Pequeno Parafuso escrita por Piper White


Capítulo 5
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Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!

Quinta-feira!!!!!!

Espero que estejam curtindo a forma como estou desenrolando a história. Ao longo dos capítulos inserirei mais flashbacks onde será possível ver direitinho como foi se desenrolando a relação deles (acho que já está ficando mais claro com esse capítulo aqui).

E, digamos, que a treta já começou, mas ainda nem está a todo vapor...

Boa Leitura!!!!!



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Lembrava-se de que, aquela noite, ficou um bom tempo sentada, a luz da lua derramando-se na beira do lago enquanto observava as chamas crepitarem na fogueira a sua frente. As pequenas brasas pareciam dançar para o céu enquanto a fumaça as erguia, formando uma figura que se perdia no breu da noite.

“Não acha que essa fogueira pode denunciar a nossa posição?”, perguntou Tenten.

“Não acho que ninguém virá até nós agora.”, respondeu Neji. “Estamos dentro de Konoha, ainda, e somos apenas companheiros de time treinando.”.

Os lábios de Tenten se crisparam minimamente. Não conseguia compreender a frieza com a qual ele levava a situação. Seria, sim, embaraçoso encontrar alguém àquela hora. Afastou a mecha de cabelo escuro do ombro, virando-se lentamente para observar o companheiro. Neji estava deitado de lado sobre a grama, uma das mãos na cabeça enquanto seus olhos perolados fitavam as labaredas.

Era fácil, até, permanecer assim com Neji. Ela apoiava as costas na barriga desnuda dele, sua própria blusa ainda por ser abotoada, deixando-se entrever a outra camiseta. Uma das mãos dele repousava, distraída, em seu quadril, mas ela própria já não ligava muito.

“Estive pensando em desenvolver alguma nova arma, Neji. Quer dizer, daqui a alguns anos talvez eu possa me dedicar a isso.”

“O seu fuinjutsu (1) se desenvolveu muito esses anos e, bem, o arsenal que você guarda é passível de suprir um exército, se não me engano. Cansou de apenas manejá-las?”

Ela suspirou.

“Não é isso. É que… bem… Eu não sei se poderei me chamar de Mestra das Armas daqui a 20 anos, Neji. Será incompleto enquanto eu não criar algo.”, ela respondeu, seu olhar voltando a se perder nas chamas.

“Hum”, ele assentiu, ainda fitando o fogo. “Talvez devêssemos treinar o combate a curta distância amanhã.”, disse, depois de alguns minutos.

Ela assentiu, distraída.

Era simples, era fácil. Eles treinavam até cansarem e, quando já estavam exaustos demais para serem ninjas, voltavam a ser apenas ele e ela, vivendo a amizade colorida que começara mais por circunstância do que por sentimento.

“Não imagino como deve ser treinar com um sennin (2).”, ela disse, pensativa, depois de algum tempo. “Sakura e Naruto têm muita sorte.”

Ele apenas assentiu.

“Ele estará muito diferente quando voltar com Jiraya-sama.”, ela completou.

“Sim”, ele disse, se sentando.

Ficaram em silêncio por mais alguns instantes, cada um perdido nos próprios pensamentos. O fogo crepitava alto e um grilo cantava em algum lugar longe dali. Tenten voltou-se outra vez para ele, que franzia o cenho com leveza. Com um suspiro, ela fechou os olhos e permitiu-se embriagar mais uma vez pelo negrume dos cabelos dele enquanto se apoiava na curva de seu pescoço.

Era simples, era fácil. Mas eles nem ligavam. Só queriam-se casal quando a noite lhes tirava as vestes militares. Mas as suas vidas repousavam e sempre repousariam no único anseio que seus corações ninjas pareciam alimentar.

Sim, eles se tornariam grandes ninjas legendários.

~*~

Quando o Sobrancelhudo passou correndo por ele, Naruto pensou que era apenas mais um de seus treinos malucos da Primavera da Juventude. Mas, ao ver Tenten nos braços dele, soltou a tigela de ramen e correu até eles.

“Naruto-kun, chame a Sakura-san, por favor.”, ouviu Lee dizer, urgente.

Ainda estupefato, correu até a casa de Sakura.

“Oe! Sakura-chan!”

Tenten nunca aceitaria ser carregada daquela forma sem um bom motivo. O que estava acontecendo?

“Sakura-chan, a Tenten-san e o Sobrancelhudo… O Hospital de Konoha…”, e ele mal havia falado quando os olhos verdes de Sakura se arregalaram e ela saiu sem falar com ele.

Definitivamente, havia algo muito errado ali.

Preocupado, seguiu até a via principal de Konoha, observando a médica-nin se afastar até a entrada do Hospital. Esperava que não fosse nada tão grave assim.

“Na-Naruto-kun?”

Hinata o observava, as faces assustadas e levemente coradas. Ela ofegava, devia ter corrido para chegar até ali.

“Naruto-kun, Lee-san estava carregando a Tenten-chan?”, ela perguntou, com um pouco mais de firmeza do que o normal.

“Hina-chan. É… Então, sim. Mas não deve ser algo tão grave, não é?”

E, para seu desespero, os olhos de pérola de Hinata encheram-se de água antes que ela pudesse colocar as mãos sobre eles. Estupefato, balbuciou alguma coisa, tentando entender o que diabos estava acontecendo ali.

“É minha culpa, Naruto-kun! É tudo minha culpa!”.

E seguiu seu olhar até um ponto perdido ao fim da rua. Hinata fitava o Hospital de Konoha.

Definitivamente, Naruto já não entendia mais nada.

~*~

O rosto de Tenten havia suavizado enquanto ela dormia. Seu peito subia e descia tranquilamente, a expressão ultimamente tão séria se convertendo na tranquilidade que sempre transmitia antes da Guerra Ninja.

Lee observava, aflito, Sakura terminar de ler o prontuário da paciente e analisar os resultados dos exames. O olhar esmeralda estava entristecido, embora o rosto permanecesse impassível.

“O bebê está bem, Lee-san.”

Lee soltou o ar, ao perceber que o peso no peito se suavizava.

“Mas o que foi que aconteceu?”, ele perguntou.

O olhar de Sakura faiscou enquanto ela se voltava para ele.

“Serei bem sincera, Lee-san. Tenten não pode mais se sujeitar a grandes emoções. Isso pode colocar em risco a ela própria e ao bebê.”

“Grandes emoções… ?”

“O que ela teve foi o que chamamos de pico hipertensivo. A pressão arterial dela subiu muito, fazendo-a passar mal. Isso, infelizmente, tem sido muito comum em mulheres grávidas, mas creio que a circunstância da morte do pai do bebê e a profissão dela não favorecem muito essa situação.”

Conforme Sakura falava, as peças começavam a encaixar na mente de Lee. E ele se assustava cada vez mais ao ouvir as palavras prosseguirem.

“Sakura-san… Isso quer dizer o que eu realmente estou achando?”.

O olhar condolente que a garota lhe dirigiu tornou qualquer resposta desnecessária.

“Lee?”

Ele virou-se para trás ao ver Tenten sentar-se na cama, endireitando-se. Ela ainda estava sonolenta, mas seu olhar era preocupado.

“Como está meu bebê?”

Ele lançou-lhe um olhar terno.

“O seu filho está bem, Tenten-san.”, respondeu Sakura, com um sorriso breve.

“Eu acho que estava só cansada, Sakura-san.”, suspirou Tenten. “Hoje foi um  dia um pouco… estressante.”.

Sakura assentiu, voltando-se, alguns instantes depois, para a porta.

“Agora eu preciso ir. Tenten-san, você precisa ficar em repouso o máximo de tempo que conseguir. Não se exceda de nenhuma forma. Isso é importante para você e para o bebê.”, disse, fitando-a preocupada.

Logo em seguida, a porta foi fechada atrás da moça.

“Acho que terei que diminuir o ritmo das missões, Lee.”, ela pensou alto.

Lee só fitava-a diretamente, sem dizer nada. Não podia dizer aquilo para ela agora, não seria bom, mas....

Ouviram três batidas na porta do quarto, seguidas de uma Sakura alarmada colocando a cabeça para dentro. Ofegante, ela disse:

“Tenten-san. A Godaime está aqui querendo falar com você.”

~*~

Ela por anos admirara aquela figura, tendo-a como sua inspiração. Esperava a sua aprovação, a sua confiança. E, com sua habilidade ninja, ela finalmente conquistara isso nas missões com o Time Gai. E, por vezes, assustara-se com a perspectiva de ter que encarar aquela figura que tanto lhe servia de modelo para dar um relatório de uma missão que porventura falhara.

Mas não podia estar preparada para ver seu olhar sério enquanto pedia que Lee e Sakura se retirassem, para que pudesse conversar em particular com Tenten.

“Tsunade-sama.”, Tenten curvou de leve o corpo, em respeito, da forma como podia na cama do hospital.

“Tenten-san.”

O olhar dela não vacilou em nenhum momento. Tenten temia saber do que se tratava.

“Tenten, eu já sei de tudo.”, a mulher suspirou, por fim. “E devo dizer que, por mais que esperasse isso, não poderia imaginar esse desfecho e espero que aceite minhas condolências por tudo o que aconteceu na Guerra.”

Tenten assentiu, a tristeza engolfando-lhe o peito mais uma vez.

“Mas não posso mais fazer vista grossa para o que está acontecendo. Você deve deixar de ser uma ninja.”

Tenten congelou no momento em que ouvia aquelas palavras. Deixar de ser uma ninja…

“Não irei aceitar mais nenhuma missão sua. Não permitirei que volte a sair em missão, não como representante de Konoha. Peço que, por favor, compreenda seu estado de saúde. Terá o meu apoio na busca de um emprego civil adequado, mas, se depender de mim, não voltará a atuar como ninja enquanto esta criança não estiver fora de seu ventre.”

E Tenten sentiu-a olhar no fundo de seus olhos, expressando todo o pesar com o qual podia dizer aquilo. Tal como da vez em que dissera a Lee que ele deveria desistir de ser um ninja, há tantos anos.

“Espero que algum dia me agradeça por isso.”, disse a mulher.

E virou-se para a porta, saindo do recinto enquanto Tenten sentia as lágrimas molharem as bochechas imóveis, pingando, em profusão, no lençol branco abaixo de si.

~*~


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Notas finais do capítulo

NOTAS DE RODAPÉ:

(1) Fuinjutsu: Ao pé da letra, técnica de selamento.

(2) Sennin: Ninjas sábios, sendo estes, em Konoha, os alunos do Terceiro Hokage, Sarutobi, e preceptores dos componentes do Time 7, Tsunade, Jiraya e Orochimaru.



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