Eyes On Fire escrita por Brê Milk


Capítulo 43
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

''Don't you worry, don't you worry child
See heaven's got a plan for you
Don't you worry, don't you worry now''

— SAM TSUI (DON'T YOU WORRY CHILD)



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BROOKE EVERN

A ausência da dor foi o primeiro sinal de que estava morta. A escuridão intensa e o frio capaz de congelar ossos foi o segundo sinal e Brooke enfim soube qual era a sensação após morrer, embora ainda não soubesse para onde havia ido. 

Certamente, não havia sido para o céu. Muito menos para o inferno, já que ela sempre acreditou que o purgatório se parecesse com algo mais cruel. Mas aquele lugar... Não existia nada. Nada para tocar, nenhum cheiro, nenhum ruído. Nenhuma paz. Era somente um grande e nefasto vazio negro em que ela estava no centro. Era calmo, mas também apavorante. Era como estar em um filme de suspense antes da cena do ataque: aquela sensação paranoica de que algo está errado, ainda que o cenário e o roteiro te façam acreditar no contrário.

Contudo, Brooke havia aprendido a não acreditar tão facilmente no que lhe era mostrado logo de início. Aprendeu a confiar em seus instintos — os mesmos que a diziam que aquele lugar não se tratava do céu convencional e tão pouco do temido inferno; mas sim de território desconhecido. E ela não estava sozinha nele.

A Evern enrijeceu o corpo, cerrando os punhos. Seu corpo havia curado após morrer e seus ossos pareciam novos em folha e ninguém poderia dizer que seu coração fora perfurado por uma espada encantada, além do fato dela estar frustrada o suficiente por estar morta ao ponto de querer socar alguma coisa. Ou alguém.  Por isso, não se importou em ser silenciosa ou muito menos montar uma estratégia. Ela apenas bufou, já que não havia mais nada a perder naquela altura do campeonato. 

— Tá legal. Se for me atacar, é melhor fazer isso ás claras pra eu poder ver seu rosto enquanto chuto seu traseiro — disse ela, se colocando em posição de ataque, se sentindo grata por todos os conselhos e aprendizados de Alec. 

Alec. Pensar nele a fez pensar nos Volturi e depois nos Cullen e Quileutes, o que consequentemente a levou a pensar em Forks e por fim em sua mãe. Um bolo obstruiu sua garganta, a fazendo piscar para espantar as lágrimas no exato segundo em que um clarão explodiu bem diante de seus olhos, machucando suas retinas. 

A morena cambaleou para trás, saindo da posição de ataque e xingou alto quando um par de enormes mãos frias a capturaram, a prendendo contra o chão com os braços atrás das costas, a fazendo gritar. Risadas debochadas ecoaram pelo lugar não mais tão tranquilo, a dando um indício de que eram mais de dez pessoas, embora não tivesse certeza já que estava imobilizada com o rosto contra o chão.

Brooke se debateu, tentando se libertar, mas sem sucesso. Seu capturador era forte e quando ela tentou lhe acertar um chute no estomago, ele não pareceu sentir nada. Como retribuição, bateu a cabeça dela contra o chão, a fazendo quase desmaiar. 

— Se eu fosse você, ficaria quietinha até o julgamento final se não quiser que eu arranque sua cabeça antes da hora, bruja  — disse ele, em um sotaque latino carregado e Brooke conseguiu sentir o veneno se juntando em sua boca durante cada palavra, o que a deu certeza de que aquele idiota era um vampiro. 

Ela quis gritar até perder a voz ou a sanidade. Como aquilo era possível? Após a morte não havia paz, mas sim vampiros. Alguns bilíngues. 

Brooke parou, ainda sentindo seus braços sendo esmagados pelo vampiro. As risadas ecoavam pelo lugar agora tomado por uma luz amarela incandescente. Eles repetiam ''bruja'' como uma prece, em um sussurro torturante enquanto a dor era sentida novamente ao ponto da Evern se perguntar se realmente estava morta. Ela pensou em tudo que havia perdido por estar ali e também em tudo que havia salvado e aceitou aquilo. Se fosse possível morrer duas vezes pelas pessoas que amava e pelas causas que acreditava, então tudo bem para Brooke Evern. Ela aceitava aquilo. 

 Quando pensou que o vampiro fosse realmente arrancar sua cabeça ou seus braços, um rosnado selvagem reverberou. O chão abaixo de seu corpo tremeu e as luzes piscaram e o tempo pareceu oscilar. Brooke sentiu o momento em que o vampiro se afastou e ela pôde respirar novamente sem sentir que seus pulmões fossem explodir, rolando até estar de barriga para cima, os olhos arregalados.

Tudo ficou silencioso novamente até o som de passos se aproximando ecoar. Não demorou muito e a silhueta de um homem entrou em seu campo de visão, a olhando de cima. Ele usava roupas puídas e tinha cabelos castanhos escuros até a altura do pescoço e uma barba cheia, parecia ter sido transformado antes dos quarenta anos, pele quase translúcida e o semblante mais fechado que já vira. E os olhos dele eram intrigantes: O da direita era vermelho carmesim e o da esquerda era castanho, de um tom bem familiar. E o jeito como ele a olhou... Era como se a sensação apavorante tivesse desaparecido ao encontra-lo. De alguma forma, a Evern não o temeu, por mais estranho que ele fosse.

— León não é o mais receptivo entre nós, sinto muito — O estranho falou, a voz austera e franca. Americano, sem dúvidas. Ele a estendeu a mão coberta de cicatrizes que se seguiam por todo o braço: — Sou o Peter. E você, quem é?

Sem razão aparente, Brooke sentiu a necessidade de chorar enquanto encarava a mão de Peter estendida em sua direção. Ela ponderou sobre o que fazer. Se questionou se iria se arrepender em confiar — provavelmente sim, mas já havia perdido tudo e estava exausta de pisar em ovos o tempo todo. Ás vezes, cautela era uma merda.

 Talvez, devesse recomeçar naquele estranho cenário pós vida e ver onde iria dar. Talvez não.

Que tudo fosse para o inferno.

— Sou Brooke Evern — disse ela, aceitando a mão de Peter, que a puxou para cima em um segundo. Brooke olhou em volta e encontrou mais de dez silhuetas a encarando, muito mais. Eram dezenas e dezenas de rostos, com traços semelhantes e distintos ao mesmo tempo e certamente nenhum humano, espalhados na espécie de arena que aquele lugar era. Ela voltou a olhar para Peter, que agora parecia surpreso enquanto a fitava sem piscar: — E ao que tudo indica, estou oficialmente morta.

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

NOTA DA AUTORA:

Foi uma longa jornada de seis anos que me moldou e me ensinou muitas coisas. Talvez vcs pensem que não, que o impacto de um punhado de palavras escritas na vida de uma pessoa não é tão profundo ao ponto de fazer alguma diferença, mas aí eu terei que discordar. Como autora e como leitora, fui impactada por tantas vezes que perdi as contas. Cada cena e diálogo, cada reação em forma de comentário e cada carinho e apoio que recebi durante esses seis anos através de uma tela de computador... foi o diferencial dessa jornada. Por tantas vezes, me expressei através de meus personagens e dos que peguei emprestado do universo de uma escritora consagrada, mas não importa a origem deles - eles me ajudaram a extravasar muitos sentimentos em cada ponto e vírgula dos parágrafos.

Hoje eu terminei uma coisa e comecei outra. Depois de seis anos, posso dizer que concluí algo que morou por tanto tempo em meu coração e em minha cabeça e estarei dando continuidade aos resultados disso: A continuação de Eyes On Fire que já está disponível em meu perfil aqui no Nyah, esperando por vcs.

PODE ENTRAR, REIGN ON FIRE!

Tá, é muita emoção, mas eu não posso deixar de agradecer vcs por cada comentário, favorito, acompanhamento e recomendação ao longo desses anos. Cada nova leitura aquecia meu coração e saber que de alguma forma eu toquei o de vcs, me fez muito feliz. Agradeço a cada um e cada uma que permaneceu nesse barco (mesmo que ele parecesse que ia afundar todas as vezes que eu sumia e só voltava meses depois kkkk). Vcs são incríveis e espero que possam continuar me acompanhando por mais algum tempo.

E um agradecimento muito especial para duas leitoras guerreiras que me incentivaram o tempo todo ao ponto de fazerem um grupo de leitoras no whatsapp sobre a fanfic e acabaram virando minhas grandes amigas. Lily e Gaby, esse aqui é pra vcs.

É isso.

Até a próxima e espero que todos fiquem bem...

Bjs.

Brê.




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