Rock the baby escrita por Nanahoshi


Capítulo 8
O maior medo


Notas iniciais do capítulo

Olá meus leitores divooos ♥
Tudo bem com vocês???
Pois é meus amores, preparem o guarda-chuva de vocês pq hj vai chover: Rock the Baby está sendo atualizada!!! Estou tão orgulhosa de atualizar em menos de uma semana ♥ ♥ E fico mais feliz ainda de dizer que o próximo capítulo já está pela metade e, dependendo das circunstâncias, trarei capítulo duplo essa semana *0* Ain, essa fanfic está tãaao gostosinha de escrever *-* Espero que estejam gostando de lê-la tanto quanto eu estou amando escrevê-la ♥
Preparem os corações de você pois esse capítulo é o mais pesado de todos (por enquanto ‘u’). Um beeijão para vocês meus lindos e boa leitura ♥
Notas
Bentô - "marmita" japonesa (AHSUAHSHA melhor definição)



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Anri comia seu bentô* em silêncio, sozinha em sua carteira. Quem a observasse por alguns instantes, veria apenas uma ruga de preocupação entre suas sobrancelhas que eram quase cobertas por sua franja, a única parte lisa de seu cabelo. Ninguém imaginaria que aquela expressão era apenas uma das diversas máscaras perfeitas que Anri aprendera a fazer. E, naquele dia, a garota a usava para esconder um sorriso malicioso e uma intensa vontade de rir.
Fora tudo tão fácil.
Erguendo um pouco a cabeça, Anri conferiu as horas. Já fazia 8 minutos desde que Yumi e as outras haviam saído atrás da Akaoni. Fechando seu bentô, Anri se levantou silenciosamente de sua carteira e seguiu para o corredor. Estava na hora de exercer o seu papel. Enquanto andava, Anri deleitou-se em repassar todo o seu plano em sua mente, sorrindo ainda mais por dentro.
Fora fácil demais usar Yumi com o pivô de tudo, já que ambas se conheciam há muito tempo. Anri a conhecia bem o suficiente para saber todos os pontos fracos de sua personalidade, pontos estes que ela mesma se encarregado de aprofundar ou até mesmo criar para uso futuro. Tudo havia começado no último ano do primário. Anri sempre havia sido uma menina popular na escola por ser fofa e inocente. Além disso, todos os objetos que levava para a escola eram chamativos, e os brinquedos que apresentava aos seus colegas quando os levava para casa se encarregaram de fazer de Anri a amiga ideal aos olhos dos outros. Yumi, por sua vez, era a garota excluída de sua turma. Pelo fato de ser impulsiva, ela sempre acabava batendo nas crianças que a importunavam e, em determinado ponto, sua atitude a isolou completamente. Quando isso aconteceu, Anri passou a observá-la com mais atenção. A razão para isso era que ela havia reconhecido a força de Yumi. Ela era uma garota que fazia o que queria, independente do que os outros pensassem. Ter uma pessoa forte como ela ao seu lado… Poderia ser bastante conveniente.
Com isso em mente, Anri se aproximou de Yumi sutilmente, e aos poucos conseguiu desconstruir a imagem terrível que ela cultivara. À medida que cresciam e se conheciam, Anri descobriu um outro aspecto da personalidade de Yumi, um que seria ainda mais útil que sua personalidade forte. Ela era o tipo de pessoa que se dedicava cegamente às pessoas de quem gostava, e faria qualquer coisa para proteger e satisfazer a pessoa querida. Yumi a protegeu incontáveis vezes, intimidava as garotas que tinham inveja, e assim, Anri viveu em paz, conseguindo tudo o que queria por meio de sua amiga.
E daquela vez não era diferente.
Quando descobriu que Mitsui, seu amor de infância estava saindo com a Akaoni, Anri permaneceu quieta para observar. Ao constatar que os boatos eram verdadeiros, decidiu averiguar por si mesma o motivo de Mitsui estar fazendo aquilo. Por uma semana inteira, Anri seguiu os dois para onde quer que eles fossem, e, espreitando os treinos de basquete, não demorou a perceber que Mitsui via a Akaoni como ninguém mais via. E a forma como ele olhava para ela… Não havia dúvidas.
Quando teve certeza de sua teoria, Anri entrou imediatamente em ação. Precisava afastar aquela menina a todo custo de Mitsui ou ela o perderia para sempre. E para isso… só precisava fazer com que ele voltasse a vê-la como todos os outros a viam.
O plano arquitetado por Anri era extremamente simples. Precisou apenas armar duas cenas e incitar o reaparecimento de alguns boatos. A primeira delas foi fácil: em posse da informação que Mitsui estava com dificuldades em Ciências, Anri contou para Yumi que queria formar um grupo de estudo para ajudá-lo. Como entusiasta do amor de Anri por Mitsui, ela não hesitou em apoiar. Porém, Anri fingiu estar acanhada demais para ir falar com ele, o que automaticamente induziu Yumi a acompanhá-la. O ponto-chave do plano era que Anri já sabia que Mitsui a rejeitaria… Ela só precisava que ele o fizesse na frente de Yumi.
“Ah, me desculpe, Shimizu. Depois do treino eu já tenho compromisso. Vou treinar com a Miyamoto”, dissera Mitsui com um sorriso no rosto.
“Não tem problema!”, exclamara Anri com um sorriso doce. “Tenha um bom treino, Mitsui-kun”.
Yumi olhara, incrédula, para Mitsui enquanto ele se virava para sair do genkan comum da escola. Depois, voltara seus olhos para encarar a amiga, flagrando uma expressão de intensa tristeza.
“Ele é mesmo um idiota”, chiara Yumi. “Ele não percebe de jeito nenhum. E além do mais, você estava fazendo isso para ajudar ele!… E pensar que depois de todos esses anos ele ainda te chama pelo sobrenome…”
Anri cuidara para intensificar bem a expressão triste em seu rosto. Yumi , por fim, expirara pesadamente e soltara a pergunta que sua amiga esperava ansiosamente:
“Ah, e ainda tem… Quem é essa Miyamoto?”.
Deixando uma tristeza profunda tomar conta de seu tom de voz, Anri abaixara a cabeça e respondera:
“Não sei…”.
Mas era claro que ela sabia.
Depois disso, Anri começou a espalhar os boatos de que Mitsui estaria sendo forçado a sair com a Akaoni, segura que sua reputação a protegeria. Reanimando o ódio comum que existia contra a Akaoni, Anri preparou o palco da sua segunda cena, a cena-chave para que seu plano vingasse. Ela só precisava que Yumi e as outras soubessem sobre Mitsui e a Akaoni por outro meio que não fosse ela, e os boatos, ou mesmo o acaso, cuidariam disso. Não demorou muito para que a sorte lhe sorrisse e elas mesmas flagrassem os dois juntos. Com isso, Anri possuía todos os elementos para armar sua segunda cena, que executou imediatamente ao saber sobre os dois, fingindo estar alheia ao fato.
Anri tinha posse de duas informações importantes para prever o que Yumi faria. A primeira era que ela sabia que Yumi tinha ouvido os boatos sobre Mitsui estar sendo forçado a sair com a Akaoni. E a segunda era saber exatamente como ela era. Então, antes mesmo que suas amigas conversassem com ela, Anri já sabia que Yumi bolaria um plano para parar a Akaoni, e que plano seria esse. A única coisa que Anri precisava fazer era dar um empurrãozinho em Yumi para garantir que ela executasse o plano independente do que acontecesse. E esse empurrãozinho fora o detalhe mais simples, mas crucial: a reação apavorada e apaixonada de Anri ao ouvir as intenções de Yumi. Ela sabia que o ponto fraco da amiga era ver alguém querido acuado, assustado e, principalmente, chorando. Yumi era do tipo de pessoa que faria qualquer coisa para substituir aquela expressão de dor por um sorriso.
E foi disso que Anri usufruiu.
Deixando um sorriso se esboçar momentaneamente em seu rosto, Anri repassou sua pequena atuação dentro do plano. Ela já estava no corredor, e se dirigia ao banheiro para se certificar em que etapa a confusão estava. Pela reação do pequeno grupo de pessoas reunidas próximas à porta, deduziu que já haviam chegado na parte mais tensa. Disfarçou um pouco, deu meia-volta e seguiu a passos inquietos pelo corredor. Desviou seu curso para andar próxima a parede, e abaixou a cabeça o suficiente para que a franja lhe tampasse os olhos. Fazendo a mentalização necessária e permanecendo de olhos abertos, sem piscar, não demorou muito para que lágrimas escorressem por suas bochechas. Quando o número considerável já lhe ensopara o rosto, Anri disparou pelo corredor atrás da última peça de seu plano: Mitsui Hisashi.
***
Depois de perguntar a algumas pessoas, Anri finalmente descobriu onde Mitsui estava. Correndo forçadamente de forma estabanada para parecer desesperada, a garota seguiu direto para a pátio. Encontrou Mitsui sentado num dos bancos conversando com alguns colegas do clube de basquete. Preparando seu grito mais esganiçado, Anri se aproximou correndo, mas antes que alcançasse o grupo, gritou:
—Mitsui-kun!
O garoto voltou-se imediatamente para ela, assustado.
—Shimizu!
Anri parou de forma desajeitada, quase caindo sobre ele. Ficou alguns segundos curvada para frente, recuperando o fôlego, as lágrimas ainda escorrendo de seus olhos. Quando o ardor de sua garganta diminuiu, reuniu o máximo de desespero em sua voz e disse:
—Me ajude, por favor! É… é a Miyamoto-san. Minhas amigas foram atrás dela para resolver alguma coisa, e eu fiquei esperando na sala. Como a Yumi-chan disse que não ia demorar, estranhei quando elas não apareceram depois do tempo que haviam estipulado. Então, quando fui atrás delas, — ela fez uma pausa, puxando o ar de forma teatral e intensificando o pavor em sua voz. — descobri que elas estavam no banheiro… e a Miyamoto-san estava batendo nelas!
—O quê!? - exclamou Mitsui colocando-se de pé num salto. — A Miyamoto!?
—Eu sei que você é o único que conversa com ela. — continuou Anri ainda soando apavorada. — Por isso eu vim te pedir ajuda! Por favor, pare a Miyamoto-san! Senão as minhas amigas…
A voz de Anri falhou e ela cobriu o rosto com as mãos, e uma crise de soluços fez seu corpo tremer. Os outros garotos, olhando abobalhados para ela, levantaram-se aos tropeços e correram para rodeá-la.
—Shimizu-chan, não fique assim!
—Vai ficar tudo bem!
—Acalme-se, nós vamos dar um jeito!
Naquela posição, Anri não conseguia ver o rosto de Mitsui, mas percebeu que ele ainda não havia se mexido. Depois de alguns segundos, ela viu através de seus dedos que o garoto dera um passo em sua direção e estava de pé, diante dela. Anri abaixou as mãos, e ergueu o rosto timidamente, e o que viu ali fez todo o seu corpo congelar. Ela esperava ver a raiva distorcendo o seu rosto…
Mas o olhar azul escuro de Mitsui estava tomado pela mais profunda preocupação.
—Você tem certeza disso, Shimizu!? - perguntou ele quase gritando.
Anri não conseguiu respondê-lo. Ela apenas o encarou, atônita. Vendo que a menina estava muda, Kida, que também estava presente, deu um tapa na nuca de Mitsui e rosnou:
—Para de pressioná-la e corre lá, seu idiota! Não está vendo que a Shimizu-chan está apavorada?
Mitsui continuou paralisado onde estava, os olhos tremendo, a boca entreaberta. Anri continuava a encará-lo sem conseguir acreditar no que via. Era realmente preocupação?
“Será que ele está preocupado… com minhas amigas?”, pensou Anri, insegura. Ela voltou a prestar atenção nos olhos de Mitsui, tentando decifrar o que havia ali, mas sempre chegava na mesma conclusão, a conclusão que não queria aceitar. Mitsui não era tão próximo de nenhuma delas a ponto de sentir aquela preocupação tão intensa, o que deixava apenas um alternativa.
Mitsui estava preocupado com a Akoni.
Assim que concluiu esse pensamento, o garoto sincronizadamente pareceu cair em si e arfou. Olhando para o chão com um desespero crescente em sua expressão, Mitsui disse quase num sussurro:
—Tem alguma coisa errada!
E dando meia volta sem dizer mais nada, disparou para dentro do prédio da escola. Anri permaneceu onde estava, encolhida, rodeada de garotos desajeitados enquanto uma expressão de choque tomava conta gradualmente de seu rosto.
“Mitsui-kun… Por quê?”.
***
—Como se sente estando do outro lado, hein, Akaoni!?
Noriko assistia tudo completamente paralisada onde estava. Sua mão direita cobria o grito congelado em sua boca escancarada enquanto sua mente trabalhava duas vezes mais tentando processar o que estava acontecendo.
Yumi socou Mika pela enésima vez, batendo o punho com força sobre a sobrancelha esquerda da garota. Noriko perdera as contas de quantos socos a amiga distribuíra pelo busto de Mika, que agora estava coberto de hematomas e cortes irregulares que inchavam com manchas de sangue coroadas por halos de um amarelo-arroxeado nauseante. Porém, mesmo diante daquela visão, Yumi aparentemente não se dava por satisfeita. Quanto mais batia, mais intensa parecia se tornar sua raiva… e tudo porque Mika não reagia.
Ela continuava ali, de pé, recebendo as pancadas mal soltando gemidos de dor, e sua expressão… Os olhos, minutos antes arregalados de choque, agora estavam entreabertos revelando íris completamente desfocadas. Era como se ela sequer estivesse consciente.
A garota do lado direito de Yumi avançou sobre Mika e puxou-lhe os cabelos com violência, arrancando uma boa quantidade de fios. Ela permaneceu inexpressiva, fitando o vazio.
—Desgraçada… — chiou Yumi entredentes.
As outras duas avançaram desferindo socos e arranhando o rosto e os braços de Mika. Yumi seguiu o exemplo, desferindo outra série de socos em seu rosto, que já se tornava preocupantemente deformado devido aos inchaços.
— Vai mesmo bancar a vítima!? — berrou Yumi. — Vai mesmo ficar aí com essa cara de paisagem sem reagir, sua covarde!? Vai negar o que você fez até agora!?
Noriko apertou sua mão contra a boca reprimindo um grito. Seu corpo todo tremia, seu estômago dava voltas enjoativas e ela sequer conseguia arrastar os pés. Queria fazer algo, queria parar aquele espetáculo horroroso, mas o choque havia roubado todos os seus movimentos. Olhando novamente para Yumi, Noriko sentiu uma nova onda de náuseas assolar seu abdômen. Quem era aquela garota de pé, diante de Mika? Era mesmo a Yumi que ela tinha conhecido?
Nesse instante, Yumi agarrou a gola do uniforme e puxou o mais alto que pôde. Olhando fundo nos olhos opacos de Mika, ela sussurrou num tom ameaçador:
—Parece que só esses socos não vão ser suficientes pra você.
Fazendo um sinal com a cabeça, duas das garotas se posicionaram em ambos os lados de Mika e, sincronizadas, chutaram violentamente suas pernas. Um arrepio correu a espinha de Noriko quando viu o joelho direito de Mika se dobrando num ângulo anormal, sentimento reforçado pelo primeiro gemido de dor relativamente alto que escapou dos lábios da garota. Seu corpo pendeu, débil para o lado, e Mika se estatelou no chão. O barulho da queda fez o estômago de Noriko se revirar, pois o som da cabeça da estudante batendo contra o chão com força ecoou alto dentro do banheiro.
“Isso está… indo longe demais!”, quis gritar Noriko, mas o choque ainda a congelava no lugar. Seus olhos desceram, frenéticos, buscando pelo rosto de Mika, mas a única coisa que conseguiu ver foi a cortina de cabelos negros cobrindo-o. “Ela ainda está consciente!? Isso é horrível… Ela… Deve estar sentindo uma dor horrorosa!…”.
Mesmo tentando imaginar a dor de Mika com toda a compaixão do mundo, Noriko não conseguiu sequer se aproximar da verdade.
Não havia palavras para descrever o que Miyamoto Mika estava sentindo naquele momento.
Era mistura das piores sensações que ela já sentira na vida. As lesões pulsavam em dores estonteantes, já que ela não conseguira evitar de forma efetiva os golpes das quatro garotas. Fisgadas de dor alfinetavam seu joelho direito sem parar, e em algumas partes do rosto, tinha até perdido a sensibilidade. Mas o mais preocupante era a cabeça. Com a pancada da queda, a visão de Mika nublara completamente, e um zumbido fazia seus ouvidos vibrarem. Sua noção de cima e baixo estava distorcida, pois uma tontura nauseante fazia tudo girar. Além disso, um ardência incômoda acompanhada de uma pulsação violenta assolava sua testa, e ela tinha a vaga sensação de sentir algo quente escorrendo por seu rosto. E como se não bastasse, uma nova onda de dores assolou-a quase imediatamente após a queda.
Demorou alguns segundos para processar que as quatro garotas distribuíam pisões e pontapés por todo o seu corpo. Ela ouviu um grito, e depois alguém berrou algumas palavras que pareciam agressivas. Mika sentia dor demais para poder processá-las. Tentando diminuir a superfície acessível para os golpes, a garota se encolheu, mas a tentativa apenas lhe rendeu chutes ainda mais frenéticos. Um em particular acertou em cheio sua costela esquerda, e ela pode ouvir e sentir claramente um estalo dentro de seu tórax.
Mika gritou.
Mais vozes soaram ao seu redor, ainda mais difusas. A dor pulsava em fisgadas horrorosas em suas costelas, e Mika sentiu que sua consciência começava a se esvair aos poucos. Era tanta dor, estava tão exausta e machucada que talvez o melhor fosse se entregar a inconsciência…
Foi nesse instante que os chutes pararam. Vozes soaram novamente, mas ela ainda não conseguia distingui-las. De súbita, a dor aguda de ter os cabelos puxados voltou a tomar conta de seu couro cabeludo, e um rosto distorcido tomou conta de seu campo de visão:
— Pelo que eu soube, você faz com que o Mitsui-kun treine basquete com você. — era a voz da líder do grupo, soando ainda mais debochada e cruel. — Então, para que você realmente aprenda a lição, vamos acabar de vez com esses seus treininhos.
“Mitsui-kun?”, a palavra ecoou como uma pergunta em sua mente nebulosa. “Basquete?”
Yumi soltou os cabelos de Mika de forma brusca, e a garota voltou a bater a testa no chão, piorando ainda mais a dor pulsante. Houve um silêncio aterrador por longos segundos, no qual a garota começou a acreditar que poderia ter acabado, mas uma dor horrível em seu joelho esquerdo estraçalhou suas esperanças. Mika gritou de novo, tentando mexer sua perna, mas ela estava imobilizada sob os pés de alguém. A pressão se prolongou, insuportável e excrucitante, e depois de longos segundos que pareceram uma eternidade, cedeu. A garota arfou, deixando mais um gemido de dor escapar, e assim que tentou puxar novamente o ar, percebeu que não conseguia fazê-lo. A falta de ar engolfou sua garganta quando uma sensação terrível se espalhou por seu peito fatigado. A sensação que surgiu quando as palavras de Yumi finalmente se encaixaram em sua mente numa ordem que fizesse sentido…
“… o Mitsui-kun treine basquete com você… Vamos acabar de vez com esses seus treininhos”.
Mika arfou de novo, tentando respirar fundo de qualquer maneira. A sensação, enfim, ganhou nome e forma enquanto ela lutava para respirar: medo. Mika estava apavorada.
A garota tentou se mexer, e isso lhe rendeu um pontapé na lateral do estômago. Ela se encolheu novamente, gemendo, o medo crescendo e se espalhando por seu corpo. Mika sabia o que elas iam fazer… E era por isso que ela tinha que achar um jeito de sair dali o mais rápido possível. Tentou mexer o lado direito do corpo, mas o joelho logo protestou com fisgadas dolorosas. Passando para o braço, Mika percebeu uma sensação nova. O membro direito formigava, dormente, por estar sob o peso de seu peito, mas não foi isso que prendeu a atenção da menina. Seus dedos estavam fechados, e havia alguma coisa entre eles que pressionava a pele da palma de sua mão. Demorou alguns instantes para que Mika se lembrasse das moedas que trouxera consigo para pagar a raspadinha que Mitsui comprara para ela.
“Mitsui…”, o nome soou como um chamado desesperado em sua cabeça.
O rosto sorridente do amigo tomou substituiu sua visão nebulosa e uma ardência incômoda tomou conta dos olhos de Mika.
“Mitsui.”, ela chamou mentalmente de novo. Sua mão inconscientemente apertou a moeda que trazia, e a a sensação de ardência se intensificou. Mika piscou, tentando recuperar a imagem do sorriso de Mitsui e aliviar o incômodo ao mesmo tempo. Foi só depois de longos instantes piscando que percebeu que estava chorando.
“Mitsui… Eu estou com medo… Muito medo!”, gritou Mika mentalmente. “Eu não quero parar de treinar com você… Por favor… Me ajuda…!”
As lágrimas escorriam em torrentes se misturando ao sangue que ainda descia de sua ferida, e o pavor crescia dentro de seu peito como um balão prestes a explodir. Nesse instante, a dor em seu couro cabeludo nublou sua visão novamente e a voz de Yumi soou clara, próxima ao seu rosto:
— Fique com a cabeça bem levantada, ouviu? Isso você vai ver para que você não esqueça nunca mais.
O borrão que aparentemente era o rosto de Yumi desapareceu de vista, mas sua cabeça permanece erguida, a pele formigando de dor. Mika sentiu alguém puxar seu braço esquerdo de baixo de seu tronco com violência, estendendo-o para frente. Alguém se abaixou para flexionar os seus dedos e depois apoiá-los contra o chão.
— Acho que, com os dedos flexionados, o estrago será maior. — disse Yumi com um nítido sorriso malicioso em sua voz.
A visão de Mika clareou o suficiente para ver o que ela ia fazer. Por instinto, puxou o braço para debaixo do tronco novamente, mas Yumi tornou a puxá-lo de volta para a posição anterior, e dessa vez, ordenou que uma das meninas o segurasse. Mika tentou se mexer, mas além de seu corpo parecer pesar uma tonelada, alguém pressionava o joelho em suas costas para imobilizá-la.
Daquela vez, não havia escapatória.
Sentindo o medo roubar sua respiração novamente, a garota apertou os olhos e tentou gritar, mas não havia ar suficiente em seus pulmões. Com o coração martelando em suas costelas, Mika viu Yumi erguer o pé sobre sua mão esquerda. Em desespero, sua mente buscou pelo único pensamento que ainda guardava um raio de esperança naquela situação: o rosto de Mitsui.
“Mitsui… Me ajude!”
O pé de Yumi desceu, e um grito ecoou no banheiro. Mika viu pernas se agitando na direção da estudante de pé, diante de si, e antes que o som do grito se extinguisse, ela ouviu um derrapar de pés distante. O último eco soou contra as paredes ladrilhadas e um silêncio mortal abafou os ouvidos de Mika.


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Notas finais do capítulo

Aiiiiii, que agonia y_y sofri mt escrevendo esse capítulo (confesso q em alguns momentos até chorei). E aí, como ficou o coraçãozinho de vocês? Ansiosas para o próximo?? Me digam o que acharam seus lindos! Não se acanhem: a Nana-chan aaaaama encher seus leitores de carinho nas respostas dos reviews ♥ Muuuuuuuuuito obrigada pelo apoio de vocês, em especial à SabrinaUzumaki que veio me encher de amor nessa fanfic também! Menina vc é divaaaaaa! Quase me matou com seu review! ♥ Vocês são maaaaaravilhosos, meus amores que me enchem de inspiração e incentivo para escrever *0*
Beijos da Nana-chan!



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