frustrado e suspirando.

— O quê aconteceu? — David perguntou.

— Há boatos por todo o bar que um cupido está tendo relações com a sua escolhida. Ou seja, algum otário contou sobre mim e Stacy, e agora todos os cupidos do bar estão sabendo. Tem ideia de como isso vai se espalhar? — Bruce gritava. Senti medo e me encolhi um pouco mais no sofá, enquanto o frio da noite entrava pela porta aberta.

Encarei as expressões dos outros cupidos. Franklin bravo, Louis tão espantado quanto eu, Colin de cabeça baixa...

— Alguns deles até já sabem há um tempo sobre a Cassie ser a escolhida do David. — Colin completou. — Eles até que sabem guardar esse segredo. Agora, um cupido ter relações com sua escolhida é algo muito grave, e não vai demorar para os cupidos superiores ficarem sabendo disso. 

— Estamos ferrados. — Franklin falou.

— Quem corre o maior risco é o Bruce. — David se levantou do sofá, e me senti ainda mais vulnerável quando ele se afastou. — Sabe o quê isso significa? — David colocou uma mão no ombro do Bruce. — Se afaste da Stacy, e encontre o escolhido dela o quanto antes. Porque sabe que vai ser tarde quando os superiores chegarem.

Pude sentir a dor nos olhos do Bruce. Mas ele se manteve forte, e de cabeça erguida, assentiu. 

— Vocês ouviram, pessoal. Os rumores estão correndo. — Franklin gritou. — Isso significa que a nossa garçonete está ainda mais vulnerável e pode ser descoberta a qualquer momento. — Dessa vez foi Franklin quem colocou uma mão no ombro do David. — Sugiro que você encontre um namoradinho para ela, logo. 

David lançou um olhar nada legal para o Franklin.

— Quem sabe um garçom? — Franklin se afastou, andando de costas, olhando para todos nós e abrindo os braços.

— Não é hora de piadas, idiota. — Colin o censurou.

— Ah, qual é? E não é verdade? Isso tem que acabar. Ou senão, vai todo mundo morrer. — Franklin fez uma expressão de pena e subiu para seu quarto.

Aquela imagem foi a mais difícil que já encarei. Todos os cupidos alertas, possivelmente com medo, e Bruce demonstrando-se confiante e seguro, mas por dentro, acabado, porque teria que desistir da Stacy.

E David, meu cupido, conformado que logo teria que se livrar de mim.


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Notas finais do capítulo

Tenho umas surpresinhas para vocês.

Digam o que estão achando! ♥

Beijos e até o próximo >>>