Blake se encontrava completamente cercado. Os vigias de Rebecca se preparavam para ativar o raio de suas armas contra o agente quando uma ordem partida da própria mulher os detivera.

— Parem! — Seus subordinados se voltaram a ela, desentendidos. — Pra que fazer do modo mais rápido quando se tem disponível o modo mais divertido? — Ela disse, às gargalhadas, olhando brevemente para o espião sob o seu controle, que ainda focava em Blake. — Ataque-o!

   Seguindo prontamente a ordem, Wade se colocou a caminhar em passos pesados para com o amigo, que começou a recuar percebendo sua aproximação.

— Olha, Wade, eu não vou lutar com você... — Asseverou o moreno. — Resista! Como o cara mais inteligente da escola, seu cérebro deve ser gigante!

   O ruivo sequer piscou. Dando um golpe repentino com as mãos para tentar acertar o rosto de Blake, o outro desviou com um salto para trás e suspirou, sentindo que o punho do companheiro passou bem perto da sua testa.

— Tá, não deu certo... — Reconheceu, pondo-se a olhar em volta. — Pensa, Blake... Deve ter algo que você possa fazer...

    Vendo seus tênis à jato no canto onde teve o seu pouso nada suave a bordo do avião, ele se distraiu por alguns segundos. Apesar de ser por pouco tempo, foi o suficiente para que Wade o apanhasse pela gola de sua roupa de espião e o levantasse do chão, com apenas uma das mãos.

— Você andou malhando? — Blake questionou descrente por tamanha força vinda do rapaz. Ele ainda tentou se soltar, no entanto, seu esforço era inútil.

— No fim de tudo, você vai ver TV também, Blake! — O outro agente disse num tom robótico, lançando o colega no mesmo canto onde ele caiu quando entrou na nave. Rebecca, que apreciava a cena com um sorriso sarcástico no rosto, tomou uma arma de um de seus guardas e mirou o espião.

— Essa é nova... — O moreno ironizou a respeito da frase padrão dos hipnotizados, tentando se recuperar. — Amanhã eu vou acordar todo cheio de hematomas...

— Algum último ato? — Perguntou a vilã maliciosamente, se preparando para transmiti-lo o sinal.

— Talvez... — Blake falou, observando um dos tênis da WOOHP caído bem próximo de si, e criando um leve sorriso no rosto. — Que tal se eu te apresentasse um amigo?!

(musica on)

     Rebecca arqueou umas das sobrancelhas, sem ter ideia do que o jovem quis dizer com aquilo. Agindo habilmente, Blake pegou o dispositivo foguete, o voltou para uma grandiosa alavanca no painel de controle da aeronave e pressionou o botão de ligar.

     Como permanecera em velocidade máxima, o tênis saiu voando extremamente rápido para a alavanca, atingindo-a brutalmente e a levando forçadamente de volta para a sua relativa posição “off”. Quando esta atingiu o fim de sua movimentação, a pressão do apetrecho sobre si a fez se partir, tornando impossível alguém ligá-la novamente.

     Como efeito esperado, toda a energia que se concentrava na antena desapareceu nos segundos seguintes. Não só isso, mas como também todas as pessoas hipnotizadas pelo sinal puseram-se a voltar ao normal.

— Ora, seu... — Furiosa, Rebecca apontou a arma outra vez para Blake e tentou disparar, mas não chegou a fazer. Isto porque foi interrompida quando o tênis à jato, ao ter sua rota desviada no painel, voltou-se à sua cabeça e a levou a nocaute.

   Em seguida, o calçado quebrou o vidro do painel frontal do avião e seguiu sua rota indefinida pelo céu de Manaus, até que acabasse seu combustível.

— Valeu pela ajuda, amigão! — Blake acenou com as mãos para o tênis, que sumia no horizonte ao passo que ele se levantava.

(musica off)

— Ai...

    O moreno reconheceu a voz do companheiro, virando-se para ele e o vendo voltar ao normal, com uma das mãos na testa.

— O que houve? Por que a minha cabeça está doendo tanto? Parece que eu levei uma daquelas suas voadoras malucas... — Wade questionava.

— Quase isso... — O amigo assentiu, sorridente. — Cê tá legal?

— Tô... E quanto a Rebecca?

    O ruivo então espiou ao redor e se deparou com a criminosa desmaiada no chão.

— VOCÊ A CAPTUROU???

— Claro! — Exclamou animado. — Bom, com uma pequena ajudinha de um camarada que limpou a sua barra comigo...

    Wade não entendeu, porém deu de ombros. Neste instante, escutaram um bip vindo de seus comunicadores WOOHP. Blake apanhou o objeto em seu bolso, e ambos se depararam com sua chefa surgindo através de um holograma sobre a tela do aparelho.

— Como foi a missão?

— Um sucesso, Jen! — Atestou o ruivo.

— E como está o Christian? — Perguntou o moreno, preocupado.

— A julgar pela forma desesperadora em que ele está buscando pelo telefone que perdeu, corro o risco de dizer que voltou normal... Não só ele, mas parece que todo o fanatismo por televisões passou! — Jeniffer contou.

     Num rompante, Christian puxou o comunicador das mãos da moça e fitou atônito aos amigos.

— ENCONTRARAM MEU CELULAR?! POR FAVOR, RESPONDAM QUE SIM!

     Blake e Wade se entreolharam, com feições secas.

— Vai por mim, quando descobrir a verdadeira história por trás daquele celular, vai querer o seu dinheiro de volta... — Alegou Blake.