Meu Querido Cupido escrita por Bonnie Only


Capítulo 19
Fogo e Louis




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Dean me levou para casa depois da meia-noite. Ele me deixou na porta de casa e nos despedimos. Confesso que fiquei um bom tempo na rua, esperando que David aparecesse para entrarmos juntos, mas ele não apareceu. Confusa, abri a porta e entrei, sozinha.

No dia seguinte, procurei pelos meninos pela casa toda, e só encontrei Louis. 

— Oi, Louis. — O cumprimentei. Ele estava sentado no sofá, e parecia não ter dormido muito. Era visível toda a frustração em seu rosto, e como tudo estava sendo muito difícil para ele. Mas ainda assim, continuava encantador. Os olhos azuis exalavam um certo brilho.

— E aí? — Falou sem vontade.

— Sabe para onde os meninos foram? 

— Não sei se ouvi direito, mas acho que foram para um bar. Alguma coisa de cupido. Eles me chamaram, mas... Ainda estou tentando me — ele fez um gesto com as mãos, apontando para toda a casa — Adaptar.

— Hum... Isso é bom.

Ele assentiu, olhando para baixo.

— Não sei se eu já te disse isso, mas sinto muito pela sua namorada.

Ele apenas sorriu para mim.

— Hoje vou escolher uma garota, você sabe, para...

— Para ser sua escolhida. — Terminei a frase para ele, pois não estava conseguindo encontrar a palavra certa.

— Isso. Escolhida. — Ele revirou os olhos e eu ri.

— Se não se importar, Louis, vou sair. Você se importa de ficar aqui sozinho?

— Não, de jeito nenhum.

— Ótimo.

Me preparei para ir até o Bar dos Cupidos. Por algum motivo David estava me evitando. Nós precisávamos conversar sobre ontem, sobre como será o meu futuro daqui em diante, se devo continuar saindo com Dean ou não.

O sol ainda brilhava quando cheguei ao Bar dos Cupidos. Logo me deparei com cupidos entrando e saindo do local. Agora eu já podia entrar sem ser barrada. Era bem-vinda pelos cupidos. Me tornei uma das garotas que podiam entrar e sair sem permissão alguma. Quando entrei, comecei a caçar David com um olhar, assim como qualquer um dos outros cupidos que eu conhecia.

Então minha busca pelo bar começou. Caras bonitos em todos os lugares, com olhares intimidantes e dispostos a usufruir das garotinhas inocentes do local. Eram uns predadores. E elas adoravam isso. Eu não as culpo.

Mesas de bilhar, onde cupidos jogavam e exibiam seus braços, cupidos tirando as jaquetas de couro, garotas dançando, barmans atendendo garotas e cupidos por trás dos balcões. Era esse o clima do Bar dos Cupidos.

Não demorou muito para que eu encontrasse David e Franklin em uma das mesas do bar, e estavam muito bem acompanhados. Haviam alguns cupidos com eles, e também algumas garotas. David estava à vontade no sofá vermelho, com Hayley em um dos braços. Franklin tinha duas garotas ao seu lado, e no restante da mesa haviam mais alguns cupidos, extremamente bonitos. Um cupido de quase dois metros de altura, de cabelo vermelho e algumas tatuagens, e um outro, também muito grande, era negro e bastante forte. Percebi que Bruce e Colin não estavam. Talvez estivessem por aí, procurando o cara certo para suas escolhidas.

Tomei coragem e decidi me aproximar deles.

— É... Oi. — Interrompi a conversa deles. Minha voz não saiu tão alta o bastante para chamar a atenção de todos, mas eles notaram a minha presença e pararam de rir e conversar.

— Olha quem chegou. Garçonete! — Franklin gritou, empolgado.

Todos olharam para mim naquele instante, inclusive Hayley, que estava agarrada no David.

— É... Oi. — Repeti a mesma coisa que eu disse há dez segundos atrás e me senti uma idiota — David, posso falar com você? — Apontei para trás, relutante, indicando uma mesa vazia.

— Ei, vai mesmo excluir a gente da conversa? — Franklin continuou.

— Não, eu só quero ele emprestado, um pouco. — Falei rápido. Não aguentava o olhar de todos os cupidos sobre mim.

— Tudo bem. — David se levantou, deixando Hayley. Ela não gostou nem um pouco, pude perceber. Percebi também que ela tem me evitado, desde que me viu dançando com o David no dia em que infelizmente fiquei bêbada.

Nós dois caminhamos até uma das mesas vazias. Enquanto andávamos juntos, me senti uma das garotas que saíam com cupidos. Por todo o lugar, só se podia ver garotas ao lado de cupidos. Com toda certeza, quem olhasse para nós dois, pensaria que estamos tendo um caso. Principalmente depois que nos sentamos juntos à mesa.

— E então? — Ele perguntou.

— Então? — Eu ri — David, você não apareceu ontem! Fiquei esperando por você. Preciso saber logo o que aconteceu ontem. Você sabe...

Ele ergueu as sobrancelhas, esperando que eu especificasse.

— Eu e o Dean! — Perdi a paciência.

— Ah. O Dean.

— Sim, o Dean. Agora me diga, Dean é o meu escolhido?

David ficou em silêncio. Apenas me encarando. E aquele olhar não era nem um pouco fácil de suportar. Os cupidos jogam sujo, sempre.

— Me diga você, Cassandra, acha que o Dean Trent é seu escolhido? Você se imagina daqui há alguns anos sendo chamada de senhorita Trent?

— Meu Deus, o que você está dizendo? — fiquei indignada e fiz uma careta para ele. — Só me diga! Dean é ou não o meu escolhido?

David abriu um pequeno sorriso.

— Não.

Estufei meus olhos.

— O que?

— Essa é a sua resposta, Cassie. Dean não é seu escolhido. — David foi curto mais uma vez, e isso me deixou sem reação.

— Como assim, e o beijo? As coisas que ele me disse? David, eu saí com um cara que adorava pés e um maluco por revista em quadrinhos! Dean foi o único que não me assustou, o único com quem me dei bem. Eu o beijei! 

— Eu estava lá. E tudo indicou que Dean não é o cara certo para você. É normal as escolhidas ficarem decepcionadas. O importante agora é que você deixe de insistir no Dean. É esse o problema das escolhidas, insistirem em pessoas erradas.

— Mas... Ele foi tão doce. Eu cheguei a imaginar um... Um futuro com ele. Dean era a minha esperança.

— Bom, eu sinto muito.

— Então é só isso? Eu devo dar um pé na bunda dele?

David riu.

— Só tenta ser legal com o cara. Deve ser difícil tomar um fora de você.

Respirei fundo. Eu não devia ficar tão abalada, mas naquele momento percebi que o que mais me deixava mal, era o fato de que eu ainda teria que continuar uma fugitiva, não o fato de que perdi Dean. Isso significava que David tinha razão. Dean não era meu escolhido, e teríamos que continuar procurando pelo meu verdadeiro... Namorado.

— Tudo bem. — Me acalmei. — Acho que vou seguir em frente. É o que devo fazer, certo? — Perguntei para o meu cupido.

David me olhou com ternura, e depois seu olhar mudou para algo mais intenso, e por algum motivo, eu conseguia ler cada um deles. Agora David tinha seu olhar "predador", assim como os outros cupidos tinham quando olhavam para a garota por quem estavam interessados. Ele se levantou da cadeira e me estendeu uma mão.

Olhei para cima e o encarei.

— Venha. Você precisa se misturar. — E ele me guiou até seus amigos.

➴  ➵ ➶

Fiquei quase o dia todo no Bar dos Cupidos, acompanhada do David, do Franklin, e de todo o resto do pessoal que estava sentado naquela mesa. Confesso que fiquei calada o tempo todo, apenas observando David conversar e as outras garotas darem em cima dos cupidos. Aquilo não era para mim.

Hayley, a garota louca pelo meu cupido, não desgrudava dele. Eu fiquei entre dois cupidos extremamente intimidadores, enquanto observava Hayley contemplar cada palavra que saía da boca do David. Ela não falou comigo em nenhum momento, acho que estava me odiando.

Mas de qualquer forma, tentei me esquecer de todas as expectativas que criei com Dean, naquela noite, e acabei ficando bêbada mais uma vez. Por sorte, David estava por perto e não me deixou cometer nenhuma loucura.

➴  ➵ ➶

Eu e David chegamos em casa no horário de jantar. Me assustei, porque ouvi diversas risadas vindas da cozinha. Juntos eu e David corremos até lá, e demos de cara com Louis completamente sujo e de cabelo bagunçado, de frente com o fogão. Havia também uma panela completamente suja, alguma coisa havia estourado ali.

— O que aconteceu aqui? — Eu ri, segurando minha blusa de frio, com meu cabelo todo despenteado. O efeito dos drinks que tomei anteriormente ainda não havia passado por completo.

— O cara tentou fazer alguma merda e acabou deixando uma explosão acontecer. — Franklin respondeu.

— Sujou a cozinha toda... — Colin reclamou.

— Eu tentei fazer um jantar... Alguma coisa para agradecer à Cassie por me tratar tão bem, mas... — Ele apontou para a panela — Não deu.

Eu ri mais um pouco e não consegui dizer nada.

— É, cara. Parece que fogo não é o seu forte. — Bruce soltou uma piada e deu uma batida no ombro do Louis, Franklin começou a rir feito louco e Colin tentou segurar a risada.

— Pegou pesado. — David disse.

— Desculpe, Cassie. — Louis disse, sem jeito.

Continuei rindo, e dessa vez, minha risada se intensificou e não consegui parar. 

— É, David, não sei o que você deu para a garçonete, mas funcionou. Ela ficou doidinha.

— Doidinha o quê! — Parei de rir e gritei.

— Vem, Cassie. Você precisa de um banho. — David me guiou até a escadaria.

— Ah, quero ficar aqui com o Louis... — Reclamei, mas David não me deixou.

Depois disso acho que acabei dormindo, e nem mesmo tinha chegado até o quarto. Sim, eu bebi mais do que devia. Tudo isso para tentar esquecer que eu e Dean não demos certo, admito que vou sentir a falta dele. Esse é mais um dos motivos que me fará fugir daqui, algum dia.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo ♥