Rock the baby escrita por Nanahoshi


Capítulo 10
Noriko desconfia


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA VCS N TEM NOÇÃO DA MINHA FELICIDADE DE ESTAR ATUALIZANDO RTB AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA Eu jurando que o capítulo ia ficar pequeno mas acabou ficando grande. Se Deus ajudar agora eu desembesto escrevendo essa fanfic, pq ela é meu xodozinho que veio do xodozinho do mundo dos mangás/animes. Muito obrigada viu, meu leitor/minha leitora preciosa que não desistiu dessa história, mesmo q eu seja uma autora completamente bipolar e atarefada. Obrigada a você que deu uma chance pra essa história mesmo nem conhecendo o fandom (que é super flopado no br y_________y). Eu prometo que vocês não vão se arrepender, pq essa história promete ser de altíssimo nível ♥ Vou me esforçar ao máximo!
Eu sei que eu estou super ultra mega atrasada, mas eu gostaria de dedicar esse capítulo ao meu nii-chan querido, o João Rodrigues, que já surtou tanto com essa história que eu fico até com vergonha de ter um irmãozinho tão especial assim! PENSA NUM MENINO PRECIOSO QUE DÁ VONTADE DE COLOCAR NUM POTINHO! MENINAS PENSEM BEM HEIN? Ele um garoto foférrimo, jogador pro de basquete, esforçado e dedicado com suas obrigações (estuda e trabalha), gosta de mangás/animes INCLUINDO SHOUJO. Partidão, hein?
Muito, muito obrigada João por todo o apoio que você me deu até aqui como escritora e como sua maninha, obrigada por ler quase todas as coisas que eu escrevo com tanto carinho e atenção E AINDA SURTAR NO CHAT COMIGO ♥ Desejo tudo de bom pra você, e espero que você alcance todos os seus sonhos, incluindo o de jogar bball na NBA ♥ Beijos da sua nee-san ♥
No mais, boa leitura.



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Noriko e todas as outras dentro da sala da diretora encaravam Yumi embasbacadas. Ela... Ela tinha dito aquilo mesmo? Até mesmo a diretora trazia uma expressão de surpresa no rosto,  as sobrancelhas bem arqueadas diante da franqueza da aluna.

— O que você está admitindo é grave, Yakumo-chan. Se estiver mesmo assumindo tudo isso, você sabe o que vai acontecer, não sabe?

Yumi fechou os olhos e curvou-se para frente de forma respeitosa.

— Sim, senhora. Eu não quero que ninguém seja punido injustamente pelo meu egoísmo.

Por estar curvada, ninguém viu a ruga de nervosismo que tremia entre as sobrancelhas de Yumi, nem as gotas de suor que escorriam por suas costas. Aquela medida desesperada precisava funcionar. Não podia deixar que nenhuma delas abrisse a boca, ou então...

— É louvável que você tenha admito a culpa, Yakumo-chan, mas suas amigas foram pegas em flagrante também. Assumir a culpa, infelizmente, não vai mudar o fato que serão punidas.  – disse a diretora correndo os olhos pelas demais.

Yumi curvou-se ainda mais, num gesto abrupto, colocando os braços colados ao corpo. Com a voz trêmula, pediu:

— Por favor! Não as puna por causa do meu egoísmo! Quando eu pedi para que elas me ajudassem, nenhuma delas negou por serem minhas amigas. Eu que fiz com que elas cometessem um erro. Por favor, só eu devo ser punida!

As outras meninas estavam, agora, oficialmente boquiabertas. O que estava acontecendo com a Yumi?

— “Por serem minhas amigas?” – retrucou a diretora, fechando a cara – Se elas fossem suas amigas de verdade, teriam parado você. Era óbvio que isso só terminaria em problemas.

Todas as estudantes puxaram o ar e prenderam a respiração como se tivessem levado um soco no estômago. A culpa caiu pesada sobre os ombros de cada uma, trazendo consigo lágrimas e soluços. Noriko lutava contra aquela sensação, pois sabia que sua culpa era menor, mas não se esquecera que ainda era cúmplice. Não podia deixar sua mente se nublar mais ainda, pois estava se esforçando muito para acompanhar o que estava acontecendo. Várias peças pareciam soltas, sem nexo, como se ela tivesse sido inserida no meio de uma peça teatral para a qual não tinha estudado o roteiro. Muitas coisas incomodavam Noriko, muitas além da atitude estranhíssima de Yumi de assumir a culpa. E a principal delas... era que a peça principal de toda a trama, a peça sem a qual nada daquilo teria acontecido... havia sido retirada de cena completamente.

A diretora soltou um longo suspiro e recostou-se em sua cadeira, girando-a um pouco. De olhos fechados, disse:

— Você já falou muito, Yakumo-chan. Agora deixei suas amigas contarem as versões delas. E levante-se, por favor.

Yumi ergueu o tronco vagarosamente, e aquele gesto fez com que as outras se encolhessem. Noriko buscou o rosto da amiga e viu ali um olhar opaco, como se ela estivesse vendo outra coisa além do interior da sala da diretora. Entretanto, nada havia de morto naquela expressão vazia. Pelo contrário: ela reforçava o sentimento sutil de ameaça que todas haviam sentido quando ela se endireitara. Sem dizer uma única palavra, Yumi deixou bem claro que, caso negassem sua versão, haveriam consequências das quais elas não iriam gostar. Nenhuma delas ousou começar. Estavam tensas, quase prendendo a respiração, e lançavam olhares nervosos para Yumi.

— Então? – incitou a diretora num tom levemente irritado. – Quem de vocês mais quer falar?

As estudantes desviaram o olhar para os lados ou para baixo. Duas começaram a torcer os dedos com lágrimas nos olhos. Noriko foi a única que arriscou olhar, mesmo que de esguelha, para a diretora. A mulher de meia-idade esperava com uma ruga na testa e um indicador batendo em seu braço de forma compassada. Quando o silêncio se tornou insuportável, a diretora se inclinou sobre a mesa, o rosto trazendo uma nítida irritação agora e vociferou:

— Estou perguntando! Vocês confirmam a versão da Yakumo Yumi, ou tem mais algo a acrescentar?

— Sim! – exclamou de pronto uma das que mais parecia nervosa, a mesma que apoiara o joelho nas costas de Mika. – É como a Yumi-chan disse...

E depois disso, desabou em lágrimas. As outras a encararam por alguns instantes, e a mais próxima envolveu seus ombros com um braço. Diante daquilo, a diretora ergueu uma das sobrancelhas, mas sua irritação vacilou. Num tom resignado, perguntou:

— Mais alguém tem algo a acrescentar?

Todas negaram com a cabeça.

— Muito bem. Estão dispensadas. Nada de definitivo será decidido por enquanto, pois preciso ouvir a versão da Miyamoto-chan e do Mitsui-kun. Por hoje, vocês estão suspensas das aulas. Vão para a biblioteca. Enviarem um professor para ficar com vocês.

— Sim, senhora. – responderam as estudantes quase em uníssono.

As garotas se organizaram em fila e saíram da sala. Yumi foi a penúltima da fila e Noriko, a última. Ao sair para o corredor, Noriko fixou a nuca de Yumi e deixou sua cabeça trabalhar furiosamente. Ela sabia! Sabia que tinha deixado passar um detalhe importante, mas antes da fala da diretora, não tinha se atentado ao que exatamente era. Mas agora, sabia exatamente as duas coisas que mais estavam fora do lugar. A primeira era o motivo de Yumi ter ido tão longe a ponto de assumir a culpa e não mencionar o nome de Anri em momento algum. E a segunda... Como o Mitsui descobrira sobre o que estava acontecendo? Como ele sabia que elas estavam com a Miyamoto naquele banheiro? E será... Será que ele sabia o verdadeiro motivo de tudo aquilo?

Noriko balançou a cabeça diante de tanta informação e respirou fundo. Precisava manter a calma e enfileirar os problemas. Para solucionar a questão do Mitsui, precisava encontra-lo, o que não estava em condições de fazer naquele momento. A questão mais urgente agora...

O grupo subiu as escadas em direção a biblioteca. Noriko apertou o passo e ficou bem próxima de Yumi. No meio do corredor, havia uma entrada que dava nas portas dos banheiros. Assim que passaram por ali, Noriko agarrou o braço de Yumi com força e puxou-a para o banheiro feminino. A menina protestou alto o suficiente para que as outras ouvissem, mas nenhuma ousou vir atrás das duas. Noriko puxou Yumi até o fundo do banheiro e esperou que o som dos passos das amigas desaparecesse.

— Ficou louca, Noriko!? – berrou Yumi tentando soltar seu braço do aperto da amiga. – Vamos ser punidas ainda mais se não aparecermos na biblioteca!

Noriko encarou Yumi, as sobrancelhas franzidas e os lábios apertados. Quando a ideia lhe ocorrera, soara como um absurdo. Entretanto, à medida que Yumi prosseguiu com sua mentira para a diretora, sua postura e urgência aos poucos solidificaram suas suspeitas, tornando-as mais verossímeis. Mas não deixava de soar absurdo. Sabia que Yumi não iria falar se a abordasse de forma direta, mas ela não precisava de uma confirmação verbal. Só precisava de uma reação ou uma expressão facial.

— Por que você mentiu? – perguntou Noriko no tom mais sério que conseguia usar. – Por que disse que gostava do Mitsui-kun, e por isso tinha atacado a Aka-, digo, a Miyamoto-san por ciúme?

Yumi encarou Noriko com um olhar enigmático e, depois virou o rosto, o cabelo impedindo que a outra visse seu rosto.

— A Anri não tinha nada a ver com isso. Não valia a pena mencionar o nome dela. Ela seria envolvida injustamente.

— Envolvida? Espera aí... Você tá achando que a diretora ia punir a Anri-chan como vai fazer com a gente só por ela ser o motivo de termos ido atrás da Miyamoto-san?

— Eu não podia arriscar... – sussurrou Yumi baixando a cabeça.

— Não podia arriscar o quê? – vociferou Noriko. – Você é burra? A diretora jamais iria punir a Anri-chan por uma coisa dessas. Você só fez tudo piorar pro seu lado! Por que ficou tão desesperada em livrar a barra da Anri e a nossa também?... Ah! Claro. – Noriko arregalou os olhos quando o raciocínio se encaixou em sua cabeça. – Se não livrasse a gente, era muito provável que desmentíssemos sua história.

Yumi apertou os lábios e lançou um olhar nervoso na direção de Noriko.

— O que você quer, Noriko!? – exclamou ela numa voz rouca, quase desesperada.

A garota não respondeu prontamente. Encarou Yumi, com um vinco na testa, tentando ler todas as emoções que trespassavam seu rosto. Medindo bem as palavras, Noriko disse:

— Esse seu desespero em encobri a Anri-chan... Por que você fez isso?

Yumi cerrou os punhos e trincou os dentes. Com a raiva crescente em sua voz, respondeu:

— A Anri é minha melhor amiga! É o que as melhores amigas fazem!

Noriko balançou a cabeça.

— Você protegê-la por ser sua amiga, tudo bem... Mas você foi longe demais. Fora que você assumiu que aconteceria algo terrível com a Anri-chan... Algo que uma pessoa que está pensando logicamente veria que é exagero. Você agiu por puro impulso e desespero.

— Você não entende! – rebateu Yumi sentindo a raiva e medo tomando conta de cada nervo de seu corpo. – Mesmo que a Anri não fosse punida, o nome dela estaria envolvido nisso! O que o Mitsui-kun iria pensar dela? Ela perderia todas as chances que tem com ele por minha causa! – lágrimas saltaram de seus olhos. – A Anri... Ela nunca mais... Olharia...

— Yumi. – Noriko puxou o ar devagar e se preparou. Chegara a hora de jogar as cartas na mesa. – Você... Você gosta da Anri-chan, não é?

A expressão de Yumi mudou tão rápido que Noriko tomou um susto. A raiva desvaneceu instantaneamente para ser substituída por um assombro quase mórbido. Sua pele empalideceu e sua respiração se tornou tão rascante que Noriko podia ouvi-la sem dificuldade de onde estava. Com a voz trêmula, mas fazendo um esforço enorme para dissimular o medo, Yumi zombou:

— É claro que eu gosto da Anri. Que pergunta é essa, Noriko? Eu já disse que ela é minha melhor amiga...

Noriko abaixou as sobrancelhas numa expressão de pena. O pavor que Yumi estava sentindo era nítido, e ela sabia o motivo daquilo. Se algo como aquilo vazasse na escola... E principalmente para a Anri...

— Tudo bem, Yumi-chan. – disse Noriko num tom tranquilizador. – Não é como você está pensando. Eu não vou dizer nada pra ninguém. Eu só queria a verdade.

Yumi encarou-a, as lágrimas escorrendo pelo rosto, o olhar imerso numa mistura profunda de dor e medo.

— E o que você vai fazer com essa verdade?

Franzindo a testa, agora de um jeito sombrio, Noriko respondeu:

— Vou usar de pista para procurar uma verdade um pouco mais complicada.

***

Mitsui não parava de torcer os dedos e alternar a atenção entre o chão e a cortina que escondia a maca de Mika e os médicos que a atendiam. O movimento do corredor de emergência do hospital não estava ajudando-o a ficar mais calmo. Fora que sabia que ia escutar poucas e boas quando colocasse os pés na escola de novo. Quase batera num professor e num enfermeiro para que deixassem-no entrar na ambulância que levaria Mika. Suspirou só de pensar na bronca que tomaria. Será que seria suspenso do próximo jogo por mal comportamento...?

— Mika!

Uma voz feminina e urgente ecoou pelo corredor, fazendo Mitsui erguer a cabeça. Uma mulher esguia vestida com um kimono estampado andava quase aos tropeços checando cada uma das frestas das cortinas que encontrava. Tinha o cabelo escuro preso num coque firme, a pele clara levemente rosada e mãos tão finas que faziam-na parecer uma boneca de porcelana. Quando ela chegou mais perto, Mitsui conseguiu ver o negro de seus olhos irrequietos, e reconheceu imediatamente aquele olhar: carregava uma gentileza urgente e uma dor escondida sob a superfície escura de suas íris.

O garoto colocou-se prontamente de pé, sentindo a tensão fazendo seu corpo enrijecer. De todas as situações possíveis, jamais imaginou que conheceria a mãe de Mika naquela em que se encontrava. Mitsui sentiu uma pontada de frustração. Não queria conhecer a Sra. Miyamoto num hospital, mostrando uma versão aflita de seu temperamento. Suspirou de novo. Àquela altura, não havia remédio. Esperou que a mulher se aproximasse mais para não falar muito alto. Usando o tom mais respeitoso que conseguiu dar à sua voz, Mitsui chamou:

— Com licença, a senhora é a Miyamoto-san? 

Hisako parou de espiar freneticamente pelas cortinas e fixou o garoto de pé a alguns metros de distância.

— Sim, sou eu. – respondeu num tom choroso enquanto se aproximava. Ela reduziu a distância, parando a menos de dois metros do estudante. Seus olhos mediram-no de baixo para cima, demorando-se em seu rosto. Numa mistura de surpresa e confusão, perguntou – Você... Você é o Mitsui Hisashi-kun?

Mitsui se empertigou diante da pergunta, as bochechas doendo um pouco de vergonha. Como ela... Como ela o tinha reconhecido?

— A-ah... Sim! Sou eu. Muito prazer, Miyamoto-san!

— Você está aqui por causa da Mika? – perguntou Hisako num misto de curiosidade e aflição.

Mitsui assentiu com pesar.

— Eu não queria deixar ela vir sozinha pro hospital. – explicou-se, mas rapidamente percebeu o tom íntimo demais que colocara na fala e se endireitou, trocando para um tom respeitoso. – Digo, ela estava machucada e desacordada. Como tinham de leva-la urgente para o hospital, não conseguiriam contatar a senhora imediatamente, nem levá-la para a escola para que a senhora viesse na ambulância. Me ofereci como acompanhante temporário, já que a Miyamoto é minha melhor amiga. Me desculpe se pareci desrespeitoso, Miyamoto-san! – e dizendo isso, fez uma profunda reverência.

Um sorriso finalmente brotou dos lábios trêmulos de Hisako.

— Não diga isso, Mitsui-kun! Você não foi nem um pouco desrespeitoso. Muito pelo contrário: você cuidou da minha Mika. Na verdade, você vem cuidando muito bem dela. Ela fala tão bem de você! – Hisako fez uma pausa, um sorriso tenro iluminando por alguns instantes o rosto antes angustiado. – Desde que te conheceu, a Mika parece tão mais feliz!

Mitsui sentiu o rosto fervendo enquanto um misto de emoções se agitava dentro de seu peito. Seu coração disparou, e ele rezou para que a Sra. Miyamoto não notasse nada daquilo. Tentando recompor-se o suficiente para parecer encabulado na medida certa, Mitsui gaguejou um pouco antes de conseguir dizer:

— A-aa-ah... N-Não é para tanto assim! Na verdade, a Miyamoto que anda me ajudando muito! Fico feliz que eu tenha ajudado ela da mesma forma que ela me ajud-dou... – Mitsui havia fixado o chão com medo de entregar o furacão de emoções que sentia, mas um movimento que percebeu no final de sua fala obrigou-o a levantar a cabeça.

—N-N-Nah, Miyamoto-san! N-Não faça isso, por favor!

Hisako estava curvada para frente numa profunda reverência diante de Mitsui.

— Muito obrigada, Mitsui-kun. Obrigada do fundo do coração de uma mãe que estava agoniada por não consegui ver o sorriso de sua filha há muito tempo. Obrigada por cuidar dela e por fazê-la feliz de novo! Por favor, continue cuidando dela se não for incômodo.

Se Mitsui esperava disfarçar a vergonha que sentia, agora ele sabia que falharia miseravelmente se tentasse. Desesperado e com o rosto em chamas, ele olhava para as costas de Hisako sem saber o que fazer. Gesticulou com as mãos enquanto tentava formular alguma frase inteligível, até que por fim, conseguiu:

—N-Não precisa agradecer, Miyamoto-san! Por f-favor, n-não precisa de nada disso! A senhora... Por favor, levante-se! Isso não é necessário....

Hisako colocou-se ereta e endireitou o pouco da roupa que havia saído do lugar. Permanecia sorridente, observando ternamente o tão admirado amigo de sua filha.

— Eu já queria ter te agradecido há muito tempo. – explicou ela. – Infelizmente, não tive o prazer de te conhecer antes. E, mesmo nessas circunstâncias, não poderia deixar passar a oportunidade.

Mitsui estava sem fala. Pelo menos agora ele sabia de onde via a franqueza de Mika que ele tanto adorava. Nesse instante, uma enfermeira saiu por trás das cortinas que guardavam Mika e se dirigiu aos dois.

— Quem é o responsável pela Miyamoto Mika-san?

— Sou eu. – respondeu Hisako voltando a exibir uma expressão aflita, mas mantendo a compostura. – Sou a mãe dela, Miyamoto Hisako.

— Já terminamos os exames iniciais necessários. A senhora pode acompanha-la a partir de agora. Entretanto, no momento ela está sedada. Preferimos garantir que ela não sentiria dor ao fazermos os exames.

Hisako franziu a testa, a angústia se intensificando em seus traços. A mulher deu um passo para seguir a enfermeira, mas estacou, virando-se para Mitsui.

— Obrigada por ter acompanhado minha filha até aqui. Você deve estar cansado, Mitsui-kun. Por favor, volte para casa e descanse.

O garoto apertou os lábios, resignando-se. Não estava cansado e não queria ir embora, mas sabia que seria falta de educação se intrometer numa situação dessas.

— Obrigado, Miyamoto-san. Eu voltarei para visitá-la o mais cedo possível. – Mitsui fez uma reverência profunda e esperou que Hisako entrasse junto com a enfermeira. Quando a última abriu a cortina, Mitsui pôde ter um vislumbre do corpo de Mika deitado na maca. A raiva borbulhou no fundo de seu estômago ao vê-la coberta de curativos e enrolada naquele lençol frio. Como podiam ter feito isso com ela...?

De punhos cerrados, Mitsui aceitou o fato que teria que sair do hospital. Caminhou a passos lentos até a saída, as mãos enterradas no bolso na calça e os olhos fixos no chão. A luminosidade do dia incomodou um pouco seus olhos escuros quando saiu para a rua. Pela intensidade, devia ser por volta do meio dia. Frustrado, Mitsui decidiu ir para casa ao invés de voltar para a escola. Não estava ansioso para adiantar a bronca que levaria. Foi aí que se lembrou que tinha deixado seus pertences na sala de aula. Estalou a língua e pegou o caminho da escola a contragosto. A preocupação nublou seus pensamentos: a única coisa que via à sua frente era o corpo de Mika estirado na maca. Morria de medo que os machucados tivessem sido sérios. E se ela...

E se ela não pudesse mais jogar basquete com ele?

Mitsui apertou os olhos e balançou a cabeça para espantar os pensamentos negativos. A Mika ficaria bem. Ela era uma garota forte, além de ter um corpo muito bem treinado para aguentar pancadas. E mesmo que... Mesmo que ela não pudesse mais jogar basquete... O garoto fechou as pálpebras com força de novo e expirou longamente.

“Isso não importa,” pensou Mitsui. “Independente do que tenha acontecido... Eu vou ficar do lado dela. Não vou deixar... Não vou deixar a Miyamoto sozinha. Nunca mais.”

De súbito, a imagem do rosto da mãe de Mika se sobrepôs aos seus temores. Suas palavras soaram com clareza na mente do garoto:

“Não diga isso, Mitsui-kun! Você não foi nem um pouco desrespeitoso. Muito pelo contrário: você cuidou da minha Mika. Na verdade, você vem cuidando muito bem dela. Ela fala tão bem de você! Desde que te conheceu, a Mika parece tão mais feliz!”

O rosto de Mitsui tornou a ferver, e um sorriso bobo brincou em seu rosto.

“A Miyamoto... Fala de mim pra mãe dela. Ela... está feliz por minha causa...!”

Seu coração bateu mais forte, e ele sentiu aquele formigamento no peito de quando se está orgulhoso de alguma coisa. Não sabia que tipo de sentimento Mika nutria por ele, mas pelo menos sabia que tinha conquistado um lugar especial em sua vida.

“Miyamoto-san, não se preocupe.”, prometeu mentalmente. “Eu pretendo fazer sua filha... muito mais feliz.”

Mitsui suspirou aliviado quando percebeu que chegara na escola bem no intervalo de almoço. O zelador abriu o portão para ele com uma carranca acusadora, mas o garoto apenas ignorou-o. Seguiu para o prédio com o rosto baixo, rezando para que não o abordassem por causa do incidente. Passou por vários grupos de alunos sem ser percebido, e dirigiu-se à sala de aula para pegar seu almoço. Infelizmente, sua felicidade não durou muito. Quando entrou no corredor de sua sala, sentiu uma mão fechando-se firmemente em seu braço. Mitsui ergueu os olhos, pronto para revidar, mas a garota que o segurara fez um sinal de silêncio. Ela o guiou para longe do corredor, descendo as escadas e indo para o pátio do fundo. Escolheu um canto mais afastado, onde não havia ninguém, e deu de ombros para a possibilidade de pensarem besteira sobre o que estavam fazendo. No meio tempo que a garota o guiara até ali, Mitsui se esforçara para lembrar onde a tinha visto antes. Quando ela parou e encarou-o de frente, um lampejo iluminou as lembranças do incidente daquela manhã. Aquela era a garota que estava agarrada às costas da de cabelo castanho que andava com a Shimizu. Mitsui franziu a testa, uma expressão nada amigável vincando o canto de seus olhos e sua boca.

— O que você quer? – perguntou ele num tom ríspido.

Noriko suspirou, a frustração marcando nitidamente seu rosto.

— Eu sei que você está querendo matar a mim e a todas as outras que estavam no banheiro, mas eu preciso muito da sua ajuda. Eu juro que não encostei um dedo da Miyamoto-san, mas eu sei que isso não tira minha culpa. Eu fui cúmplice, podia ter parado elas antes que tivesse acontecido o que aconteceu... Mas, de qualquer forma, você precisa me ajudar com uma coisa.

Mitsui cruzou os braços num gesto de desdenho e esperou.

— Eu preciso saber... – começou Noriko com cautela. Isso vinha mais do fato que estava com medo do que viria a saber do que da postura fechada de Mitsui. – Como você soube que a Miyamoto-san estava naquele banheiro em específico. Fora que pelo jeito que você chegou correndo, você sabia que estava acontecendo alguma coisa.

A animosidade no rosto de Mitsui vacilou, sendo substituída por confusão e curiosidade. Entortou as sobrancelhas e respondeu devagar, quase no mesmo tom que Noriko usara:

— Foi pela Shimizu. Ela chegou correndo, desesperada e quase chorando lá no pátio onde eu estava com meus amigos. Disse que vocês tinham ido resolver algo com a Miyamoto, e como demoraram demais, ela foi atrás de vocês. Quando chegou no banheiro, ela disse que viu... – a voz de Mitsui morreu e seu queixo caiu em câmera lenta. Ele arregalou os olhos para Noriko e permaneceu mudo e estupefato.

— O que ela disse!? – perguntou Noriko sentindo o nervosismo apertando seu peito.

Mitsui piscou e depois, lentamente, retomou a palavra:

— Ela disse que a Miyamoto... estava batendo em vocês...

Os olhos de Noriko se arregalaram ainda mais do que os de Mitsui, e um frio desconfortável correu sua espinha. O garoto a encarava, ainda levemente boquiaberto, os olhos correndo de um lado para o outro enquanto sua mente raciocinava. No frenesi da confusão, Mitsui não parara pra raciocinar que a cena que encontrara era completamente o oposto do que Anri dissera... A cena descrita por Anri era o que qualquer aluno daquela escola esperaria ouvir se Mika estivesse envolvida. Seria natural ela imaginar, caso tivesse ouvido barulhos ou escutado de outras pessoas sobre a confusão, que fosse Mika quem estivesse agredindo suas amigas. Mas a forma como ela dissera... Era como se ela soubesse exatamente o que estava acontecendo, como se ela tivesse visto com os próprios olhos... Ou talvez algo que...

— Mitsui-kun. – disse Noriko com a voz trêmula. – Você tem certeza do que está me falando? Foi isso mesmo que aconteceu?

O garoto encarou-a atônito, demorando alguns segundos para processar a pergunta. Depois, assentiu num gesto lento e largo. As pernas de Noriko tremeram e ela desabou de joelhos no chão.

— O-oi! – assustou-se Mitsui, instintivamente avançando para firmá-la, mas sem chegar a tempo.

Noriko segurou a cabeça com as mãos e disse, numa voz trêmula de incredulidade:

— Isso... Isso foi uma armação, Mitsui-kun. Uma armação da Anri-chan. Ela... Ela usou todas nós. 


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Notas finais do capítulo

E aí, gostou, minha leitora,meu leitor maravilhosos?
O que está achando do rumo dos acontecimentos? Acha que vai dar ruim pra Anri, ou acha que ela vai conseguir escapar impune? :v Pq olha, tá dificil. Deu pra perceber o quão ardilosa ela foi...
E as fofuras, está gostando?? Espero que eu te faça surtar com o que eu estou planejando daqui pra frente! Prepara que está vindo muita cena fofaaaaa!
Muito obrigada novamente por ainda estar aqui na torcida, apoiando Rock the Baby (e o Mitsui e a Mika UAHSUAHSHAUHSUH) e por nao ter desistido dessa escritora bipolar ♥ Obrigada do fundo do coração! Beijos da Nana-chan e até a próxima!



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