Who I Am? escrita por StrangeDemigod


Capítulo 20
Number Twenty


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá!
Voltei, sim, pois é.
Como prometido, teremos um Time Skip nesse -e no próximo também.
Primeiro, veremos o ponto de vista do nosso querido Harold.
Sem mais delongas, ao capítulo.
Boa leitura :3



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Time Skip: Dois anos.

Point Of View Harry ON

“-Eu te amo, H...-era a minha voz? Por quê estou falando isso? E para quem? -Fica comigo!- Por quê estou chorando? O que está acontecendo?

Senti mãos em minhas bochechas. Um toque suave e gelado.

—Não importa mais nada. Apenas fique bem. - uma voz suave ecoou.Franzi o cenho, tentando encontrar a dona da voz, mas só via o escuro. -Σ 'αγαπώ.”

Acordei num sobressalto, suando frio. Olhei em volta, notando que estava na enfermaria, mais uma vez.

Havia me ferido no treino. Um corte que precisou de pontos.

Suspirando, me sentei na cama.

“Mais uma vez, esse mesmo sonho.”— pensei, negando com a cabeça.

Isso se repete todas as noites, há exatos dois anos. Acontece desde quando eu acordei na minha cama, sentindo como se algo faltasse.

E, a última coisa de que me lembro, é de ter terminado com Amélia.

Me disseram que eu fui para a cabana e capotei no sono. Mas, ainda assim, eu sabia que algo não estava certo.

Aquela voz... Me era familiar.

Apertei meus olhos, sentindo a cabeça latejar.

—Você não deveria estar acordado.- ouvi a voz de minha irmã.

—E nem você.- ela se sentou no banco ao lado da minha cama. -O que faz aqui?

—Apenas saí para espairecer.- deu de ombros. -E você, por quê está acordado?

—Aconteceu de novo.- ela pressionou os lábios um contra o outro. Percebi que ela ficou tensa. -Milena...

—Eu já sei o que vai perguntar.- ela suspirou. -Eu não posso te dizer nada, desculpe.

—Por que eu sinto que estou sobrando na conversa?-revirei os olhos. -Parece que vocês estão escondendo algo de mim...

—Harry...- ela começou. -Eu queria poder ajudar... Mas...

—Você não pode.- olhei para o lado e encontrei Liam. -Nós prometemos.

—Mas já se passaram dois anos.- minha irmã comentou. -Ele precisa saber.

—Saber do quê?- olhei ambos.

Milena olhou Liam, ambos pareceram relutar. Discutiam através do olhar, sem dizer nada. Por último, Liam suspirou.

—Vai em frente.- ele deu de ombros.

—Você precisa ver algo.- Milena me ajudou a levantar.

Ela me levou até a Casa Grande. Subimos as escadas e paramos a frente de uma porta.

Tudo estava escuro, parecia um lugar sombrio.

—Por que estamos aqui?- olhei-a.

—Só abra a porta.- ela respondeu.

Toquei a maçaneta, mas estava hesitante. Depois de um suspiro, girei-a e abri a porta, que rangeu. Novamente, encarei minha irmã, que me encorajou com o olhar. Pus um pé para dentro do quarto, sentindo o corpo inteiro arrepiar. Milena acendeu a luz, iluminando tudo.

Eu não sabia da existência daquele quarto, mas me parecia tão familiar.

Era pequeno, com um guarda-roupas e uma cama de solteiro. Analisei a cama e vi um diário em cima dela. Me aproximei e peguei o diário em mãos.

Era marrom, parecendo um diário antigo, com folhas amareladas, e com um pequeno fecho na capa.

Olhei para trás, à procura de Milena, mas não a encontrei.

“Será que devo abrir isso?”— pensei, ainda olhando para o diário.

Respirei fundo e puxei o fecho e ele se abriu numa página marcada com um lápis.

Haviam algumas escritas em grego. Eram os nomes dos deuses. Vasculhei as páginas, vendo diversos rabiscos.

Por que Milena me levaria a um quarto que tinha um diário com palavras em grego? E por que parece que eu conheço essa escrita.

Ouvi algo cair no chão. Tirei meus olhos do diário e dirigi meu olhar para o chão, á procura do que havia caído.

Encontrei um pequeno anel e peguei-o em mãos. Era preto e uma rosa estava esculpida na parte superior.

Aquele anel... Eu já o vi...

Foi então que milhares de lembranças começaram a surgir, como uma enxurrada.

Uma garota discutindo com um manticore. O chão se abriu e mãos de esqueleto levaram o monstro de volta.

Sonhos, com essa mesma garota...

Ela, quando pequena, tendo conflitos consigo mesma...

—O quê você faz aqui? Por que choras?

—E-Eu moro a-aqui.- ela respondeu, gaguejando, ainda pelo choro. -E eu estou chorando por causa deles.

Eles? Eles quem?

—Todos eles.— ela pronunciava a palavra como se fosse algo perigoso. -Eles não param. São muitos ao mesmo tempo. Minha cabeça dói.- a menina colocou as mãos nas orelhas e começou a balançar a cabeça. -Rússia–70, Alemanha –53, Austrália–94...

Depois, ela discutindo com os deuses.

—PAREM!- Todos os deuses dirigiram seus olhares em direção da voz. Fora a garota que gritara. Ela estava com o rosto manchado pelas lágrimas que escorriam de seus olhos. Suas mãos estavam cerradas em punhos e ela tremia. Ela olhou para os deuses, piscando diversas vezes para desembaçar seus olhos, uma vez que as lágrimas lhe atrapalhavam. -Vocês não têm vergonha? Ficam aí, brigando como crianças enquanto eles morrem por vocês?- Ela apertou os olhos e mais lágrimas rolaram por suas bochechas.

—Do que você está falando, garota?- Deméter perguntou.

—É exatamente isso!- a garota exclamou. -Eles morrem por vocês! Morrem para que, ao menos, seus pais tenham orgulho deles. Mas quem disse que vocês dão atenção?! Preferem discutir por coisas bobas ao invés de se importarem com suas próprias proles!

—Escute aqui, nós nos importamos com eles! Sabemos o quanto sofrem...- Zeus falou.

—VOCÊS NÃO SABEM NEM DA METADE DA DOR DELES!-  a garota berrou. -Apenas eu sei o quanto eles sofrem... Eu sinto a dor deles. A cada morte de um deles é como se ácido corresse livre pelas minhas veias.- Ela arranhou a parte interna do antebraço levemente. -A garganta fecha e eu não consigo respirar...- ela tocou a garganta. -A visão fica escura e, de algum modo, ironicamente, eu acho forças para gritar...- Os deuses olhavam-na horrorizados. -Seria fácil se fosse apenas um, mas não são...- Novamente as lágrimas escorriam por suas bochechas. -De todas as almas ceifadas por minuto, pelo menos quinze por cento são semideuses....- engoliu em seco.-Tudo precisa de um equilíbrio.- ela fungou, limpando o rosto e assumindo uma expressão séria. -Se essa norma não é seguida, tudo o que resta é o caos.

—Filha...- Perséfone começou a falar, se aproximando.

—Não, mãe!- a garota se afastou. Logo olhou para os deuses. -Todos vocês são uns tolos!

—Meça suas palavras! Você sabe que eu posso...- Zeus começou, mas foi interrompido por ela.

—Me matar?- ela soltou um riso pelo nariz. -Vá em frente! Mate-me! Mate a morte, Zeus.- ela olhou para ele. Os olhos da garota estavam em uma dura batalha de cores, entre o preto e o castanho. 

—O que quer dizer com isso?- Poseidon perguntou.

—Oras, senhor deus dos mares, a resposta é muito simples.- ela fora irônica. -Sou eu quem ceifo as almas. Então, tecnicamente, se aquele homem ali, que se acha o todo poderoso, me matar, estará matando a própria morte.- ela suspirou. -Se bem que esse é um pensamento completamente estúpido. Não se mata um deus. Quanto mais a própria morte.- concluiu a garota, rindo de escárnio.

—H...! Você está passando dos limites!- fora seu pai que lhe repreendera.

—Eu?- ela apontou para si mesma. -Eu nem sei por que você está se importando com isso!- ela cruzou os braços. -Mas adivinhe só! Durante essa discussão inútil você recebeu mil e duzentas almas! Mas quem está contando, não? Você esta no lucro por minha causa, como sempre!- ela exclamou. Mais uma vez todos os deuses olharam estupefados para a garota.- Querem diria, agora são mil trezentas e dois.-  Ela estava com uma expressão sombria e uma nuvem de escuridão passou por seus olhos. -Eu nem sei como vocês são chamados de deuses e estão no topo de tudo, tendo atitudes tão infantis.- Ela virou-se e saiu correndo.

Arregalei meus olhos.

A garota era filha de Perséfone e Hades. Uma puro sangue.

Mas... Qual o nome dela?

Mais lembranças.

Gritos vindos da Casa Grande. Desse mesmo quarto...

Eu... Discuti com ela.

—O que faz aqui?- perguntou secamente.

Lembro-me de ter ficado sem fala. Ela pressionava uma adaga contra o meu pescoço.

—RESPONDA-ME!- ela pressionou ainda mais a adaga contra o pescoço do rapaz.

—C-Calma!- lembro de ter pedido. -Eu só vim pedir para...

—NÃO! EU JÁ SEI O QUE VOCÊ VEIO FAZER!- ela gritou, tendo uma queimadura formando-se em seu braço esquerdo. -Não deveria estar aqui...- ela desviou o olhar.

—Escute-me.- eu falei calmamente. -Sei que você não quer ajudá-lo. Mas esta não é a solução!- eu parecia conhecê-la tão bem. Negando com a cabeça, voltou a pressionar a adaga contra o meu pescoço.

—SIM! ESSA É A SOLUÇÃO!- ela berrou. -Melhor do que ajudá-lo!

—MAS VOCÊ PREFERE PASSAR POR UMA TORTURA SÓ PARA VÊ-LO DERROTADO?!-gritei, fazendo-a se assustar.

—Mas ele...- ela começou a falar baixo, já com lágrimas escorrendo de seus olhos. A adaga já havia sumido. Levantou-se. -Ele...

—Eu sei.- fiquei à frente dela.. -Pense bem, Helena. Não vale a pena. Pare de torturar a si mesma...

Respirei fundo.

Por mais que as lembranças viessem, eu não conseguia ver o rosto dela com clareza. Era um borrão.

E seu nome ainda era desconhecido.

Eu a conhecia melhor do que qualquer um.

Mas quem era ela?

Bufei, voltando a analisar o anel em minhas mãos.

—Ele foi corrompido pela Escuridão. Ela quer conquistar o Olimpo e quer a minha aju...- ela parou de falar ao curvar-se para trás levemente, como se tivesse sido atingida no meio de suas costas. Sua pele estava mais branca do que papel. Soltou uma gargalhada. -Você conseguiu sair, mas não por muito tempo, não é querida? Quase que você abre o bico... ‘Tsc.- estalou a língua. -Isso não se faz. Volte para a sua prisão.- em seguida, ela caiu desfalecida no chão.

—O quê?- murmurei.

Prisão? Isso não faz sentido algum!

E o que ela quis dizer com Escuridão?

Passei as mãos pelos cabelos, nervoso.

Eu quero as respostas, mas tudo que me vem a mente são trechos sem sentido.

—Quem é você?- falei comigo mesmo, esperando por algo.

—Eu arrisquei o que pude, por você.- a voz dela era calma e melódica. -Eu fiz algo sem pensar direito. Sem hesitar. Sabe por quê?- senti o olhar dela sobre mim. -Por que eu não suportaria perder você.- ela dizia entre suspiros. - Você está vivo, e está bem. E isso é o que interessa.- pude ver um sorriso radiante. 

—O que você sente?- as palavras saíam automaticamente de minha boca.

—Eu não sei o que é isso, Harold. Eu nunca o senti antes.- ela estava de costas. -Mas eu não quero que pare agora.- ela cruzou os braços.

Senti uma pontada na cabeça.

Meu coração se apertou e eu senti falta de ar por um momento.

A sensação de ouvir aquela voz, tão serena e aparentemente feliz me alegrou.

Mais lembranças dela.

—O que é o amor?- agora a voz dela parecia envergonhada.

—O amor...?- sorri um pouco, indo até ela, ficando atrás. -Dizem que o amor é uma doença. Mexe com você de um jeito que te deixa louco.- suspirei. -Faz você fazer coisas que jamais pensou que faria.- ela pareceu acordar de um transe. -Seu coração acelera. Bate tão forte que seu peito chega a doer. - ela colocou a mão sobre o peito.- Pelo amor, você se arrisca, comete loucuras, ri, chora. Você se sente revigorado. Se sente em paz. E quer fazer de tudo para sempre estar ao lado daqueles que ama.

—Você parece entender melhor do que a própria Afrodite ou até mesmo Eros. - ela deu uma risada leve.  -Você já amou, Harry?

—Antes eu pensei que sim.-depois de alguns segundos em silêncio, eu falei. -Mas eu estava errado. A pessoa a quem eu julguei amar, acabou por completo comigo.

—E agora? Você... ama alguém?- perguntou, hesitante.

—Sim, eu amo. - ela ficou tensa. -E quer saber como ela é?

—S-Sim.- ela engoliu em seco.

—Bom... Ela é incrível...- comecei. -Tem longos cabelos castanhos...- enrosquei os dedos nas madeixas dela. -Pele extremamente branca, que me lembra a neve. Fria e macia. - meus dedos desceram pelos braços. -Por um tempo, pensei que ela fosse o ser mais inocente desse mundo, mas ela me provou o contrário. Determinada, irônica e um pouco maliciosa, admito.- ri. -Mas eu confesso, ela combina mais desse jeito.

—E quem é essa garota que arranca seus suspiros?- ela indagou.

Num movimento rápido, a virei de frente e a segurei pela cintura, podendo ver seu rosto.

Os olhos castanhos, as bochechas coradas e os lábios carnudos. Eu podia, finalmente, ver ela.

—Quem mais poderia ser além de você, Helena?- falei. Ela abriu a boca levemente, arfando.

—Harry...- sussurrou.

Intercalando o olhar entre as bochechas rosadas dela e boca, a puxei pela nuca, iniciando um beijo lento e completamente cheio de amor.

Era esse o nome dela.

Helena.

Eu me lembrava.

A estranha garota que chegou ao acampamento depois de uma luta com um manticore e que me conquistou aos poucos.

Agora, lembranças de como ela me amou e eu a amei invadiram minha mente.

A sensação de nossos lábios juntos. Os toques frios dela contra o meu corpo quente. Os suspiros carregados de amor.

E então, ela se fora.

Agora tudo fazia sentido.

O estranho sonho que venho tendo a anos é uma lembrança. A lembrança da despedida dela.

E ela deixara o anel comigo. E era o anel da mão esquerda.

“Oh, Helena.”— pensei.

Me levantei rapidamente, saindo do quarto e encontrando, do lado de fora, minha irmã, acompanhada de Liam, Nathan, Quíron, Dionísio e Apolo.

Eles me analisaram, em expectativa.

—Eu quero vê-la.-falei. Milena suspirou, aliviada.

—Você não pode.- Apolo disse.

—Eu quero vê-la.- repeti e ele suspirou.

—Harold, você não pode... Ela..- o interrompi.

—Ela precisa de mim, Apolo. Eu sei disso.- falei, sério.

—Eu sei que ela precisa de você...-ele suspirou. -Mas, você não pode vê-la.

—E por quê não?!- exclamei, nervoso.

—Porque...- ele hesitou. Parecia não querer contar.

—Ela desapareceu.- Dionísio falou.


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Notas finais do capítulo

Ora, ora, ora! O que será que aconteceu?
*risada maléfica*
Só no próximo capítulo, queridos.
Kissus, ~StrangeDemigod



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