Hogwarts, Outra História escrita por The Escapist


Capítulo 91
Capítulo 91




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Um dos motivos pra Lilian não gostar muito do professor Hawkins era que por que ele passava muitos deveres, e nem sempre eram fáceis. Tudo bem que as aulas eram muito agradáveis e claras, mas os alunos concordava que ele exigia bem mais que o antigo professor.

— Eu não quero ninguém aqui decorando o que está escrito nos livros, eu quero que vocês entendam a história, só isso — disse ele quando os alunos reclamaram pela primeira vez.

Graças a dissertação que ele pediu sobre a Lei de Restrição ao Uso de Magia por bruxos menores de idade, Lilian não pôde ir a Hogsmeade. Enquanto os colegas se divertiam na vila, ela ficou na escola, tentando terminar a redação, mas sem obter sucesso. Como teria que entregar no dia seguinte, Lilian consultou vários livros e copiou tudo que encontrou sobre a lei e quando tinha um texto consideravelmente grande —bem maior do que o mínimo exigido pelo professor — se deu por satisfeita, principalmente quando conferiu com alguns colegas e encontrou textos bem menores que o dela, com sorte, o tal Hawkins iria ficar impressionado com o tamanho da sua dissertação que nem ia precisar ler antes de dar um 10.

Entregou a redação e ficou tranquila até a próxima aula; porém quando Andrew devolveu o trabalho a sua decepção não poderia ter sido maior. Enquanto Hugo, Sheryl e até Avril tinham tirado um sete — a maior nota — na redação dela não tinha nota alguma; assim que o professor terminou devolver os redações, Lilian ergueu a mão.

— Senhorita Potter?

— Ahm, acho que o senhor esqueceu de colocar minha nota, professor.

— Hum, deixa-me ver — Andrew pegou a redação de Lilian, deu uma olhada rápida e devolveu. — Não, eu não esqueci, senhorita Potter.

— Mas...

— Bom, se você tiver alguma reclamação pode fazer depois da aula, o que vale pra todos, ok? Agora, vamos passar para o próximo assunto — Andrew continuou a aula sem dar maior importância a Lilian que estava irada com o professor como nunca tinha estado antes, e ao invés de ouvir o que ele estava explicando, ficou lendo as observações riscadas na sua redação, em cada parágrafo que Lilian escreveu com sua letra bem desenhada, o professor tinha escrito o título de um livro, com a indicação do capitulo e até a página.

Quando ele liberou a turma, ela continuou na sala para tirar satisfação sobre aquela nota, ou ausência de nota.

— Sim, senhorita Potter — ele falou, erguendo os olhos e mexendo nos óculos quando Lilian se plantou em frente à sua mesa.

— Minha nota, professor, o senhor não colocou nada.

— Não coloquei porque a senhorita não obteve nota, Senhorita Potter — Lilian ficava cada vez com mais raiva de ouvi-lo chamando-a de senhorita Potter o tempo todo.

— Mas isso está errado! Como eu posso ficar sem nenhuma nota? E o que são essas anotações aqui?

— São os livros, os capítulos e as páginas de onde a senhorita copiou o seu trabalho.

— Eu não copiei nada! — o jeito como Andrew olhou fez Lilian se sentir ridícula.

— Senhorita Potter, eu não pedi nenhuma definição, aplicação ou conceito da lei de restrição ao uso de magia por bruxos menores baseado em algum desses autores; para o seu conhecimento, eu já li todos esses livros e muito outros que tratam do assunto, para dizer a verdade. Eu pedi uma dissertação sobre o tema em questão, a senhorita sabe o que é uma dissertação, não sabe? — Lilian mordeu o lábio. — Mais alguma coisa? — como Lilian não abriu a boca, Andrew continuou o seu trabalho, mas a garota permaneceu de pé a sua frente.

— Foi por que eu te chamei de imbecil? — Andrew voltou a olhar pra Lilian, e chegou a esboçar um sorriso, mas voltou a ficar sério.

— Eu já expliquei o motivo da sua nota, senhorita Potter — Lilian então percebeu que não iria adiantar argumentar mais, e saiu se sentindo extremamente ridícula.

— Isso é completamente injusto — Andrew ainda a ouviu dizer quando saía. Lilian ainda reclamava mentalmente, pensando que aquilo era uma grande injustiça, e que, se continuasse não passaria em História da Magia — Quem precisa de História da Magia? — mas ao mesmo tempo, embora não estivesse preocupada com o seu sucesso acadêmico, sabia que se não passasse em História da Magia ia ouvir um bocado de Harry, que para falar a verdade, era um ótimo pai, mas quando se tratava das notas preferia que as de seus filhos estivessem sempre entre as mais altas. — Ai que droga!

— Aconteceu alguma coisa, Lily? — Harry disse encontrando Lily no meio do corredor, e a garota achou aquele momento perfeito para fazer um pouco de drama.

— Por que não pergunta ao seu amigo professor Hawkins?

— Lilian, o que houve?

— O seu amiguinho me deu um zero — disse ela e mostrou a redação.

— Hum...

— Não é injusto?

— Na verdade não. Por que você copiou tudo do jeito que estava nos livros?

— Pai, eu não copie!

— Lily, querida...

— Eu já sei, você também já leu todos esses livros e muitos outros sobre o assunto! Você pode me ajudar?

— Claro, eu posso te dar umas aulas extras de História da Magia.

— Aulas extras? — Lilian pareceu desanimada.

— É a única coisa que eu posso fazer por você, filha.

— Você não poderia falar com o Hawkins e pedir para ele reconsiderar, afinal ele é seu amigo...

— É claro que eu não posso fazer isso, Lilian, francamente! Eu te aconselho a estudar um pouco da próxima vez. Vejo você na aula, até logo, cuidado para não ser atrasar de novo — Harry deixou Lilian e seguiu para a sala de aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.




No fim da tarde, Lilian saiu para dar uma volta perto da Floresta; estava num daqueles dias em que preferia ficar sozinha para não ter perigo de chatear alguém; normalmente quando fazia isso ficava pensando na própria vida, repensando o que tinha lhe acontecido, admitindo seus próprios erros, embora não chegasse a admiti-los publicamente, considerava suficiente admitir para a sua consciência.

Uma das coisas que estavam passando pela cabeça de Lilian nesse dia era se aceitaria sair com algum dos três garotos que ela sabia estarem a fim. Claro que isso não era uma coisa tão importante, e era um dos erros que Lilian admitia para sua consciência, mas era algo em que se pensar.

Não era segredo para ninguém na escola que Erick e Justin viviam disputando a atenção de Lilian, e considerando que os dois eram o que se poderia chamar de “bons partidos” Lilian pensava que estaria sendo tola se não ficasse com um dos dois, embora a experiência de namorá-los no passado não tenha sido tão agradável. Além deles, agora tinha Martin, que tinha inclusive pedido para sentar ao seu lado outro dia na mesa da biblioteca, e isso acontecendo entre um aluno de Grifinória e uma de Sonserina, Lilian sabia, significava muita coisa.

Lilian parou quando viu que não era a única pessoa na floresta; a poucos metros de onde tinha acabado de parar, sentado numa pedra, estava o Professor Hawkins; Lily quase não o reconheceu sem os óculos, e vestido com uma calça de moletom e um casaco de tweed, e o mais impressionante de tudo, pela primeira vez o cabelo do professor não estava bem penteado e cheio de gel! Lilian teve que admitir, visto assim ele até era bem bonito! Ele estava de cabeça baixa, e ainda não tinha notado a presença de Lilian; ela resolveu se aproximar e cumprimentar.

— Oi, professor!

— Ahm, olá, Senhorita Potter — ele ergueu a cabeça e por um instante Lilian teve a impressão de que ele tinha enxugado lágrimas com a manga da camisa. — O que a senhorita está fazendo andando sozinha pela floresta?

— Eu gosto de vir aqui, pensar na vida, sabe? E o senhor, o que está fazendo aqui?

— Bom, o mesmo que a senhorita. Eu acho.

— Eu acho que esse é um bom lugar para pensar.

— Eu concordo — Andrew voltou a ficar em silêncio e Lilian pensou que deveria aproveitar aquele momento atípico para tentar “fazer as pazes” com o professor, porque ouvir outro sermão de Harry por causa de notas baixas não fazia parte dos seus planos.

— Onde o senhor conheceu o meu pai? — perguntou, mas logo achou que a pergunta não era apropriada, porque poderia saber aquilo perguntando ao próprio Harry, mas Andrew não pareceu incomodado.

— No trabalho... eu comecei sendo auror.

— Você já foi auror? — Lily disse arregalando os olhos, Andrew sorriu e continuou.

— E o Senhor Potter era o meu chefe...

— Mas você não trabalhava com a tia Hermione?

— Sim, mas foi depois que eu deixei o Departamento de Aurores.

— Você foi despedido?

— Não, não exatamente; na verdade, embora eu gostasse de trabalhar como auror, eu sempre preferi os trabalhos mais...

— Chatos?

— Burocráticos. Então eu conheci a Sra. Weasley e ela me convidou para trabalhar no Departamento de Relação com os Trouxas, eu pedi transferência, enfim, foi uma oportunidade incrível, porque eu também pude trabalhar com ela no livro.

— Hogwarts, outra história.

— Isso mesmo — por um momento, Lilian esqueceu a antipatia que sentia pelo professor e mostrou-se realmente interessada e ficou conversando com Andrew, que por sua vez, estava se sentindo incrivelmente à vontade enquanto falava sobre o tempo que trabalhava como auror no Ministério e até mesmo sobre o tempo que estudava em Durmstrang. — Não é realmente uma época que eu sinta falta.

— Por que?

— Ahm, os estudantes de Durmstrang não são do tipo que admiram qualidades como inteligência, e como minhas habilidades esportivas sempre foram limitadas, eu sempre fiquei, digamos, isolado de todos. Era horrível, na verdade, eu nunca tive amigos... o dia mais feliz da minha vida foi o último dia de aula em Durmstrang.

— Mas por que o senhor não estudou em Hogwarts?

— Que garotinha curiosa você é, senhorita Potter!

— Desculpe, eu não...

— Oh, não se preocupe. Quando eu era criança eu queria ir para Hogwarts, mas o meu pai achava que Durmstrang seria mais apropriada para mim. A verdade é que eu nunca gostei, mas achei que seria melhor obedecer ao meu pai até ter autonomia para tomar minhas próprias decisões.

— Eu imagino que o seu pai gostava mais de um filho auror do que de um professor de História da Magia? — Andrew sorriu.

— Muito perspicaz, senhorita Potter, é verdade, ele não ficou propriamente satisfeito quando eu resolvi pedir transferência, mas agora eu posso decidir por minha própria conta...

— Eu aposto que ele ficaria impressionado se visse como vo... o senhor é um professor carrasco! — Lilian falou em tom sério, mas Andrew deu uma boa risada; era a primeira vez que o via rindo daquele jeito e naquele momento o professor Andrew pareceu incrivelmente lindo aos olhos de Lilian.

— O que faz a senhorita achar que eu sou um professor carrasco?

— Bom, você, o senhor me deu nota 0!

— Ok. Senhorita Potter, o que você acha da lei de restrição ao uso de magia por bruxos menores de idade?

— Ahm, eu...

— Pode ser extremamente honesta!

— Eu acho um pouco estúpida, porque, proibir que um bruxo menor de idade use seus poderes na verdade impede que a pessoa desenvolva a responsabilidade pelo uso da magia, quer dizer, nós podemos fazer magia na escola, mas aqui é meramente teoria, e seria muito mais interessante poder exercitar na vida o que se aprende na escola; mas acho que eu falei bobagem!

— Em partes, mas era isso que eu queria que vocês fizessem quando eu pedi a dissertação.

— Falar bobagem?

— Que vocês falassem sobre o seu próprio entendimento da lei; eu acredito que a escola deve priorizar os assuntos que interfere diretamente na vida dos alunos, e como isso interfere na história propriamente dita. Não é uma coisa tão terrível assim, é?

— Hum, não!

— Da próxima vez, ao invés de copiar o que os livros dizem, escreva sua opinião, mesmo que seja bobagem, e eu vou considerar.

— Eh, acho que não foi uma coisa muito inteligente de se fazer!

— Não mesmo!

— Eu tenho feito muita burrada, sabe? — Andrew deu de ombros.

— Isso é uma coisa muito comum às garotas da sua idade!

Argh! O senhor fala como se tivesse 70 anos!

— A senhorita pensou que eu só me vestia como um velhinho de 70 anos?

— Oh! — Lilian pensou que ia ficar vermelha, mas quando olhou para Andrew o rosto dele era brincalhão e ela não segurou a risada. — Não sabia que o senhor era engraçado, professor! — disse entre risos.

— A senhorita é a primeira pessoa a dizer que eu sou engraçado.

— Oh, desculpa, ahm... — Lilian tentou ficar séria, mas o jeito encabulado com que Andrew olhava pra ela era desconcertante. — Desculpa...

— Não se preocupe, o seu sorriso é realmente lindo! — Lilian sentiu como se o sangue subisse todo para o seu rosto, mordeu o lábio e colocou o cabelo atrás da orelha. — Bom, senhorita Potter, acho que já é hora de retornar ao castelo — Andrew falou depois de um instante em silêncio.

— Ahm, claro — Andrew e Lilian voltaram juntos para o castelo, ainda conversando, mas Lilian percebeu que à medida que se aproximavam da entrada, Andrew ficava mais sério, era como se a “encarnação” do professor estivesse voltando.

— Bom, até logo, senhorita Potter.

— Até logo — Andrew virou-se para sair. — Professor? — Lilian chamou.

— Sim? — Lilian queria agradecer pela melhor tarde da sua vida, mas não poderia fazer isso, primeiro porque não saberia nem mesmo explicar o motivo, e depois, não seria nem um pouco apropriado.

— Nos vemos no jantar — Andrew apenas acenou e sorriu discretamente. — Uau! O que foi isso, Lilian? Pelas barbas de Merlin!

Lilian correu para o salão comunal da Sonserina, se trocou, e se juntou aos colegas no grande salão para o jantar. Ela sentou-se perto do pessoal do time de quadribol, que estavam empolgados com o próximo jogo; intimamente Lilian duvidava que eles venceriam; embora tivessem duas ótimas batedoras, o time não iria muito longe se o apanhador e o goleiro continuassem com aquela disputa idiota.

Enquanto Justin e Erick batalhavam pra ver quem chamava mais a sua atenção, Lilian estava de olho na mesa dos professores; o lugar de Harry estava vazio porque ele jantava em casa. Mas o que chamou sua atenção foram os dois sentados no canto direito, exatamente em frente à mesa de Sonserina, a professora Luna Lovegood e o professor Andrew Hawkins. Luna falava e Andrew parecia ouvir bastante interessado pois constantemente acenava com a cabeça em tom de entendimento; Lilian imaginou de que tipo de criatura Luna poderia estar falando e que o professor Andrew devia ser muito paciente para ficar escutando as maluquices de Luna e ainda por cima concordando com ela; mas claro que o mais incrível era conseguir não rir das excentricidades de Luna; poucas pessoas conseguiam, a própria Lilian e os irmãos precisaram levar muita bronca dos pais até conseguirem não cair na risada cada vez que Luna começava a falar sobre os zonzóbulos.

— Se eu pegar o pomo, vou dar ele de presente a você! Lilian! — Erick falou, mas Lilian continuava de olho na mesa dos professores e não lhe deu muita importância.

— Parece que a Lilian não está interessada no seu pomo, Erick! — caçoou Joan, a bela batedora de Sonserina, e Justin também riu da cara desconfiada do colega.

Só depois de se dar conta de que estava “dando bandeira” demais Lilian voltou a dar atenção aos colegas, mas demorou pouco. Terminou de jantar e voltou logo ao salão comunal de Sonserina, onde ficou apenas o tempo necessário pra terminar de fazer a lição de Defesa Contra as Artes das Trevas junto com Sheryl. Depois foi deitar, antes de adormecer, repassou mentalmente cada momento da tarde que passou com o professor; estava completamente certa de que tinha feito um julgamento errôneo sobre ele.

Lilian se lembrou especialmente do momento em que ele disse que seu sorriso era realmente lindo; o que mais encantou Lilian, acostumada a receber inúmeros elogios à sua beleza, foi que aquele não foi um elogio proposital, com segundas intenções, mas foi completamente espontâneo e sincero, ela pôde sentir isso pelo jeito como ele lhe olhava; aquele era um bom jeito de olhar para uma garota, Lily riu consigo mesma, mas não por achar graça com aquele pensamento. Não, definitivamente não era engraçado, era assustador.


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