Memories escrita por Yuuko chan


Capítulo 4
Capítulo 2




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A escuridão era total.

Melina com dificuldade apenas enxergava a ponta de seu tênis NIKE desbotado do Paraguai, enquanto Marc a guiava para sabe Deus onde. As mãos gélidas do homem ainda seguiam estando apoiadas sobre o hombro dela, a mantendo cerca.

Talvez não queira que eu me tropece, pensou Melina com um pouco mais de fé no mundo, só lástima que estivesse completamente errada. O mundo, para começo de estória nunca esteve da parte dela.

★★★

Fora da cabana fazia um pouco de frio, e o bosque silencioso como estava parecia mais um jogo de Horror survive do que um lugar tranquilo como dizia no anuncio da Web onde Melina alugou o recinto.

O cheiro a terra molhada era embriagador, até o ponto em que Melina pensara que emanava dos poros de sua própria pele, como se a essência já houvesse empapado todo seu ser. Era tudo muito estranho, estranho demais. Nem sequer haviam estrelas no céu para iluminar o caminho dela, só escuridão.

— Hey, como você pode mover-se por aqui sem uma lanterna? - Melina perguntou depois de um tempo, tentando educadamente liberá-se do agarre de ferro homem sem conseguir.

Marc indiferente não respondeu a pergunta de Melina, simplesmente deixou escapar uma pequena gargalhada segundos antes de apertar o hombro dela mais forte, garantindo talvez que Melina não pudesse escapar.

Mas o que está acontecendo aqui?, Ela pensou de repente. Era apenas imaginação sua ou as mãos do guia pareciam diferentes? Algo começava a roçar o pescoço dela, e Melina tinha quase certeza de que aquilo não eram dedos. Pareciam.... pareciam garras?!

Por favor Deus, que isso seja alguma classe de pegadinha de mal gosto. Melina implorou fechando os olhos enquanto seguia caminhando. O seu novo dilema seria: Antes viva e envergonhada do que morta e espatifada.

★★★

Depois de um tempo Melina deixou de contar os minutos, ou esperar a que o pessoal da filmação aparecesse dizendo "É UMA BRINCADEIRA!". Por que bem lá no fundo ela já sabia que havia sido uma idiota de ter acreditado nisso tudo em primeiro lugar. A culpa era completamente sua.

Então, muito mais assustada que antes e já sem ser capaz de comandar em seu próprio corpo, Melina pisou em algo escorregadiço, talvez uma planta. - AH! - O grito saiu da sua boca de forma áspera, como se Melina não houvesse falado por anos. A garganta dela estava em chamas, provavelmente porque estivesse seca, mas, a molesta dorzinha não fez que Melina esquecesse nem por um segundo que estava a ponto de cair de bunda no chão. Ao menos, foi isso o que ela esperava até sentir braços fortes agarrarem a sua cintura. Um arrepiou percorreu toda a sua coluna vertebral.

Pela primeira vez em toda a sua vida Melina desejou que ninguém a ajudasse, pelo menos não naquela situação. Marc a agarrava de forma protetora, como se Melina fosse a presa mais cobiçada das redondezas. Ele a estava machucando com a sua espécie de garra, arranhando o estômago de Melina mesmo ela tendo capas de roupa cobrindo a sua linda pele negra.

— Hey! Calma, tranquila.- Marc voltou a dizer o mesmo de antes, quando os dois ainda estavam na cabana.

— Eu já não quero ir a lugar nenhum, me deixa voltar! - Melina gritou de repente espantando ao guia, e conseguindo assim por momentos liberá-se dos braços daquele homem.

Por desgraça, essa falsa tentativa de fuga a custou muito caro. As mãos do guia deixaram de estar na cintura de Melina e foram diretamente ao grosso pescoço dela. E com brusquidão, ele começou a sufocá-la pouco a pouco, vendo satisfeito como cada vez entrava menos ar dentro dos pulmões dela.

A primeira reação de Melina foi lutar, mover-se como louca para assim fugir do abraço da morte. Mas era difícil, Marc estava trás dela e sua força era superior a de Melina.

Logo veio a ceguera, era certo que tudo ao seu redor já estava preto mas...Melina sabia que isso não era uma boa sinal, ela estava a ponto de perder a consciência, o oxigênio já não entrava pelo seu nariz, e quando ela tentara abrir a boca para conseguir um pouco de ar só empiorou mais a sua situação.

Inclusive a su pele negra começava a mudar de cor. Senão fosse pela escuridão da noite Melina haveria se dado conta de que começava a ficar roxa, e a palma de sua mão ainda mais branca pelo esforço que havia feito.

Eu estou morrendo......

Eu não quero morrer.

EU NÃO QUERO MORRER!

Foi o seu grito de guerra enquanto voltava a lutar de olhos fechados. Ninguém nunca a havia machucado daquela forma, e ela nunca pensara que algo assim passaria a alguém como ela.

Até que passou.

★★★

A força que Melina tanto tentava manter para sair daquela situação a abandonou por completo depois de uns quantos minutos. Sequer tinha força para implorar ou pedir de joelhos que a liberá-se daquela tortura, mas Melina queria viver. Era feia, gorda e negra mas tinha amor a sua vida como qualquer outra pessoa.

E como qualquer outra pessoa lutaria até o final.

As pernas de Melina fraquejaram em contra da sua própria vontade, mas ela não caiu no chão de imediato, senão que Marc a empurrou para longe, fazendo que ela caísse de cara no chão de terra negra e folhas mortas. Sorte a dela que não fora em um árvore, ou teria se machucado bem feio.

Se Melina não estivesse ocupada demais tentando respirar de novo, haveria escutado o som de algo cortando-se não muito longe de onde ela havia caido. Mas a sua cabeça a dizia uma e outra vez:

Dói.

Dói.

DÓI!

Assim que com rapidez Melina tocou seu pescoço ainda caída de cara no chão. Uma das suas bochechas estavam raladas e seguramente começasse a sangrar, mas isso não importava. O importante era sair dalí.

Mas estava escuro demais, Melina ainda não era capaz de enxergar nada e as suas pernas não seguiam o seus passos. Ela parecia ser feita de açúcar naquele momento, e começava a se desfazer sem ter a chance sequer de brilhar.

Até que, mãos frias tocaram as costas de Melina a fazendo ficar de pedra. Por um momento inclusive pensara em lutar só um pouco mais, ainda que, já sabia que seria em vão. Falar tampouco era uma opção já que Melina não tinha voz e seu pescoço doía. O único que restava era ela mesma, e a sua vida.

A única coisa que ela não estava disposta a dar, era o único que roubariam dela. É engraçado como as pessoas só aprendem a dar valor ao que têm quando estão a ponto de perdê-lo. Tão engraçado que até fez Melina chorar silenciosamente enquanto mãos desconhecidas davam meia volta ao seu corpo obeso, e longos fios de cabelo faziam cosquinhas nas bochechas dela, até na parte ralada.

Então Melina viu branco, sim, tudo completamente branco em meio a tanta escuridão. Ela queria dizer um monte de coisas, mas a sua boca se manteve fechada. Será um anjo?, se perguntara abrindo e fechando os olhos embobalhada, ainda que não conseguisse enxergar a face do indivíduo.

Que triste não poder vê-lo, foi o último que passou pela cabeça de Melina antes de cair desmaiada nos braços daquele estranho. Ela queria pelo menos ver ao anjo que a levaria para o céu, ou a empurraria diretamente ao abismo do inferno.

Mal sabendo ela que esse desconhecido a levaria para ambos lugares ao mesmo tempo. Fazendo que Melina provasse a doçura do paraíso e o amargo do inferno.


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