Entrelinhas Ron e Hermione - Contradições escrita por Morgana Lisbeth


Capítulo 7
Ataque de Pássaros


Notas iniciais do capítulo


"Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata."

(Clarice Lispector)



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O ruivo acordou desanimado no dia do jogo e, durante o café da manhã no salão principal, foi saudado por uma exuberante e alegre Lilá. “Anime-se, Ron! Eu sei que você será brilhante”, disse a menina, mas o rapaz a ignorou.

Hermione chegou à sala a tempo de ver Lilá cumprimentando o amigo. Porém, ao perceber que ele se manteve indiferente à lourinha, ficou aliviada. Ela quase nunca se atrasava para o café, mas havia dormido mal e não conseguiu levantar cedo.

A causa para a insônia da garota era a preocupação com o ruivo. Ficara pensando no comportamento estranho de Ron, preocupada com o péssimo desempenho dele como goleiro no treino e com a possibilidade de fracassar no jogo, o que o tornaria mais inseguro e mal-humorado.

“Como vocês estão se sentindo?”, Hermione perguntou, com os olhos fixos na nuca de Ron, ao chegar à mesa na qual ele estava sentado com Harry.

Apenas Harry respondeu, dizendo que estavam bem, mas mal olhou para a garota. O rapaz concentrava-se em dar a Ron um copo de suco de abóbora. Imaginando que fosse Felix Felicis, Hermione falou com autoridade: “Não beba isso, Ron”!

Em seguida, a bruxa olhou para Harry e acusou o amigo de ter colocado algo na bebida. “Você ainda está com a garrafa em sua mão direita”, afirmou. As palavras dela, como sempre acontecia ultimamente, soaram como um insulto para Ron. “Pare de mandar em mim, Hermione”, respondeu o ruivo, bebendo logo o suco.

Ron acreditou que havia tomado a poção. Afinal, de alguma forma, a sorte pareceu sorrir para ele. Sentiu-se muito confiante e fez ótimas defesas. A vitória tão esperada pelo ruivo no quadribol, e que parecia distante, aconteceu.

Ainda incrédulo com o próprio desempenho, Ron estava no vestiário com o melhor amigo quando Hermione chegou. A menina, muito agitada, dessa vez foi ainda mais clara, recriminando Harry por ter colocado a poção da sorte no suco do ruivo. No mesmo momento, Harry tirou do bolso da jaqueta a garrafa ainda lacrada com o precioso líquido dourado e Mione ficou boquiaberta.

“Eu posso defender gols sem ajuda, Hermione”, disse Ron, olhando com desprezo para a menina e saindo do vestiário com a vassoura no ombro.

— Vamos para a festa, então? –um pouco sem graça, Harry fez o convite para a amiga.

— Você vai! – a garota já começava a chorar. - Eu estou cansada de Ron. Não sei o que é que eu fiz para ele passar a me tratar tão mal assim.

A inteligente bruxa também saiu tempestuosamente do vestiário e pesadas lágrimas começaram a cair pelo rosto dela. Mesmo se não queria participar da festa, teria que atravessar a sala comunal para chegar ao dormitório. Pensou em se refugiar na biblioteca, mas o que faria no meio de tantos livros aos prantos? Não achou uma boa ideia se esconder no banheiro. Corria o risco de ser flagrada mais uma vez pela Murta que Geme. Decidiu, então, caminhar um pouco mais pelos corredores, os mesmos corredores que, como monitora, percorrera tantas vezes na companhia de Ron. Enquanto andava, tentou acalmar um pouco o coração e refletir sobre os últimos acontecimentos.

Decepcionado com Hermione, Ron também fazia as suas reflexões. O rapaz sentia-se um idiota por ter pensado em pedir a amiga em namoro na Festa do Clube do Sluge. “Eu ia fazer um papel ridículo. Uma menina que conquistou um famoso jogador de quadribol e que tem uma inteligência tão brilhante jamais se interessaria por um cara como eu. As atitudes dela como as de agora, quando duvidou da minha capacidade e só acreditou que eu fiz excelentes defesas usando a poção da sorte, mostram isso. Tenho que esquecer de vez Mione e ficar com alguém que goste de mim assim como sou”, concluiu.

Logo o rapaz lembrou-se de Lilá Brown. Desde que encontrou a loura na Gemialidades Weasley, começou a desconfiar que a lourinha estava interessada nele. A reação ciumenta de Hermione naquela ocasião foi uma primeira confirmação. Na última semana, quando passou a tratar mal a amiga depois de saber que ela tinha beijado Krum, notou ainda mais Lilá que, desde o primeiro ano, era sua colega de classe.

Lilá tinha cabelos louros sedosos, cacheados nas pontas, um sorriso bonito e encantadores olhos verdes. Sempre usava brincos, pulseiras e alguma maquiagem e era considerava uma das mais belas alunas do sexto ano. Sem falar que era divertida. Apesar da garota possuir tantos atributos, Ron não havia se interessado por ela até o momento.

Com esses pensamentos, Ron chegou à festa de comemoração pela vitória no salão comunal da Grifinória. O goleiro foi aplaudido por todos os colegas. Alguém lhe ofereceu um copo de cerveja amanteigada, que bebeu num fôlego só. Pouco depois, Lilá se aproximou para cumprimentá-lo. O ruivo imaginou que receberia no máximo um abraço, mas, para a sua surpresa, a menina pulou em seu pescoço e o beijou na boca.

Ron, a princípio assustado, logo retribuiu ao beijo. Foi espontâneo para ele pensar: “Agora vou tirar Hermione da minha vida”.

Depois de dar algumas voltas a mais pelos corredores da escola, retardando ao máximo a sua chegada à torre da Grifinória, Hermione ultrapassou o quadro da Mulher Gorda. Sua intenção era subir direto para o dormitório, sem falar com ninguém, e, de preferência, passando o mais longe possível de Ron. Já tinha sido maltratada o suficiente por ele nos últimos dias.

No entanto, mal entrou no salão comunal, assistiu a uma cena que fez o seu coração paralisar. Ron estava abraçado e beijava Lilá Brown. Lágrimas sentidas correram no mesmo instante pelo rosto de Hermione enquanto uma dor intensa a consumia por dentro. Precisava fugir dali e, passando mais uma vez pela Mulher Gorda, buscou refúgio na primeira sala vazia que encontrou.

Pensamentos confusos passavam pela cabeça da garota, que já soluçava. Lilá nunca tinha duvidado da capacidade do ruivo como goleiro, assistia aos treinos, o incentivava, havia ocupado o espaço que Hermione não foi capaz de preencher. Mas a grande verdade era que a loura era mais bonita, mais simpática e mais atraente que ela. Ron sempre valorizara meninas assim. A raiva e decepção a levaram a pegar a varinha e, intuitivamente, fazer aquilo em que era brilhante.

— Avis! – murmurou, com muitas lágrimas escorrendo pelas faces, e um bando de passarinhos amarelos se materializou e começou a voar sobre sua cabeça.

Inesperadamente, a porta se abriu e Harry entrou. A última coisa que queria naquele momento era a companhia de alguém. Não desejava ser flagrada com aquele semblante de dor e o rosto coberto de lágrimas. Sem olhar para o amigo, o saudou.

— Oh, olá, Harry. Eu estava praticando – falou, sem conseguiu esconder a amargura da voz.

— Estou vendo... São realmente bons... – a amigo não sabia o que dizer.

Ela imaginou que Harry a havia visto sair da sala comunal e queria conversar sobre Ron, quem sabe para mais uma vez tentar defender o ruivo. Decidiu tocar no assunto e assim encerrar logo aquele momento tão constrangedor. Jamais tinha falado para Harry que era apaixonada por Ronald Weasley, mas intuía que ele sabia disso.

— Ron parece estar se divertindo na comemoração – comentou com deboche.

Harry, que sempre tentava selar a paz entre os amigos, resolveu se fazer de desentendido. “Ah... Está?”, foi tudo que ele conseguiu dizer, aumentando a fúria da garota.

— Não finja que não viu! – o tom de voz de Hermione era agressivo. – Ele não estava bem se escondendo, estava?

A porta se abriu mais uma vez e, para aumentar a angústia da garota, eram Ron e Lilá. O ruivo dava aquela risada espontânea da qual Hermione tanto gostava. Mas logo que os olhos azuis do rapaz encontraram os olhos castanhos da amiga, ele ficou sério.

Quando encarou Hermione, o ruivo percebeu que a menina estava zangada com ele. Os olhos vermelhos denunciavam que havia chorado. Será que era por causa da forma como a vinha tratando? Ou por que o tinha visto com Lilá? Não, isso não fazia sentido. Mione não gostava dele, pelo menos da forma como o rapaz queria.

— Opa! – exclamou Lilá, afastando-se dele e saindo da sala que, para a sua surpresa, estava ocupada. Claro que imaginava que o ruivo a seguiria, mas Ron resolveu cumprimentar o amigo.

— Oi Harry! Estava me perguntando aonde você teria ido... – Ron estava sem graça.

A mágoa cresceu dentro do coração de Hermione e transformou-se em raiva. “Ron está ignorando minha presença aqui”, pensou. A menina sentia uma dor tão intensa que chegava a ser física. Como o rapaz podia trocar a companhia dela, uma amizade de seis anos, por uma menina tão superficial? “Superficial e bonita”, pensou ainda com mais rancor.

— Você não devia deixar Lilá esperando lá fora. Ela vai se perguntar aonde você terá ido - ela dirigiu-se ao ruivo no seu melhor tom de desdém enquanto se encaminhava para a porta.

Quando viu que o rapaz não reagia à provocação, a raiva de Hermione aumentou. Seu coração doía com tamanha intensidade que parecia sangrar. Em um ato de desespero, com as mãos trêmulas, ela empunhou a varinha em direção a Ron, que arregalou os olhos azuis.

— Oppugno! – ela gritou, comandando os pássaros que começaram a atacar o garoto. Parecendo não escutar os gritos de dor do ruivo, Hermione saiu correndo e esbarrou na porta com Lilá, que voltava para procurar por Ron.

Hermione passou de forma discreta e rápida pela sala comunal, que estava repleta de alunos, sons de música, risos e conversas animadas. Tudo isso contrastava ainda mais com a dor que parecia paralisar o seu coração. Subiu correndo as escadas até o dormitório, que estava vazio, e jogou-se na cama.

A garota fechou as cortina e usou o feitiço silenciador e o de imperturbabilidade para poder se isolar de tudo e todos ao seu redor. Agora finalmente se permitiria chorar com vontade, soluçando de dor e revolta.

Foi uma longa e dolorida crise de choro. Sentada na cama, o seu corpo todo tremia e lágrimas pesadas desciam até o peito. Não saberia dizer quanto tempo passou aos prantos, mas, aos poucos, foi se acalmando e começou a pensar nas razões de tanto sofrimento e rancor.

Como sentia raiva de Ronald Weasley! Tinha esperado que o ruivo a convidasse para o Baile de Inverno do quarto ano, mas ele só queria saber de levar como acompanhante as bruxas mais bonitas. Acreditou que o rapaz se declararia no quinto ano, depois de tantos momentos de confidência e cumplicidade, mas Ron continuava tratando-a como amiga. Agora, no sexto ano, ousou convidá-lo para o Baile do Sluge e o bruxo, depois de agir como um verdadeiro cavalheiro por alguns dias, começou a tratá-la com desprezo, como se ela tivesse cometido um crime! E para piorar, agora agarrava e beijava uma menina na frente de todos, no meio da sala comunal.

Ela sabia que sentia tamanha raiva por que era muito grande o seu amor pelo ruivo. Hermione guardava o seu sentimento pelo amigo em segredo. Não havia compartilhado isso com ninguém, nem com a sua mãe.

Por alguns instantes, deixou o coração se esvaziar da raiva e naturalmente recordou, como já fizera tantas vezes, a sua trajetória com Ron. Lembrava que, quando anunciaram o Baile de Inverno, ela se surpreendeu com a força com que desejou ser convidada pelo ruivo.

Naquele momento enxergou tudo com clareza: os seus sentimentos contraditórios pelo rapaz indicavam que não o queria mais apenas como amigo. Irritada com o fato de Ron não cogitar sequer sua companhia e pensar em convidar apenas meninas que considerava bonitas, ela resolveu aceitar Krum como seu par no baile.

Jamais imaginou que Ron teria aquela reação ciumenta ao vê-la com Krum no baile. Pelo menos assim interpretara a atitude do amigo. Mas agora, distanciada no tempo e desiludida com o rapaz, começava a achar que ele reclamara dela estar com o búlgaro pelo motivo alegado na ocasião: o jogador era rival de Hogwarts no Torneio Tribuxo.

Não conseguia convencer-se inteiramente. Lembrava do jeito intenso com que Ron havia olhado para ela no baile, parecendo assustado e encantado. Cortou essa recordação decidida: “Não importa mais. Aquele momento passou e eu perdi Ron para Lilá”.

Logo uma outra imagem tomou conta de sua mente. Ela e Ron estavam no quinto ano e andavam pelos corredores da escola cumprindo a função de monitores. As muitas conversas desses momentos a levaram a conhecer ainda mais profundamente o rapaz e fizeram com que, a cada dia, se tornasse mais enamorada pelo ruivo.

Hermione, no entanto, era orgulhosa e reservada demais para expor esse sentimento, que guardou como o seu mais precioso segredo. A aparente indiferença do rapaz, o jeito desligado dele e o fato de não conseguir disfarçar quando achava uma menina atraente a deixavam profundamente irritada.

Apesar de toda a mágoa pela cena que acabara de presenciar, Hermione não conseguia evitar essas boas lembranças. No início do sexto ano, Ron estava mais atencioso do que nunca e, depois que convidou-o para o Baile do Sluge, chegou a admitir que tinha ciúmes dela. Ciúmes de amigo?

Há uma semana tudo mudou de repente e Ron começou a tratá-la muito mal e a evitar a companhia dela. Quando tentou descobrir o porquê, recebeu uma resposta agressiva do rapaz, sendo acusada de sabe-tudo insuportável e de esconder muitos segredos. Essa atitude do ruivo doía especialmente pelo fato de estarem em um momento tão bom. Será que o amigo tinha mudado da noite para o dia por causa da Lilá? Não valia a pena pensar mais sobre isso, até porque não conseguira chegar a qualquer conclusão. O fato é que ela e Ron estavam muito, muito distantes um do outro.

Foi nesse momento que a dura verdade a despertou. “Lilá, com certeza, não ama Ron como eu amo. Não quer transmitir segurança a ele, ajudá-lo a acreditar em si mesmo, a se esforçar para alcançar melhores resultados no estudo e no quadridol”, refletia, voltando a chorar copiosamente.

Mas o seu lado racional lembrou-a que fracassara em sua missão. Ron continuava inseguro no quadribol e tinha jogado bem apenas por acreditar haver tomado a poção da sorte. O rapaz ainda não era muito empenhado nos estudos e não precisava da amizade dela, pelo contrário, a desprezava. E o pior: continuava interessado apenas em meninas bonitas, superficiais e divertidas, como Lilá.

O coração de Hermione doía muito, parecia ter sido atingido por uma Cruciatus. Como se sentia ridícula por prezar tanto a racionalidade e não conseguir controlar a emoção, atacando o amigo com os pássaros.

Ela estava chorando há mais de uma hora e, no meio da desolação e do abatimento, tomou uma decisão: “Ron está saindo definitivamente da minha vida. Não vou derramar mais uma lágrima por quem não mereceu minha amizade e muito menos o meu amor”.

Algumas lágrimas ainda teimaram em sair dos olhos da garota, mas o cansaço a venceu e, em poucos minutos, adormeceu decidida. Já enfrentara desafios maiores, agora dedicaria todo o seu empenho e inteligência para esquecer Ronald Weasley.

Enquanto a bruxa chorava e lutava com seus sentimentos escondida no dormitório, Ron tentava se divertir na festa e, de modo especial, esquecer da existência da amiga. Se Hermione não acreditava nele, não a queria mais em sua vida.

Não era fácil, porém, apagar a presença da amiga. Até as feridas nos braços e mãos causadas pelos pássaros conjurados por Hermione o faziam lembrar, mesmo se com raiva, dela.

Ron esforçava-se para concentrar toda a atenção em Lilá Brown. O rapaz desejava sinceramente gostar da lourinha que era sempre tão simpática e atenciosa com ele.

Foi dormir feliz com a dupla conquista: no quadribol e na vida amorosa. Porém, ao fechar os olhos, não foi o rosto de Lilá e sim o de Hermione que invadiu os pensamentos dele. “Mione não existe mais para mim”, repetiu para si mesmo várias vezes antes de pegar no sono.

 

 

 

Nas semanas seguintes à festa pela vitória da Grifinória, Ron e Hermione se distanciaram ainda mais. Parecia que nunca haviam sido amigos. Evitavam se olhar, desviavam um do caminho do outro, sentavam distantes nas aulas, no refeitório, na sala comunal. Não era muito fácil manter esse comportamento, já que dividiam a mesma casa e o mesmo amigo. Harry sofria em ver toda aquela situação, mas sabia que os dois eram cabeças-duras e não tinha muito o que fazer.

Quando Ron reclamou com Gina da atitude de Hermione, dizendo que ela perdera qualquer razão, caso tivesse alguma, ao atacá-lo com os pássaros, ouviu algo inesperado da irmã. A ruiva lembrou que a garota, apesar de ter um ótimo coração, era possessiva e temperamental.

— Ela não gostou de ver você agarrado com Lilá. Também eu não entendo porque você foi se envolver com aquela menina – a irmã  questionou-o.

Mas Ron só começou a se dar conta de que também havia cometido erros quando Gina afirmou: “Você e Hermione estavam tão bem, iriam juntos à Festa do Sluge, pareciam até um casal de namorados. Depois, sem qualquer explicação, você começou a tratá-la mal e ainda ficou com outra garota.

— Mione e eu não temos compromisso algum. Portanto, é um problema meu quem eu namoro ou deixo de namorar – o rapaz não escondeu a irritação que sentia.

Gina lembrou Ron que ele também tinha agido de forma possessiva quando soube do envolvimento de Hermione com Krum. Ainda mais emburrado, o rapaz tratou de encerrar logo a conversa com a irmã.

Hermione também precisou se confrontar com a própria atitude ao ser abordada, inesperadamente, por Luna.

— O que fez com Ron? Ele está com as mãos e braços todo machucados. Não acredito que você mandou os pássaros que conjurou atacá-los... Isso vai contra o Código da Magia que diz... – a aluna de Corvinal arregalou ainda mais os olhos.

— Luna, por favor, eu dispenso a citação do código. Sei perfeitamente bem que só podemos atacar inimigos – Hermione estava impaciente.

— Você considera Ron seu inimigo? – perguntou a menina que não tinha medo de dizer tudo o que pensava.

— Digamos que sim... – a bruxa de cabelos volumosos queria encerrar aquela conversa.

— E ele se transformou em inimigo simplesmente porque está namorando a Lilá? – a amiga fez a pergunta mais difícil e ficou sem resposta.

Enquanto se distanciava de Luna, a garota voltou a lutar com os próprios pensamentos. “Simplesmente porque está namorando a Lilá? Como ela diz isso. Não é simplesmente, é algo muito grave.

Apesar de ter se arrependido por machucar Ron com os pássaros, Hermione era orgulhosa demais para admitir o próprio erro e pedir desculpas. Continuava muito chateada com o rapaz e disposta a manter o gelo até o fim. Também nisso eram mais parecidos do que imaginavam. Os dois queriam cortar relações e ignoravam a verdade: o sentimento de raiva escondia o grande amor que tinham um pelo outro.

 

* * * * * * * * * * 

 

Para ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo: 

Fight Song

http://bit.ly/2dLiyTU

(Rachel Platten)

Like a small boat
On the ocean
Sending big waves
Into motion
Like how a sigle word
Can make a heart open
I might only have one match
But I can make an explosion 

And all those things I didn't say
Wrecking balls inside my brain
I will scream them loud tonight
Can you hear my voice this time? 

This is my fight song
Take back my life song
Prove I'm alright song
My power's turned on
(Starting right now) I'll be strong
I'll play my fight song
And I don't really care if nobody else believes
'Cause I've still got a lot of fight left in me 

Losing friends and I'm chasing sleep
Everybody's worried about me
In too deep
Say I'm in too deep (I'm in too deep)
And it's been two years
I miss my home
But there's a fire burning in my bones
And I still believe
Yeah I still believe
(...)

 


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Notas finais do capítulo


Devo confessar que esse foi um dos capítulos mais difíceis de escrever. Sofri com Ron e Hermione. Se vocês sentirem um pouco a dor deles, terei alcançado meu objetivo.

Sei que algumas pessoas não entendem porque Ron se envolveu com Lilá. Desde o quinto ano, o ruivo vem aumentando a sua frágil segurança e, goste a gente disso ou não, acredito que Rowling fez com ele se relacionasse com a Lilá para ajudá-lo nesse aspecto. Agora que conquistou uma menina (e bem bonita, por sinal), o bruxo começa a vislumbrar melhor a possibilidade de conquistar aquela que realmente ama. Sem falar que, se antes Hermione era sempre racional até nas cenas de ciúme, agora ela tem uma atitude totalmente passional e o ataca com pássaros. E Ron, que é uma pessoa passional, entende a mensagem (de inicio inconscientemente, é claro).

Aguardo os comentários de vocês!



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