Leal a seu senhor escrita por Ágata Arco Íris


Capítulo 1
O amor de uma Mãe


Notas iniciais do capítulo

Esse é só um começo, espero que goste ^~^



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Amor, uma palavra tão poderosa, de significado tão amplo, que muitos filósofos durante a história não conseguiram se quer simplificar uma parte do que ele. Mesmo com todas as perguntas e ineficácias em significa-lo, todos chegaram a mesma conclusão...Ele liberta.

Essa é sem dúvida uma história de amor, mas não o amor como todos endeusam e almejam encontrar, quer dizer...Em parte sim. Mas existem outras formas de amar, e a outra parte dessa história pertence a outro tipo de amor, um sentimento puro e gracioso, experimentado por um servo e uma senhora igualmente, os transformando assim em uma família. E esse amor era tão forte, que ambos estavam dispostos a dar a vida para proteger o outro.

No começo de tudo, antes do universo nascer e a Terra se formar existia algo chamado fé, e disso surgiu um milagre, assim os deuses nasceram. Justamente dos Deuses começou tudo, até nossa história, onde uma bela sacerdotisa, uma Miko da província de Kumamoto se apaixonou por um Deus. E como toda história de amor, isso só será possível graças a um encontro, mas nossa jornada, a história mesmo começa de um desencontro. Na verdade, a palavra certa para esse evento seria escuridão, tudo começa em um abismo profundo no meio da escuridão.

Séculos antes da vida existir na Terra, o nascimento de um dos primeiros deuses estava acontecendo. Izanagi e Izanami são deuses considerados os pais de todos os kamis, ou deuses do mundo. Mas a deusa Izanami morreu ao dar à luz a Kazu-Tsuchi, a encarnação do fogo em pessoa. Triste pela morte de sua esposa, Izanagi foi embebido em raiva e ódio pelo seu filho, e com esse sentimento matou Kazu-Tsuchi. Não satisfeito ele também o amaldiçoou pelo resto de sua existência.

“Você que matou sua própria mãe, não é digno de ir para o céu. Eu o amaldiçoou a viver no submundo até que suas chamas se apaguem e seus ossos virem pó”. Disse Izanagi ao velar pelo sétimo dia os corpos de mãe e filho.

Izanami por sua vez, que aproveitava o pequenino viu seu filho recém-nascido ser tirado de suas mãos na terra dos mortos e jogado nas profundezas do submundo. Ela chorou durante meses, até suas lágrimas secarem, mas isso não acalmou seu coração, isso só fez que ela tomasse uma importante decisão. Estava disposta a buscar a qualquer custo seu filho de volta.

Sabe, depois de um tempo na terra dos mortos se recompondo, ela poderia facilmente retornar a Takamagahara junto de seu marido, mas ao ver a maldição dele sobre seu filho ela se revoltou, mesmo sabendo que depois não poderia voltar ela não poderia deixá-lo.

Então, antes de ir ela fez um pedido muito especial para Amaterasu, a deusa do sol e mãe de todas as estrelas. No fundo de sua alma Izanami não confiava nela, já que era filha de Izanagi, mas mesmo assim Amaterasu ainda era mãe como ela, então a entendia. Izanami pediu que se algo acontecesse a ela, que fizesse seu filho reencarnar como humano, ela queria dar a ele avida que izanagi roubou. A deusa do sol não poderia recusar tal pedido, então prometeu fazer o máximo para esconder Kazu de seu pai.

Por séculos ela vasculhou as profundezas do submundo, ela carregava consigo apenas um bastão de galho de cerejeira, mas nunca precisou se defender, nenhum espirito corrompido nunca a atacou. Izanami nunca soube dizer porque os monstros ali vistos nunca lhe fizeram mal, com certeza essa não era a natureza deles. Até que um dia achou seu filho dormindo ao lado de um dragão de fogo, na verdade um Shinigami corrompido e banido da terra dos mortos. O fogo de Kazu mantinha o deus da morte saudável e em sua forma natural, por esse motivo ele havia protegido a criança desde que veio para o Submundo.

—Saia de perto do meu filho—Disse Izanami encarando o enorme dragão a sua volta.

—Ele não é seu filho, ele é meu fogo.

—Eu sou Izanami, escolhida para ser a mãe de todos os Kami na Terra e sou mãe do seu Senhor, o verdadeiro Shinigami ao qual você serve.

O dragão riu descontroladamente e então abaixou-se e olhou nos olhos da deusa. Izanami foi capaz de ver o sofrimento e terror que aquele shinigami fez a vida dos primeiros seres vivos na Terra, por levar mais de dez mil almas e devorar todas, ele foi condenado a ser exilado para o submundo. Um Shinigami nunca devora a alma de um ser vivo, isso é uma abominação para todos deuses da morte, pois comer almas, corrompe a essência divina dele. Quando banido perdeu todos seus poderes e sem seu alimento, a forma de dragão que havia decidido tomar não podia ser mantida, mas com o fogo do pequeno deus ele podia se manter vivo e com a forma que desejasse por muito tempo.

—Mulher tola.... Eu não sirvo a ninguém, eu sou o senhor desse inferno.

Da lama que revestia a parede ouviu-se risadas femininas e da agua com barro surgiu vários Onryo, fantasmas na forma de mulheres, todas deformadas. Mas algo aconteceu, ao verem Izanami, elas tomaram a mesma forma da Deusa e não quiseram obedecer ao dragão, abaixaram a cabeça em sinal de respeito a ela.

—Mamãe! —Todas gritavam e choravam—Mamãe, a senhora voltou para me salvar. Mamãe, eu estava com tanto medo.... Pensei que a senhora nunca voltaria.

Izanami não entendeu o que estava acontecendo, então olhou para seu filho que estava nos braços do dragão. Kazu estava acordado e sorria estridentemente para sua mãe, ele a olhava atentamente. Ela então entendeu o que acontecia, o senhor daquele inferno na verdade não era o Shinigami corrompido, era seu filho e ele a amava, então não iria atacá-la. Tudo que cada Onryo via, era passado para ele, os olhos delas também eram dele.

—Não! Seu moleque cretino, como foi acordar agora?!

—Deixe me ver minha mãe—Disseram todas as Onryos ao mesmo tempo.

—Quem manda aqui sou eu—Disse o dragão olhando nos olhos do garoto.

 O bebê em seus braços riu e então as mulheres de barro saíram de seu lamaçal e começaram a caminhar em direção ao shinigami. Ele tentou se afastar, mas quando viu já havia Onryos subindo em seu corpo para tentar pegar o pequeno Kazu “— Eu quero ver a mamãe! ” Gritavam todas. Quanto mais alto as Onryos subiam no dragão, mas o puxavam para a lama; por fim, depois de pegar o deus do fogo, prenderam o dragão em um lamaçal profundo. Izanami correu para pegar seu filho e as Onryos ajoelharam-se olhando para os dois.

Kazu tocou o rosto de sua mãe, ela transbordava em lágrimas e ambos ficaram se olhando por horas até que uma Onryo a chamou a atenção.

—Nós somos a voz de nosso mestre, falamos e sentimos tudo que ele sente.

—Mas eu não entendo, ele é apenas um bebê.

—Sim, mas ele só é um bebê porque como deus do submundo ele não pode envelhecer. Mestre Kazu aprendeu muito nesses séculos, fomos seus olhos e ouvidos durante esse tempo, por isso ele é um garoto sábio.

—Meu garoto de ouro—Disse Izanami sorrindo para seu filho, que lhe sorriu de volta.

—Por esse mesmo motivo ele disse que não quer que o tire daqui, pois se o tirar, esse lugar cobrará um preço e ele não quer que  você pague.

O submundo havia sido criado juntamente com o céu, a terra dos mortos e a Terra. Cada lugar precisava de um governante, se não até mesmo o paraíso se despedaçaria por falta de um dono que o comandasse. Izanami sabia que se decidisse salvar seu filho, ela teria que ficar e se tornar a rainha do submundo, se não, caso contrário, aquele lugar se tornaria um labirinto pior e se fecharia para ambos.

—Eu te devo uma vida meu filho—Disse Izanami deixando escorrer uma lágrima, a Onryo com quem conversava levantou seu rosto e enxugou sua lágrima.

—Eu também mãe—A Onryo a abraçou e chorando continuou a dizer—Acho que papai talvez estivesse certo, eu não mereço nem estar perto de ti, acho que meu lugar é aqui. Perdão mamãe, eu matei a senhora quando nasci, mas juro que não foi por querer.

—Claro que não foi por querer, você não teve culpa. E seu pai, ele está errado, você merece o céu sim e eu te darei ele.

Izanami tornou-se senhora do submundo em troca da liberdade do filho, ela não poderia mais sair daquele lugar, agora ali havia tornado seu reino. Seu último desejo foi honrado e Amaterasu cuidou e escondeu seu filho de Izanagi até o dia em que pôde finalmente tornar-se humano.


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