Era difícil Will ficar doente, mas quando acontecia, ele realmente ficava péssimo.

— O que você pensa que está fazendo?

Nico entrou no quarto com a água e o remédio que tinha ido buscar e encontrou Will revirando o guarda-roupa com gestos lentos, o rosto todo muito vermelho.

— Como assim?... Vou me arrumar para... – O resto da frase foi um espirro.

— Nem pensar. Volte já para a cama.

Nico o puxou delicadamente.

— Mas... A aula de...

— O mundo não vai acabar se você faltar um só dia.

— Eu tenho que...

— Shhh. Apenas tome o remédio e descanse.

Ele conseguiu que Will se sentasse na beira da cama. Parecia fraco demais para discutir.

— Agora... – Nico pegou as duas caixas de remédio que trouxera. – Eu não sei muito bem qual... Quer dizer, esse aqui diz “Para resfriados severos” e esse outro “Para febre, congestão nasal, tosse e amidalite”, então eu não sei...

Will murmurou alguma coisa que se confundiu com um gemido, pegou qualquer uma das caixas e tomou dois comprimidos, depois se deitou encolhendo-se com a coberta. Nico pegou outro cobertor mais quente para cobri-lo.

— Obrigado – Will falou baixinho com os olhos fechados.

Nico queria fazer algo mais para Will se sentir melhor, então dedicou o resto da manhã no preparo de uma sopa, o que ele só tinha uma ideia geral de como fazer. O caldo acabou ficando meio alaranjado demais. Achou que podia ter exagerado um pouquinho na pimenta também, mas isso podia ser bom para o resfriado.

— Como está se sentindo? – Ele perguntou, sentando-se ao lado de Will na cama.

— Acho que a febre baixou... – Will mexia pouco animado o prato de sopa, mas tomou uma colherada disfarçando uma careta.

— Está muito ruim?

— N-não... Só um pouco pimentoso... – Ele encarou a sopa por uns segundos antes de tomar mais um pouco, mas logo em seguida, bebeu metade do copo de água, levou o guardanapo à boca e começou a rir, o que logo se transformou num acesso de tosse.

Nico levantou uma sobrancelha.

— Não... Não consigo! – Will conseguiu falar, gesticulando para sopa e ainda rindo. – Me desculpe.

Emburrado por sua comida ter virado piada, Nico pegou a bandeja.

— Espere – Will agarrou seu braço. – Não fique magoado! Tenho certeza que... que o problema é meu paladar... A droga desse resfriado estragou meu paladar...

Ele ainda ria, mas Nico já não conseguia ficar zangado. Ele fez menção de beijar Will, mas este se afastou.

— Que foi?

— Eu não quero que você fique doente também.

Nico revirou os olhos.

— Nenhum resfriado idiota vai me impedir de beijar você.

Will bufou, e disse sorrindo:

— Por sua conta e risco.

Nico se inclinou para um beijo rápido antes de levantar para levar embora a sopa.

— Vou buscar chá e torradas.

No dia seguinte, Will se sentia bem melhor, mas Nico estava resfriado. Will faltou mais um dia na faculdade para cuidar dele.