Blue Jeans escrita por Nayou Hoshino


Capítulo 1
Capítulo Único




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Jeans azul

Camisa branca

Assim que você apareceu,

meus olhos queimaram

 

Abri os olhos e dei de cara com os fios ruivos de Castiel, ele estava de costas pra mim na cama, permitindo que eu visse as marcas que minhas unhas haviam deixado em suas costas na noite anterior nas partes de sua pele descobertas pelo lençol.

Pousei as mãos no rosto envergonhada pelo que havia acontecido. Como havia deixado isso acontecer, a propósito? Em um momento estava no meu sofá me sentindo uma idiota e no momento seguinte o ruivo estava na minha porta com aquele sorriso convencido que sempre me fazia achar que ficaria tudo bem não importa quão perigoso ou inconssequente fosse o que fizessemos a seguir.

Já estava acostumada com suas mudanças de humor, saíamos faziam alguns meses já. E tudo começou com um cigarro e uma garota fascinada pelo bad boy que não tinha nada a oferecer...

Aquele relacionamento era previsível, sabia como acabaria antes mesmo dele começar. Conhecia aquele tipo de garoto, mas nem por isso consegui controlar meu impulso irracional de me apaixonar por aquele sorriso torto e os músculos que escondia sob sua camisa branca naquela tarde atrás da escola.

 

Parecia o James Dean

Com certeza

Você é bonito demais

e doentio como um câncer

 

Mais uma briga, mais um escândalo na frente dos nossos amigos. Eu nunca fui o tipo de garota que leva desaforo pra casa, principalmente de um garoto metido a melhor do mundo... Então quando cantou a garota no bar naquela tarde eu não pude conter meu instinto e soltei tudo o que estava engasgado na minha garganta. Ah, como eu te odeio, Castiel...

Mesmo assim, abri a porta quando você apareceu aqui, decidida a terminar com tudo e me ver livre dessa montanha russa insana de amor e ódio que é e sempre foi o nosso relacionamento. Do que adianta sempre discutirmos e nos exaltarmos se tudo acaba na cama? A bebida e o sexo nos une mais do que gostamos de admitir, mas somos compatíveis com relação a esses pontos pelo menos.

Que belo casal formamos... Sequer conseguimos ser aquele garoto e aquela garota que ficam de mãos dadas vendo o pôr do sol antes de voltar pro quarto e assistir um filme juntos. Mas quem quer algo tão clichê afinal?

 

Saí debaixo da coberta tomando o máximo de cuidado para não te acordar. Não sabia se queria acabar com aquele momento de paz entre nós tão cedo... Tão logo você acordasse, nosso humor ácido acabaria com tudo por conta própria como sempre, típico de dois orgulhosos de merda...

Coloquei os pés no chão frio e senti um leve arrepio percorrer meu corpo, onde estavam meus chinelos? Corri o quarto com os olhos mas não os encontrei. Não demorou para me lembrar que você tinha me trazido até aqui em seu colo durante um beijo sedento e voraz, não me importei de pegar o chinelo na sala naquela hora.

Virei para o lado e vi o espelho que exibia um reflexo perfeito do meu corpo inteiro, exibindo todas as marcas apaixonadas deixadas por seus lábios. Contornei uma delas, a mais próxima de minha clavicula, com o indicador e me arrepiei um pouco com a memória de como ela havia sido feita, que veio num flash rápido e intenso.

 

Peguei sua blusa branca que havia sido arremessada sobre minha penteadeira, deixando-a deslizar sobre meu corpo até cobrir-me até parte das coxas. Mordi meu lábio inferior ao ver meu reflexo, sentindo-me sexy e ousada, como sempre me sentia na companhia do ruivo.

 

Você era meio punk rock,

eu cresci com o hip hop

Mas você se encaixou melhor em mim

do que meu moletom preferido

 

Sempre fora uma boa garota, até me mudar para esta cidade. Não, estou mentindo. Sempre fingi ser uma boa garota. Fingia tão bem que comecei a acreditar... Mas quando me vi livre da minha mãe e sua mania terrível de controlar cada aspecto da minha vida, senti que finalmente tinha liberdade para experimentar ser alguém diferente.

Curiosamente, meu novo eu parecia ser o par ideal para o roqueiro de fios ruivos que encontrei na nova escola. Compartilhávamos um desejo insaciável por aventura e o proíbido nos atraia como um imã, descobri mais tarde quando compartilhamos uma sessão de detenção. Via nele uma forma de me libertar de vez do meu passado, e foi exatamente o que ele fez comigo. Me dobrou e moldou com suas palavras duras e frias e me converteu numa verdadeira rebelde sem causa com sua música alta e gosto refinado por bebidas.

Será que essa garota sempre esteve escondida em mim? Sob infinitas camadas de roupa comportada e a desculpa do culto aos domingos? Dificil dizer... Mas não culpo Castiel pela mudança radical. Diria que ele foi apenas as “rodinhas” da bicicleta que eu pilotava por conta própria.

Mas é claro que minha família não acreditaria nisso.

 

E eu sei que o amor é malvado

E o amor dói

Mas ainda me lembro

do dia em que nos conhecemos em Dezembro

 

Desci as escadas com preguiça, tentando desembaraçar meus fios com os dedos. A casa alugada com o dinheiro do meu novo trabalho já tinha marcas das minhas inúmeras brigas com o ruivo, brigas que passamos a chamar de preliminares, por motivos óbvios. Passei a mão pela nova moldura de uma das fotos mais antigas que possuíamos: ainda estávamos na escola e haviamos sido pegos de surpresa pelas lentes de uma amiga.

Se soubessemos que a vida seria tão complicada após o colegial acho que teríamos feito muito mais do que fizemos. Teríamos aproveitado a chance de sermos dois jovens inconsequentes que só queriam se amar o mais intensamente que o banco de trás de um carro permitia.

Senti meu rosto esquentar com as lembranças excitantes de meu último ano do colegial. Passou pela minha mente o momento em que eu e Castiel nos separamos pela primeira vez, graças a sua ex namorada e seu imenso narcisismo. Não tive paciência para o showzinho que ela armou e o babaca teve a coragem de acreditar...

 

Apertei o botão da cafeteira e vi a pequena luz de acender antes de ir até a geladeira ver se tinha algo bom o suficiente para ser minha primeira refeição. Encontrei algumas fatias de queijo e presunto e decidi preparar um sanduíche para mim e outro para Castiel, ele merecia, afinal, as desculpas da noite passada quase me convenceram. Ele estava se tornando um mentiroso de marca maior.

Dei um sorriso de canto, tentando entender meu coração masoquista que sempre falhava uma batida ao ver o ruivo e ouvir suas palavras, não importa o quanto aquilo pudesse me fazer sofrer apenas algum tempo depois.

 

Oh baby

Eu vou te amar até o fim dos tempos

Eu esperaria um milhão de anos

Prometa que você vai lembrar que você é meu

Baby, consegue ver através das lágrimas?

 

Fatiei dois pães preguiçosamente, colocando uma fatia de queijo e outra de presunto em cada um deles. Meus olhos foram automaticamente até a janela que ficava sobre a pia, me permitindo fitar o céu cinzento coberto de nuvens que indicavam uma chuva à frente. Mordi o lábio inferior, tomada por um pensamento ingênuo de uma tarde perfeita ao lado do ruivo, ambos sob as cobertas e assistindo a um bom filme enquanto trocavam carinhos e beijos suaves...

Riu de si mesma, o roqueiro nunca permitiria algo assim acontecer. Ele era um ser repleto de urgência e necessidade de estar em movimento ou fazendo algo excitante, em qualquer sentido, o máximo que conseguiria dele na cama seria mais um pouco de sexo e palavras sujas. Não achava isso de todo ruim mas... sentia que isso me afastava um pouco dele, como se me impedisse de me sentir única. Essa era a raiz de todos os problemas entre nós.

 

Te amo mais

Do que as vadias anteriores

Diga que vai lembrar (oh baby)

Diga que vai lembrar (oh baby)

Eu vou te amar até o fim dos tempos

 

Realmente, o que me diferenciava das outras garotas com quem Castiel havia ficado antes de mim? Nunca fui do tipo insegura mas... O que me garantia que, pra ele, eu não era como elas?

Soltei um suspiro irritada e desliguei a cafeteira, pegando a pequena jarra e despejando o líquido negro em duas canecas fundas. Enquanto a fumaça subia e atingia meu rosto, aquecendo-me, senti dois braços ao redor da minha cintura, o que me causou um arrepio suave e fez meu coração bater acelerado com a surpresa.

 

— Bom dia. — ele sussurrou em meu ouvido, com a voz ainda um pouco rouca.

 

Me virei para beijá-lo mas parei ao ver que ele estava completamente vestido. Não que eu quisesse vê-lo nu — o que, admito, queria — , mas o que ele fazia de botas e jaqueta já a essa hora do dia? Seu olhar não era quente e convidativo como de costume, mas sério e cauteloso.

 

— Eu já ia subir com o nosso café... — Dei um sorriso e tentei parecer tranquila com o fato.

 

— Ah, eu já estou de saída.

 

“É, eu percebi...”, revirei os olhos com meu pensamento, mordendo o lábio pra conter minha língua curiosa e afiada.

 

— Tenho um compromisso.

 

— Que tipo de compromisso? — Ergui uma sobrancelha, colocando meus braços em seus ombros para impedi-lo de fugir. O cheiro amadeirado que exalava dele se misturava ao do café fresco atrás de mim, formando uma névoa enebriante que me impedia de sentir outra coisa que não fosse tentação por ele.

 

— Vou a uma reunião, um conhecido conseguiu um trabalho pra mim em Vegas... — ele disse com um sorriso convencido e sedutor ao sentir eu puxá-lo pra perto de mim. — Ainda tenho que arrumar minhas malas e...

 

— Espera, Vegas? Tipo, Las Vegas? — Apoiei minha mão em seus ombros e o empurrei de leve fitando-o séria

 

— Sim, conhece alguma outra? — ele deu uma risada irônica, tentando se reaproximar.

 

— Isso é tipo... Do outro lado do mundo. Como vai ficar indo e voltando? — indaguei inocente, fazendo-o rir.

 

— Não vou ficar indo e voltando. — Ele notou meu olhar ocilar e ir de confusa a triste em um segundo, passando para irritado logo em seguida. — Escuta... A grana é boa e...

 

— E de que isso importa? Por que não me contou nada? — Dei um tapa em seus ombros com ambas as mãos, saindo de seu abraço.

 

— Não sei o porquê dessa irritação toda...

 

Grandes sonhos

Gângster

Disse que foi embora pra recomeçar sua vida

Eu falei “não, por favor, fique aqui”

Não precisamos de dinheiro, podemos fazer isso funcionar”

 

Eu parei de ouvir o ruivo. De repente tudo fez sentido. A necessidade dele em fazer as pazes ontem, a forma estranha e indiponivel como ele vinha agindo... Ele estava se aproveitando dos últimos momentos comigo antes de me dar um pé para aproveitar Vegas. Todas aquelas luzes e mulheres de lá, com certeza estava entusiasmado em conhecer a cidade e os prazerosos entretenimentos que ela oferecia e dos quais todos já haviam ouvido falar pelo menos uma vez na vida.

Voltei a mim ao ouvir o celular de Castiel tocar e ele pegá-lo do bolso, fitando o visor antes de voltar a me encarar.

 

— Tenho que ir...

 

— Você sabe onde fica a porta. — Cruzei os braços na frente do corpo e me apoiei na pia atrás de mim, desviando o olhar dos olhos cinzentos dele.

 

Sem dizer mais nada, nem se despedir adequadamente, o ruivo me deu as costas e saiu porta a fora. Eu me mantive firme encarando os entalhes de madeira da mesma após ser fechada, dentro de mim havia a esperança de que ele fosse voltar e rir da minha cara dizendo que era tudo uma brincadeira sem graça, mas sabia que isso não ia acontecer...

Senti algo engasgado em minha garganta e logo desabei, escorregando pela bancada sob a pia até atingir o chão, juntando meus joelhos ao peito e abraçando-os com força.

Por que ele não dissera nada? Por que ele agiu tão naturalmente com a noticia de me deixar aqui? Será que eu tinha sido a única a sentir algo importante nessa relação, aparentemente, unilateral?

Senti lágrimas queimarem meu rosto conforme rolavam suavemente de meus olhos.

 

Sem pensar, me levantei rapidamente do chão frio da cozinha e corri até a porta, me sentindo um pouco tonta pelo esforço repentino já que ainda não havia posto nada em meu estômago. Abri a porta e me lancei para o jardim com pressa, o ruivo estava sentado sobre sua moto negra e prendia o capacete em sua cabeça.

Seus olhos me atingiram através da viseira, tentei pedir pra ele esperar, tinhamos que deixar algumas coisas claras antes de encerrar a discussão. Não aguentaria esperar por noticias dele dentro daquelas paredes com lembranças nossas, deitada em minha cama que estava impregnada com seu cheiro ou na cozinha onde a garrafa de Jack Daniel's que havia me dado de presente ainda descansava na prateleira acima da bancada...

Mas ele apenas continou a me encarar enquanto dava a partida na moto e disparava rua acima, deixando apenas um rastro de poeira no asfalto e eu plantada incrédula na porta.

 

Mas ele partiu no domingo

Disse que voltaria na segunda

Fiquei esperando, na expectativa, me controlando

Mas ele estava atrás de dinheiro

Pelo o que soube, ele se afundou no jogo

 

[3 meses depois]

Acordei e esfreguei meus olhos algumas vezes, tocando o travesseiro ao meu lado como eu sempre fazia instintivamente após um sonho com Castiel. Seu último olhar ainda me assombrava algumas vezes, eu passara dias pensando no que poderia ter dito ou feito para que aquilo não acontecesse... Mas agora apenas me conformei de que a culpa não foi minha, reagi de forma normal diante da situação, ele que sempre fora um babaca.

Um babaca que eu ainda amo, mas esse não é o caso.

Soltei um longo suspiro enquanto me sentava, encostando as costas na fria cabeceira de madeira que ficava atrás da cama. Em dias assim eu me sentia deprimida e sufocada pelas lembranças que minha casa guardava da breve, e conturbada, história de amor que eu e ele tinhamos vivido... Mesmo assim, não tinha como eu deixar isso tudo pra trás e simplesmente me mudar para um lugar novo em folha, não. Eu precisava dessas lembranças assim como ainda precisava dele. Melhor, eu não precisava dele, mas o queria incondicionalmente. Perdê-lo me fez perder o rumo completamente... O que esse cara fez comigo? Pareço uma garotinha mimada com esse tipo de pensamentos.

Mas era mesmo verdade.

Já fazem três meses que eu não ouço sua voz rouca resmungar algo em meu ouvido... Que não sinto seus lábios na minha pele ou sua mão explorando meu corpo como fazia sempre que queria me provocar ou convencer de algo. Era horrível, mas eu estava parecendo uma viciada em drogas sofrendo com a abstinência. Depois de algumas semanas trancada em casa sofrendo e zerando aquela garrafa de whisky na cozinha, eu acordei um dia e passei meu delineador e batom vermelho que estavam aposentados desde então, foi a primeira vez em dias que saí para afogar os problemas em um copo de bebida no meio de jovens atraentes e com uma música alta machucando meus ouvidos desacostumados.

Não era justo Castiel conseguir seguir sua vida enquanto eu perdia minha beleza sufocada em casa, pensei quando fui cantada por um rapaz depois de tanto tempo. Não era preciso matar meu amor de um dia para o outro para recuperar um pouco da minha felicidade, podia fazer isso em doses homeopáticas.

 

Eu vou te amar até o fim dos tempos

Eu esperaria um milhão de anos

Prometa que você vai lembrar que você é meu

Baby, consegue ver através das lágrimas?

 

A quem estava enganando? Eu nem pensaria antes de arrastá-lo pra dentro caso batesse em minha porta.

Liguei a TV enquanto separava uma roupa no guarda roupa pra sair, Rosalya parecia ter se incomodado o suficiente para me chamar pra tomar um café com ela. Estava passando um daqueles programas pequenos de entrevista, outro dia eles revelaram um bom cantor, o que seria hoje? Me inclinei um pouco para o lado para tentar ver por conta da porta do armário na minha frente, um rapaz de cabelo loiro escuro ria de forma forçada das palavras da senhora ruiva que o entrevistava, ao lado dele, uma morena olhava de forma estranha para a câmera, como se quisesse mostrar algo importante em si mesma. Revirei os olhos e voltei a fitar os cabides, pegando uma calça preta e uma blusa que a platinada tinha me dado de presente.

 

— Ha ha, mas isso é normal pra mim... — Uma voz conhecida soou da Tv, me paralisando no lugar.

 

Demorei alguns segundos até conseguir voltar a mim e me mover lentamente, fechando a porta do guarda roupa e deixando as peças de roupa caírem aos meus pés conforme andava com cuidado para mais perto da TV, como se a imagem pudesse desaparecer caso eu fizesse um movimento muito brusco. Escondido sob um corte moderno e uma tintura diferente, lá estava Castiel e seu sorriso forçado de quando tentava ser mais simpático do que lhe era normal.

Os pelos de minha nuca se eriçaram ao ouvir a voz dele depois de todo esse tempo. Ele estava diferente, não parecia mais o rebelde sem causa que sempre me metia em problemas e uma vez ou outra tive que ir buscar na delegacia por conta de maus modos...

Parecia alguém... Domado.

Meus olhos escorregaram para a figura morena ao seu lado, que agarrava-o pelo braço como se sua vida dependesse disso. Ela me era familiar... Já tinha visto seu rosto na TV, tenho certeza...

 

— Não pretendo voltar para minha cidade natal, seria burro se fizesse isso. — ele riu com seu tom maldoso de sempre, fazendo a apresentadora rir.

 

— Mas e sua família, seus amigos...? — ela reforçou, tentando arrancar algo dele.

 

— Não tem ninguém de importante por lá, então não há porque voltar. — ele a cortou, sorrindo para parecer menos rude, mas logo ficou sério novamente.

 

Deixei-me cair sentada sobre o carpete. Jamais admitiria pra ninguém, nem pra mim mesma, mas no peito ainda haviam esperanças de que ele voltaria aqui algum dia. De que bateria em minha porta e diria que tudo foi um erro ou simplesmente me agarraria pelos quadris e beijaria meus lábios com fervor como costumava fazer...

“Não tem ninguém de importante”... Então era a isso que fui resumida, junto com todas as outras. Meus olhos começaram a arder e meu rosto ficou quente, mas não me permitira chorar por isso, seria demais até pra mim. A dor não demorou a se converter em raiva e minha mão correu a beira da minha cama em busca do meu celular, pegando-o rapidamente enquanto eu procurava algo que indicasse se aquele programa era ao vivo ou não.

Não era. Ótimo.

Enquanto discava os números que estavam gravados à ferro em minha mente, fuzilava a mulher que roçava os peitos no braço de Castiel enquanto ele respondia tranquilamente as perguntas da apresentadora. Essa era a nova vitima dele? Ou ele seria a vitima dela?

 

Te amo mais

Do que as vadias anteriores

Diga que vai lembrar (oh baby)

Diga que vai lembrar (oh baby)

Eu vou te amar até o fim dos tempos

 

— Alô? — ouvi sua voz sonolenta do outro lado da linha, provavelmente seus hábitos não haviam mudado tanto como sua aparência...

 

— Castiel... — Seu nome saiu como um sussurro, não sabia como estava ansiosa e precisava dizer seu nome novamente até fazê-lo. Merda... Senti falta até mesmo disso...

 

— Quem é? — Ouvi-o bocejar e algo estalar, como se tivesse se mexido bruscamente sobre a cama.

 

Respirei fundo e mordi o lábio inferior com força pra me controlar. “Quem é?” ? Ele havia mesmo excluído meu número de seu celular? Chegara tão longe assim enquanto eu era cuidadosa o bastante para manter o memorial do nosso relacionamento em perfeito estado dentro dessa casa?

 

— É a Mel... A sua Mel, lembra? — As palavras saíram antes que eu pudesse pensar direito nelas, fazendo-me corar com a idiotice que eu tinha dito. — Q-Quer dizer...

 

— Ah... A “minha Mel”, claro. — Sabia que ele havia sorrido do outro lado da linha, aquele sorriso convencido e cafajeste que fazia minhas pernas ficarem bambas. — O que quer?

 

— Eu... Hum... — Calma Mel... Repetia pra mim mesmo enquanto me controlava. O que podia fazer se sua voz, até mesmo enquanto era rude comigo, estava ainda mais sedutora depois de todo esse tempo? — Eu acabei de te ver na TV.

 

— Ah... A Debrah conseguiu uma entrevista pra me ajudar com os trabalhos. — ele disse frio, quase como se desse de ombros com as palavras. — Ela é muito boa.

 

— Hum... — Senti uma pontada em meu peito com o elogio à minha substituta. Senti-me ainda mais irritada, ele provavelmente estava querendo isso: ver até onde eu conseguiria manter a linha. — Espero que ela esteja conseguindo lidar com você.

 

— Ela está, acredite. — suas palavras soaram sarcásticas e firmes, o que me deixou ainda mais acuada. — Era apenas isso?

 

— É só isso que eu mereço? Depois de tudo? — ergui um pouco minha voz, sentindo as primeiras lágrimas escorrerem por meu rosto. — Nem mesmo um “como vai você depois de que eu te larguei como um pedaço de merda”?

 

— Foi você que me botou pra fora naquele dia.

 

— Eu não-! — soltei um suspiro ao perceber que tinha gritado, me recompondo. — Você me deixou pra trás.

 

— Você é uma imbecil. — ele falou de forma fria e direta, como um soco no estômago. — Mal tive tempo de contar que viria pra Vegas antes de você me colocar pra fora.

 

— Não tinha mais nada pra me dizer, a menos que fosse encenar o Shwazeneger e dizer “Hasta la vista, baby” — ri sem vontade, após dizer com um forte tom de sarcasmo.

 

— Eu ia te trazer comigo.

 

Eu paralisei em silêncio. Estava tão carente e louca ao ponto de ouvir coisas?

 

— Mas aquela cena toda me fez pensar... Uma menina mimada só iria atrapalhar minha vida aqui. — ele suspirou, como se explicar tudo aquilo exigisse demais de sua mente. — Suas crises de ciúmes, suas grosserias, seu mau humor... Não estava afim de começar uma nova fase da minha vida preso a uma coleira.

 

“Preso a você”, consegui ouvir as palavras que estavam escondidas sob todas as outras. Mordi meu lábio com ainda mais força, sentindo um gosto metálico em minha língua e engolindo em seco para conter um soluço causado pelo choro que não conseguia mais segurar.

 

— Menina mimada? — ecooei, com um sorriso frio brotando automaticamente em meus lábios.

 

— Escuta... Já estou em cima da hora pra um compromisso... Se puder adiantar o assunto... — ele resmungou impaciente de forma pausada, para enfatizar sua pressa.

 

— Assunto? Não há nenhum assunto.

 

— Ah, só está com saudade? Que gracinha... — ele riu irônico, soltando um suspiro mais bem humorado em seguida. — Eu te ligo.

 

Abri a boca pra dizer algo mas logo ouvi o som da chamada sendo encerrada. Soltei o ar num suspiro confuso, a forma como o humor dele mudara no fim da ligação havia mexido com minha cabeça... Em um segundo ele está pisando com sua bota em mim e no segundo ele me pega no colo e me enche mais uma vez de esperanças, como lidar com tal humor instável?

O ruivo, agora quase moreno novamente, era inflamável como um posto de gasolina e intenso como um furacão, nunca soube lidar com esses seus lados, por isso discutíamos sempre. Ele disse que me ligaria depois de me chamar de menina mimada, o que deveria pensar? Foi uma forma de se livrar de mim e impedir novos contatos ou um aviso para que eu não me surpreendesse quando tal coisa acontecesse?

Inclinei minha cabeça pra trás e encostei-a na beira da cama, fitando a TV onde Castiel tocava sua guitarra de forma animada enquanto a apresentadora aplaudia e o fitava com um falso interesse que chegava a ser irritante. Me levantei com mais um suspiro e peguei minha roupa do chão, colocando-a sobre a cama e retirando o blusão que vestia pra dormir, indo a passos lentos até o chuveiro pra lavar pra longe a confusão mental de merda que o cara na TV causara, talvez, propositalmente.

Algo em mim queria acreditar que ele não me abandonara, não havia feito tudo aquilo de proposito e tinha uma explicação bem lógica por trás de tudo isso. Esse era o lado que sempre perdoava seus pecados e aceitava suas mentiras como desculpas.

É claro que o lado racional achava tudo isso uma piada.

 

Você saía toda noite

E baby, não tem problema

Eu te disse que ficaria do seu lado de qualquer jeito

Porque eu sou companheira

Caindo ou voando

Que merda, pelo menos você tentou

 

Eu esperei até o fim daquele dia. Depois até o fim daquela semana. Mas a ligação de Castiel não veio. Claro que não veio, como meu lado racional e analítico já havia previsto. Eu estava definitivamente louca por ainda esperar que tudo voltasse a ser como antes, desde a paixão avassaladora do inicio do relacionamento até a facilidade de tudo que o envolvia....

Depois de pensar por um bom tempo, decidi aceitar um pedido insistente de um amigo do facebook em sair para tomar algo, sem previsões de como terminaria esse encontro inicialmente amigável, mas esperando que fosse em algo além de “Você é legal, nos vemos por aí”, como todos os caras das boates que havia ido na minha recuperação da bad-pós-Castiel.

Vesti um vestido preto curto que estava escondido no armário desde.... Bem, quase sempre. O vesti e sorri orgulhosa ao perceber que ele ainda cabia em mim com perfeição e acentuava minhas curvas sem me deixar parecida com uma piranha, o que era ótimo para um primeiro encontro. Dessa vez estava decidida a deixar tudo que envolvesse Castiel ir embora, estava até procurando uma boa casa longe desse bairro para evitar qualquer lembrança por mais simples que fosse, até mesmo a da vez em que nós haviamos bebido demais e dado uns amassos em frente a cerca da casa de um de meus vizinhos, causando um belo constrangimento no dia seguinte, claro.

Chequei meu batom vinho mais uma vez enquanto encarava o espelho para arrumar meus fios num penteado despojado mas nem tão descuidado. Ouvi a buzina na frente de casa e me assustei, sentindo um repentino frio na barriga. “Você é maravilhosa e gostosa, é só um cara e ele não pode terminar na sua cama nessa noite”, repeti algumas vezes pra mim mesma enquanto pegava a bolsa e descia vagarosamente as escadas.

 

Josh, o tal cara, era um verdadeiro cavalheiro, o que me causou um belo choque de realidade num primeiro momento. Ele não sorria, falava, me olhava ou tratava como Castiel fazia... Ponderei se isso era bom ou não durante o nosso jantar (prontamente sugerido quando ele soube que eu ainda não havia comido), decidindo não responder aquilo naquele momento. Ele me olhava com atenção e admiração, mantendo os olhos nos meus e não nos meus seios ou coxas como os caras costumavam fazer... Se fosse qualquer outro eu acharia que ele era gay, mas não, ele era bem hetéro, como deixou claro dentro de seu carro quando se despediu de mim na frente da minha casa. Seu beijo era quente e sedutor, o que quase me convenceu a pedir para ele entrar... Na minha casa, claro.

Mas eu não era mais assim.

Embora fosse o suficiente para satisfazer meus desejos carnais, minha mente não desejava Josh, por mais que eu me esforçasse para isso. O afastei delicadamente e me despedi da forma mais cordial que pude, tentando não parecer grossa com a pressa de me ver livre do cinto de segurança que me prendia no banco ao lado do dele. O ar me faltava dentro da lataria do carro, estava nervosa por algum motivo, como se me sentisse culpada por aparentemente estar superando a fase da minha vida que tive ao lado de Castiel.

 

Passei pela porta da minha casa com pressa, chutando os saltos pra longe e batendo a porta atrás de mim com raiva. Por que ele não podia sair da minha mente e me deixar voltar a viver? Por que Castiel mesmo distante e frio ainda era tão necessário pra mim? Por que minha mente simplesmente não aceitava o fim e o deletava de vez?

Eu estava presa a ele. Ao passado ao lado dele que não voltaria nunca mais a se repetir.

Quando ele saiu pela porta naquele dia, um pedaço de mim havia ido com ele e, quando finalmente havia conseguido ouvir sua voz novamente, ele fez questão de destruir o que havia restado. Era isso que ele era, um destruidor.

Destruira a mim e a meus sonhos com suas promessas nunca feitas de um futuro juntos e suas juras de amor nunca ditas.

 

Mas quando você saiu pela porta

Um pedaço de mim morreu

Eu disse que queria mais

Não era aquilo que tinha em mente

Só queria que voltássemos a dançar a noite toda

Então te levaram embora

Te roubaram da minha vida

Você só precisa lembrar

 

Meus pés tocavam o piso frio enquanto eu caminhava até a escada, deixando a bolsa cair no sofá e meu casaco no primeiro degrau quando passei por ele. Meu peito estava apertado e sentia uma lágrima solitária descer pela minha bochecha esquerda. Me sentia sufocada dentro daquela casa escura e silenciosa... As memórias que havia feito com o ruivo entre aquelas quatro paredes eram tudo o que se passava na minha mente naquele momento, sem me dar uma chance de escapar.

Cheguei no meu quarto e escorreguei a mão pela parede em busca do interruptor, acendendo a luz do mesmo e piscando algumas vezes até me acostumar com a claridade que era refletida pelas paredes e móveis branncos do mesmo. Fui até o banheiro e abri a torneira da banheira, enchendo-a com água quente para tomar um banho relaxante. Enquanto a mesma enchia, deixei que o vestido escorregasse por meu corpo e fosse de encontro ao chão, ficando apenas com minhas roupas intimas.

Fitei meu corpo magro no grande espelho que cobri uma das paredes do banheiro, analisando minha pele tão branca que deixava minhas veias a mostra e acentuava o contorno de alguns dos meus ossos. Havia emagrecido alguns quilos desde a partida de Castiel, era verdade, o que ele pensaria se me visse agora? Ele, um cara que sempre dizia adorar garotas que tinham um corpo “agarrável”... Contornei uma veia que saía dos meus seios e descia em direção a um dos meus braços com a unha do meu indicador, formando um arranhão fraco no caminho. Até quando definharia à espera de uma mudança na minha vida? Ouvi meu celular tocando no andar de baixo, havia ficado dentro da bolsa... Seria o ruivo?

Ri da minha idiotice, fitando meu reflexo no espelho. Provavelmente era Josh para dizer que “adorou o encontro e gostaria muito de repetir isso qualquer dia desses”... Não me interessava muito o que ele gostava ou não porque eu achava não ter o direito de machucar alguém propositalmente só pra desviar meus pensamentos de quem eu realmente ainda amava. Não queria me igualar a Castiel. Não era justo com ninguém esse tipo de comportamento...

Peguei os lenços demaquilantes e passei lentamente por meu rosto, sujando-os de preto conforme me livrava do rimel e o mesmo se acumulava nas leves bolsas sob meus olhos. Com outro lenço, limpei o que restara do meu batom vermelho, livrando meus lábios por completo daquela cor sugestiva e provocante que toda mulher era doutrinada a usar em encontros com homens como Josh.

Abri a gaveta para guardar o pacote de lenços e notei que um pote rolara para a ponta da mesma, chocando-se contra uma das paredes de madeira e provocando um estalido seco. Peguei-o e girei-o na mão pensativa, não me lembrava de ter guardado nenhum remédio aqui...

Um estalo em minha mente me forçou a lembrar de onde aquele pote havia saído. Após uma discussão acalorada no bar do centro da cidade, Castiel se machucou com os cacos da garrafa que ele usara para acertar o outro cara e nós dois tivemos que acabar nossa noite “romântica” no hospital. Após explicar o ocorrido, a enfermeira me chamou em um canto e sugeriu que eu começasse a dar calmantes para evitar esses surtos de raiva do ruivo.

Claro que eu jamais iria sugerir algo assim para ele, que achava que o problema estava no mundo e não nele, mas guardei o pote de amostras que ela havia me entregue por algum motivo. Acariciei o pote por um tempo, lembrando-me dos detalhes daquela noite e de como eu havia dado meu próprio jeito de acalmar Castiel quando chegamos em casa.

Era sempre assim, a melhor forma de lidar com ele e de nos entendermos mesmo quando ele era um completo babaca irracional era na cama. Melhor ainda se estivessemos acompanhados do bom e velho Jack Daniel's, então faziamos logo um ménage a trói...

 

Eu vou te amar até o fim dos tempos

Eu esperaria um milhão de anos

Prometa que você vai lembrar que você é meu

Baby, consegue ver através das lágrimas?

 

Senti algo molhado atingir meus pés, desviando minha atenção do frasco de comprimidos de volta para a banheira que transbordara e cuja água invadia pouco a pouco o banheiro. Apertei meus dedos dos pés contra o piso que se aquecia lentamente por conta da água quente que vinha da torneira aberta, senti a carne sob minhas unhas se umidecer até onde lhe era permitido e a sola do meu pé escorregar suavemente no piso.

Ainda com o pote de comprimidos em mãos, caminhei até a banheira, levantando a perna direita com cuidado e colocando-a dentro da água devagar enquanto sentia minha pele formigar por conta do calor excessivo da água. Minha outra perna foi em seguida, agora eu estava em pé sentindo minha pele ser queimada até quase a altura dos meus joelhos. Meu celular ainda tocava no andar de baixo e a água que saía com força da torneira ainda produzia um som irritante ao se chocar com a superficie da água que já preenchia a banheira. Contrapondo ambos esses sons, havia o da água que caía da banheira para o chão, lembrando-me o som de uma cachoeira tranquila no meio das montanhas solitárias... Abaixei meu corpo devagar, ouvindo esse som se intensificar até que a água me cobrisse até os seios, deixando minha pele alva vermelha quase no mesmo instante enquanto o formigamento se espalhava por todo o resto do meu corpo.

Senti as peças intimas que vestia se encharcarem e provocarem uma sensação incômoda, mas a qual já estava acostumada por conta de uma ou outra aventura que havia vivido na vida, mesmo antes de Castiel surgir nela. Escorreguei uma das minhas mãos ao longo do meu colo, acariciando minhas claviculas para espalhar um pouco de água nas mesmas e escorregar as alças do meu sutiã um pouco para o lado, lembrando-me acidentalmente de como o ruivo costumava fazer isso exatamente da mesma forma quando queria me provocar ou admirar meu corpo com atenção...

Senti-me agitada, não conseguia relaxar com tantos pensamentos na minha mente... E não conseguia diminuir o ritmo com que as lembranças de Castiel surgiam por motivos de... ele ter existido um dia.

Fitei o pote de comprimidos submerso dentro de uma das minhas mãos, erguendo-o da água e fitando o rótulo coberto de letras agora incompreensíveis. A resposta estava ali. A solução que me acalmaria e tiraria de uma vez o foco das minhas memórias de algo que me feria tanto... Abri-o com cuidado para que a água não adentrasse em seu interior e estragasse os comprimidos, quantos seriam necessários para me trazer um pouco de paz e conformidade? Com certeza mais do que um ou dois...

Abri a boca e inclinei levemente minha cabeça para trás, despejando o máximo de comprimidos que cabiam dentro da mesma de uma vez. Fechei a boca e me forcei a engolir todos eles com força, sentindo-os arranhar minha garganta conforme desciam e me sentindo sufocada por um instante, o que me fez tossir violentamente e derrubar o pote com o pouco que havia restado dentro da banheira. Quando me recompus, observei-o flutuar por alguns segundos antes da água preenchê-lo por completo e fazê-lo afundar. Podia estar louca, mas me identifiquei com o pequeno pote de calmante... Havia permitido que meu ser fosse preenchido de desejos, paixão e anseios, até transbordar e afundar como uma âncora no fundo do poço onde Castiel havia me deixado. Ou onde sempre estive, não sabia mais...

Minhas memórias já se confundiam sobre o que havia sido culpa dele ou o que simplesmente havia sido um descuido meu... No fim, era certo culpá-lo por minha idiotice em me apaixonar tão perdidamente por um babaca? Mas era minha culpa me irritar sempre que ele provava sua babaquice das mais variadas formas? Eu não sei...

Quantas das garotas que já passaram pela vida dele sentiram isso que eu estou sentindo? Quantas se apaixonaram de tal forma que estariam dispostas a morrer se ele pedisse por isso? Eu era especial no final das contas.... Certo? Por que então ele não conseguia ver isso?

 

Te amo mais

Do que as vadias anteriores

Diga que vai lembrar (oh baby)

Diga que vai lembrar (oh baby)

Eu vou te amar até o fim dos tempos

 

Senti meus olhos pesarem e um aperto estranho em meu peito que me fez relaxar o corpo mesmo contra a minha vontade, fazendo com que minhas costas escorregassem contra a louça branca da banheira e eu afundasse cada vez mais na água excessivamente quente que me rodeava.

Senti-a alcançar meus ombros... Em seguida meu pescoço... Logo estava em meu queixo...

Não conseguia erguer a cabeça enquanto a água tocava meus lábios, transformando o formigamento em dor ao tocar a pele sensível da minha face. Onde Castiel estava que não aqui para me tirar de mais uma burrada? Onde estava que não aqui para me dizer como era idiota e fechar a maldita torneira que despejava uma água cada vez mais quente sobre meus pés do outro lado da banheira?

Fechei os olhos, sentindo-me cansada.

Ele não estava aqui... Sabia disso.

Asim como sabia que ele não viria.


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