Meu Querido Cupido escrita por Bonnie Only


Capítulo 12
Segredos


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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No dia seguinte, eu, Bruce, Colin e Franklin estávamos tomando café da manhã. David não estava. Às vezes ele sumia assim do nada, assim como os outros cupidos, e eu tinha quase certeza de que ele saía para conversar com algum outro cupido. Talvez com seu chefe. Eu ainda não sabia muita coisa sobre eles.

Na mesa, depois de ter preparado todo o café da manhã para eles — isso estava virando rotina — eu contei sobre o encontro e todos eles pareciam muito felizes por mim, com exceção do Franklin, que parecia não se importar com nada do que eu dizia.

— O Dean de repente comentou sobre os cupidos. — Falei, passando manteiga em um donut. — Ele falou que achava os cupidos uns panacas e que eram estúpidos! — Falei enquanto sorria, quase rindo.

— Não gostei desse cara. — Colin disse de boca cheia, antes de colocar o pão na boca novamente.

— Ah, mas o Dean não sabia sobre nada! — Defendi. — A melhor parte foi ver que David não pareceu zangado com isso. Ele foi sarcástico e tirou com a cara do Dean. Foi hilário! Eu também conheci a amiga do David, a Hayley. — Continuei falando sem parar sobre a noite do encontro. — Eu gostei dela.

— Amiga... — Franklin foi irônico e riu, os outros cupidos riram juntos.

Eu fiquei olhando para todos eles, com cara de paisagem.

— O quê foi? 

— Nada... — Eles disseram e ficaram em silêncio.

— Então, Cassie, isso quer dizer que em breve, se esse cara for mesmo o seu escolhido, você vai para casa. — Bruce colocou sua mão forte em meu ombro, olhei para ele e sorri.

De repente David apareceu na porta da cozinha, estava encostado ali, com os braços cruzados, sorrindo para nós.

— Seu cupido chegou. — Bruce comentou, eu sorri quando o vi. Odeio acordar quando David não está em casa.

➴ ➵ ➶

Eu e Dean temos um novo encontro. Ele veio em casa pela tarde e ficamos conversando por horas do lado de fora da casa, sentados nos pequenos degraus da entrada, de frente com a porta. Ele me disse que estava muito feliz por ter me conhecido e que queria repetir o encontro, só que dessa vez a sós comigo. Eu aceitei. Mas David precisaria ir junto de um jeito ou de outro.

Quando Dean foi embora, me encontrei com David perto do seu quarto. Ele me perguntou o que Dean queria e eu disse tudo. 

Eu tinha um novo encontro amanhã.

Às três da manhã, por algum motivo, eu não conseguia dormir. A casa estava silenciosa mas eu tinha certeza de que algum dos rapazes estaria lá na sala de estar, bebendo, refletindo. Então eu desci as escadas e dei de cara com Bruce sentado no sofá.

A típica garrafa de bebida alcoólica estava na mesinha de centro, fazendo companhia para ele. Bruce parecia acabado. Encarei seu visual. Os cupidos normalmente só usam roupas pretas. Ele ainda vestia sua jaqueta de couro preta, suas botas pretas, a blusa branca... Ele havia acabado de chegar de algum lugar.

— Boa noite. — Falei, me aproximando dele. Eu estava de pijama e com os olhos um pouco inchados.

— Boa madrugada. — Bruce me corrigiu com um sorriso cansado, em seguida voltou a olhar para baixo, pensando. As pernas estavam abertas e os braços apoiados nelas.

Eu conseguia sentir a frustração. Eu sempre me pergunto: Por que os cupidos são tão frustrados durante a madrugada?

— Eu posso me sentar aqui?

— Pode.

Então me sentei de frente com ele. O silêncio reinava e a casa estava quieta. Era um milagre David, Colin e Franklin estarem dormindo.

— Problemas para dormir, Cassie? — Bruce me encarou. Aquela mesma sensação estranha veio quando olhei para os seus olhos.

Assenti.

— O que faz aqui sozinho? — Acabei perguntando — Você não parece bem.

Ele abriu um ligeiro sorriso de lado.

— Estou pensando. — Assim que disse isso, Bruce soltou um suspiro de frustração e passou uma mão sobre os cabelos um pouco longos. Eles caíram lentamente assim que Bruce tirou a mão dos fios.

— Posso perguntar no que está pensando?

Ele sorriu de novo.

— Ah, Cassie... Se você pudesse compreender o que se passa dentro da gente.

Cerrei meus olhos enquanto o encarava.

— Eu realmente gostaria de entender.

Agora Bruce ficou me encarando.

— Você é uma boa garota, Cassie. Sei disso quando olho para você. Posso sentir. Você é verdadeiramente digna de encontrar o cara dos sonhos e ser feliz. Já faz um bom tempo que você está vivendo aqui com a gente e você tem que saber que já é a minha amiga.

— Eu sei disso. Eu gosto muito de vocês. — Falei. O discurso dele me deixou com um pouco de medo e curiosidade.

— É por isso que não posso deixar que você cometa mais nenhum erro. Você sabe que Jason está atento, ele pensa que você está morta mas não está. Você é uma garota legal, então eu tenho que te pedir uma coisa.

— O que? — Perguntei, preocupada.

— Não se apaixone pelo David.

Meu sangue subiu. Era como se tivessem tocado em minha ferida, de repente. Eu não fazia ideia do que o Bruce estava falando e aonde ele queria chegar com tudo isso. Mas ele realmente parecia preocupado. 

— E-eu sei disso, por que está me falando isso? — Gaguejei, enquanto franzia minhas sobrancelhas, como se Bruce tivesse acabado de me dizer a coisa mais chocante do mundo.

— Eu sei a forma como o David olha para você, Cassandra. E a forma como ele cuida de você. Eu conheço aquele olhar. Pode acreditar em mim. Ele nunca agiu assim com nenhuma outra escolhida dele.

Não era a primeira vez que alguém me dizia isso. Já tive a sensação de ter tido essa conversa, e foi com o Franklin, o loiro oxigenado.

— Isso é um absurdo, Bruce. Eu não tenho nada com o David! Ele é meu cupido! De onde você tirou essa ideia maluca?

Bruce levantou uma sobrancelha.

— Não se faça de boba, Cassie. Vocês têm algo. Eu sou um cupido e sinto isso. O problema é que se alguma coisa acontecer entre vocês dois, é pedir para morrer.

Fiquei ofegante e senti meu coração bater mais forte.

— Pois então fique tranquilo, Bruce. Você sabe que não tem nada rolando e que David é meu cupido, e apenas isso. — Fui um pouco rude, tentando mostrar firmeza, mas acontece que eu estava com medo.

— Fico feliz em ouvir isso, Cassie. Você é importante para mim. Você e o David. — Então Bruce pegou a garrafa e colocou na boca.

Olhei para as minhas mãos. 

— A vida é injusta. — Bruce comentou depois de um bom tempo calado.

Continuei quieta, sem saber do que ele estava falando.

— Ser um cupido não é nada fácil. Eu bem pensei que seria. — Ele colocou a garrafa de volta na mesa. — Você morre por amor e recebe uma outra oportunidade de viver. E depois? Você comete a mesma burrada.

Eu não entendi o que Bruce estava querendo dizer. Ele estava dizendo coisas que eu não compreendia.

— O que você quer dizer com isso?

— Nada que você precise saber, Cassie. — Ele então se levantou. O encarei, alto e forte. O cheiro de bebida exalando. — Vá dormir. Amanhã é um novo dia.

➴ ➵ ➶

Era o dia do meu encontro. Eu novamente tentei ficar bem apresentável. O encontro seria em uma quadra de patinação no gelo, em um parque bem movimentado aqui no Brooklyn, o Prospect Park. Teriam tantas pessoas que David poderia aparecer por lá sem ser visto.

Eu coloquei a minha melhor calça, o meu melhor casaco e Dean veio me buscar. Ele tinha um carro.

O encontro começou.

Primeiro Dean ficou bem próximo de mim. Nós caminhamos juntos até a pista de gelo e ele me ajudou a colocar os patins. Eu não era muito boa nisso então ele me acompanhou o tempo todo. Eu escorreguei várias vezes e eu ri por isso e ele também. 

Dean era muito bom naquilo. Ele me deu um braço e eu segurei nele e o acompanhei enquanto patinava. Aquilo era incrível. Uma experiência um tanto nova para mim. 

Cassie Drayton, a garçonete tímida, estava patinando no gelo! Com um cara incrível!

E ainda assim, sem ver o David e sem Dean desconfiar que David estava aqui, eu podia sentir o olhar dele sobre mim. Sobre nós. David estava nos analisando, eu tinha certeza. Ele estava em algum lugar no meio daqueles pessoas, sendo um cupido.

Naquele momento fiquei me perguntando: "Quantos cupidos têm aqui no parque?".

Eu sorri com minha própria pergunta. 

➴ ➵ ➶

Dean me levou para o zoológico do parque e depois disso fomos tomar sorvete. Eu não vi David em momento algum e concluí que ele era muito bom no que fazia. 

Eu comi um hot-dog e meio e bebi dois copos de refrigerante de laranja. Dean disse que eu podia pedir o que quisesse e ir para onde quisesse. O parque era enorme. Ele me comprou um ursinho de pelúcia rosa e ele era lindo!

Eu fiquei abraçada com o urso durante o encontro inteiro, e no final, quando estávamos indo embora, Dean me deu uma mão e eu segurei.

Quando chegamos na porta de casa, digo, na porta da casa do David, ele parou o carro e desceu para me acompanhar. Fomos até a porta e foi naquele momento que eu me toquei:

Dean queria me beijar.

Eu estufei meus olhos e olhei para os lados. David estava em algum lugar por aqui. Atrás de alguma árvore, ou até mesmo invisível, eu sei lá!

Eu não podia beijar Dean... Sentia que não podia. 

— Obrigada. Eu me diverti muito. 

— E-espera, eu posso te encontrar de novo em alguns dias?

Assenti, mesmo não tendo muita certeza do que queria.

E nosso encontro acabou assim.

➴ ➵ ➶

Eu e David nos encontramos em seu quarto. Quero dizer, no nosso quarto. Ou talvez meu quarto. 

— E agora? Você conseguiu? O Dean é o meu escolhido? — Perguntei ansiosa, com o ursinho de pelúcia rosa em meus braços.

David demorou para responder.

— Dean foi o único que chegou mais próximo de ser o seu escolhido, Cassie. Eu não senti que ele é, mas senti que ele pode ser.

— E isso é possível?

— Sim. Nós não podemos dispensá-lo. Você e ele vão ter que ficar mais próximos. Tem alguma coisa acontecendo, eu sei disso. 

Respirei fundo. Há uma leve possibilidade de Dean não ser o meu par, de não ser o cara certo. Mas tínhamos que continuar tentando.

— Tudo bem... Eu só estou cansada disso. — Comentei e em seguida me joguei na cama e fiquei olhando para o teto — Eu quero muito ver a minha mãe. E o Dolph.

Senti os passos do David se aproximando. Ele estava de pé, ao lado da cama, olhando para mim.

— Você pode visitá-los. As coisas estão se acalmando e você tem saído bastante. Acho que não tem problema nenhum se você for visitá-los.

Eu me levantei da cama feito louca, sem acreditar no que ele disse eu soltei um grito, me levantei e o abracei.

— Obrigada! — E o apertei bem firme e fechei meus olhos. Um pouco confuso, David retribuiu o abraço e eu podia sentir que ele estava sorrindo por mim.

Quando o soltei, me lembrei do que o Bruce disse.

— Bruce me disse uma coisa estranha ontem à noite... — Mudei o assunto.

David me olhou, atento.

— Ele me pediu para não me apaixonar por você.

David pareceu surpreso.

— Por que ele diria isso?— David me perguntou.

— Eu não sei... Ele me disse que conhece o jeito que... Que você olha para mim. — Assim que eu disse isso, não consegui encará-lo novamente.

Quando decidi olhar para ele, não pude deixar de notar o sorriso que ele dera.

— Não esquenta, Cassie. — David não pareceu tão preocupado, de repente. — Ele só está preocupado com a gente. Mas eu tenho tudo sob controle. Eu jamais faria qualquer coisa que fosse te machucar. Ele sabe como você é importante para mim.

Fiquei sem palavras, tentando parecer normal, mas aquele assunto realmente mexia comigo.

— O Bruce anda um pouco estranho ultimamente. Na verdade, quase sempre. — David disse — Todos nós temos uma coisa que nos deixa para baixo. Cada um de nós. Franklin sente falta de sua vida passada e de sua antiga namorada. O que ele mais quer é voltar a ser um humano. O Colin não comenta muito sobre as suas fraquezas mas eu tenho quase certeza de que ele é o mais estável entre nós. 

Naquele momento pensei em Judith, a antiga noiva do David. Talvez ela fosse a fraqueza dele.

— E o Bruce? Qual a fraqueza dele?

— Ele ficou estranho depois do dia em que encontramos uma foto da escolhida dele em seu quarto.

— Isso é serio?

— Sim. Ele preferiu não dar explicações. Além disso ele tem saído com mais frequência para encontrar com a escolhida dele... Ele disse que quer encontrar logo a alma gêmea dela. Stacy é o nome dela. Ela é a última escolhida dele.

— Oh... Assim como eu sou a sua última?

— Sim. Mas eu não me preocupo com o Bruce. Ele é o mais responsável de todos nós, ele sabe o que faz. 

➴ ➵ ➶

Na manhã do dia seguinte, quando acordei, a casa estava silenciosa mais uma vez. Eu me aprontei e desci as escadas, não havia ninguém. Quando ouvi um barulho no andar de cima, corri até lá. 

Vinha do quarto do Bruce. Talvez ele estivesse na casa.

— Bruce? — Perguntei enquanto subia. 

Quando cheguei até a porta do seu quarto, estava entreaberta e eu podia ver o que acontecia ali dentro.

Bruce havia acabado de acordar, estava levantando e havia uma garota deitada de bruços em sua cama. Ela estava nua, coberta apenas por um lençol branco e Bruce estava apenas vestido com uma cueca boxer preta. Ele ainda parecia frustrado e colocava as mãos no rosto. Seu cabelo comprido estava bagunçado.

Eu vi mais do que devia. Assim quando eu ia sair dali, Bruce me viu.

— Cassie? Algum problema?

— E-eu pensei que estivesse sozinha e vim ver se tinha alguém aqui, me desculpe...

Ele pegou uma calça e veio até mim, passou pela porta e a fechou. Ficou no corredor comigo. 

— Cadê o David? — Ele perguntou, vestindo a calça.

— Eu não sei. Ele e os outros não estão.

— Hum... — Ele mordeu o lábio inferior — Você deve ter visto ela. — Ela apontou para o seu quarto. — Não se assuste, Cassie. Às vezes trazemos algumas garotas para casa.

Assenti, constrangida. 

— Tudo bem, eu vou descer — e apressei meus passos.

➴ ➵ ➶

Naquela manhã eu tomei café com Bruce e Lauren, a garota que passou a noite com ele. Ela tinha o lápis de olho todo borrado nos olhos, o cabelo bagunçado e tinha cheiro de cigarro. Ela era muito bonita. Tinha algumas tatuagens e eu acabei notando algumas marcas semelhantes a chupões em seu pescoço.

Eu fiquei vermelha instantaneamente.

Ela tagarelava sem parar e Bruce não parecia contente. Ele estava no tédio, mais concentrado em seu pão do que na garota.

Era como se Bruce estivesse pensando em outra garota. Era como se Bruce tivesse apenas usado Lauren por uma noite, para se esquecer de um outro alguém.

➴ ➵ ➶

Durante a noite todos os cupidos estavam em casa e eu me senti extremamente feliz por isso. Me sentia mais segura quando todos estavam. Eu e Colin preparamos o jantar. 

Eles conversavam sem parar, falando besteiras e às vezes alguns palavrões. Quando Franklin soltava alguns "vai tomar no cu", Bruce e Colin o corrigiam, dizendo que era para me respeitar. Eu morria de rir.

Quando todos já estavam satisfeitos, decidiram falar um pouco sobre como estavam se saindo com suas escolhidas. David disse para todos que eu e Dean estamos indo bem e que talvez tudo vai dar certo.

— A minha escolhida é uma idiota — Franklin disse. — Cara, ela é muito burra! Não pode ver ninguém que já pensa que está apaixonada. Ontem ela paquerou uns cinquenta caras enquanto andava pelo shopping. Sobra tudo para mim. 

Todos rimos.

— A minha escolhida está se saindo bem. Ela ainda tem medo de se relacionar por causa do trauma do último namoro. Mas ela está se recuperando, eu acredito nela. — Colin disse.

— E a Stacy? Como ela está? — Colin perguntou para o Bruce, quando notou que ele não queria falar sobre sua escolhida.

— Ela está bem. — Foi a única coisa que Bruce disse. Eu e David nos entreolhamos.

➴ ➵ ➶

Na noite do dia seguinte, eu visitaria minha mãe e Dolph. Eu estava ansiosa para dizer a eles que estou bem e que não precisam se preocupar. Eu tenho uma nova família e eles cuidam muito bem de mim.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da nova capa da história!

Nos vemos em breve.

Beijão ♥



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