— Pronta? – Will questionou se aproximando de mim, travando a cadeira. – Confie em mim, tá certo? – respirei fundo assentindo enquanto ele me ajudar a ficar em pé.

Me aproximei da barra para que começássemos os exercícios. Os dias foram passando e os exercícios foram evoluindo. Nos primeiros dias eu ficava sentada em um colchonete enquanto ele me auxiliava esticando as minhas pernas enquanto eu inclinava o meu corpo todo para frente, nesse dia eu agradeci mentalmente aos meus anos de líder de torcida e yoga apesar de estar um pouco enferrujada não foi tão dolorido.

E com isso eu fui criando uma rotina, o Arthur realmente me surpreendeu e mostrou ser o cara bacana que eu sabia que ele era, em pouco tempo apesar das leves implicâncias sempre presente acabamos construindo uma amizade.

O Davi foi outro que me surpreendeu, ele demonstrou ser um grande companheiro, me ligava todos os dias para saber como eu estava e como estava indo as minhas sessões, as vezes ele me acompanhava também e essas eram as sessões mais engraçadas porque ele ainda sente ciúmes do Will, acredito que ele ainda não percebeu que o Will é gay. Ele também estava sempre arrumando um pretexto para me visitar, nos dias que eu sentia alguma dor devido ao esforço ele se oferecia para fazer massagem, admito eu sempre engolia em seco apenas por sentir o toque dele... no final das contas, nem parecia que a gente estava dando um tempo na relação.

Dad já tinha saído da cadeia, o advogado dele conseguiu que ele respondesse o processo em liberdade. Ele também me ligava frequentemente para saber como eu estava e como estava minha recuperação, me dizendo que ficou muito preocupado e chegou a me visitar no hospital algumas vezes mas eu não tinha acordado ainda e veio me visitar em casa, mom permitiu, e foi bom ter dad comigo, apesar das nossas desavenças e brigas eu o amo muito, e pude perceber que apesar de tudo o que ele está enfrentando ele estava realmente melhor, não me lembro dele ter me tratado com tanto carinho antes.

Alguns dias depois do meu retorno também o Ernesto foi me visitar, eu realmente gosto dele, e admito que acho muito engraçada e fofa a paixão que ele sente pela minha mãe é muito engraçado ver ele perto dela... Eu cheguei a comentar com ela sobre uma possível relação entre os dois, dad estava seguindo em frente com a Verônica e ela também merecia ser feliz e porque não ao lado de alguém que a adora como o Ernesto? A visita dele foi muito divertida, assim como a da Luene.

Ao passar dos dias, além de fisioterapeuta o Will acabou se tornando um grande amigo e admito apesar das dores e da evolução gradual eu comecei a pegar gosto pelos exercícios e pela musculação.

E aos poucos eu fui passando da cadeira de rodas para as muletas.

— Então Megan... – disse Will com o sorriso de sempre. – Na última vez, você conseguiu dar 20 passos, mas acredito que hoje podemos ultrapassar essa marca.

Assenti, esticando meu braço na direção do corrimão onde praticávamos.

— Sem o apoio do corrimão. – ele disse. – Você sabe, pelas minhas anotações e a sua evolução já passou um pouco do momento de você andar sem ajuda.

Me ergui da cadeira, tentando ver a prancheta que ele estava segurando.

— Diz isso mesmo?

— Sim. – respondeu com um sorriso. – O último relatório do seu médico diz claramente que o seu corpo está sarando bem, mas sua mente parece ti travar.

Ele respondeu se afastando de mim, tentei me aproximar.

— Meu médico não escreveu isso. – eu tinha certeza que isso não era nenhum termo médico.

— Está duvidando de mim. – disse fingindo estar ofendido, se afastando de mim com a prancheta. – É claro que ele escreveria isso e se quer saber foi de caneta ainda.

— Me dê essa prancheta Will. – disse tentando tomar ela das mãos dele.

— Lamento. – disse esticando o braço, se aproveitando por ser mais alto – Só profissionais podem ler prontuários. – disse com um sorriso.

— Will.. – disse me aproximando dele, tentando pegar. – deixa eu ver esse relatório.

— Não. – disse se afastando com um sorriso nos lábios, as vezes era irritante a maneira como ele vivia sorrindo. – E você já deu 30 passos.

Olhei surpresa pra ele, que começou a rir no mesmo momento e olhei para trás e realmente estava longe da minha cadeira. Fiquei surpresa e feliz ao mesmo tempo, me apoiei na barra ao lado.

— Minha perna ainda está me matando. – disse, porque realmente estava sentido um incomodo na minha perna devido ao esforço.

— Sim. – ele disse me dando um olhar de compreensão. – Mas há poucos minutos atrás você tinha se esquecido disso. Você é uma das minhas pacientes mais esforçadas Megan, falta apenas você se dar o devido credito também. – sorriso para suas palavras.

— Mas me diz. – digo mudando de assunto. – Está mesmo escrito o que você disse no meu prontuário?

— Hum.. – ele me analisou com um sorriso. – Me diz, qual é a palavra de cinco letras para teimosa?

— Essa eu sei. – disse Tuca fazendo sua presença ser notada. – É Megan, também conhecida como Pirralha. – disse rindo, apenas ri e revirei os olhos para eles dois.

Tuca as vezes vinha me buscar, normalmente quando mom precisava do Edmilson, e com isso ele e o Will ficaram amigos... tinha dias que ele insistia para que continuássemos a pratica quando me deixava em casa ou simplesmente me convidava para andar pela praia, eu sabia que isso era apenas um pretexto para me fazer andar com as muletas, contudo eu sabia que esse era o jeito dele de me ajudar. Me virei para o Will.

— Thanks, - disse com um sorriso nos lábios ainda. – por me ajudar a superar. Por estar me incentivando e pela paciência. – disse, por saber que apesar do meu esforço as vezes eu resmungava demais, mas ele estava sempre lá com um sorriso e o incentivo certo. – A você também Tuca, thanks. Devo uma a vocês.

Will apenas sorriso e sacudiu a cabeça.

— Venha. – disse se aproximando e me dando apoio para que eu voltasse para a cadeira. – Você foi ótima hoje e deve se orgulhar, o seu progresso é esta muito bom Megan. O que você acha de tentarmos uns 40 passos amanhã?

Apenas ri concordando.