Crônicas das terras arrasadas: O sentimento algoz escrita por Abistrato


Capítulo 10
Capítulo 10 - Jennifer Wagen




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Capítulo 10 – Jennifer Wagen

 

Depois de algumas horas na estrada esburacada e rachada eu percebi que os prantos masculinos do chorão na caçamba já haviam cessado enquanto andávamos aos pulos em uma planície com uma pequena e leve declividade. Como não havia mais nenhum carro na via e nenhuma curva até onde meu olho alcançava eu decidi começar o treinamento “antibanana” do Dimitri. Parando a Woman O’War digo:

— Desce do carro!

— O quê? Você não vai me deixar aqui!... Né? — Eu senti medo em suas palavras.

— Não, só desce! — Ele desceu e eu me contorcionei para ir para a caçamba.

— Tá e agora? — Ele dizia já irritado.

— Empurra...

— A caminhonete? — Deus, ele devia ser burro...

— Não, o asfalto, sua anta, claro que é a caminhonete!

— Mas por quê?

— Pra pagar seus pecados.

— Por que ser expulso de casa não foi punição o suficiente pra você?

— Isso é problema seu com seu pai, agora você está pagando pra mim!

— Que que eu te fiz?

— Tentou me embebedar pra fazer o que quiser comigo.

Ele irritado, mas quieto, começa a empurrar até que a própria declividade leva a caminhonete aos dez quilometros por hora, então o pseudo-russo começa a correr atrás da caminhonete.

O clima era sufocantemente quente me fazendo transpirar aos pingos mesmo usando apenas o meu shorts e minha regata. A única coisa refrescante eram as brisas que moviam as folhas secas da grama pardacenta em pequenos redemoinhos que às vezes invadiam a estrada irritando meus olhos. Para evitar esse desconforto eu olhava para a paisagem amarelo amarronzada percebendo o crescente número de animais e crateras indicando que estávamos chegando em alguma grande cidade abandonada cuja silhueta fantasmagórica parecia pequena no horizonte.

Essas cidades são tão perigosas como labirintos repletos de armadilhas, mas essa que iríamos atravessar era especialmente perigosa, pois era a última fronteira que o Império não havia conquistado. Aliás, nem a natureza parecia a haver conquistado, pois nada sobrevivia no escuro dos prédios tombados nem nos quilômetros e quilômetros de asfalto, mas um olhar mais atento na escuridão revelava ninhos e mais ninhos dos animais mais letais das terras arrasadas cujos nomes não eram ensinados nem para os caçadores. Sendo assim, nós deveríamos passar pelas entranhas desse monstro de concreto o mais rápido possível e sob um risco mortal de ser atacados por sabe lá o que more lá.

Dimitri, apesar de ter um tamanho respeitável, não duraria mais do que alguns minutos perdido naquele lugar especialmente olhando para baixo como ele estava enquanto corria. Ele ainda parecia desolado com sua expulsão de casa e eu entendia que não tinha nada a ver com a casa em si, mas com seus familiares e eu, apesar de não simpatizar com ele, sem querer, fiquei tocada.

— Agora, me conta aquela história do Golem, do como sua mãe morreu. ­— Jennifer: sensibilidade: ZERO!

— Como se eu fosse te contar depois de você ter me feito ser expulso de casa!

— Você fala como se a culpa fosse minha — ironizei.

— Mas é claro que é! Se você não tivesse atirado naqueles bêbados eu não estaria aqui sem nunca mais poder ver minha irmã!

— Talvez você não deveria sair embebedando qualquer mulher que você vê pela frente, especialmente as mal-encaradas e bem armadas, seu imbecil!

— Você realmente quer saber? — ele respondeu baixo.

— Quero.

— Tudo começou quando eu tinha três anos — Dimitri começou sua história parando entre uma respiração e outra —, e meus pais queriam se mudar da nossa cidade natal bem ao sul para a fronteira com o norte na esperança de uma clientela melhor, então puseram tudo de precioso num carro e fomos para o norte. No final do caminho, na mesma estrada que você veio até a parada de caminhão havia uma armadilha Draug: uma grossa corrente esperava por nós. Minha mãe foi a primeira a ver e, enquanto meu pai tentava frear, ela pulou me proteger no banco de trás. O carro capotou e quando me dei por conta estava sob minha mãe que gritava por socorro para me tirarem de baixo dela por que não aguentaria o peso do bloco do motor em suas costas por muito tempo. Eu podia ver o desespero na cara dela da mesma forma que podia ver o Golem e seus Draugs. O Golem podia ter tirado o bloco do motor de cima dela, mas preferiu mandar uma loira me tirar da carcaça do carro enquanto ele tirou o meu pai. Eu ouvi minha mãe ceder ao peso numa pancada seca ao chão. Depois de saquearem tudo, inclusive as partes do carro, nos abandonaram em meio na estrada onde eu e meu pai enterramos minha mãe. Depois, caminhamos até onde hoje é a parada de caminhão, mas na época só havia um posto de abastecimento. Logo, meu pai arrumou um trabalho, casou-se com a mãe da Patty e construiu o bar.

— Meus pêsames... — Apesar da história dele não ser tão trágica quanto a minha eu me senti um pouco comovida, bem pouco. — Bem, seu pai parece bem dedicado, deveria seguir o exemplo dele... Por isso, vamos começar o seu treinamento para poder sobreviver a andar comigo agora mesmo!

— Quem disse que eu quero andar com você? Não dá pra só me deixar na cidade mais próxima? — disse Dimitri sendo abusado demais pro meu gosto.

— Eu posso te deixar aqui se você quiser. Ou talvez você queira ficar numa cidade sem um puto no bolso, sem teto, nem arma pra se defender e tendo que trabalhar braçalmente por horas ou você pode tentar a sorte naquela enorme ruína ali na frente, que tal?

— Nós vamos passar por lá?

— Vamos tentar, talvez vamos ficar por lá se os animais que habitam forem mais rápido do que a Woman O’War.

— Não dá pra simplesmente dar a volta?

— Não dá pra simplesmente deixar de ser burro moleque?! Essa é a maldita ruína que divide o sul do norte! Ela vai desde o mar até a puta que pariu! Então não! Não dá pra dar a volta!

— Não dá pra você me emprestar nada?

— Como se um dia você fosse devolver... — funguei.

— Tá bom, então eu sou o seu empregado agora? Por acaso posso saber como você pretende me pagar? — Fiquei irritada com o sarcasmo dele.

— Não, você é meu escudeiro, e eu te pago deixando você vivo, que tal?

— Você tem argumentos realmente convincentes.

— Perfeito! Vamos começar, olha você sabe o que são essas? — Mostrei duas balas diferentes uma em cada mão.

— São... Duas... Balas... — Começou a ficar cansado.

— Já tá cansado? Você treinou todos os seus músculos menos o mais importante? Que vergonha... Tá mais que são duas balas eu já sei, fala mais...

— Nós não... devíamos... alongar antes?

— Aahh! Claro! Eu quero ver quanto tempo um gauga te dá pra alongar antes de te matar.

— Tá... eu... não... sei... a diferença.

— Bem, se você quiser andar comigo, vai ter que saber. Essa pequena aqui é uma nove milimetros e essa grandona é uma ponto-cinquenta. Uma é feita pra matar pessoas com as quais não vale muito gastar munição, tipo você assim, e a outra é pra derrubar coisas que valham a pena tipo helicópiteros, carros, caminhões e bons soldados — Eu joguei a bala menor para ele que a pega no ar e guarda no bolso, depois pego a calibre 50 e dou um disparo pra o alto fazendo Dimitri pular — Assustou? Cadê sua coragem? Vai deixar uma dama em perigo e fugir se ouvir barulho de tiro?

— Não...

— Meu Deus... é mais provável que você seja a dama em perigo — sussurrei para mim mesma com a mão no rosto de vergonha — Eu não ouvi! — Eu me sinto um daqueles sargentos que treina os novatos o que me deixa feliz e com vergonha alheia ao mesmo tempo.

— NÃO! — Ele disse tão alto quanto esbaforido. Eu disparo mais uma vez e, novamente, ele pula.

— Num combate de verdade vão atirar na sua direção. Só pra constar. Então... vai fugir?

— Não!

— Esse é o meu garoto!

— Por... que... isso?

— Pra ver se eu não te mato do coração e por que tá sobrando munição dela. — Mentira eu só estava achando engraçado mesmo.

— Bem... pelo menos... não é... uma vinte e dois... — A declividade acabou e a Woman O’War desacelera até parar. Deus, não... se você não sabe do que tá falando por que fala?

— Vem aqui... — Ele se aproximou de mim só para leva um soco na cara.

— Por quê? — ele disse com o nariz sangrando.

— Nunca mais fale mal de uma vinte e dois! Minha primeira arma foi uma vinte e dois! — Eu segurei ele seu maxilar pelado e suado — Quer sabe uma coisa? Se você consegue acertar seu alvo qualquer calibre serve, só que uma vinte e dois é menor e não faz tanto barrulho! — Eu dou dois tapinhas no rosto dele, sentei-me espriguiçando na caçamba e disse — Pode empurrar.

— Mais?

— Se tiver fácil eu puxo o freio de mão — Ele decidiu que estava bom.

Enquanto eu lia as revistas de sacanagem do Gabriel, Dimitri empurrou a Woman O’War por mais uma hora, então cansei de ficar reclamando da cor rosada das outras mulheres e decidi dar um incentivo para o russinho meia-boca fazando flexões, abdominais, agaixamentos, levantamento de mochila e yoga (mal-feita, claro!) tudo acompanhado a água batizada com a proteína milagrosa do finado senhor Jonhson.

...________...

Depois de mais duas horas Dimitri estava prestes a sofrer um ataque então falei para ele parar, joguei a camiseta para ele enxugar o suor antes de subir na caçamba e peguei duas rações no baú.

— Ei! Você não vai comer minha comida, não!

— Mas você pegou duas!

— E daí? Eu vo comer as duas — Claro que não...

— Então o que eu como?

— Não sei! Se vira! Eu vi uma manada de ratos-porcos a uns 150 metros pra trás, vai lá e vê se pega um! — e Dimitri, com sua cara de bosta cansada, foi.

Para ver o show eu peguei Herrenvolk agora com sua mais nova peça de roupa: uma mira telescópica vinte vezes que a deixava linda e eu cheia de orgulho. Claro que eu esqueço que ainda não tirei o plástico que Frenzy pôs na minha cara, mas, depois desse detalhe ser resolvido, assisto de camarote, através da mira, Dimitri se aproximando com um pedaço de pau. Bem... pelo menos ele não vai tentar ir no mano a mano. Será que ele decidiu usar o cérebro? Ele se agaixou para não ser visto, ele deve estar fazendo isso só para me impressionar, mas até agora tá fazendo certo. Dimitri deita no chão e usando a grama mais alta para se camuflar até chegar perto de um dos individuos. Beleza, moleque, tá indo bem... E ele levanta gritando e dá uma paulada na cabeça do alvo que desmaia. E... Fez merda.

Enquanto Dimitri corria de uns 50 ratos-porcos com um deles inconsciente no ombro eu me matava de tanto rir. Depois de uns duzentos metros o tal alvo acordou, mas foi arremessado no meio da manada e agora Dimitri corria mais rapidamente. Quando estava perto da caminhonete eu entrei na cabine e acelerei o fazendo correr dos animais por mais uns quinze minutos. Ele gritava e xingava desesperado até que o deixei pular dentro da caçamba.

— Primeira lição do dia: nunca deixe os ratos-porco perceberem que você está em desvantagem numérica. — Eu disse brincando.

— Mas você não me deu nenhuma arma, não tinha como... Pera... Você sabia que eu não ia conseguir e ia me ferrar!

— Sim, eu sabia — Estendi a ração que eu não tinha aberto — Mas quase achei que você ia conseguir — Ele pegou e começou a comer rápido — Tem água no bau. Na próxima eu te dou uma arma, mas só pra falar... se fossem gaugas eles teriam te pego.

— Foda-se – Ele deitou na caçamba, exausto.

— Olha como fala comigo, moleque.

Seguimos viagem.

...__________...

Quando se passam mais de três horas de viagem nós entramos em na cidade destruída. Andando por dentro das ruínas eu, preocupada, tive de diminuir a velocidade para desviar de pedaços de prédios, viadutos e carcaças de carros. Era realmente tão medonho quanto as histórias contavam, as sombras dos prédios colapsados deixava o ambiente escuro e, se o clima na estrada era insuportavelmente quente, aqui era simplesmente infernal, pois não tinha vento algum. Ter de andar devagar com a sensação de ser observada por todos os lados e em todos os buracos era ainda mais apavorante. Eis que ouvimos gritos de mulher. Dimitri logo se afobou botando o rosto para dentro da cabine.

— Ei, nós não vamos ajudar?

— Não.

— Tem uma pessoa em perigo!

— Se nós formos pra lá terão três, moleque! Por que você ficou corajoso e altruísta de repente?

— Por que alguém me disse pra deixa de ser um bosta e salvar a dama em perigo!

— Usando minhas palavras contra mim... Eu tinha esquecido que você é algum tipo de especialista em comunicação... Tá bom... Mas você vai fazer isso sozinho, espertalhão.

— Beleza — Vai dar merda...

Eu segui o som dos pedidos de socorro até a uma rua cheia de carcaça de carro e cercado de pequenos prédios, muito menores do que aqueles que havia na última cidade em que passei. Aqui provavelmente deve ter sido um bairro residêncial, mas agora as faxadas de dois prédios vizinhos em lados opostos da rua estavam no chão mostrando aquilo que um dia foram quartos e salas. Vejo uma escada que entra para o chão na calçada logo a frente de um desses prédios, eram provavelmente a entrada para os túneis do metro cujo meu conhecimento de exploradora me dizia que se espalhavam por baixo das ruínas.

A fonte de toda essa situação era uma mulher uns dez ou quinze anos mais velha do que eu vestida com várias roupas em frangalhos de tão sujas e rasgadas. Ela estava um pouco mais de 120 metros de onde a minha caminhonete havia sido impedida de continuar devido a três carcaças bloqueando a via. O estorvo em perigo percebendo que iriamos ajudá-la começou a gritar e balançar a mão de uma forma tão chamativa quanto um sinalizador no escuro. Eu fico preocupada com toda a imprudência dessa mulher, então antes de Dimitri descer para ajudá-la entrego-o “Come Quieta” e digo para tomar cuidado com a arma usando aquele jeitinho delicado que me é peculiar enquanto seguro seu colarinho.

Saio para a caçamba com Herrenvolk para supervisionar o meu discípulo em seu ato de heroísmo. A mulher estava sentada no chão sobre uma das pernas e encostada numa carcaça com uma mão segurando a outra perna que permanecia esticada. A perna deve estar quebrada, mas como ela quebrou aqui? Será que ela pulou pela fachada exposta de um dos dois prédios e se arrastou até o meio da via? Não... Ninguém é tão burro assim... Talvez foi assaltada, mas se bateram nela onde estão os vergões e machucados? Fugindo de animais? Mas ela já teria sido devorada a essa altura. Aliás, onde estão todos os animais medonhos que deveriam estar por aqui?

Dimitri se aproxima enquanto eu começo a freneticamente olhar todos os detalhes presentes no ambiente. Acho que Will via as coisas assim quando andava comigo. Quando nos sentimos responsáveis por alguém tudo parece que pode dar errado e queremos garantir que não irá.

Ao se aproximar da mulher o “russinho” faz a coisa mais ignorante que eu podia imaginar: botar Come Quieta na calça para ajudá-la levantar. Isso me deixa possessa. Aprende uma coisa, não se bota a arma dos outro na calça, não é nojo, é questão de normas, outra pessoa vai botar a mão nela e eu não quero pegar no suor dos pentelhos dele nem pegar em algo que esteve perto do pau de alguém.

Volto minha atenção para muher que dá a mão. Eu estranho muito essa moça... Gritando mais alto quando sabe que será salva, uma perna quebrada sem motivo aparente em uma via bloqueada, entre dois prédios sem fachada perfeitamente opostos um ao outro... Merda!

— Dimitri! É uma armadilha! — Enquanto ele olhava para mim, a mulher sacou um pequeno revólver de trás da calça e diverços homens e mulheres armadas surgem nos prédios.

Dimitri pula quando a mão armada da “vítima” é arrancada de seu braço. Assustado com os gritos de desespero da mulher e o som do meu tiro, ele rapidamente se joga deitado encostado na carcaça dando tempo suficiente de se proteger dos tiros vindos do prédio à direita. Os homens do outro prédio que poderiam ferir meu discípulo decidem não disparar para não acertar a mulher que, de pé, gritava apenas olhando e segurando seu toco de braço, provavelmente indignada.

Sem pensar duas vezes eu disparei levando ao chão um a um os homens da esquerda antes que eles decidicem que a mulher não valia mais a pena. Dimitri, por favor, faça algo inteligente uma vez na sua vida! Percebendo que eu era o problema as armas se voltam para mim, decretando óbito ao meu parabrisa novo. Agora sem o peso dos tiros em sua direção, o russinho lerdo pega o revólver ainda preso na mão amputada e corre por sua vida se protegendo nas carcaças que encontrava.

O chumbo vindo em minha direção estava muito mais forte agora então tive que apelar para a calibre 50. Com apenas o barulho, boa parte dos atiradores se escondeu dentro dos prédios enquanto os cinco corajosos que decidiram ficar foram reduzidos a carne moida. Dimitri finalmente chegou na caminhonete.

— Pilota! — Eu mandei.

 Dimitri acelerou de ré e eu voltei para a cabine ao ver que não havia mais ninguém além da mulher que há essa hora já não nos representava muito perigo. Eu dou um tapa atrás da cabeça do infeliz:

— Ai! — Dimitri gritou.

— Viu! Eu falei que ia dar merda! Você queria morrer? Se mata sozinho! E agora tira minha arma da sua calça, sua anta! — Arranquei “Come Quieta” dele.

À medida que ele manobra a caminhonete nós ouvimos sons de vários motores. Droga! Estavam vindo atrás de nós com motos.

— Aqui toma, presente. — Ele me entregou o pequeno revólver e eu tenho que jogar a mão amputada fora antes que o sangue que pingava se espalhe pelo banco.

— Não, é seu. E você vai limpar a bosta desse sangue do meu banco depois! — Eu engatilhei Esperança e mirei para trás.

As motos de cores variadas devido aos remendos apareciam conforme o sol se põe no horizonte, todas com piloto e passageiro se movendo com uma agilidade tamanha que tornava meus tiros no mínimo cegos. Eram oito no total que se camuflavam no escuro conforme a luminosidade diminuia até a noite surgir. Depois que a luz nos deixou a batalha, que nos favorecia, tornou-seum pesadelo.

— Não as deixe ficar lado a lado conosco! — eu gritei

— Ok! — Dimitri respondeu.

Ele batia nas carcaças no caminho. O filho da puta tá acabando com a grade no para-choque, mas pelo menos assim ele conseguia dificultar o caminho das motos. Duas motos cairam, mas eles se levantaram logo depois. Da posição em que eu estava era dificil ver onde todas as motos estavam, então sai pela janela para ter uma visão mehor.

— Dimitri, tem um vindo do seu lado! — Ele pegou seu novo pequeno revólver e derruba o piloto.

Os tiros agora, para ambos os lados, não eram mais mirados, mas estimados uma vez que a única forma de descobrir a localização dos inimigos era através fleshes dos disparos. Como a Woman O’War era uma caminhonete a falta de movimentação devido ao nosso tamanho comparado aos das ruas da cidade nos botava agora em desvatagem.

— Merda eu não consigo enxergar! Dá um jeito de depistá-los Dimitri! — Eu voltei para dentro da cabine para recarregar

— Tipo o quê? Eles são muito mais rápidos! Você quer o quê? Que eu aprenda a voar!

— A única coisa voando aqui é chumbo, Dimitri! E na nossa direção! Então se precisar voar para nos tirar daqui, aprenda! E rápido!

— Humanos não tem asas! — Ele olhou para frente enquanto eu disparava pelo vão trazeiro — Quão desesperada você tá, Jenny?

— O que você vai... — Me virei para vê-lo jogar a Woman O’War dentro de uma das escadarias para o subsolo.

Dimitri estava errado, humanos não precisam de asas para voar, mas apenas de um para-brisa. Eu aprendi isso da pior forma.


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