Regnum Viperarum - Interativa escrita por Lu au Andromedus


Capítulo 2
Capítulo 1 - Os Leões da Inglaterra


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente!! Voltei com o primeiro capítulo. Não demorei muito, demorei?
Bom, o primeiro príncipe a ser apresentado é o Caius, da Inglaterra. Ele é um personagem complicado, mas espero que gostem dele tanto quanto eu gosto. Mas antes de começar o capítulo propriamente dito queria esclarecer algumas coisas sobre a fic que esqueci de falar no capítulo anterior (sorry).

O ano em que a história se passa é 2528 e a Terceira Guerra Mundial acabou a 28 anos. As seleções ocorrerão de forma separada, cada príncipe e suas selecionadas em seu próprio castelo.
E fiz outra postagem no site da história. Nela estão algumas fotos do castelo inglês, onde se passará a seleção inglesa. Deem uma olhada lá.

Acho que é isso. Sem mais delongas, boa leitura!!



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Capítulo 1

Os Leões da Inglaterra

 

Caius percorreu a superfície dura do crânio do leão com a ponta dos dedos. O animal símbolo da família Augustus estava retratado na sala em uma ossada completa com quase dois metros de altura, uma pálida sombra de como deveria ser quando ainda era vivo, capaz de matar um homem com um único movimento de suas garras. Caius adoraria ter um leão. Poderia ferir todos aqueles que o esnobaram, que o olharam com superioridade apenas por não ser tão bonito ou musculoso quanto seu irmão mais velho costumava ser, antes dos gêmeos Devereaux esmagarem sua cabeça contra o chão. Mas infelizmente nunca teria permissão para ter tal animal, e se havia uma coisa que aprendera era que não valia a pena perder tempo com sonhos que nunca se tornariam realidade.

— No que você está pensando? – perguntou Lisanne, seus cabelos castanhos balançando atrás dela em uma série de tranças, o que lhe conferia um ar quase selvagem. No entanto, os traços infantis de seu rosto quebravam essa impressão e a faziam parecer nada mais que uma menina que decidira brincar de ser perigosa. Caius podia imaginar o quanto ela odiava isso. 

— No quão divertida essa noite está sendo– respondeu ele.

A garota levantou as sobrancelhas, com descrença.

— Sério?

— É claro que não. Achei que me conhecesse melhor do que isso – Era a comemoração de seu aniversário de dezenove anos, e considerando isso, Caius deveria estar bem mais feliz do que realmente estava. Porém se encontrava em meio a uma festa com pessoas que em sua maioria ele não gostava, em um castelo que ele mal conhecia e vendo seu pai dar mais atenção a seus lanceiros do que a ele. Lucius tinha o hábito de adotar como protegidos jovens que achava que trariam mais prestígio para os Augustus, convidando-os a morar com ele e conquistar honras em seu nome. Os filhos que ele sempre quis, mas nunca teve.

Caius não era amigo de nenhum deles. Como poderia ser se seu pai o havia isolado no sul da Inglaterra pois, de acordo com ele, isso preveniria ataques que poderiam vir a destruir todo o futuro da linhagem Augustus? Se bem que Caius duvidasse que Lucius ao menos se importasse de viver longe do filho.

Voltara para o castelo real a menos de um mês e só porque teria uma seleção. Se Lucius abriria algum castelo da Inglaterra para receber 20 garotas, jornalistas e câmeras, que fosse o maior e mais impotente deles. Que seja. Caius não se importava com os motivos, só estava feliz por estar de novo em casa.    

— O que seu pai te deu por hoje ser seu aniversário? – perguntou Lisanne, tirando-o de seus devaneios.

— Um cavalo –murmurou Caius, com desgosto. Ele não gostava de cavalgar. O balanço constante do animal o irritava, sem contar o quanto suas pernas ficavam doloridas se passava muito tempo sentado na sela.

Caius voltou os olhos para seu pai e suspirou. Era impressionante o quão mal ele conhecia o próprio filho, mas não surpreendente. Afinal, Lucius o mandara embora. O mandara para o monte de rochas e grama que era o sul da Inglaterra e quando finalmente voltou para casa, depois de anos longe, ele o olhara com desapontamento por não ter se tornado o que Licenus foi um dia. Seu irmão mais velho era não mais que ossos repousando sob o solo, mas Caius ainda sentia estar vivendo a sua sombra.

Uma careta se formou em seu rosto ao pensar em como Licenus estava na última vez que o vira, o crânio completamente despedaçado e o rosto desfigurado e coberto de sangue. Não o tinha visto morrer, mas sabia muito bem como acontecera. Licenus confrontou o príncipe Adrius Devereaux porque aparentemente eles estavam flertando com a mesma garota, ou ela estava flertando com ambos. A diplomacia falhou e eles estraram numa briga. Julian Devereaux interferiu em favor do irmão gêmeo e juntos mataram Licenus, batendo sua cabeça várias vezes contra o chão até que... bom... ela se despedaçou. Uma morte dura.

— Um cavalo? Mais que idiota – comentou Lisanne.

O príncipe examinou o rosto dela e soltou outro suspiro. A garota o conhecia melhor que seu pai. Esticou seu braço para ela segura-lo e, juntos, iniciaram uma lenta caminhada até o estrado real. Vários pescoços se viravam para vê-los passar, curiosos por se tratar do príncipe que passou tanto tempo fora de casa e sobre a qual nada sabiam. Como será que ele é? Caius quase podia ouvir os convidados indagando. Alguém gentil? Alguém cruel? Teve uma boa educação? Está preparado para ser rei? E talvez a mais frequente de todas: qual é sua relação com a garota cujo braço está enroscado no dele? 

Deixaria todos na curiosidade. Não lhes devia respostas e não as daria, apesar de achar um pouco cômica a desconfiança que sentiam quando se tratava de Lisanne. Caius gostava dela. Considerava-a uma boa amiga e ela sabia ser bem divertida quando queria, mas certamente não a amava e também não confiava nela, pelo menos não plenamente. Não confiava em ninguém plenamente.

Andar com Lisanne ainda tinha outros benefícios, já que ajudava a espantar garotas que estavam atrás de si apenas por interesse, mirando a coroa, o prestígio e o poder que ganhariam caso se casassem com ele. Caius gostava, e muito, de garotas, mas não estava a fim de ser usado essa noite, como em muitas outras ele foi e como certamente em muitas ainda haveria de ser. Essa era sua vida, porém. Ele usava as pessoas, elas o usavam, ele as usava, elas o usavam. Um ciclo longo, vicioso e aparentemente ininterrupto.

A cadeira a direita de Lucius estava ocupada. Leto se sentava despreocupadamente nela, conversando em voz baixa com o rei. Ele era o lanceiro favorito de Lucius e também um dos mais antigos. Isso, porém, não lhe dava o direito de ocupar o lugar na mesa destinado ao herdeiro. Caius trincou o maxilar em fúria, mas não lhe dirigiu nenhuma palavra. Invés disso abriu um sorriso radiante e parou na frente do pai. 

— Olá pai. Quanto tempo, hein?

Lucius olhou para o filho com frieza. Seu rosto era severo, indiferente, cheio de poder. Seus cabelos brilhavam, penteados para trás. Nem um traço de sorriso em seus lábios finos.

— Nos vimos hoje no café da manhã.

— Eu o vi, mas não tinha certeza que você tinha me visto – falou Caius, com naturalidade - Estava tão concentrado no seu relatório, ou seja lá o que fosse aquele papel.

— Tenho deveres como rei. Assim como você tem como príncipe. E esses deveres incluem ir falar com seus convidados.

Caius riu, covinhas se formando em suas bochechas.

— Você está assim tão ansioso para se livrar de mim?

As narinas de Lucius se dilataram. Ele estava impaciente, o que não era grande surpresa. Nunca tivera muita paciência com Caius.

— Quem é aquela garota com a qual estava conversando? – perguntou Leto, apontando Lisanne com o dedo e se intrometendo na conversa. Isso não pareceu incomodar Lucius, porém.

Caius virou a cabeça e deu um sorrisinho. Lisanne estava a alguns metros de distância atrás dele, observando-o com curiosidade.

— Lisanne Fawcett. Eu a trouxe comigo quando vim para cá.

— Fawcett? – disse Lucius – Nunca ouvi falar.

— Bom, não sabia que você não tinha a pretensão de conhecer todas as famílias da Inglaterra, pai.

— Todas as importantes sim.

Caius o ignorou. A origem de Lisanne não era da conta dele e certamente se exposta não contaria pontos para a garota. Leto olhava para Caius com curiosidade e os dois se encararam por alguns segundos, os olhos negros do príncipe se tornando tão duros quanto ônix. Ele era alto, 1,80 de altura, mas o lanceiro o passava em mais de 15 centímetros. Seus braços eram tão grossos quanto troncos e em sua camisa estavam presas uma série de medalhas conquistadas em competições de luta e esgrima. Caius podia ver porque o pai gostava dele, sentimento que não compartilhava.

— Acabei de me lembrar que ainda não te perguntei sobre como foi passar todos esses anos na companhia do meu pai, não tendo que vê-lo ... bem… nunca e ainda podendo usufruir de um castelo tão majestoso quando esse – disse Caius, o rosto completamente impassível, o tom de voz tão neutro que era como se estivesse comentando o quão delicioso estava o jantar. 

— Você está sendo infantil – censurou Lucius – Nós somos leões, e leões não imploram por atenção, não imploram por um castelo grande. Eles conquistam. Você teve a oportunidade de reger em tenra idade um castelo no sul da Inglaterra, e se tivesse feito isso bem, poderia tê-lo tornado tão majestoso quanto esse. Te dei a oportunidade de crescer, de aprender a governar. Invés disso, você volta para casa ressentido por não ter ganhado tudo na mão. Lembre-se do lema de nossa família Caius. Hic Sunt Leones. Aqui somos leões.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Correspondeu as expectativas de vocês?
A situação entre França e Inglaterra, que já não é boa, está beeem tensa. Os gêmeos franceses mataram o herdeiro inglês por causa de uma mulher.

Não posso deixar de agradecer as fichas que já recebi. Muuuuito obrigada por elas!! E podem mandar lanceiros da família Augustus também, ok? O único limite é sua imaginação.



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