Abstrato escrita por roux


Capítulo 9
A Mentira




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Lucas passou os braços pelo meu corpo e o prendeu no seu corpo grande. Ele é tão quente, e o abraço tão protetor que me faz sorrir manhoso no meio de toda aquela saliva. Gosto do jeito que ele me beija, que me toca. É diferente, não me lembro de já ter sentido isso, nem mesmo no meu primeiro beijo. Eu fiquei aproveitando o momento, a forma como nossas cabeças se moviam e mudavam de lado em total sincronia. Ou como sua língua tomava a minha com força e vontade, mas ao mesmo tempo parecia tão suave. Tão carinhosa. O beijo tinha gosto de maçã com canela. Ele deveria ter comida uma das tortas da mamãe . Os lábios dele tão macios enquanto pressionavam os meus, fiquei encantado com aquilo. Então a ficha caiu de uma vez... Era diferente do beijo que eu tinha dado em Guilherme mais cedo. O gosto era perfeito. A forma como Lucas me tomava em seus braços me fez amolecer e querer me entregar cada vez mais aquele beijo.

Não iria pensar em Guilherme ou em mais ninguém naquele momento. Eu queria que fosse somente eu e ele. Ele e eu, nós dois mostrando o que estávamos sentindo naquele momento. Não sabia que queria tanto isso até ter. Lucas sempre foi meu melhor amigo. Ele sempre foi quem me ouviu falar sobre garotos. Foi para mim que ele contou suas aventuras sexuais ou românticas. Não sabia que queria beija-lo. Mas queria.

Ele sorriu e mordeu meu lábio passando a ponta da língua devagar então se afastou. Eu abri os olhos lentamente e ele estava me encarando.

— O que foi isso? — Ele me perguntou sorrindo enquanto roçava os lábios nos meus de uma forma gostosa e carinhosa. Não era o sorriso sacana de sempre. Era algo diferente. Ele parecia mesmo encantado com aquilo. Eu sorri de volta.

— Não sei! — Respondi da forma mais sincera que conseguia sem parecer seco ou indiferente, e toquei seu rosto com carinho. Não sabia o que havia acontecido, mas gostei disso. Então vi que Lucas fechou os olhos e ficou quieto por um tempo.

Mas não por muito tempo. Ele que me tomou dessa vez. As mãos fortes e decididas me segurando pelas coxas e me erguendo em seu colo, eu deixei um gritinho escapar e segurei com força em seus ombros. Ele não parou o beijo por conta dos meus risos e do meu gritinho. Pelo contrário, continuou me beijando com ainda mais vontade. Ele me deitou na cama e se posicionou entre minhas pernas. Eu virei à cabeça para o lado para fugir do seu beijo.

— O que está fazendo? — Eu perguntei assustado. Meu coração começou a bater com força e eu queria chutar Lucas, queria gritar.

— Eu não estou fazendo nada, Edu. Eu só estou entre suas pernas e eu não vou fazer mais nada. Apenas isso. — Ele diz baixinho e encosta a testa na minha. Fica me encarando e sela meus lábios. — Eu sou apaixonado por você desde a nossa primeira conversa.

Eu fico corado. Eu me lembro da nossa primeira conversa.

Lucas diz: onde você achou meu msn?

Eduzinho diz: Achei num grupo de amizade lgbt. Não achei que você fosse se importar.

Lucas diz: não me incomodo, só achei estranho alguém tão bonito me chamando, você é fake?

Eduzinho diz: Eu? Fake? Claro que não. Eu usaria alguém mais bonito se eu fosse fake.

Lucas diz: pode ligar a cam?

Eduzinho diz: Eu estou horrível...

Lucas diz: Não ligo, eu to pior.

Eduzinho faz pedido para uma ligação com vídeo.

Lucas diz: caralho, você é lindo!!!!!

Eu rio lembrando-me de como éramos bobos. Eu também tinha me apaixonado por ele, primeiro foi um crush. Adicionei e me apaixonei. Porém à distância nos tornou melhores amigos. E agora eu estou aqui embaixo do corpo dele enquanto o mesmo beija e morde meu pescoço sem força.

Lucas parou de me beijar e me olhou nos olhos. Eu fico encarando e sorrio. Ele sorri.

— Onde você foi hoje? — Ele pergunta meio sem graça.

— Eu fui ajudar Guilherme com uma tia doente! — Eu minto tentando parecer o mais verdadeiro possível. — Ele pediu minha ajuda e eu não pude negar, porém estava indo realmente encontrar com você na praia.

— Eu entendo tudo bem. Ele também é seu amigo. — Lucas disse baixinho. Então chupou meu lábio inferior. — Eu vou tentar controlar o ciúme.

Eu fico encarando.

— Como nós ficamos agora? — Eu pergunto olhando para ele.

— Não sei como você quer ficar? — Ele pergunta de volta e sorri sacana quando vê minha cara de “obrigado, ajudou muito.”.

— Só vamos esperar...

— Vamos esperar então... Mas até lá posso ficar te beijando? — Ele pergunta e me beija novamente.

 

Acordo cedo no outro dia com meu celular vibrando, são várias mensagens de Guilherme. Eu olho a tela e desbloqueio. “eu preciso da sua ajuda.” “eu estou na frente da sua casa, vem aqui?”, “por favor,” Eu leio as mensagens e olho a hora, são menos de seis da manhã. Eu tiro o braço de Lucas de cima do meu corpo e pulo no chão tentando não fazer barulho. O vejo dormindo. Ele fica lindo de qualquer forma. Eu calço os chinelos e saio do quarto mesmo de pijama. Desço a escada correndo, todos ainda dormem.

Abro a porta e dou de cara com Gui sentado na calçada da varanda. Eu fecho a porta atrás de mim e caminho até ele, sento do seu lado. O olho.

— O que houve? — Eu pergunto sério e preocupado. Ele andou chorando.

Ele não diz nada apenas me abraça e fica com o rosto escondido em meu peito. Noto que ele esta chorando novamente pela forma como seu corpo se mexe. Levo as mãos aos seus cabelos fico acariciando. Pouco tempo depois Guilherme levantou o rosto e me beijou na boca. Eu quis afastar. Eu estava confuso, não fazia ideia do que estava sentido. 24 horas atrás eu acreditava estar totalmente apaixonado por ele, agora eu já não sabia. Para um ex-depressivo eu estava dando muito trabalho. Não fechei os olhos. Fiquei encarando Gui de olhos fechados a me beijar. Ele parrou e se afastou, me olhou triste e tocou meu lábio.

— Eu briguei com o Manuel. Eu disse para ele que estava com você quando ele ameaçou vir para cá. Ele queria retomar o tempo perdido. Passaram três meses e ele acredita mesmo que poderia recuperar o tempo perdido. — Guilherme diz sério, e volta a chorar.

Eu fico olhando. Não sei o que dizer, por que estou eu mesmo confuso. Ele deu um fora no antigo namorado, e está chorando assim?

— Ele falou que não daria um mês para você perceber a pessoa podre que eu sou como namorado e me dar um pé na bunda sem ligar para mais nada. — Gui falou chorando.

— Ei, você não é uma pessoa podre. Ele só está tentando ferir você. — Eu disse baixo e acariciei o rosto do meu amigo. Comecei a ficar preocupado em Lucas acordar e me ver aqui com Gui. — Acho que você só precisa descansar. — Falei dando a entender que ele deveria ir pra casa dormir.

— Eu posso ficar aqui com você? — Gui me pergunta manhoso e eu sinto meu coração quebrar. Eu o olho e mordo meu lábio. — Posso?

— Gui, você sabe que o Lucas está aqui comigo. Eu não posso levar você para dormir aqui hoje. — Eu digo tentando parecer carinhoso.

— Eu tinha esquecido desse seu amigo. — Guilherme diz baixinho e me olha nos olhos com carinho. — Eu gosto mesmo de você. Nós vamos ficar juntos.

Eu ouço e sorrio.

— Não vamos? — Ele pergunta.

— Vamos! — Eu digo cruzando os dedos. Respiro fundo e sinto a boca de Guilherme me tomar novamente. Ele para o beijo tão rápido quanto começou e se afasta levantando. — A gente se vê mais tarde, vou seguir seu conselho. Eu te adoro! — Ele diz sorrindo.

Eu sorrio e o vejo partir. Entro em casa e fecho a porta. Encosto-me a mesma e fico respirando rápido. O que está acontecendo comigo? Eu estou beijando o meu melhor amigo e sentindo coisas que nunca senti. Estou beijando meu outro melhor amigo que achei que era apaixonado, e estou dizendo para os dois que vai ficar tudo bem. Será que Robson tinha razão? Eu estou me tornando uma vadia? Ouço passos na escada e olho assustado.

— O que houve? — Lucas pergunta logo depois de bocejar, ele está só de samba canção e camiseta. Fica lindo de qualquer maneira. Eu sinto vontade de sorrir, mas meus pensamentos me tomam. — Quem era?

— O carteiro. — Eu minto e olho para ele. — Quero dizer o leiteiro da vizinhança oferecendo leite, mas eu recusei.

— Certo... — Lucas diz desconfiado, mas sorri. — Que tal um beijo com bafinho? Isso é super romântico. — Ele sussurra enquanto desce a escada com cara de safado.

Eu continuo imóvel colado à porta vendo Lucas se aproximar, que confusão é essa que estou me metendo?


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