Nico começou a se sentir nervoso enquanto desembarcava no aeroporto em Nova York. A enorme ansiedade o fazia imaginar tudo dando errado. Hiperdramatizar as coisas, era o que sua irmã Bianca vivia dizendo que ele fazia. Mas e se Will não aparecesse no aeroporto? E se ele tivesse viajado todas aquelas horas só para chegar na América e descobrir que o que sentiam um pelo outro estava acabado? Ou que Will estava esperando vê-lo pessoalmente para confessar que estava cansado dele e terminar? Era o que casais faziam, não é? Terminavam.

No entanto, assim que atravessou as portas do saguão de desembarque, todas as possibilidades ruins evaporaram de sua mente ao avistar, em meio às outras pessoas que esperavam passageiros, um certo jovem loiro que, é claro, não podia estar ali simplesmente observando o portão de desembarque como os outros. Ele tinha que estar sacudindo um ursinho de pelúcia marrom que tinha um lencinho da bandeira dos Estados Unidos no pescoço enquanto chamava o nome de Nico, o maior dos sorrisos no rosto.

 Quando Nico o viu, esqueceu totalmente que estava no saguão lotado de um aeroporto e do que pensava sobre demonstração de afeto em público. Ele saiu correndo na direção dos braços estendidos de Will e se atirou neles. Quando suas bocas se encontraram, ele voltou a sentir aquela sensação maravilhosa de que seu corpo todo derretia e que não existia nada mais no mundo além deles dois, como acontecia desde a primeira vez que tinham se beijado. Não sabia como tinha conseguido viver os últimos seis meses sem sentir aquilo.

— Eu nem consigo acreditar que você está mesmo aqui – Will disse, depois que eles pararam o beijo para recuperar o fôlego. Nico agora podia mais uma vez admirar de perto os olhos brilhantes, as covinhas e as sardas espalhadas pelo nariz e as bochechas de Will.  – Bem vindo à América. – Will, por fim, lhe estendeu o ursinho com uma risadinha. – Está tudo bem? A viagem foi muito cansativa?

Nico assentiu.

— Um avião inteiro cheio de turistas barulhentos... - reclamou, sem abandoar um sorriso nos cantos da boca. - Uma mulher do meu lado não se tocava que eu estava com fones por um motivo.

Will riu, como se as reclamações de Nico fossem muito melhores ao vivo, e levou as mãos ao rosto dele.

— Senti tanta saudade!... Eu amo você.

Ele plantou mais um beijo rápido em seus lábios e voltou a envolvê-lo. Nico afundou o rosto em seu pescoço, de onde admitiu em italiano que também o amava e que “saudade” nem começava a definir o que tinha sentido. Ele sabia que apesar do tempo que passara na Itália, Will não era exatamente um falante do idioma, mas pelo jeito como o abraçou de volta com mais força, sentiu que o namorado tinha, de alguma forma, compreendido o que ele tinha dito.

Os dois ficaram ali abraçados até que Nico suspirou e comentou, agora em inglês:

— As pessoas estão nos olhando.

Will riu pelo nariz.

— Acho que sim.

— Vamos pegar minha bagagem e dar o fora daqui. Quando disser “já”.

~

Bianca di Angelo recebeu uma mensagem de um dos seus primos que morava nos Estados Unidos. Três letras: “OMG”, seguidas de vários emojis de olhos de coração. Vinha acompanhada de um link para um vídeo do Youtube com o título: “Casal gay fofo se reencontrando no aeroporto”. Se ela estivesse tomando alguma coisa, provavelmente teria cuspido lendo aquilo.

Seu irmãozinho aparecia enfiando a língua na boca do namorado com uma porção de gente olhando. Os dois trocaram palavras que não dava pra ouvir e parecia que iam ficar ali abraçados para sempre quando, de repente, saíam de mãos dadas na direção da esteira das bagagens sem olhar para os lados. Ao fim do vídeo, Bianca estava com um grande sorriso no rosto e tentava decidir onde ia compartilhar primeiro o vídeo.