Aprendendo a Mentir escrita por Starsky


Capítulo 38
Capítulo 37 — Ponto sem volta.


Notas iniciais do capítulo

FELIZ NATAAAAAL! Hohohoho e feliz feriado para quem tem, feliz festas em casa para quem conseguiu festejar e feliz ceias para todos! A pedidos de outras pessoas, postando esse capítulo apenas após o natal para que fiquem bem. Lembrem-se: eu amo vocês ♥



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Capítulo 37: Ponto sem volta.

Scorpius

Scorpius apenas se posicionou ao seu lado, em pé de frente para as fotografias, colocando ambas as mãos dentro dos bolsos de sua calça preta. Não a fitou, no entanto ela sabia que ele estava lá ao seu lado. Não tinha como não saber. E ele queria que ela soubesse, queria que sentisse necessidade de falar e quebrar aquele silêncio tão delicioso entre os dois.

Devem ter passado um minuto inteiro sem dizer nada, até que Rose quebrou o silêncio:

— Minha mãe tem fotos mais bonitas. — E apontou lá em cima, uma foto com Hermione Granger-Weasley ao lado do Professor Slughorn. — Mas ela não liga tanto para essas coisas. Meu pai liga mais, diz que é por implicância do meu tio George.

Scorpius observou a foto com atenção.

— Seu irmão se parece mais com ela, apesar de vocês dois terem o cabelo ruivo igual ao da mãe de Albus.

— Eu puxei mais os Weasleys. — Rose deu de ombros e lentamente virou o corpo para ele. Estava com uma expressão mais suave que o rapaz poderia imaginar. — Quando tivermos nossas fotos aqui, use essa mesma roupa. Você fica bem de preto desse jeito.

— Quem sabe no ano que vem? No nosso último ano em Hogwarts.

Ela assentiu rapidamente, animada.

— Consegue imaginar nós dois tirando fotos com Slughorn e dando o dedo do meio para todas que duvidaram da sua capacidade de socialização? — De repente, os dois riram juntos. De onde ela tinha tirado essa ideia?! — É sério! Esfregar na cara de Dake Zabini que não te apoiou no início dos nossos planos.

Nossos planos — destacou ele — não precisavam dele.

— Melhor ainda, toda glória é nossa. — Rose soou mais orgulhosa ainda, mordendo o lábio inferior ligeiramente. — Tá, eu divido um pouco com Roxanne e Albus, mas a maioria é nossa. Um dia ainda vou escrever um livro sobre minhas aventuras com meu sonserino de estimação.

Ele cruzou os braços, medindo-a de cima a baixo. 

— Vai dedicar um livro a mim?

— Que nada! O personagem vai ser um mini-projeto-de-Comensal da Morte chamado Aracnus salvo por uma princesa ruiva chamada Cactus, especialista em espetar a bunda de pessoas irritantes.

A gargalhada foi inevitável! Scorpius ainda tentou segurar, mas rodou no próprio eixo por achar tudo em Rose Weasley extremamente vívido e sem noção.

— Tá, essa foi a melhor ideia que você já teve desde que começamos a nos falar — falou enquanto passava os polegares abaixo dos olhos. — Aracnus e Cactus! Só você mesmo, Rose…

Ela riu também e o empurrou com o ombro e tornou a olhar para as prateleiras cheias de fotografias movimentadas.

— Nosso último ano vai ser divertido. Fiquei pensando nisso enquanto olhava para elas. — Apontou com a cabeça justamente para a fotografia que Scorpius mostrou a ela meses antes: Astoria e Daphne Greengrass em suas comemorações. Ele se ajeitou ao lado de Rose e encarou novamente a foto. — Você deveria ter pedido para eu te ensinar a mentir no ano passado. Íamos ter um ano a mais de amizade.

Os olhos azuis de Scorpius saíram da imagem de sua mãe para fitarem Rose. Ela suspirava. Estava saudosa.

— Por que está pensando na nossa formatura? Ainda falta um ano e meio para ela.

Os lábios dela formaram uma linha fina lentamente, antes de seus olhos castanhos o encontrarem.

— Jasper estar formado me fez pensar em várias coisas — confessou com uma careta parcial. — Ele me disse que você foi grosseiro quando conversaram mais cedo. O que houve?

Scorpius engoliu a seco. Não precisou perguntar, ela mesma falou primeiro e o desarmou por completo.

— O que ele te disse?

— Disse que “do nada, o pirralho Malfoy achou que fosse alguém para insultar a minha moral”. — Rose fez as aspas no ar com um rápido revirar de olhos. — Sabe que ele é batedor do time do Magpies, não sabe? Que pode te quebrar como se fosse um palito.

O rapaz ergueu os dois ombros.

— Ele mereceu. Estava falando da Maddie.

— E você estava defendendo a honra dela?

“E a sua” pensou, mas não disse. Não era nenhum salvador de donzelas. Era, na verdade, o ex-Sombra do Albus que parecia até gente com aquela roupa engomadinha.

— Ele pediu para você defender a honra dele vindo falar comigo? — perguntou com um meio riso.

— Jasper perguntou se éramos amigos.

De repente, houve silêncio. Scorpius não conseguia olhar para ela por medo da resposta. Era como se o mundo tivesse subitamente sido resumido a ela. Toda paz que fez consigo mesmo foi por água abaixo.

— O que você respondeu? — Ele quase sussurrou. Se não perguntasse, sentia que ela nunca contaria.

Rose entreabriu a boca e hesitou por um instante. Foi um instante que revirou o Malfoy de ponta cabeça por dentro.

— Eu disse que você era uma ótima pessoa. — Ela suspirou e pestanejou rapidamente. — E falei que se ele encostasse em você, ia se ver comigo.

Ele assentiu com a cabeça. Queria ter gravado aquilo. Se tivesse, mostraria a ela e a beijaria ali mesmo.

— Acho que esse foi o mais próximo de reconhecer o que nós temos e não temos que você chegou. — A rápida quebra de seriedade fez com que Rose desmanchasse a tensão do rosto num meio riso pelo nariz também. — Você defendeu a minha honra, Rose Weasley.

— Não vem com essa, eu já fiz muito mais por você. — Ela balançou a cabeça negativamente. — Já esqueceu que fui eu quem te fez entrar no Clube do Slug em primeiro lugar?

Scorpius começou a rir. Ela não se dava por vencida nunca. Sempre era a última a falar.

— Me insultando em todo o processo — constatou no meio da risada. — Era parte do nosso antigo trato, igual o dia que você foi para a detenção no meu lugar.

Ela o empurrou com o ombro.

— E quando eu entrei no quadrisolo para te proteger? Esqueceu também que eu te salvei dos caras do sétimo ano? Ou quando eu me meti a dar aulas para pirralhos só porque você ia dar aulas também?

Os olhos dos dois se encontraram. O salão ficou mudo em consequência. Depois de mentir tanto para o resto do mundo sobre tudo, depois de se enganarem por semanas e mais semanas, os olhos pareciam exprimir toda a verdade no final das contas. Ela não poderia dar para trás nisso. Não depois do que havia acabado de falar.

— Foi por minha causa? — perguntou suave, quase bobo, piscando rapidamente.

Ela não respondeu de imediato, mas também não desviou o olhar. Umedeceu os lábios, mais bela que nunca e assentiu.

— Você sabe que foi, Scorpius. Eu te disse isso já, você me faz querer ser uma pessoa melhor.

Poderia dizer naquele instante o quanto estava apaixonado por ela. Poderia falar com todas as palavras, dizer que não se importava de enfrentar a família dela ou a dele próprio! Poderia ser dela, se ela quisesse deixar toda a farsa de lado.

No entanto, seu próprio plano precisava ser seguido.

— Dança comigo?

Scorpius ofereceu uma mão e sorriu para ela. Os olhos castanhos de Rose primeiro foram para a mão, antes de subirem para os azuis do rapaz. Ela titubeou um sorriso, quis colocar os dedos sobre os dele, mas acabou congelando.

— Meus tios — murmurou, olhando para os lados rapidamente — e se eles virem?

Não podia estar menos aí para os tios dela naquele momento, por mais que gostasse dos dois. Só deu de ombros e procurou-os também com os olhos. Estavam conversando com o professor Slughorn num canto.

— A gente não precisa dançar aqui. — Tornou a encará-la, apontando para a saída com a cabeça e guardando a mão. — Vamos lá, Rose, você sabe tanto quanto eu que quer ir comigo.

— A companhia de James Sirius está te influenciando negativamente. Você está convencido que nem aquele traste. — Ela riu e colocou as mãos na própria cintura. 

Ele riu também. Se não fizesse essa pose, não era ela.

— Considerando que eu convivo mais com você, é capaz de ter pego essa confiança sua.

Rose maneou com a cabeça numa expressão desgostosa. Olhou para as pessoas dançando e de volta para Scorpius com um suspiro, aproximando-se dele para sussurrar:

— Eu te vi dançando com as meninas. Não tem noção de quanto ciúmes eu fiquei, o tempo inteiro imaginando que podíamos ser nós dois…

Scorpius sentiu os dedos dela encostarem discretamente nos seus. Foi impossível não encher o peito um pouco como o sonserino sagaz que era agora.

— Vem comigo, Rose.

Um assentir de cabeça foi suficiente. Os dedos se desencostaram, e Scorpius saiu caminhando na frente com muita calma. Rose o seguiu alguns passos atrás, enquanto saíam pela porta do salão que dava para o corredor das masmorras. Subiram as escadas ainda escutando a música da festa e chegaram a um corredor superior. Quase correram nele! Scorpius dando passos apressados na frente com suas pernas longas, e Rose batendo o salto atrás. Dobraram uma esquina para outro corredor completamente vazio e em penumbra até que finalmente pararam.

Scorpius virou para ela, segurando a expressão do riso pela fuga mal feita que fizeram. Pareciam ladrões na calada da noite, fugindo dos olhos do mundo feito amantes perseguidos. E Rose ria longamente, aproximando-se dele e se segurando nos braços do rapaz.

As mãos deles se encostaram. O riso foi cessando devagar.

— Aqui está escondido suficiente, Weasley?

— Do jeito que a gente estava rindo, o castelo todo deve ter escutado, Malfoy.

Nate e James o fizeram repetir tantas vezes a posição das mãos que Scorpius até achou graça como as dela eram delicadas em comparação com às deles. Levou uma ao seu ombro e a outra segurou perto dos corpos dos dois, enquanto se aproximava e tocava a cintura dela.

A música da festa ainda podia ser escutada baixinho, longe demais para sobrepor o barulho do próprio coração agitado de Scorpius. Mesmo assim, ditaria o ritmo deles, devagarzinho e juntinhos.

— Se meus tios não estivessem lá, estaríamos dançando na festa — sussurrou Rose, aproximando-se mais dele e recostando a lateral do rosto no seu. — Me desculpa por sempre meter a gente nesses segredos.

A humanidade podia contar nos dedos de uma mão a quantidade de vezes que Rose Weasley pedia desculpas por algo. Ela devia estar mesmo incomodada com isso.

— Não se preocupa. Estamos aqui, não estamos?

A boca dela se aproximou do ouvido de Scorpius e sibilou quase muda:

— Juntos...

O balançar dos dois começou com um passo de Scorpius. Ele a levou pela mão e pela cintura, e Rose se deixou flutuar, como se pela primeira vez soltasse as rédeas que sempre fazia questão de manter o controle. Era ele quem a guiava, fechando devagarinho os olhos só para sentir os dois naqueles passos lentos deslizarem pelo chão, tão próximos quanto podia, tão equilibrados quanto nunca esperou que conseguissem ficar.

Era perfeito, como se nuvens os carregassem. Linhas invisíveis traçavam seus caminhos com a melodia longínqua e com o cheiro dos cabelos de Rose tão próximos a ponto de o hipnotizar.

Uma música passou. Outra também. Perderam noção de quanto tempo ficaram naquele silêncio gostoso entre eles. Scorpius nunca se incomodou com isso, e Rose, sempre tão falante, aparentemente também não. 

Talvez isso fosse mesmo gostar de alguém, era impossível não lembrar de Astoria e Draco Malfoy. Scorpius sabia que seu pai não era tão eloquente. Porém, mesmo no silêncio, os dois pareciam estar sempre mais confortáveis na presença um do outro do que nos instantes que falavam.

— Você nunca vai adivinhar quem me ensinou a dançar — provocou ele em certo ponto, quando começou uma música mais animada, girando Rose e trazendo-a de volta para si.

— Foi sua mãe? — Ela riu, franzindo as sobrancelhas enquanto o encarava.

— James Sirius e Nate.

— Mentira!

Rose gargalhou, e Scorpius assentiu orgulhoso.

— Eu juro. Mas não foi tão ruim assim, eles até são bons explicando as coisas quando não estão se matando ou se beijando. — Deu de ombros suavemente, permitindo que a mão passeasse um pouco mais acima da cintura dela, tocando em um carinho leve a pele que o vestido não cobria em suas costas. — Até eu me surpreendi com a minha capacidade de movimentação coordenada.

— Eu diria mais que coordenada. — Rose maneou com a cabeça, deixando o corpo balançar mais alegre. — Tenho que parar de te fazer elogios depois de você ter dançado com as garotas do clube do Slug quase todas. Já já vai estar com o ego mais inflado que o meu.

— Nem foram tantas assim...

Ele começou a sorrir feito um idiota e acabou levando uma mãozada no braço.

— Loucaline, Roxanne, Julia Fisher, Raven McGregor e Alice Longbottom. Tem ideia de quanto ciúme eu tive?

— O quão ruim seria eu dizer que estou feliz com isso? — disse, levando os olhos aos dela. — Também fiquei com ciúmes te vendo com o perfeito Jasper Wood.

A música trocou. Ficou mais lenta.

Rose pressionou os lábios, aproximando-se um pouco mais dele. A mão em seu ombro passou lentamente por trás, quase como um carinho enquanto ela recostava-se mais ao corpo do rapaz. Os rostos se uniram, e ele não evitou suspirar ao sentir os peitos tão próximos, e a sua mão tão firme na cintura dela.

— Ele não é perfeito.

— Ahnm?

Rose ergueu o olhar para ele, mas os dois não pararam de balançar.

— Jasper. Eu sempre fiquei falando que ele era perfeito, que era isso e aquilo... — Ela meneou com a cabeça devagar, mas Scorpius continuou quieto. — Mas ele não é. Se Jasper não tivesse vindo, talvez eu e você tivéssemos passado a noite conversando.

Foi inevitável perder o fôlego por um instante. Ela pensava naquilo? Pestanejou rápido e só perguntou a primeira coisa que passou na sua cabeça:

— Longe dos seus tios?

Mas Rose demorou um instante para responder, como se estivesse pensando nas consequências.

— Longe dos meus tios… — Abraçou-o um pouco mais. — Eu queria que tivéssemos feito isso.

Em seus passos pequenos, Scorpius girou os corpos dos dois lentamente, aconchegando-os mais com os rostos e com o momento. Era como se pudessem ficar daquele jeito sempre, a todo instante, vivendo sem pisar em ovos, só… Querendo estar juntos.

Tinha que tentar algo ali.

— Podemos fazer na festa de Ano Novo do Ministério — murmurou baixo, perto do ouvido dela. — Sua mãe trabalha lá, meus pais também, e tem música ao vivo.

A música ao vivo deve tê-la feito soado mais engraçado do que ele quis. Rose pousou a cabeça no ombro dele, rindo suavemente antes de erguer de novo o rosto para encarar o dele, realmente muito perto.

— O Ano Novo do Ministério da Magia é o momento pelo qual você esperou todos esses meses, não é? — lembrou quase como uma flecha atravessando o peito de Scorpius, erguendo uma única sobrancelha com sua cara de esperta. — Já planejou como vai ser? Vai apresentar seus pais a Madeline Nott e Nate Parkinson? Vai dizer que é um dos melhores amigos de Roxanne Weasley e Lily Luna Potter?

— Para ser sincero, eu não faço ideia de como vai ser. — Scorpius franziu as sobrancelhas, achando graça. — Eu honestamente só quero que eles não se decepcionem.

O riso de Rose diminuiu até que ela estivesse sorrindo apenas com os lábios. Ficaram cruzando olhares até que finalmente Scorpius percebeu que tinham parado de balançar, e ela estava ainda mais próxima.

— Acredite, se eles veem metade do que eu vejo em você, devem ser os pais mais orgulhosos do mundo.

A ponta do nariz dela encostou na sua, e os olhos começaram a baixar. Scorpius encarava os lábios dela com seu peito barulhento dentro de si.

— É ao menos perto do que você vê em Jasper Wood? — sussurrou quase sem som.

— É mais, Scorpius — chamou seu nome sem medo e encostou os lábios nos seus, beijando-o de um jeito que eles não tinham se beijado ainda: rápido, curto e instigante. Os lábios permaneceram unidos, e ela tornou a falar como se pudesse desmoroná-lo só com sua voz: — É muito mais. E eu não acredito que passei tanto tempo dessa noite longe de você.

Mais um beijo daquele jeito. Era um selinho; uma amostra grátis muito mais que bem-vinda. As mãos deles dois se soltaram, e Scorpius levou as suas ao rosto dela para ser ele quem a beijaria novamente, do mesmo jeito rápido e gostoso.

— Não tem porquê passar mais tempo longe — disse com um sorriso bobo, beijando-a só mais uma vez.

— Eu queria que fosse sempre assim tão fácil.

Os olhos deles dois se encontraram de novo. Rose tinha uma capacidade imensa de tê-lo enrolado em seus dedos, e ela provavelmente não tinha se dado conta da intensidade disso até então. Que ele gostava dela? Ah, isso era claro. No entanto, as coisas eram muito mais profundas ali, naquele corredor quase escuro com as mãos em seu rosto e os sentidos perdido no castanho dos olhos dela.

— Eu sei que não é, Rose — sibilou, levando os dedos a se emaranhar um pouco nos cabelos dela, presos naquele coque maldito. Ela pressionou rapidamente os olhos. Talvez Scorpius tenha repuxado algo. — A gente dá um jeito de aproveitar enquanto pode.

De repente, sem mais nem menos, Rose estava mexendo no próprio cabelo e soltando os grampos no chão. Foi rápido. Os cabelos ruivos caíram sobre seus corpo, volumosos e desarrumados feito cachoeiras. E quando tornou a olhar para Scorpius, suas mãos subiram os ombros dele.

— Eu honestamente tenho fé de que agora, neste corredor, como estamos… — Os lábios dela tocaram os dele outra vez como veludo antes de completar: — Nós damos o nosso jeito.

Beijaram-se sem medo de serem pegos, sem nervosismo nem prerrogativas. As mãos de Rose subiram lentamente ao pescoço de Scorpius, e as dele moldaram-se às costas dela, uma subindo até encontrar seus cabelos por cima da nuca e a outra apertando-lhe a cintura. Os lábios teceram um ritmo além da música da festa, ansiosos uns pelos outros e ávidos em mostrar o desejo e a vontade de pertencimento mútuo. Beijaram-se molhados! Agarrados à sensibilidade do momento. Faltou fôlego, faltou calma!

Os peitos acelerados colaram um ao outro, e de repente Rose era pressionada por Scorpius contra a parede, grunhindo baixinho de olhos fechados. Ah, ele gravaria aquele som por toda eternidade, assim como a sensação das unhas dela penetrando suas mechas de cabelo e arrastando na pele do seu pescoço sem machucá-lo.

O calor crescia a cada vez que as línguas se tocavam. Os corpos reagiam um ao outro, amassados e se puxando como se pudessem de alguma forma se unir mais. Scorpius já não sabia se era ele quem a apertava ou se era Rose que o trazia para si. Eram descoordenados e coordenados ao mesmo tempo, um beijo nada ensaiado, mas cheio de poder e sentimento.

— Scorpius — ela sussurrou inebriada.

Por meio segundo, ele ficou nervoso. Apenas meio.

Separaram os rostos por milímetros, e Scorpius sentiu o cheiro doce na pele dela, arrastando os lábios suavemente para seu maxilar e descendo pela a curva do pescoço. Sentiu-a arrepiar. Ele arrepiou como consequência, antes de seus lábios tornarem a tocá-la como se fossem beijos proibidos, mais secretos que qualquer outro beijo que já deram um no outro. Beijar Rose era como mergulhar infinitamente em lava e não querer nadar para fora; era perder-se e ter como companhia a respiração falha dela.

— Rose…

Ela apertou e puxou seus cabelos, fazendo-o deixar que o ar quente saísse por entre os lábios para encontrar a pele da garota. Rose pendeu a cabeça para trás, e os beijos de Scorpius passaram a traçar um caminho por seu trapézio até a clavícula. O tronco dela arqueava, entregue, abrindo espaço para que os beijos descessem mais. Ia deixá-lo louco, perdido naquele segundo sem se segurarem.

— E pensar que eu quis te ensinar a beijar… — Ela deu um riso rouco e um suspiro longo misturado a um som que ele nunca tinha ouvido dela. Era um gemido.

Scorpius subiu os lábios para perto dos dela outra vez, quase encostando carne com carne.

— Desde aquele dia, não tinha mais volta — respondeu com um sorriso. — Pra mim, não tinha. Não tinha como parar de olhar para você nem fingir que não era verdade. Ainda não tenho ideia de onde você tirou que eu gostava da Lily. Como conseguiu ser tão cega?

Rose riu sem som, pressionando os olhos e deixando que seu nariz encostasse no dele.

— Para duas pessoas tão inteligentes, nós dois podemos ser também muito idiotas, você sabe disso.

Beijou-a mais uma vez, segurando seu rosto para sentir o gosto da boca de Rose em seus lábios, para não esquecer como eram gostosos, para que pudesse tê-la consigo mais um instante. A melhor parte era que ela o beijava de volta, sentia sua língua e seu calor, tudo intenso como deveria ser desde o princípio. Beijava e sorria descontrolada, envolvida e, talvez, apaixonada.

Ele seria idiota o quanto fosse, mas não seria mais o idiota que deixa a cargo da imaginação dela o que sentia. Não depois da dança, não depois daquele beijo. Não mentiria mais para ninguém.

Depois de tanto ensaio na própria mente, tantas vezes que quis dizer, finalmente Scorpius puxou fôlego para ser sincero em voz alta.

— Eu estou apaixonado por você, Rose Granger-Weasley. — Saiu. Todas as palavras saíram e a encontraram como uma onda. De repente, os olhos castanhos da moça encontraram os dele, e Scorpius separou seus rostos um pouco, só o suficiente para dizer o que queria, completamente idiota e transparente. Não tinha medo algum! — Apaixonado. Perdido. Seu. E eu quero estar com você assim, sem precisar do nosso segredo, eu quero que a gente se encontre no meio do caminho e dê as mãos. — Piscou rápido, nervoso e embaraçado. — Eu quero segurar sua mão na frente dos outros, dizer para a minha mãe que encontrei uma garota incrível, inteligente e assustadoramente corajosa! Ah, Rose…

— Scorpius…

Ele passou a mão na lateral do rosto dela e umedeceu os lábios, admirando-a em cada centímetro caótico e belo. Um sorriso começou a brotar do canto da boca de Rose. Estavam tão vidrados um no outro, que poderiam emoldurar aquela cena dos dois abraçados, peitos acelerados e respirações ofegantes.

Ela também estava assim, ela também sentia!

— Você é a garota dos meus sonhos. Tem alguma ideia do quanto eu quero nós dois juntos de verdade? — Scorpius continuou. A voz estava rouca e baixa, só para os dois. Parecia que ia sentir o coração pular para fora da caixa torácica. E se pulasse, ele morreria feliz porque falou a verdade! — Eu não ligo se precisamos falar com meus pais, com seus pais, com quem for. Eu quero ser seu namorado, Rose. Quero que você seja minh-

Houve uma batida e um grito no corredor ao longe que o fez parar de falar. Os dois viraram assustados os rostos para o final, na esquina com o corredor que dava para as masmorras. Era a última voz que ele queria escutar naquela noite.

— Rose?! Você está aí?!

— Jasper… — Ela engoliu a seco. — Por Merlin, ele está vindo pra cá.

Scorpius tornou a fitá-la, claramente nervosa.

— Rooooose?! Eu estou indo! Está aí?! — A voz começou a se aproximar mais, assim como uma luz que crescia ao longe.

Seria impossível para qualquer pessoa negar o que havia acabado de acontecer, mas todos os pensamentos de Scorpius sobre o passado dela retornaram. Foi por isso e apenas por isso que tomou uma decisão hesitante.

— Vai lá falar com ele — disse resignado e compreensivo, mas recebendo um franzir de cenho confuso da moça. — Ele veio por sua causa, deve estar querendo se despedir. Eu espero por você aqui.

— Ahn? Não. Não mesmo. Não é uma boa ideia. A gente está...

Ele assentiu rapidamente com a cabeça, soltando-a devagarzinho. A voz de Jasper Wood soou mais uma vez, era quase uma sirene irritante.

— Essa é uma conversa que a gente precisa ter com calma, quero ouvir o que você pensa sobre isso também. Uma pessoa me mataria se soubesse que foi feita às pressas. — Scorp deu um meio riso antes de girar o corpo e se encostar na parede. — Eu te espero.

Rose balançou a cabeça de um lado para o outro, passando os cabelos soltos e desarrumados para trás da orelha.

— Tem certeza?

— Hoje eu sou o sonserino confiante.

Os dois sorriam um para o outro.

— Eu volto em menos de dez minutos — disse, enquanto puxava o ar bem convicta e ajeitava a alça do próprio vestido no ombro, já andando pelo corredor. Scorpius acabou rindo curtinho porque os dois estavam abarrotados. — Só vou me despedir dele e volto!

Viu-a apressar o passo e ouviu os toc tocs dos saltos batendo no chão até que Rose finalmente dobrou o corredor. Ela chamou pelo nome de Jasper, e ele pelo dela. As vozes dos dois diminuíram, deviam estar voltando para perto da festa.

Scorpius ajeitou a própria roupa, especialmente a calça um tanto desajeitada por tudo. Deixou que o corpo se arrastasse na parede até que finalmente caiu sentado no chão. Estava nas nuvens! Ele disse para ela! Disse com todas as palavras, com tudo que tinha. Os olhos dela responderam, como tempestades caóticas e belas.

Ah, sorria como um completo idiota, olhando para o teto! Mesmo que Rose lhe dissesse que ainda precisava de um tempo para decidir, ela tinha escutado sua declaração, tinha recebido seus sentimentos e tinha dito que voltaria. Podia ter esperanças com isso, certo?

Puxou o relógio da roupa, espiando a hora. Dez minutos.

Quinze minutos.

Vinte minutos passaram. Talvez ela tivesse se enrolado numa conversa com Jasper Wood mais complicada. Ele não parecia mesmo uma pessoa que largava o osso facilmente.

Trinta minutos.

Quarenta e cinco minutos.

Scorpius se levantou, inquieto. O sorriso já tinha desaparecido de seu rosto.

Cinquenta minutos. Ela não demoraria assim em conversas nem mesmo com os professores. Rose era direta, era petulante e não tinha limites. Não podia estar tão presa a uma conversa com ninguém nesse mundo que não fosse o próprio Merlin. E talvez até o próprio Merlin, ela seria capaz de dobrar à sua própria vontade.

Uma hora. Uma hora inteira passou.

Quando contou uma hora e dez, Scorpius aceitou a verdade que estava tão relutante em admitir: Rose não ia voltar. E se Rose não ia voltar era porque não queria voltar.

Uma hora e dezoito minutos passaram, mas apenas Albus aparecendo no corredor à sua procura foi capaz de tirá-lo dali e levá-lo de volta ao dormitório. Rose não apareceu. A declaração e os beijos ficaram para trás, como a destruição depois da tempestade.


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Notas finais do capítulo

//Fugindo das pedras com a Rose debaixo do meu braço
OI, GENTE KA KA KA KA KA. Não me matem nem matem a Rosie kkkkkkk. Eu estava TÃO nervosa para postar esse capítulo, quase desisti do plot umas três vezes, mas era algo que estava planejado desde o início. Mas lembrem-se: há final feliz kkkkk não desistam deles ainda hahahah e há sempre uma explicação para tudo!
Para quem raramente comenta, eu adoraria saber o que estão achando da história! Deem um oizinho, digam algo que estão curtindo e algo que não hahah eu vou amar saber!
Beijinhos imensos e um FELIZ ANO NOVO A TODOS!



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