Os beijos quentes. Mordida na clavícula. Arranhões em chamas pelo peitoral como se demarcassem o corpo em brasa. Marco arfava. Levando as mãos a boca, tentava repreender os gemidos. Atitude em vão. O sorriso sacana dando leves selinhos na boca acobertada pelas desnecessárias mãos, os olhos vermelhos...

O despertador tocava por incontáveis segundos, todavia não foi o responsável pelo susto que Marco levou ao despertar praticamente caindo da cama. Ofegante pelo imprevisível sonho, sentou-se no colchão, assustado com os próprios pensamentos quando interrompido por um jorro de água fria despencado do teto.

Star empurrou a porta com uma vassoura e sua varinha, pedindo desculpa sem culpa quando presenciou o amigo encharcado.

Esboçando um sorriso perdido, tentou gesticular e pedir ajuda para amiga enquanto ela comentava sobre coisas aleatórias relacionadas à “grande faxina” que fazia, mas como externalizar algo que nem ele mesmo compreendia? Nos seus pensamentos apenas a palavra “Tom” ressoava como uma corda de muitos nós sem solução.

Levantando um pouco a manga do moletom, a marca dos dedos irritados em seu pulso permanecia avermelhada, uma possível cicatriz. Todavia, não era apenas seu pulso que havia sido marcado de forma significativa por aquele intrigante demônio.

Tentando se virar sozinho, frequentou seitas satanistas, pactos de internet e outros rituais pagãos que prometia um encontro, neste caso, reencontro. Restava Star, mas como perguntar?

Um suspiro. Não existia coragem em forma de oxigênio, ainda assim, o latino prosseguiu até o quarto. Batendo duas vezes e entrando ao escutar a grande euforia, foi surpreendido pela amiga e a princesa Cabeça de Pônei fazendo altos planos para uma festa no submundo.

Sendo ignorado ao falar, sentou-se na cama e ficou observando as duas. Estranhando o comportamento suspeito, as duas meninas o fitaram, questionando o que havia acontecido.

Marco enrubesceu por um instante. Coçando a nuca meio sem graça, pediu tentando parecer o mais natural possível.

— Star... Será que podemos conversar? – Reparando os grandes olhos da Cabeça de Pônei em curiosidade, sugeriu. – A sós?