Back to New Orleans escrita por America Jackson Potter


Capítulo 7
VII




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De volta para o caminhão, o carregando com tudo que iriamos precisar para a nova viagem, mas já tínhamos um destino mais definido: achar as outras matilhas cinco matilhas.

E você deve se perguntar como fizemos com a matilha Barry e eu te respondo: Pietro vai conosco. Obvio que ele não aceitou de uma vez, o pai dele foi o primeiro a pedir para ir já que já tinha visto muita coisa nessa vida. E Pietro recusou deixar seu pai ir, sobrando ele como a outra opção.

Mas de um lado foi até bom ele estar indo conosco, porque o caminhão não tem tanto espaço. Mamãe e eu vamos no caminhão com a caminhonete indo atrás.

— E por que vocês brigaram então? — minha mãe me perguntou pela décima vez. Ainda dava para ver a casa de Mary quando ela me perguntou pela primeira e agora também dá para ver, menor do que antes, mas ainda dá.

— Mãe, já te falei. — revirei os olhos e encostei minha cabeça no vidro. — Eu não sei, ele simplesmente começou a me responder.

— E tem certeza que estão brigados? — ela deu uma olhada rápida para mim e assenti. — Cabeça de homem é uma coisa complicada. Mas a nossa é pior. — dei um riso fraco.

— Duvido isso. — suspirei alto. — Pietro agiu diferente comigo, como no primeiro dia que a gente se viu.

— Foi porque você deu um soco no nariz dele. — minha mãe falou rindo baixo. — Você deve ter dado outro soco sem perceber.

— Defina esse soco. — ergui uma sobrancelha e me apoiei no vidro para encarar seu perfil. Minha mãe sorriu e se virou rapidamente para mim.

— Ciúmes. — revirei os olhos e fiz uma careta. Pietro com ciúmes de mim? Duvido. De acordo com ele, ninguém se conhece bem entre nós dois. E ele estava com ciúmes de um velho amigo? Credo. — Pense bem, pode ser isso.

— Ou o fato dele quase ter sido morto por minha causa.

— Talvez, mas você o salvou. — minha mãe deu de ombros. Uma enorme placa de “você está saindo de Great Falls” apareceu. — Mary contou que o humor dele não é tão estável como era antes.

— Ele perdeu a mãe. — sussurrei. — E eu meu pai e meus tios.

Minha mãe ficou em silêncio. Deduzi que ela não queria colocar essa discussão a diante, pois não levaria a nada, eu ainda estaria sem o resto da minha família e Pietro sem a mãe.

— Você se lembra de ter salvado o pai dele? — quebrei o silêncio.

— Não, só me lembro de ter uma breve conversa com um lobisomem, não me lembro de qual matilha. — ela respirou fundo. — E foi por acaso que percebemos isso.

— É, você já contou. — suspirei e apoiei minhas costas na porta esticando as penas no banco. Pude encarar seu perfil e percebi que eu era parecida com ela, era bem parecida com ela, mas ela então se virou e me encarou com um esboço de um sorriso e percebi que meus olhos não eram iguais aos seus. Seus olhos eram doces e amigáveis, com um leve traço de tristeza. Os meus já eram mais frios e carregados por toda maldade que meu pai fez. Olhinhos de diabo.

— O que eu nunca te contei? — ela riu baixo. Tentei rir também, mas fiquei séria. A carta de papai veio toda na minha cabeça.

Até lá, meu sacrifício permitirá que você cresça. — respondi. — Você nunca me falou sobre isso. — ela abriu a boca e a fechou. — Por que diabos você não pode me falar?

— Não quero que procure vingança. — ela falou num tom sério. — Vingança não é algo bom.

— Mãe, por favor.

— Talvez um dia. — essa foi a única resposta dela.

...

Estava em um cemitério, parecia ser noite, tudo estava cinza e pouco iluminado. Não havia ninguém além de mim naquele lugar. Comecei a andar pelas tumbas de cimento, todas eram do mesmo jeito.

Exceto uma. Havia uma tumba com velas acesas em sua entrada. Corri para ela, mas parecia que quanto mais corria, mais ela se afastava. Então comecei a andar e a tumba parou de se afastar. Consegui chegar a sua porta e tentei abri-la, mas não deu certo. Forcei de novo e não deu. Encostei a mão nela para tentar empurrar, mas quando olhei ao redor, já estava dentro da tumba.

Por dentro havia muitas velas acessas, deixando o ambiente com uma cor mais amarelada. Pude perceber que, além das velas, existia uma mesa com três xícaras e um bule.

— Chegou cedo, Hope Mikaelson. — uma voz um pouco conhecida soou atrás de mim. Virei-me com certo medo e me deparei com a imagem de Esther, minha avó. Abri a boca para falar alguma coisa, mas outra figura apareceu ao lado de Esther.

— Pensamos que demoraria um pouco mais. — Dahlia, a primogênita e irmã de Esther, falou. Estremeci vendo as duas ali, elas estavam mortas, então o que eu estava fazendo ali? Estava morta também? — Mas logo você volta, acho pelo menos.

Não falei nada, fiquei apenas observando elas ali. Elas se entreolharam e depois me encararam.

— Você pode falar? — elas me perguntaram unidas.

— Posso. — respondi firme. — Só estou tentando entender porque estou aqui, com vocês.

— Alguém te chamou ou você nos chamou. — Dahlia respondeu colocando a mão no queixo.

— Eu não chamei ninguém. — continuei firme. Esther caminhou até a mesa e puxou uma cadeira. — Vocês me chamaram?

— Precisamos falar com nossa bruxinha. — Dahlia sorriu e se sentou na mesa.

— Então por que falaram que eu morri?

— Ah, não sabíamos se conseguiríamos fazer esse contato. — Esther sentou-se e indicou com a cabeça para que eu me sentasse. Caminhei com lentidão e me sentei. — Sabe as Ancestrais perderam o contato com o outro mundo.

— Sim, sei dessa historia. — falei encarando a minha xícara cheia.

Começamos a conversar, e para elas não foi surpresa nenhuma minha mãe estar apaixonada por meu tio Elijah. Elas ficaram surpresas com quem havia feito as maldades, quem separou minha família.

— Lucian é mesmo algo ruim. — Esther analisou. — As Ancestrais também. E isso tudo por causa de mim.

— Marcel também é. — falei baixo ainda olhando para minha xícara cheia. — Não sei como ele consegue dormir com tudo isso.

— Monstros não pensam nos efeitos colaterais. — Dahlia falou segurando minha mão. — Não seja um monstro querida, sua família é, mas você não precisa ser não seja esse legado.

— Seja o legado de esperança. — Esther completou. Era um pouco estranho ver as duas assim, concordando em algo. As histórias eram diferentes, parece que toda história é diferente do que eu escutei.

— Estranho. — a única coisa que eu falei. Elas me olharam sorrindo.

— Nos duas estarmos concordando? — Esther riu. — Tivemos muito tempo para nos desculpar. E para acertar as contas. — ela olhou para Dahlia com certa careta. — Acho que não temos mais tanto tempo, a conexão deve estar acabando. — ela olhou para meu chá.

— O chá determina o tempo? — perguntei e elas afirmaram. — Antes deu ir, preciso perguntar duas coisas.

— Estamos ouvindo. — as duas falaram juntas sorrindo.

— Vocês tentaram manter contato comigo? — ergui uma sobrancelha. — Eu quase morri, mas vi você, Dahlia, você me encorajou a matar alguém.

— Não entrei em contato com ninguém, só agora. — a mais velha falou se endireitando na cadeira. — Lembranças, talvez. Não suas, de Freya.

— E qual é a outra então? — Esther ergueu uma sobrancelha.

— Como era meu pai? — perguntei apoiando o queixo na minha mão sobre a mesa.

...

Acordei no banco do caminhão. Ainda estávamos na estrada, mas bem longe, percebi isso com o tipo de arvores que estava ao meu redor.

— Acordou, Bela Adormecida. — minha mãe riu passando a mão por meu joelho. — Dormiu umas boas horinhas.

— Eu morri? — tinha que perguntar aquilo, era preciso. E minha mãe apenas riu.

— Se contar que dormiu mais de três horas, sim. — ela me encarou e depois voltou a sorrir para a estrada. — O que era tão bom assim para dormir isso tudo?

— Ah, nada. — sorri. — Só estava conversando mesmo.

— E com quem?

— Esther e Dahlia. — minha mãe freou o caminhão de modo que as marcas do pneu ficariam na estrada. Pude ouvir o som da caminhonete de Pietro freando também.

— Meu Deus, como é possível? — ela me encarou e eu dei de ombros. — Hope, como você não sabe? Isso é perigoso, elas são perigosas! — minha mãe deu a partida no caminhão, mas olhou seu celular que apitou com uma mensagem de Pietro perguntando o que havia acontecido.

— Eu sei, mas elas estão mortas. — isso não fez minha mãe parar de ficar preocupada. — Bem, tem um lado bom isso.

— Que seria? — atingimos a velocidade que estamos antes.

— Bem, elas são Ancestrais. — falei me ajeitando no banco. — E elas podem dar um jeito de acabar com Marcel.

— Mas e as curas? — ela ergueu uma sobrancelha. E peguei minha mochila.

— Se elas estiverem certas, isso são as únicas coisas que precisamos. — dentro da minha mochila apareceram quatro frascos, dois vermelhos, um azul claro e um bege. — Elas são bruxas Ancestrais poderosas, devem estar certas.

— Como isso veio parar aqui? E o que é isso? — minha mãe parou no posto mais perto. Com certeza ela queria estar parada para tentar entender a explicação que eu tinha que dar.

Esperamos a caminhonete parar e os três passageiros descerem para podermos conversar. A cara de Pietro continuou a mesma para mim, e parece que a energia das gêmeas foi contagiada pelo mau humor do garoto.

— Ainda não confio nelas. — minha mãe falou assim que terminei de explicar exatamente o jeito que Dahlia e Esther me explicaram. — Elas queriam matar toda família.

— Mas não me querem morta. — rebati. — Elas não me querem morta por ser uma bruxa. Sabe o que significa isso? Ser uma bruxa na família dos Mikaelson?

— Sim, Hope, eu sei. — ela sorriu para mim — Mas entenda o meu lado...

— Só eu aqui estou querendo saber como Hope conseguiu falar com as avós mortas? — Pietro cortou minha mãe. — Isso tudo pode ter sido um sonho, e se esses frascos não ajudarem?

— Não foi um sonho. — o encarei. — Nada disso é um sonho. E se não ajudar, vamos ter todo veneno das sete matilhas.

— Por que tem tanta certeza disso? — ele ergueu uma sobrancelha. — Acha mesmo que as outras matilhas vão te ajudar?

— Você mesmo que disse que eu era um objetivo de grupo. — não mexi nenhum musculo enquanto o encarava. — Eles vão me ajudar.

— Desculpe, Hope, mas fique sabendo que existe divergências de ideias. — ele falou dando um sorrisinho. — Você pode ser uma esperança para alguns, mas vai haver gente que não vai querer a sua ajuda.

— Por que está assim comigo, em? — vacilei deixando minha voz mais baixa. Ele me olhou, iria me responder, mas seu celular tocou. Pietro se levantou e foi atender.

— Hope. — a voz de Lize me tirou de meus pensamentos e me peguei observando Pietro no telefone. — Você disse que teve contato com seus tios, poderíamos ver com eles se essas curas são realmente verdadeiras.

— Podemos ver se conseguimos colocar sua conexão mais forte. — Jô sorriu.

Olhei para minha mãe. Ela parecia meio perdida, não podia saber o que ela estaria pensando agora, mas acho que poderia ser como seria nossa vida se aqueles frascos realmente funcionassem.

— Se precisarem de qualquer coisa, posso tentar achar. — ela sorriu para nós. — Mas vamos precisar achar uma casa em algum lugar mais afastado.

— Sim, sim. — sorri para ela. Lize levantou-se e foi em direção a lanchonete do posto. Jô e Hayley seguiram a loira. Podia ter ido com elas, mas alguma coisa me fez ficar.

Pietro voltou com um esboço de um sorriso nos lábios, mas quando me viu sua pontada de felicidade, acabou.

— Vai fazer isso até quando? — perguntei. — Isso eu posso ter certeza de que é um fato: você está agindo feito uma criança.

— Mas não sou eu que estou recrutando lobisomens para uma missão suicida. — ele me encarou.

— Okay, mas você a... Quer parar de fazer esse joguinho? — ergui uma sobrancelha. — Você quis vir, okay? Eu sei o quão perigoso isso tudo é, okay? Só não sei por que está assim comigo. Alguma coisa mudou desde que ativei minha maldição.

— Sim, algo mudou. — ele concordou. — Eu quase morri por sua culpa. Eu quase deixei uma novata matar uma cidadezinha inteira.

— Mas não morreu. E eu não matei mais ninguém depois daquela bruxa. — rebati. — Você poderia ter se afastado, o normal é alguém que teve o nariz quebrado por uma pessoa é esse alguém se afastar.

— Esse é o problema, Hope. — ele negou com a cabeça. — Não somos normais para seguir o “normal”.

— Então por que está assim comigo?

— Não somos normais ao ponto de ficar de bem.

— Pare com isso. — pedi e abaixei a cabeça. Senti-o sorrir.

— Okay, bruxinha. — ele se sentou do meu lado e eu comecei a encarrar meu pé. — Eu só não sei como reagir a tudo isso.

— Tudo isso o que? — levantei os olhos para ele.

— Não vai me dizer que não prestou atenção ao seu redor. — ele riu. — Tudo, Hope. Desde que te conheci tudo mudou. Ter um Mikaelson por perto atrai qualquer coisa.

— Hm, entendi. — ri fraco. — Sabe, não é tão mal ter você por perto também.

— Vem, estou com fome. — ele estendeu a mão para me puxar. Aceitei e ele me puxou. — Você paga.

— Eu? Por quê?

— Está me devendo isso, afinal quase morri por sua culpa. — ele riu e me puxou para a lanchonete.


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Notas finais do capítulo

comentem oq acharam ♥
preciso saber: querem um cap dos tios Mikaelson ou do Marcel?



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