Regnum Viperarum - Interativa escrita por Lu au Andromedus


Capítulo 3
Capítulo 2 - A Monarquia da Alemanha


Notas iniciais do capítulo

Helloo!! Como vocês estão? Depois de quase três semanas voltei. Desculpem pela demora, a culpa é toda das olimpíadas que me fizeram ficar plantada em frente a TV. Mas elas já acabaram então aqui estou eu!!

O príncipe retratado nesse capítulo é o Dominik. Espero que gostem dele e lhe mandem fichas, assim como para os outros. Postei no site da fic fotos do castelo real, então caso queiram ver e só entrar na aba blog.

Boa leitura!!



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Capítulo 2

A Monarquia da Alemanha

 

Com a ponta de um lápis e uma folha de papel, Dominik compunha um mundo. Árvores imponentes, lagos cristalinos e um belo cervo, suas galhadas tão grandes que ultrapassagem os limites do papel, aparecendo em frente e seus olhos como mágica.

Sempre preferiu desenhar paisagens e animais a pessoas. Era complicado demais capturar todas as nuances e expressões de alguém, e Dominik conhecia pouquíssimas as quais valesse a pena o esforço de tentar.

Porém era teimoso, e às vezes se cansava de desenhar flores e nuvens. Escolhia então um funcionário do castelo para servir de seu modelo, uma página em branco do seu caderno e um pedaço de carvão. Entretanto, mais de uma hora depois tinha a sua frente algo do qual não se orgulhava e que certamente não o satisfazia. Nunca o satisfazia, e ao mesmo tempo que crescia a pilha de papeis amassados no chão de seu quarto, crescia também sua frustração e sua decepção consigo mesmo.

Dominik tinha sua cota de decepções, acumuladas ao longo de vários anos esperando muito dos outros e de si próprio. Talvez fosse mais fácil simplesmente não esperar por nada e se conformar com o que viesse, se não fosse o fato de esse parecia um jeito muito cinza de se viver.

Riu para si mesmo. Sempre achara estranho a associação de cinza com algo sem graça. Essa era uma de suas cores favoritas, muito mais querida por ele do que aquelas consideradas mais vivas. Isso não significava, porém, que não apreciasse o marrom do chão de terra sob seus pés, o verde esmeralda das árvores a sua volta ou os tons de rosa, laranja e amarelo, característicos do pôr-do-sol, que tingiam o céu acima de si. O pôr-do-sol era normalmente muito belo naquela parte da Alemanha, mas daquela vez, vê-lo só serviu para fazer seu coração dar um pulo. Juntou rapidamente suas coisas, praguejando por ter perdido a hora, e correu.

A trilha que costumava pegar todos os dias pareceu a Dominik estranhamente comprida, mesmo que o chão passasse veloz sob seus pés, mas lentamente, bem lentamente, a silhueta do castelo Hohenzollern, no cume de uma montanha de 800 metros, crescia. Uma águia voou pelas torres de pedra, e Dominik desejou com todas as suas forças ser ela. Assim não chegaria atrasado em casa, mas mais do que isso, poderia fugir de sua vida e de sua casa, nem que só por algumas horas, e ir para qualquer lugar. Bastava bater as asas. Suas idas diárias ao boque denso que cercava o castelo não contavam. Ele simplesmente não era longe o suficiente. Porém era um lugar tranquilo para desenhar e, o melhor de tudo, no qual sua mãe permitia que fosse, com a condição que voltasse ao pôr-do-sol.

Adentrou o portão principal, dirigiu um leve aceno de cabeça para os guardas, e subiu a extensa passagem circular que levava ao pátio do castelo. Encontrou Viktoria no Salão da Rainha, ou, como era mais conhecido, Salão Azul, devido a essa cor estar presente no veludo dos estofados. Ela segurava uma xícara de chá, seus olhos castanhos enevoados, sua mente perdida em pensamentos.

— Mãe? – Dominik sussurrou, se posicionando de frente para ela. Viktoria soltou um arquejo e puxou o filho para um abraço.

— Dominik. Você voltou. Você voltou para mim. Por um momento achei que tinha me deixado.

— Eu nunca a deixaria, mãe – sussurrou Dominik, abraçando o corpo magro de Viktoria e passando as mãos por suas costas cobertas por camadas de tecido preto.

— Está mentindo. Todos eles me deixam. Mais cedo ou mais tarde – Viktoria se separou dele e se deixou cair no sofá, os ombros caídos, o rosto contorcido em uma expressão de dor. Dominik seguiu a direção de seu olhar, que recaía nas pinturas penduradas nas paredes do Salão Azul. A primeira era do casal real no dia de sua coroação. Os dois de braços dados e coroas pousadas nos cabelos. A segunda de um garoto com não mais de seis anos, cabelos castanhos na altura dos ombros e um pequeno sorriso nos lábios. O primeiro filho de Viktoria a nascer, e também o primeiro a morrer. Tinha imunidade baixa, e uma simples gripe o levou.  

As duas pinturas seguintes retratavam meninas, dez e sete anos, que morreram exatamente no mesmo dia, afogadas na praia da casa de verão da família real. A terceira, um bebê nos braços de Viktoria, que morreu antes mesmo de completar um ano. E entre esses filhos retratados em pinturas, havia ainda uma série de outros que nem mesmo chegaram a nascer, vítimas de abortos que por mais cuidadosa que Viktoria fosse, não conseguia evitar.

Dominik nasceu quando ninguém mais tinha esperança de que o herdeiro do trono alemão fosse descendente direto do casal real. Afinal, sua mãe engravidou dele com 46 anos de um homem de 50. Qual era a probabilidade de um filho dessa união sobreviver? Mas meses depois Viktoria tinha em seus braços um bebê de olhos azuis e cabelos escuros não só vivo, como aparentemente saudável.  

A possibilidade de Dominik vir a falecer, porém, nunca abandonou sua mãe, por isso o garoto cresceu cercado de medidas de segurança. Podia contar em uma mão as vezes em que visitou a capital da Alemanha, Berlim, e as que chegou ao menos a sair das imediações do palácio não passavam de cinquenta.

Dominik odiava isso, mas vendo a dor nos olhos da mãe enquanto encarava seus filhos falecidos, não podia ser egoísta o suficiente para afirmar que não entendia.  

— Aí está você, Dominik - Rei Heinrich entrou no Salão Azul, um sorriso brincalhão em seus lábios, como se a vida fosse uma constante piada. Rugas surgiam ao redor de seus olhos que, como os do filho, eram azuis. Praticamente a única coisa que tinham em comum, isso e os cabelos pretos.

— Pois não, pai? – perguntou Dominik, com formalidade.

— Alguns nobres virão nos visitar amanhã e nós dois iremos sair para caçar com eles – falou Heinrich, com seu costumeiro tom bem-humorado.  

— Eu detesto caçar – E sinceramente se sentia feliz por isso. Achar prazeroso matar alguma coisa parecia a Dominik algo extremamente sádico.

— Como assim você detesta caçar? Caçar é divertido! Caminhar pela floresta em boa companhia, atirar com armas.... Além de que agradaria os nobres, e, bom, as vezes temos que fazer coisas que não gostamos em função de outras pessoas.

— Você acha que eu não sei disso? Eu vivo fazendo isso – retrucou Dominik. Por que o pai teimava em trata-lo como criança?

— Não o force, Heinrich – murmurou Viktoria, aflita – Caçadas são perigosas, você sabe que são. É melhor que Dominik fique aqui no castelo. É mais seguro assim.

— Você não pode priva-lo de tudo – falou Heinrich com rispidez – Acidentes podem acontecer em qualquer lugar. Quem garante que o teto não vai desabar nesse momento e esmagar a todos nós?

Viktoria soltou um grito, o som reverberando no ambiente e assustando tanto Dominik quanto Heinrich.

— Seu insensível! Perdemos quatro filhos! Como pode tratar a morte de mais um com tanta leviandade?

— Eu não estou tratando com leviandade – Heinrich levou as duas mãos acima da cabeça - É impossível conversar com você, nem sei porque ainda tento.

— Você chama isso de tentar? – Viktoria caiu no choro. A visão de seu corpo tremendo devido aos soluços era aterradora. Ela parecia extremamente frágil, como se fosse se dissolver e ser levada pelo vento a qualquer momento.

Dominik pousou as mãos nos ouvidos e antes que pudesse se controlar, também estava gritando.

— Parem de brigar! – sentiu as lágrimas se acumulando em seus olhos e saiu correndo do Salão Azul antes que elas chegassem a cair. Ouviu a voz da mãe o chamando, mas a ignorou. Continuou correndo, bateu a porta do quarto e se deixou cair em sua cama.

Tocou a testa com a ponta dos dedos, sentindo a textura do piercing em sua sobrancelha esquerda, e sorriu levemente diante de seu pequeno sinal de rebeldia, algo que fizera simplesmente porque quis. Seus pais não haviam gostado, mas a menos que arrancassem eles mesmos o piercing da sobrancelha de Dominik, ele não o tiraria.

Vento congelante de final de outono escapava da janela aberta do quarto, mas Dominik não estava com disposição nenhuma para se levantar e fecha-la. Invés disso, puxou a coberta por sobre a cabeça e fechou os olhos.

Acordou com um insistente raio de sol batendo em seu rosto. Pegou o relógio e mirou os ponteiros. Sete horas da manhã. Dominik se arrastou até o banheiro, tomou um banho e vestiu uma calça jeans e uma blusa de moletom preta. Não via qual era a necessidade de usar terno sendo que os nobres nem ao menos haviam chegado ainda. Colocou o caderno de desenhos embaixo do braço e desceu as escadas para o primeiro andar. Não foi para a Sala de Jantar e sim direto para a cozinha, onde pegou um pão recheado com coco, que foi comendo enquanto se dirigia ao bosque. Talvez não fosse muito saudável passar tanto tempo sozinho na companhia de árvores e terra, porém era algo que gostava de fazer e realmente não se sentia muito tentado a parar. O caminho lhe era tão familiar que poderia fazê-lo de olhos fechados. Logo escolhia uma pedra alta para se sentar, abria seu caderno e continuava o desenho do dia anterior.

Galhos quebrando atrás de si fizeram Dominik erguer de súbito a cabeça. Claro, podia não ser nada. O bosque era morada de vários animais, mas ainda assim sentiu seu coração acelerar. Circundou a área cuidadosamente, até parar na beira de uma pequena clareira. No centro dela, em posição fetal, havia uma moça. Suas roupas estavam rasgadas e seu corpo sujo, mas não foi isso que alarmou Dominik. Os braços e o rosto dela estavam cobertos de feridas enegrecidas, saía sangue de seus olhos e faltava um pedaço de seu nariz. Dominik nunca havia visto um antes, mas sabia muito bem reconhecer os sinais de um infectado pelo vírus. A moça levantou os olhos e ele percebeu, com pavor, que ela o havia notado.

— Por favor, me ajude. Por favor.... – a moça sussurrou.

Ajudar. Ajudar como? Dominik não poderia fazer nada por ela, não poderia nem ao menos se aproximar, de forma que a próxima coisa que fez não foi a mais nobre ou a mais corajosa. Dominik fugiu. Imprimindo toda a sua força nas pernas, tentava se distanciar da infectada, que naquele momento, estava em seu encalço.  


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Notas finais do capítulo

E então? Me digam o que acharam do sensível Dominik, que, convenhamos, é muuuito diferente do Caius. E por favor gente, mandem fichas!! Vou tratar bem suas personagens, prometo. Bjoos e até os comentários.



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