Outside Plans escrita por Sany


Capítulo 9
Capitulo 07.


Notas iniciais do capítulo

Bom dia... Manhã de Natal...



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Os dias seguintes foram quase um borrão na minha mente. Era muito surreal para assimilar. Desde o momento em que recebi aquele telefonema meu mundo começou a desmoronar e nesse momento sinto como se não tivesse muito mais para ruir, não quando tinha dado o último adeus para a única pessoa que me fazia sentir como se tivesse algo de valor sentimental na vida.

Peeta e o marido da irmã dele cuidaram de praticamente tudo nos últimos dias. Eles tinham resolvido tudo incluindo um médico para medicar minha mãe que, assim que soube entrou em desespero, perdendo qualquer controle. A única coisa que fiz, foi ligar para meu pai e dar a ele a notícia. Dizer aquelas palavras em voz alta foi como arrancar um pedaço de mim. Ainda assim nada se compara ao momento em que fomos contar as crianças. Não tinha ideia de como fazer isso e particularmente não tinha certeza se conseguiria, contudo depois de uma rápida conversa decidimos que Perla quem iria contar a eles. Como tinha filhos, ela tinha um jeito maternal e era sem sombra de dúvida a que melhor saberia explicar, a três crianças o que tinha acontecido. Embora para ser sincera todos sabiam que não importaria muito quem iria dizer a eles ou como fosse dito, a notícia iria ferir independente disso. Ainda assim Peeta e eu apenas sentamos e observamos enquanto ela contava a notícia que acabaria com o mundo deles de uma maneira inexplicável.

Prim e Luca eram ótimas pessoas, e muitos foram prestar uma última homenagem a eles. Eu por outro lado, não conseguia pronunciar uma única palavra mesmo sabendo que esperavam por um discurso fúnebre. Meu pai apareceu com a atual esposa e com o filho dela de onze anos, então pedi aos céus para que minha mãe respeitasse aquele momento e não achasse confusão. A dor da perda de um filho sem dúvida é insuportável demais e talvez por estarem sentindo isso em comum naquele momento, minha mãe não se importou com todas as desavenças acumuladas nos últimos anos e assim que o viu, o abraçou.

Durante o enterro Perla disse belas palavras sobre o Luca e olhando meus pais sabia que eles não tinham condições de dizer nada sobre minha irmã. Apesar da dor, eles também não eram próximos a ela.  Meu pai, não a via há no mínimo dois anos e minha mãe estava determinada a aproveitar a vida depois que saímos de casa e se não fosse minha irmã procura-la toda semana também não se veriam com frequência. Sabia disso por experiência própria já que minha mãe e eu quase não nos falávamos. Sabia que Prim merecia belas palavras, contudo nada parecia vir à minha mente. Claro que, tinha muitas histórias e elogios sinceros a dizer sobre ela, mas não conseguia formar nada. Foi então que Peeta começou a falar. Ele falou sobre o irmão e o quanto Luca era importante na vida dele, do homem maravilhoso que era, um excelente irmão, pai e amigo e então falou sobre Prim. E, pela primeira vez em anos agradeci por ele ter feito parte da vida dela já que aquelas, não eram palavras ditas por um cunhado - eram palavras de um amigo - do melhor amigo. Depois disso me senti melhor pelas minhas breves palavras. Minha irmã sabia o que estava sentindo e o que sentia por ela.

— Katniss, você viu o Peeta? – Perla perguntou algumas horas depois quando a última pessoa que não era da família foi embora. Havíamos recebido todos na casa da minha irmã.

— Não. – de fato não me lembrava a última vez que o tinha visto pela casa, provavelmente ele tinha ido embora e eu não o julgava por isso. Particularmente estava cansada de receber os pêsames, cansada de tentar não chorar.

— Vou levar as crianças para casa, elas precisam descansar um pouco ou pelo menos tentar. – os três estavam passando a noite na casa dela, no dia do acidente e nos últimos dias tinham ficado lá mesmo. 

— É uma boa ideia. - olhei os três sentados no sofá e senti meu coração se partir um pouco mais, havia perdido minha irmã e isso estava doendo de uma forma indescritível, porém os três haviam perdido os pais - os dois de uma vez - então ninguém ali sentia mais do que eles. Era tão injusto terem tido tão pouco tempo com os pais.

— O Dr. Abernathy advogado do Luca marcou uma reunião amanhã. Ele quer falar sobre o testamento, resolver tudo o mais rápido possível por conta das crianças. Pedi para ser aqui, tudo bem pra você? – concordei com a cabeça. – Às 14 horas. – nos despedimos e vi quando ela foi até meus sobrinhos e os chamou juntamente com os filhos e o marido.

Assim que os sete saíram me vi sozinha naquela casa que normalmente era cheia de vida. Tudo estava tão parecido e ao mesmo tempo tão diferente da minha última visita semanas atrás. Esteticamente estava tudo igual. As fotos estavam no mesmo lugar, os móveis, até mesmo o cheiro de rosas que minha irmã tanto gostava estava presente, ainda assim era como estar em um lugar estranho. Fui trancar a porta da cozinha antes de ir quando vi a luz do quintal dos fundos acesa. Saí em direção ao jardim e me surpreendi em ver Peeta ali. Ele havia tirado o terno e a gravata, a camisa estava enrolada até o antebraço e ele estava pintando a velha cerca do fundo do quintal.

— Sua irmã estava procurando você. – comentei me aproximando e sentando em um dos balanços que ficavam na árvore – Ela foi para casa.

— Depois eu passo lá.

— Por que você está pintando isso agora? – ele respirou fundo antes de sentar no balanço ao lado.

— Perdi as contas de quantas vezes Prim pediu para o Luca pintar essa cerca. Ela queria que eu ajudasse, mas sempre enrolávamos e não fazíamos. Sei que não ficava brava de verdade. Sei que ela sabia que uma hora iríamos pintar, mas ainda assim ela continuava brigando e pedindo pra ele. Íamos pintar no sábado. – vi quando ele abaixou a cabeça, olhando o pincel por um tempo. – Agora não faz a menor diferença, mas quando eu vi a cerca hoje... eu sei lá, senti que devia pintar. É loucura?

— Não. – e não era mesmo, aquela era apenas a forma dele de sentir o luto. – Se importa se eu ficar aqui? – ele negou com a cabeça antes de voltar a pintar.

Ficamos ali por um bom tempo em silêncio, ele concentrado na pintura e eu tentando manter os pensamentos em ordem. Não tenho ideia de que horas ele terminou. Então seguimos ainda em silêncio pelas ruas da cidade. Ele me deixou na porta da casa da minha mãe antes de seguir seu próprio caminho e acabei ficando mais tempo do que o necessário encarando a porta antes de entrar. Se a casa onde Prim morou nos últimos anos era difícil de estar, aquela casa onde tínhamos crescido parecia insuportável já que cada canto continha uma lembrança. No momento em que deitei na minha antiga cama desejei mais uma vez ter seguido o exemplo do meu pai e ido para um hotel.

— Você sabe que queria poder estar aí com você, não sabe?— Gale perguntou pelo telefone na tarde seguinte.

— Eu sei. Entendo que precisa estar aí. – realmente entendia, ele precisava trabalhar principalmente levando em conta que eu estava fora da revista. – Provavelmente vou voltar essa noite para Chicago, não tenho motivos para ficar aqui, só vou me certificar de que está tudo resolvido, a leitura do testamento será feita hoje.

— Como vai ficar a guarda dos seus sobrinhos? Eles vão ficar com a sua mãe?— o pensamento da minha mãe cuidando das crianças era sem sentido demais, por mais que amasse os netos ela não era a melhor pessoa para assumir essa responsabilidade.

— Não, acredito que eles vão ficar com a irmã mais velha do Luca. – não havia perguntado nada a ela, mas nos últimos dias ela tinha cuidado deles e sem dúvida era melhor do que minha mãe ou meu pai.

— Certo, tenho uma reunião agora, me ligue quando comprar sua passagem. Eu pego você no aeroporto. E, Katniss, eu realmente sinto muito por tudo incluindo por não estar ao seu lado agora.— desliguei o telefone e segui caminhando lentamente, o bairro em que minha irmã escolheu morar havia sido escolhido a dedo já que, além das boas escolas era realmente tranquilo ao ponto de ainda se ver crianças brincando nas ruas, sorveterias e lojas de doces. Queria tanto acordar e descobrir que era tudo um sonho. Naquele momento não tinha a menor vontade de chegar ao meu destino, já que ouvir os desejos dela apenas deixariam as coisas ainda mais reais.

Quando entrei na cozinha da casa todos já tinham chegado, meu pai estava sentado à mesa juntamente com minha mãe, Perla, Marvel e o advogado. Peeta estava em um dos bancos do balcão da cozinha, o corpo virado na direção da mesa.

— Desculpem a demora. – não estava atrasada nem cinco minutos, mas achei certo me desculpar assim mesmo. Ninguém pareceu se importa com o “atraso” então me sentei na única cadeira vazia da mesa ao lado da minha mãe e esperei. – Onde estão as crianças?

— Na casa da Perla, Annie esta lá com eles. – conhecia de vista o advogado que há alguns anos havia cuidado da adoção da Rose. Haymitch Abernathy devia ter pouco mais de cinquenta anos e morava no bairro mesmo.

— Bem, já que todos estão presentes acho que podemos começar.– ele abriu uma pasta de documentos. - Esse é um testamento simples, não há muito o que discutir. Luca sempre foi muito organizado com o que tinha. Essa casa é alugada então entrei em contato com o proprietário e como havia toda a questão do depósito ele deu dois meses para que a mesma seja entregue para que possa alugar para outra pessoa.  Recentemente Luca e Prim compraram um terreno aqui na cidade mesmo. – minha irmã tinha me contado dos planos de construir uma casa do zero. Particularmente achava mais fácil comprar um imóvel pronto, mas ela e o marido estavam animados em construir algo do jeito deles. – O carro teve perda total no acidente, mas o seguro já foi acionado e irá cobrir um novo. Há uma conta poupança no nome de cada um dos filhos do casal onde será depositado em partes iguais o valor do seguro de ambos. Esses bens, assim como valor disponível atualmente na conta do casal deverão ser administrados pelos tutores responsáveis pelas crianças. - ele olhou novamente os papéis antes de continuar. - A mobília e demais pertences pessoais ficam a critério de vocês, já que pode vir a ter valor sentimental, contudo Prim deixou por escrito o desejo de três joias especificas que devem ser passadas para seus filhos em determinadas ocasiões.

— Sr. Abernathy meu marido e eu gostaríamos de saber o que devemos fazer para formalizar a questão da guarda das crianças. 

— Você pretende ficar com os três? – meu pai perguntou a Perla que confirmou com a cabeça. – Sei que, vocês já têm dois filhos e bem... gostaria de dizer que se preciso for, minha esposa e eu, podemos ajudar. Connecticut tem ótimas escolas e sei que Mary adoraria ter mais uma criança em casa.

— Isso não tem fundamento. – respirei fundo quando minha mãe começou a falar. – Aquela mulher não vai criar um dos meus netos.

— Você por acaso esta disposta a criar algum deles, Paula?

— Sr. Everdeen, obrigada pela oferta, mas não vamos separar as crianças. Irmãos devem ficar juntos. Marvel e eu vamos cuidar deles e vocês sempre serão bem-vindos em nossa casa e na vida deles. – não conhecia muito bem a mais velha dos Mellark só tinha tido contato com ela durante eventos na casa da minha irmã, mas pelo que sei era do tipo de pessoa que coloca a família sempre em primeiro lugar e era muito ligada aos irmãos. – Mas não vamos separa-los.

— Acho que está acontecendo algum engano aqui. - quase todos os presentes olharam para o advogado. – Luca e Prim, deixaram determinado no testamento os tutores legais que queriam para os filhos. Que no caso são: Peeta Ryan Mellark e Katnnis Shrader Everdeen.


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Notas finais do capítulo

É isso como a maioria já estava esperando Prim e Luca deixaram expresso o desejo de que os filhos ficassem com o Peeta e a Katniss, espero que tenham gostado do capitulo e se der ainda esse ano trago a reação dos dois a noticia.
Bom hoje é aquele dia especial para passar a lado de quem a gente ama sem se esquecer o do real significado dessa data tão importante. Desejo a vocês, seus familiares e amigos um natal repleto de felicidade, alegria, saúde e muta paz.
Beijos.