Sem-Coração escrita por Ju Do


Capítulo 9
Capítulo 9: O Unicórnio


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! =D



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Capítulo 9: O Unicórnio

 

Bom, agora o que você deve estar se perguntando é: afinal, o Cavaleiro morreu? Bom... Não. Não morreu. Mas não foi por falta de tentativa.

Após a batalha, a Rainha cavalgou com ele amarrado na garupa até o castelo e entrou pelos portões, coberta de sangue, exigindo tratamento médico urgente. O Duque tentou primeiramente pedir uma prova de que o Dragão havia sido morto, mas a moça simplesmente o agarrou pela gola das roupas, sem se importar com a guarda real inteira puxando as espadas e aproximou o rosto do dele, os olhos enlouquecidos de raiva e preocupação.

— Você vai arranjar médicos pra ele. Agora. E, se ele morrer por causa disso, eu o matarei. Não me importo se morrer depois disso, mas vou acabar com você.

Depois daquilo, não houve mais protestos, e o Cavaleiro foi tratado pelos médicos do Duque.

Os primeiros dias foram os piores. Os ferimentos insistiam em se abrir e sangrar, e o Cavaleiro gritava de dor, até que os médicos o drogaram com um chá feito de uma erva, e ele dormiu. Teve febre, as feridas inflamaram, e ficara cada vez mais pálido. Durante todo aquele tempo, a Rainha não saiu de seu quarto, e seus olhos se fixavam nele com um furor quase febril.

A partir do quinto dia, entretanto, ele passou a melhorar. As feridas finalmente foram estabilizadas, e seu rosto foi, aos poucos, ganhando cor novamente. Mas foi só uma semana depois que ele finalmente acordou. A primeira coisa que ele viu foi a Rainha ao seu lado, sentada em uma cadeira, adormecida com o rosto apoiado nos braços, curvada sobre a cama. Ele sorriu.

Levou duas semanas para que se recuperasse totalmente. Durante aquele período, ele e a Rainha ficavam no quarto dele, fazendo as refeições por lá, pois o rapaz não tinha forças ainda para caminhar até a sala de jantar do Duque. Passavam os dias conversando e jogando cartas ou qualquer outra coisa para passar o tempo. A Rainha parecia extremamente aliviada, por mais que tentasse não demonstrar muito, e sua voz ficara mais suave ao se dirigir a ele.

O Cavaleiro gostava daquele tratamento. Apenas uma coisa o incomodava, bem fundo em sua mente. Era a lembrança, enquanto ele estava quase morrendo, na caverna, da Rainha o abraçando e, então, algo morno e macio em seus lábios... Ele não perguntou a ela, pois sabia, após aquele tempo de convivência, que aquilo apenas a enfureceria e a afastaria, mas não conseguia deixar de pensar. No final das contas, decidiu que aquilo não importava. Apenas queria aproveitar a companhia da jovem e o novo respeito que ela parecia ter por si, e aquilo bastava.

Quando, finalmente, as feridas se fecharam completamente, deixando apenas cicatrizes em sua pele, os dois se dirigiram ao salão do Duque para se despedirem e seguirem viagem. Entretanto, não foi isso que aconteceu.

— Bom... Acontece que tenho mais uma tarefa para vocês. - ele falou, tentando parecer educadamente constrangido, mas sem conseguir.

— Você falou que nos daria permissão para ir embora depois que derrotássemos o Dragão! - o Cavaleiro protestou, furioso.

— Acontece que tem outro problema aqui que precisa ser solucionado. Não levará muito tempo, e eu tenho certeza de que vocês darão um fim nesse empecilho facilmente. Depois disso, poderão seguir viagem, conforme o prometido.

— Não vou arriscar minha vida novamente. - a Rainha falou, com firmeza.

— Ó, não precisarão arriscar a vida! A tarefa que tenho é bem fácil. Principalmente com você para cumpri-la, minha senhora. - o Duque estreitou os olhos para a Rainha, com malícia. - Só preciso que me capturem um Unicórnio.

— Um Unicórnio? - o Cavaleiro repetiu. Ao seu lado, a Rainha ficou pálida.

— Sim. - o Duque respondeu, sem tirar os olhos da moça, ignorando o Cavaleiro. - Será simples. Tenho certeza de que sua Rainha o conseguirá facilmente. Não é?

A Rainha não respondeu. O Cavaleiro ficou observando aquela troca, sem entender.

— Bom, então iremos capturar esse Unicórnio. Onde ele está?

— Em uma floresta, um pouco depois da caverna do Dragão que vocês mataram. É um bosque relativamente pequeno, deve ser fácil de achá-lo lá dentro.

E, assim, o Cavaleiro e a Rainha partiram para o bosque. No caminho, o rapaz tentou trocar planos e montar uma estratégia para pegar o animal. Quando aquela conversa não deu muito resultado, tentou engatar algum assunto mais trivial com a Rainha. Mas a moça não parecia querer conversar. Respondia rápida e secamente, sem olhá-lo nos olhos, e o tempo inteiro apertava as rédeas com as mãos, parecendo muito nervosa.

Chegaram no bosque após algumas horas. Era um local agradável, com pequenos riachos correndo, pássaros cantando e árvores grandes que faziam uma sombra agradável. O Cavaleiro se sentiu muito bem ali.

— Bom... - ele começou, já que a Rainha não estava falando nada. - Acho que nós devíamos nos mover em silêncio. Pra não assustar o bicho. É assim que meu pai fazia quando estava caçando algum animal.

A Rainha concordou com um aceno de cabeça, ainda sem encará-lo. Então, os dois diminuíram o passo dos cavalos e ficaram em silêncio.

Demorou quase quinze minutos para que eles conseguissem um vislumbre do bicho. O Cavaleiro o viu primeiro, e fez um sinal para que a Rainha parasse.

O Unicórnio era magnífico. Seu pelo era tão branco que faria a neve parecer cinza, e ele tinha o porte do melhor dos cavalos de raça, musculoso e saudável. Sua crina era longa, e, o mais impressionante, um chifre em espiral saía de sua testa, longo como uma faca e com uma ponta afiada.

Em silêncio, e antes que o Cavaleiro fizesse qualquer coisa, a Rainha desceu do cavalo. Ele fez menção de segui-la, mas ela lhe fez um sinal, mandando-o ficar onde estava. Com cuidado, a moça foi em direção ao bicho. O animal ergueu a cabeça e o rapaz achou que estaria tudo perdido, mas ele apenas ficou olhando para ela, esperando, enquanto a moça se aproximava, lentamente.

Passo por passo, ela foi chegando mais perto do Unicórnio. Quando estava a apenas um metro dele, ela ergueu a mão lentamente, delicadamente, para alcançar-lhe o focinho. O Cavaleiro estava abismado. Nunca vira um animal selvagem tão dócil.

Mas quando ela estava prestes a tocá-lo, tudo deu errado. O Unicórnio relinchou e empinou, sacudindo os cascos para a Rainha. Ela tropeçou para trás, tentando se afastar rapidamente, e caiu. O Cavaleiro esporeou seu cavalo, pronto para ir em defesa dela, mas o Unicórnio apenas se afastou, galopando mais rápido que qualquer cavalo normal conseguiria, para longe da Rainha.

— Você está bem? - ele perguntou, descendo de sua montaria.

A Rainha subitamente ergueu o olhar para ele, os olhos raivosos como se estivesse prestes a esmurrá-lo, e o Cavaleiro estacou, surpreso. Ela estava com o rosto todo vermelho, e ele achou que ela deveria estar bastante zangada. Mas com o quê? Só após um momento que ele percebeu que aquilo não era raiva; era vergonha. Ela estava completamente envergonhada. Mas do quê?

— Não faz mal. - o Cavaleiro tentou acalmá-la, gentilmente. - Você quase conseguiu. Não foi sua culpa. Tenho certeza de que vamos capturá-lo da próxima vez.

Mas ela apenas sacudiu a cabeça, desviando o olhar. Subiu novamente no cavalo e partiu, sem olhá-lo. O Cavaleiro, atônito, a seguiu.

Durante três dias, os dois perseguiram o Unicórnio. Galoparam inutilmente atrás dele, mas seus cavalos não tinham velocidade para alcançá-lo. O Cavaleiro tentou criar armadilhas para que o animal caísse, mas o bicho parecia ser esperto, e não ativou nenhuma. Viam relances de pelo branco por todos os lados da floresta, mas nunca conseguiam pegá-lo. A Rainha ficava cada vez mais e mais frustrada. Então, finalmente, no final do terceiro dia, o Cavaleiro tomou coragem para dizer o óbvio.

— Acho que deveríamos voltar para o castelo. - ele falou, timidamente, temendo uma explosão. - É impossível pegar esse bicho. Não adianta ficarmos mais tempo aqui. Vamos voltar para o castelo e dizer para o Duque que ele nos propôs uma tarefa impossível. O Unicórnio nem parece ser uma ameaça de verdade! Ele não nos atacou nem uma vez durante todo o tempo que estivemos aqui.

A Rainha socou um tronco de árvore com força, furiosa, mas concordou. E então, os dois voltaram para o castelo. A moça parecia com receio de entrar lá. Então, quando chegaram na frente do Duque, foi o Cavaleiro que tomou a iniciativa de falar com ele.

— Então? - o Duque perguntou. - Onde está o Unicórnio?

— Não conseguimos pegá-lo. Você nos deu uma tarefa impossível. - o Cavaleiro rosnou.

— Não conseguiram? Ora, mais que surpresa! - o Duque falou, olhando para a Rainha. A moça corou profusamente e abaixou a cabeça, trincando a mandíbula, humilhada.

— Claro que não! - o Cavaleiro olhou de um para o outro, sem entender nada, mas começando a ficar zangado. - O animal é mais rápido que qualquer cavalo, e inteligente como um ser humano. Como alguém poderia pegá-lo?

— Quer dizer, então, que nossa nobre Rainha não conseguiu domar o Unicórnio? - o Duque perguntou, se erguendo do trono.

— Não. Tem. Como. Domar. Aquela coisa. - o Cavaleiro falou, entredentes, apesar de estar sendo ignorado.

— Ora, ora, quem diria? - ele se aproximou da Rainha e ergueu o queixo dela com uma das mãos. A moça se recusou a olhá-lo nos olhos, o rosto queimando. - O que o povo diria se soubesse que sua Rainha não conseguiu capturar um Unicórnio, ahn?

— Fique longe dela. Não toque nela. - a voz do Cavaleiro assumiu um tom ameaçador.

— Eu? Eu, tocar nela? - o Duque finalmente virou os olhos para ele, gargalhando, cheio de zombaria. - Ah, tolo cãozinho, não, não preciso tocar nela.

O Cavaleiro puxou a espada num rompante e colocou a ponta debaixo do queixo do Duque, em sua garganta, antes que qualquer um na sala pudesse reagir.

— Não... - a Rainha começou, mas foi interrompida pelo Duque.

— O que acha que está fazendo?!

A guarda inteira do Duque puxou suas espadas e a apontou para o Cavaleiro.

— Vou matá-lo. Posso não ser inteligente o suficiente para entender o que está acontecendo aqui, mas não é coisa boa e eu não estou gostando. Ou você para agora com isso ou vou matá-lo. - o rapaz falou, furioso.

A sala inteira ficou em silêncio. Ouvia-se apenas a respiração ofegante do Cavaleiro.

— Bom, se me matar, meus guardas o matarão logo em seguia, a você e a sua Rainha. Estamos presos num impasse aqui. - o Duque sorriu. - E, alguma hora, terá que abaixar essa espada, meu rapaz.

O Cavaleiro pensou por um segundo. Então, com um sorriso, puxou algo de sua capa.

— O que é isso? - o Duque perguntou, estranhando. Havia um frasco com um líquido alaranjado dentro. O Cavaleiro o segurava alto, como se fosse explodir se o soltasse.

— É uma maldição. Se eu a quebrar agora, e liberar esse líquido, todos em um raio de um quilômetro morrerão instantaneamente.

— Me poupe. - o Duque zombou.

— Estou falando a verdade. Tomei isso da casa da própria Rainha da Noite quando ela morreu. - os olhos do Duque se arregalaram. - Ah, então ouviu falar disso. Muito bem. Pois então sabe o que essa poção é capaz de fazer. Quer que eu a solte?

— Tudo bem. Tudo bem. Muita calma, meu rapaz. - o Duque falou, erguendo as mãos. - Se a soltar, matará você mesmo e sua Rainha, também.

O Cavaleiro riu.

— Você nos mataria do mesmo jeito. Decidiu nos matar no momento em que eu coloquei essa espada no seu pescoço. E, se for para morrer, prefiro levar você e todos os seus guardas juntos.

— Tudo bem. Então, façamos o seguinte...

— Não. Eu dou as ordens aqui agora. E eu digo que, assim que eu tirar essa espada do seu pescoço, você vai ordenar aos seus funcionários que abasteçam nossos cavalos com provisões. E, então, vai nos deixar partir. E não vai mandar nenhum de seus guardas atrás de nós. Se mandar, eu quebrarei o frasco e todos morrerão do mesmo jeito. Estamos entendidos?

O Duque acenou com a cabeça. Então, o Cavaleiro embainhou sua espada, mas permaneceu segurando a poção no alto com a mão esquerda, ameaçadoramente, enquanto seus cavalos eram abastecidos. Quando tudo estava pronto, ele montou e virou-se para o Duque.

— Seu acordo com a Rainha não existe mais. Não ganhará terras extras. Na realidade, quando ela ganhar de volta esse território, tenho certeza de que você será destituído do título de Duque e exilado ou executado. - o Cavaleiro falou, com desprezo. - Vejo-lhe novamente em sua audiência de punição.

E, com aquilo, eles partiram. Nos primeiros minutos, ficaram calados, cada um ruminando seus próprios pensamentos (no caso do Cavaleiro, pensamentos de vingança). Mas, após algum tempo, o rapaz teve que dar voz à sua raiva.

— Aquele idiota! Tenho certeza que estava querendo nos manter lá para sempre! Nunca iria nos deixar sair, mandando tarefa estúpida atrás de tarefa estúpida! Primeiro, ele quase nos mata, depois, nos manda caçar uma criatura que não faz mal a ninguém, por puro capricho! Ele nos custou um mês inteiro de viagem desse jeito! - ele virou-se para a Rainha, esperando vê-la concordando, mas se surpreendeu. A moça olhava para baixo, com os olhos cheios de lágrimas.

— O quê...? - antes que ele conseguisse formular a pergunta, ela parou o cavalo, cobriu o rosto com as mãos e desatou a chorar.

O Cavaleiro a olhou por um momento, surpreso, antes de se recuperar. Imediatamente, desceu de seu próprio cavalo e a ajudou a desmontar. A Rainha sentou-se à beira da estrada, enterrando o rosto nas mãos, e começou a verdadeiramente soluçar. O rapaz chutou uma pedra, furioso.

— Aquele... - ele xingou o Duque de todos os nomes que sabia falar. Então, se sentou ao lado da Rainha e passou um braço pelos seus ombros, cautelosamente. Reconhecia um choro de humilhação, mas não entendia o porquê de ela estar envergonhada. Não sabia exatamente o que fazer.

— Olhe... - ele começou, após alguns minutos. - Eu não entendi bem o que aconteceu, mas aquele Duque é o maior idiota que eu já conheci. Não importa o que ele fala.

— Você não entende. - a Rainha conseguiu falar, erguendo o rosto e enxugando as lágrimas. - O Unicórnio... Eu não consegui...

— Quem se importa?! - o Cavaleiro explodiu. - Quem se importa com aquele bicho?!

— Muita gente se importa.

— Bom, eu não me importo! - ele falou, corando ao perceber a inutilidade daquela afirmação, mas continuando a falar, obstinadamente. - Não estou nem aí se você consegue ou não pegar uma droga de um Unicórnio, pra que isso serve, de qualquer jeito? Deixa o bicho ficar lá, não está fazendo mal a ninguém! Eu também não consigo pegar um Unicórnio, duvido que o Duque também conseguisse, então por que alguém deveria se importar se você consegue?!

A Rainha o olhou por alguns momentos, analisando sua expressão indignada, e então gemeu e o abraçou com força. O Cavaleiro congelou, surpreso, enquanto ela continuava a chorar em seu ombro. Com cuidado, ele colocou os braços ao redor dela. Ela já o abraçara antes, mas era diferente. Dessa vez, ele estava consciente e fora de perigo, e ela mesmo assim o abraçara espontaneamente.

A Rainha levou apenas alguns momentos para se recompor. Enxugou rapidamente as lágrimas, largou o Cavaleiro, pigarreou, e começou a ajeitar as próprias roupas. O rapaz coçou a nuca e olhou para os lados, constrangido.

— Obrigada. - ela murmurou, olhando rapidamente para ele e então desviando os olhos.

— De nada, eu...

— Acho que devíamos continuar. - ela interrompeu, e voltou a subir no cavalo, rapidamente, e pôs-se a cavalgar.

O Cavaleiro a observou, atônito, por alguns momentos, e então a seguiu.

 


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Notas finais do capítulo

Olá novamente! o/

Bom, tem algumas explicações importantes que eu preciso dar sobre esse capítulo, galera. Ele lida com um assunto mais delicado por meio de simbolismo, e, por isso, pode não ficar tão claro assim qual o sentido dele. Depende um pouco do quanto você conhece sobre a criatura mágica que dá título ao capítulo. Pra quem conhece mais da mitologia do unicórnio, dá pra captar. Mas pra quem não sabe, eu forneço uma dica: dá uma pesquisada na internet! Na própria página da Wikipédia tem umas explicações curtinhas, basta ler o primeiro parágrafo do artigo sobre "unicórnio" e você entende o que eu tava querendo passar com esse capítulo.

AVISO: Algumas pessoas me disseram que estavam lendo essa história para seus filhos. Se você está lendo isso para uma criança, eu recomendo dar uma pesquisada antes pra decidir se quer realmente que o pequeno saiba sobre o que é o capítulo. Se não, deixa por isso mesmo, ele é novo o suficiente pra se divertir só com a parte superficial dessa parte da história mesmo!

Dúvidas? Elogios? Críticas? Todos serão bem-vindos. Até próxima semana!



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