Pequeno Parafuso escrita por Piper White


Capítulo 6
Roku


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!

Ontem fiquei sem internet e acabei sem conseguir postar... Mas segue aqui o 6!!!

Abs!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/698397/chapter/6

Já era tarde da noite quando Hiashi pediu que todos se retirassem da sala, terminada a reunião com a alta cúpula do Clã Hyuuga. Todos se levantavam da longa mesa, a medida em que recolhiam os papéis espalhados, dirigindo-se à porta de correr, sem muitos ruídos além do farfalhar das folhas e das vestes.

Os lugares de ambos os lados de Hiashi continuavam vazios. À direita, o sucessor da Souke deveria se sentar, para aprender com o então líder. Suas questões com Hinata e Hanabi não haviam, todavia, permitido que ele declarasse qual das duas deveria ocupar tal lugar. À esquerda, o lugar do chefe da Bouke continuava vazio. Poucos meses depois da Guerra, Hiashi ainda não conseguira indicar alguém para o lugar de Hizashi. Para o lugar de Neji.

Enquanto fitava o tatami a seu lado, não conseguia parar de pensar que aquele lugar poderia estar reservado para uma pequena Nejiko ou um bravo Oneji (1).

O sorriso involuntário que tomou sua face séria logo se esfacelou ao ver os olhos castanhos de Tenten fitando-o irritados em sua lembrança da última reunião com a mãe do bebê. Garota tola e orgulhosa! Irritado, pressionou as próprias têmporas, tentando afastar a dor de cabeça.

As três batidas na porta da sala agora vazia cortaram sua linha de raciocínio, desviada para outro foco quando o ninja da Bouke entrou e fez-lhe uma reverência.

“Hiashi-sama”, disse ele, ajoelhando-se a sua frente.

“Relatório, Takashi-san?”

“Ela foi levada de volta a sua casa pelo rapaz Rock Lee. O bebê está bem.”

“Ótimo”, Hiashi não conseguiu conter o suspiro aliviado após a última frase.

“Mas…”

“Mas, Takashi-san?”

O ninja falou gravemente.

“Ela não está usando mais o hitaiate.”

“Ela estava como civil, lá. Nada mais plausível.”

“Não, Hiashi-sama, não é esse o problema.”

Hiashi fitou o ninja a sua frente, o olhar interrogativo.

“A Godaime esteve no quarto dela. Desde então ela já não usa mais o hitaiate. Tsunade-sama a suspendeu de seu cargo como ninja de Konoha.”

Hiashi ergueu as sobrancelhas. Tão cedo? Não era algo inesperado, mas para que aquela medida fosse tomada tão rapidamente, algo deveria ter acontecido com a saúde da garota. Tsunade não a atormentaria daquela forma sem um bom motivo.

Mas até onde iria o orgulho dela em não querer sua ajuda agora que já não tinha fonte de renda?

“Obrigado, Takashi-san. Espero um novo relatório do estado de Hyuuga Tenten em breve.”

~*~

“Lee, eu estou bem. Não precisa vir aqui todos os dias pela manhã.”

Lee olhou-a contrariado.

“Você não pode sair assim sozinha, Tenten! E se acontecer algo?”, protestou.

Tenten bufou.

“Eu posso pedir a outras pessoas, também, você precisa ir a suas missões!”

“Não descuidei das minhas missões!”, ele disse, sério. “Estou fazendo tudo durante a tarde e a noite!”

Tenten arregalou os olhos. “Lee..”

“Eu não durmo há 3 dias!”, ele disse, com um sorriso enorme. “Estou no auge da primavera da minha juventude!”

“LEE!”, bradou Tenten. “SEU IDIOTA! Vá dormir agora! Chamarei uma das meninas para ir comigo!”

Já havia passado uma semana desde que Tenten tivera a conversa com a Godaime e, desde que recebeu alta, todas as manhãs saía em busca de algum emprego civil na companhia de alguém. Seu estado já era do conhecimento de algumas das meninas de Konoha: Sakura trouxera consigo a Yamanaka, e Ino mostrara-se muito solícita. E Tenten ainda lembrava-se de quando Hinata foi a sua casa trazer-lhe alguns dangos.

“Não vim em nome do Clã, Tenten-chan. Antes de mais nada, além de minha amiga, agora você é minha prima… Tenten-nee-san.”

Tenten aceitou os dangos e a intenção. Mas ver Hinata lembrava-a por demais o Clã Hyuuga para que pudesse se sentir confortável. Fazia sua raiva borbulhar ao ver os olhos de Hiashi… E a tristeza apertar ao ver os olhos de Neji.

Pensou ter ouvido Lee dizer algo como “só sairia dali quando chegasse alguém para levá-la”, mas agora ele já estava dormindo sentado no sofá, o queixo caindo sobre o peito. Tenten suspirou e ajeitou a posição dele, colocando uma almofada sob sua cabeça e um lençol sobre seu corpo, ouvindo-o murmurar algo parecido com “Primavera da Juventude” em meio ao ressonar. Deixou um bilhete em cima da mesa e saiu de casa, seguindo o caminho para onde iria perguntar por vagas de emprego mais uma vez.

Ninguém parecia acreditar que ela simplesmente desistira da vida shinobi.

E estava passando pela loja de armas da cidade, os olhos cobiçosos e curiosos voltados para a vitrine quando ouviu alguém berrar histericamente de dentro da loja, os gritos agudos permeados por muitos “DATTEBAYO!!”.

Tenten riu ao ver Naruto sair como um rojão, enrolando um enorme curativo na mão esquerda.

“OE, TENTEN-CHAN!”, ele berrou, como sempre, ao notar sua presença. “Como vai, Tent…”. Ele se interrompeu, olhando para ela, os olhos azuis de repente muito surpresos.

Ah, ela pensou, Ele notou.

“Tenten-chan… Onde está seu hitaiate?”.

E ela sorriu amarelo ante a seu olhar inquisitivo.

~*~

O cheiro do chá de jasmim tomou conta do aposento quando Hinata o serviu para seu pai, perdido em pensamentos enquanto observava alguns papéis referentes ao Clã. Ela o fitou, timidamente, como que criando coragem para falar algo, mas apenas continuou muda, servindo-se do caro chá.

Ele ainda não sabia que ela havia ido à casa de Tenten declarar seu apoio. Pelo menos ela própria não havia dito nada. Sabia que ele queria que Tenten entregasse seu filho para ser criado dentro do Clã, mas não compreendia porque ele simplesmente não assumia que a mulher era, sim, membro da família Hyuuga. Ela era esposa de Neji, afinal de contas.

Viúva de Neji, para ser mais exata., pensou Hinata, sua garganta secando quando esse pensamento lhe veio à mente.

E não conseguia deixar de se culpar ao pensar aquilo. Era ela, e somente ela, a culpada do sacrifício de Neji. Ela e aquele selo maldito da ramificação do Clã.

Não conseguiu deixar de arfar ao perceber que o bebê de Tenten também teria que receber aquele selo quando ela própria tivesse filhos.

“O que houve, Hinata?”, perguntou Hiashi, ainda voltado para os papéis.

Ela assustou-se ao ouvir o pai chamar, demorando alguns segundos para responder.

“O-Otou-san, p-por que o bebê da T-Tenten-chan não pode f-ficar c-com… e-ela?”

Não se lembrava a última vez em que gaguejara tanto. Estava tão assustada em confrontar seu pai que mal conseguia respirar.

A testa de Hiashi se franziu numa carranca, antes que ele pudesse responder.

“Ela é externa. Não pode conhecer os segredos do Clã Hyuuga. Essa criança, por outro lado, precisa desse conhecimento. Especialmente se tiver a genialidade do pai.”

Se for somada à da mãe, então, poderá ser um dos shinobis mais poderosos de uma Konoha do futuro., pensou Hinata, lembrando-se da perícia com a qual Tenten manejara toda e qualquer arma, mesmo quando já carregava uma criança no ventre durante a Grande Guerra.

“Mas… Otou-san.”, ela disse, reflexiva. “Neji-nii-san a escolheu para torná-la uma Hyuuga… E o bebê… Já irá crescer sem o pai…”, os olhos dela ardiam, mas nenhuma lágrima escorria.

Hiashi a fitou demoradamente, como que considerando o que ela dizia. Como se não tivesse pensado daquela forma. Mas essa expressão mudou rapidamente, uma sombra de frieza voltando a cobrir os olhos claros.

“Já é o bastante, Hinata.”, ele disse, quando ela fez menção de falar mais uma vez.

“Sim, senhor, Otou-sama.”, ela disse, retraindo-se outra vez ao fazer uma reverência e recolher a bandeja, levando-as de volta até a cozinha.

Antes de sair, virou-se mais uma vez para seu pai, os olhos dele perdidos nas entrelinhas de uma página que já não parecia ler, imerso em pensamentos. Com um suspiro, saiu definitivamente do quarto, fechando a porta rapidamente atrás de si.

~*~

Quando Tenten voltou para casa à tarde, Lee ainda estava apagado sobre o sofá, murmurando números tais quais faria em algum treinamento de taijutsu, intercalando-os com suspiros de “Juventude!”. Ela não conseguiu deixar de rir da cena. Tentou acordar o amigo, mas este mal respondeu às suas tentativas.

Depois que encontrou Naruto, acabou contando-lhe uma verdade parcial, dizendo-o que havia sido tirada da posição de shinobi pois estava doente. E, ao ouvir que ela estava em busca de um emprego, prontamente a levou, daquele seu jeito estabanado, para dentro da loja de armas, dizendo ao Oji-san que a Tenten-chan precisava de emprego. E o senhor, muito ciente de quem era Tenten, aceitou-a rapidamente como sua subordinada, pedindo que mostrasse um pouco de seu conhecimento bélico e de suas habilidades no manejo de armas.

“Pois pode começar amanhã mesmo! Depois de algum tempo posso lhe passar as instruções de fabricação de algumas em minha oficina!”, ele dissera.

Mal conseguiu conter a alegria ao ouvir aquilo, uma chama da distante lembrança de seu sonho de aprender a fabricar armas reacendendo. Talvez eu não precise ser uma kunoichi para realizar isto., pensou. E agradeceu a Naruto, que a acompanhou saltitante à tenda de ramen para que pudessem almoçar.

Aquele loiro histérico…

Sua garganta secou quando a imagem de Neji morrendo ao proteger Naruto e Hinata voltou a sua mente.

Batidas ritmadas em sua porta a fizeram cortar seu raciocínio novamente antes que as lágrimas pudessem voltar a escorrer de seus olhos. E tentou afastar tudo de sua memória para atender à pessoa a sua porta.

Mas não conseguiu.

Os olhos de Neji a fitavam do outro lado da soleira, mais velhos e mais sérios ainda.

“Tenten-san.”, disse Hiashi, acompanhado de dois Hyuugas da Bouke. “Precisamos conversar mais uma vez.”

~*~


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

NOTAS DE RODAPE

(1) Aqui, Hiashi está claramente brincando com possíveis nomes do filho de Neji, Nejiko para uma menina e Oneji - que significa “pequeno Neji” - para um menino.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pequeno Parafuso" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.