Drive My Soul escrita por annademonangel


Capítulo 3
Capítulo 3




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Capítulo Três

 

Havia uma luz forte no quarto, o que me confundiu. Estava muito quente, e eu ia tirar as cobertas quando percebi que não havia nenhuma. Invés disso, os enormes e quentes braços de Jacob estavam ao meu redor. Gentilmente, tirei um deles da minha cintura e escorreguei para fora da cama. Caí no chão, em um baque surdo, mas Jacob nem se mechou.

Saí do quarto indo em direção a sala, onde eu tinha deixado minha mochila. Minha escova de dentes estava lá, a peguei e me dirigi ao banheiro. Abri a torneira e peguei um pouco de água — muito, muito gelada — com minhas mãos, para lavar meu rosto. Peguei uma toalha, que estava pendurada no vidro do box, e me enxuguei. Coloquei o creme dental na minha escova e comecei a escovar meus dentes, olhando para a figura no espelho. Meus olhos tinham círculos quase negros ao seu redor, por causa da falta de sono e estresse. Então, fiz algo que costumava sempre fazer: deixei meus pensamentos vagarem. Mas eles não vagaram para qualquer lugar — eles vagaram para Edward.

Me perguntei o que ele acharia de tudo isso. Quer dizer, antes, ele seria absurdamente paranóico, faria de tudo para encontrar Victoria e matá-la. Mas e agora? Ele se importaria? Ou estaria cansado de me salvar de tudo e todos? E... e se Jacob também cansasse de me salvar? Suspirei, começando a escovar o outro lado da minha boca. Estivesse onde estivesse, sentindo o que sentisse, Edward iria querer que eu fosse feliz? Com Jacob, eu estava incrivelmente feliz.

Ele era como um sol, o sol que me manteve quente quando minhas lembranças ameaçavam me congelar, tanto por dentro quanto por fora. Então eu ouvi — a voz suave e aveludada, perfeitamente clara em minha cabeça, mesmo eu não estando em qualquer tipo de perigo.

“Seja Feliz”, sussurrou. Eu fiquei completamente imóvel, querendo que a voz não fosse embora nunca mais. Então percebi que Edward queria — ou ao menos sua voz queria — que eu fosse feliz; queria que eu fosse feliz com Jacob. E era exatamente isso que eu iria fazer. Eu ia ser demasiadamente feliz com ele, com o meu lobo.

Lavei a escova de dentes e enxagüei minha boca, secando meus dedos e boca com uma toalha. Corri para o quarto de Jacob, onde ele estava dormindo, perfeitamente sereno, da maneira que sempre me lembrava ele mesmo antes de toda essa coisa de lobisomem acontecer.

 

— Jake! — eu gritei tão alto quanto podia. Ele sentou-se na cama, olhando confuso ao redor.

— Bella? O que foi? Quê está errado? — Murmurou, a voz ainda mais rouca por ter acabado de acordar.

Nada está errado. Jake, eu estou feliz. E tudo está bem! E eu estou feliz, feliz com você! — Eu disse, extasiada.

— O quê... o quê você quer dizer? — murmurou, ainda rouco e grogue.

— Jacob Black, eu estou pronta para fazer isso. Estou pronta para fazer tudo.

— Você está pronta para... para ser minha? — ele perguntou, sorrindo. Eu penas assenti.

— Jacob, eu sou completamente sua.

Ele me agarrou, puxando-me para um abraço apertado. Borboletas se agitavam no meu estômago e minha respiração falhava. Ele me soltou o suficiente para que, se eu fosse capaz, continuasse respirando. Mas eu não conseguia encontrar meus pulmões. Eu estava dizendo para o meu cérebro, respire!, mas ele nada fazia. Jacob inclinou seu rosto para o meu e me beijou, doce e apaixonado. Corri meus dedos pelos cabelos dele enquanto ele segurava meu rosto com mãos enormes. Eu tirei minhas mãos de seus cabelos o coloquei-as em suas costas, num abraço muito apertado. Ele me puxava contra seu corpo, também.

Jacob se afastou de repente, o rosto avermelhado. Senti meu rosto queimar ao olhar para o seu, mais ruivo do que o normal.

— Jake, não precisa se envergonhar. Está... — eu comecei, mas ele me cortou, colocando o dedo indicador nos meus lábios, como se pedisse silêncio.

— Não é isso, Bella — ele sorriu. — Billy e Charlie chegaram; eu posso ouvir o carro do lado de fora. Vou para o sofá. Você fica aqui.

Com isso, saiu da cama e se inclinou, beijando minha testa antes de correr para a sala. Suspirei e depois me joguei na cama, que tinha os lençóis bastante bagunçados. Como é que algo tão perfeito, tão maravilhoso, podia estar acontecendo comigo? Eu estava, pela primeira vez desde que Edward (sem hesitar!) me deixou, completa e feliz. Ou talvez fosse mais que isso — talvez eu pudesse estar apaixonada. Ouvi a voz baixa de Charlie, vindo do lado de fora, ele obviamente falava com Billy. Não muito tempo depois, ouvi a porta se abrir.

— Ah, oi, pai. Oi, Charlie — ouvi Jacob dizer ao longe, fazendo a voz rouca parecer sonolenta. — Como Sue está?

— Ela está bem, Jacob, obrigado por perguntar — Charlie respondeu,

— E onde está Bella? — Billy perguntou. Encarei isso como minha deixa para entrar em cena, e caminhei rápido até a sala, com o grande moletom cinza de Jake e fingindo que arrumava o cabelo, o apalpando.

— Oi, rapazes. Como vocês estão? — murmurei.

— Bem, Bella — Charlie começou. — Eu estava só vindo ter certeza de que você estava bem. Viemos aqui para Billy poder se trocar, então vamos lá em casa pegar algumas roupas para mim; nós vamos correr até Port Angeles comprar algumas coisas para Sue. — Eu senti náuseas. Meu coração apertou contra meu peito. Charlie não podia ir para casa, não com vampiros lá! Jacob pareceu perceber meu olhar, porque ele imediatamente entrou na conversa.

— Ei, Charlie, você se importa se eu levar Bella para dar um passeio?

— Claro, Jake, vá em frente. — Respondeu.

Quando eu e Jake estávamos, finalmente, na praia, eu explodi.

— Jake, nós não podemos deixar Charlie voltar! Não com vampiros lá!

— Eu já disse que você se preocupa demais? — zombou ele, rindo. — Sam e Embry passaram a noite vigiando a casa, e eles estão lá agora. O vampiro de ontem nem está mais lá agora. Charlie vai ficar bem. — a voz rouca, melodiosa, pôde me tranqüilizar. Eu soltei meu fôlego; não tinha percebido que o segurava até soltá-lo.

— Oh — eu murmurei.

— Ei, vamos para a Emily. Tenho que correr com os outros, e você vai estar segura lá.

— Claro — eu respondi, deixando que ele pegasse minha mão e me puxasse de volta para o rabbit. La Push adentro, chegamos em poucos minutos na casa de Emily.

 

 

Na varanda, eu já podia sentir um cheiro delicioso de alguma comida que acabara de sair do forno. No momento em que Jake abriu a porta, um cheiro delicioso, de muffins frescos, ovos e bacon, me atingiu como uma tonelada de tijolos. Muito embora não tivesse percebido até agora, eu estava faminta — o que significava que Jacob devia estar morrendo de fome.

 

— Cheira maravilhosamente bem, Emily — eu sorri. Ela corou um pouco, por baixo da pele escura, e sorriu de volta.

— Obrigada, Bella.

— Yumm. Tem um gosto ótimo, Em! — Jacob falou, rindo e enfiando outro muffin na sua boca. Sam entrou de repente pela porta; seus olhos queimavam nos de Emily, ambos presos em um momento em particular, mas intensamente apaixonados. Era tão simples e belo que eu achei que não poderia respirar, então percebi que não me acontecera nada. O buraco não ardia, não se rasgava. Eu nem o podia sentir mais. Talvez, nem estivesse mais aqui. Eu estava bem.

Jacob se virou, a boca ainda suja com migalhas do que restara dos muffins, e me beijou na bochecha antes de ir com Sam para a patrulha que duraria algumas horas.

 

 

— E aí, Bella, o que aconteceu entre você e Jacob? — Emily perguntou, algum tempo depois dos rapazes saírem da casa, quando eu a ajudava a tirar mais muffins do forno. Minha boca se abriu em um perfeito “O”, mas tratei de fechá-la rapidamente. Eu não havia dito a ninguém; como ela poderia saber?

— Uhmm, o que você quer dizer? — tentei perguntar calma, mas minha voz me entregou, falhando um pouco. Eu gaguejei no fim, também.

Emily riu.

— Bella, eu posso ver a maneira que vocês dois se olham. Apaixonados. Você acha que ele teve uma impressão com você?

Eu não sabia como responder. Eu não achava que ele tinha tido uma impressão comigo. Quer dizer, qual é, eu não tinha sentido nada diferente quando o vi e ele já estava se transformado. Ou talvez... Talvez, se nós tivéssemos tido a tal impressão há muito tempo atrás, na praia, quando nos conhecemos, antes dele virar um lobo e tudo mais, ela pudesse ter voltado quando eu descobri que Jacob era quem preencheria o vazio desagradável que parecia estar dentro de mim.

Ou talvez minha imaginação apenas estivesse criativa demais hoje.

— Eu acho que não — falei, cuidadosamente, tentando não parecer decepcionada. Eu não sabia por que, mas não ser a impressão de Jacob me fez querer chorar. — Eu acho que a nossa amizade só... evoluiu. Quero dizer, eu não me sinto de forma diferente sobre ele do que estava há um dia, uma semana ou até um mês atrás. Eu sempre me importei com ele. Acho que a amizade só está sendo interpretada de forma diferente, sabe. — Eu respirei fundo. — Entenda, Emily: Jake sempre esteve lá por mim, me deixando inteira, mas o que eu sinto por ele vai muito além de gratidão. Eu o amo, Emily, eu estou absurdamente apaixonada por ele. — Disse tudo muito pausada e lentamente, percebendo o quão profundamente eu podia me abrir para Emily. Ela sorriu quando terminei de falar, como se soubesse tudo sobre um segredo do qual eu não fazia idéia de que existia.

Uma voz veio das minhas costas. Virei-me rapidamente, para ver quem estava atrás de mim, e corando violentamente — quem quer que fosse, tinha me escutado?

— Eu também te amo, Bella — Jacob falou, tendo no rosto um sorriso que parecia não caber em seus lábios, e eu achei que estava corando ainda mais, ao mesmo tempo em que me perguntava se isso era realmente possível. Eu não devia estar muito diferente de um tomate agora. Jacob veio até mim e beijou minha testa, mas então eu vi, atrás dele, Sam, Embry e Jared, e descobri que era possível sim corar ainda mais.

Então era por isso que Emily estava rindo.

Oh, Jacob, eu aaamo você — Embry provocou, afinando a voz. Jacob pegou uma assadeira fazia e jogou em cima dele; ela bateu direto na sua cara. Seu nariz começou a sangrar e eu entrei em pânico por um segundo, antes de me lembrar que lobisomens não enlouquecem com o menor sinal de salgue. Eu suspirei aliviada.

— Jesus, Jacob, eu estava apenas brincando. Desculpa, Bella — Embry reclamou, embora ainda risse, enquanto enxugava seu nariz. O sangue já havia parado. Lobisomens malucos e sua incrível capacidade de se curar em menos de meio segundo.

 

 

Depois de Jacob e os outros meninos comerem seus muffins e biscoitos caseiros, Jacob e eu fomos para a casa de Billy. O percurso demorar cerca de vinte minutos, mas nós tínhamos dado uma volta em La Push e isso tomara nosso tempo. Quando chegamos, minha picape estava estacionada em frente à casa vermelha e desbotada.

— Jake? — eu perguntei, e ele instantaneamente olhou para mim.

— Uhmm?

— Você disse que a minha casa é segura, não é?

— É, nós temos Paul a vigiando a noite inteira.

— Então você acha que a gente podia ir até lá e eu poderia tomar um banho e trocar de roupa?

— Eu não sei... — ele começou, a voz preocupada. — Parece um pouco arriscado, com a sanguessuga tão desesperada para encontra você.

Jacob passava a mão nos meus cabelos, acariciando meus cabelos com tamanha leveza que fazia o ato parecer impossível para suas mãos tão grandes e fortes.

— Jake, você vai ficar comigo o tempo todo. Eu estou segura com você.

Ele levantou um pouco o rosto, e me olhou por um longo minuto, depois concordou, mas ainda preocupado comigo.

— Ok, mas só um banho e roupas.

Eu me fiquei nas pontas dos pés, jogando meus braços ao seu redor num abraço apertado e o beijei.

 

Eu normalmente deixava a água esquentar antes de entrar no chuveiro, porque Forks já era, obviamente, fria demais, mas agora eu estava simplesmente tão ansiosa que corri para debaixo da água fria. Eu congelava, mas era bom. Parecia Edward. O pensamento proibido pairou sobre mim, e eu esperei a dor, mas ela não estava mais aqui. É claro que não. Eu estava bem outra vez. A água foi esquentando lentamente, até ficar ardente, e eu me senti segura.

Eu sorri abobada, me sentindo ridícula. Eu estava tentando comparar minha vida amorosa à temperatura do meu chuveiro? Edward era o frio, então: nessa temperatura, eu me sentia tão bem, mas em perigo tão, tão eminente. Jacob era o quente, tão reconfortante e seguro. E além do mais, eu tomava um banho quente todos os dias. Nunca uma ducha fria.

 

Depois que terminei o meu banho, saí para meu quarto. Jake estava lá em baixo, na cozinha, procurando algo para comer. Que novidade. Peguei minha mochila e coloquei nela algumas calças, um casal de pijamas e algumas camisetas. Não tinha como ter certeza de quanto tempo ia ficar lá, afinal, eram tantas lacunas para serem preenchidas — Eu morreria? Os lobos encontrariam Victoria? Ou ela os encontraria? Encontraria a mim?

O mais difícil para mim fora imaginar meu Jacob, tão humano e, de certa forma, mortal, diante dela, tão felina e letal. O sonho da noite passada vagou lentamente pela minha cabeça. Não — eu sacudi a cabeça expulsando esses pensamentos. Jacob era forte, e o bando também. Ele iria ganhar, os lobos acabariam com Victoria e, um dia, viveríamos felizes, só nós dois, e sem medo de coisa alguma. Eu sorri imaginando.

Mas, lá em baixo, o telefone tocou, me trazendo de volta ao presente. À realidade.

— Você quer que eu atenda? — Jake gritou de baixo das escadas.

— Claro, eu já estou descendo! — Respondi-lhe. Joguei minha mochila nas minhas costas, e corri pelas escadas, mas congelei ao ver Jacob. Sua expressão era muito dura; ele estava irritado e temeroso. Seus olhos, como grande ônix, eram duros enquanto ele zombava ao telefone.

— Ele está no funeral — então, o silêncio. Quem era no telefone?, perguntei a mim mesma.

“E porque isso seria da sua conta?” zombou novamente.

— Jake, quem é no telefone? — eu quis saber. Ele me dispensou com um aceno, que me deixou irritada demais. — Jake! — gritei, tão alto quando pude. — Me dê o telefone, Jake.

Os olhos dele brilharam de raiva. Eu estava completamente confusa.

— Aqui, Bella — ele enfim rosnou. Entregou-me o telefone e eu o olhei, intrigada, tentando entender sua expressão.

 

— Olá? — perguntei cautelosamente. Uma voz suave como veludo sussurrou de volta.

— Bella? — Minhas mãos começaram a tremer. Um caroço parecia estar preso na minha garganta. Se mantenha inteira, disse a minha mesma. Não. Chore.

— Quem é? — Perguntei ao tentar seguir minhas próprias instruções. Minha voz falhava. Pisquei para evitar as lágrimas que tentavam vir aos meus olhos. — Quem é?! — Gritei ao telefone. Olhei ao redor da sala, exasperada, mas não encontrei ninguém. Onde Jacob estava? — Quem está aí? — eu apenas sussurrei.

 

 


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Notas finais do capítulo

Review? Please!