Aprendendo a Mentir escrita por Starsky


Capítulo 37
Capítulo 36 — O ciúme é só uma faca entrando entre as suas costelas.


Notas iniciais do capítulo

Primeiro de tudo! Primeiríssimo de tudo! CHEGAMOS A 100 FAVORITOS! É isso mesmo, minha gente! VOCÊS SÃO PERFEITOS! Vou babá-los nas notas finais hahah há tanto para falar! TÔ TÃO FELIIIIZ! ♥ ♥ ♥
Segundo de tudo! Esse capítulo era para fechar a noite da festa do Slug kkk, porém, como vocês já sabem, eu sou muito prolixa escrevendo. Resultado: ficou ENORME! Não enorme no meu nível de enorme, ficou enorme do dobro do meu nível de enorme kkk. Decidi dividi-lo em duas partes, então ainda temos mais um capítulo além desse para a festa do Slug. Vai dar certo, tenham fé!
E BOA LEITURA!!!



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Capítulo 36: O ciúme é só uma faca entrando entre as suas costelas.

Scorpius

 

— Você, Scorpius Malfoy, tem um gênio maligno no fim das contas.

Ele pressionou os lábios para tentar não rir. Tentou mesmo, mas foi inevitável. A risada escapou de si tão rápida quanto veio a vontade. Precisou até mesmo deixar a testa encostar no ombro de Madeline para tentar disfarçar.

— Eu fui terrível, isso sim. Viu a cara que ela fez? — Ergueu o rosto novamente para encarar Maddie, que ria sem se segurar. — Por que eu te deixei ir comigo? Por que, Maddie?

— Eu vou te dizer o motivo: você estava se roendo de ciúmes que Jasper chegou agindo como dono dela. Foi por isso.

Precisou respirar fundo até parar de achar graça da situação. Quando viu Rose ser abordada por Jasper Wood, estava tudo bem. O problema veio depois que o viu beijando sua mão, segurando seu braço e se aproximando demais na conversa. Quando Slughorn acenou para que se aproximasse, Maddie surgiu ao seu lado para dar uma força. Scorpius não apenas aceitou como agarrou o braço dela firmemente. Dois podiam jogar o jogo do ciúme, e ele adorou ver a cara fechada de Rose ao vê-lo com outra garota.

É, estava andando demais com ela para se sentir feliz com a raiva dos outros.

O que não adorou, no entanto, foi a quietude de Rose. A garota que conhecia teria dado ao menos três respostas mais rápidas e inteligentes do que fez naquele breve instante. Parte de Scorpius queria acreditar que era porque estava vendo os dois rapazes apaixonados por ela em um mesmo círculo, a outra parte ficava nervosa, imaginando se Rose estava tensa por causa de Jasper.

— Eu não deveria ter feito isso. Ela vai querer vir brigar.

— Deixe que venha! — incentivou Maddie, aproximando-se um pouco mais dele enquanto dançavam. — Rose Weasley tem que aprender que se der trela para dois, pode perder um. Se não aprender, ela e Jasper se merecem no fim das contas.

Scorpius só suspirou, deixando o lado do rosto encostar ao de Madeline, girando os dois devagarinho.

— Eu realmente gosto dela, Maddie — confessou sem peso, sem problemas e nem vontade de enganar ninguém. — É masoquismo deixar que ela tenha seu tempo com Jasper para que decida se quer ficar comigo no fim das contas?

Achou que ela fosse rir ou brigar com ele, mas Madeline foi lentamente parando de dançar. Ela afastou os rostos dos dois e, de um jeito até inusitado, encarou-o com uma ternura reconfortante. Ficava muito bonita assim, muito mais do que qualquer pessoa lhe daria crédito.

— É paixão, Scorpius. Você está disposto a tudo por ela, até mesmo a aceitar que ela não vai te querer de novo — afirmou rouca, porém gentilmente. — Não deveria se deixar levar desse jeito. Jasper não pensaria duas vezes se fosse o contrário. Na verdade, eu acho que ele faria de tudo para te passar a perna. — Ela passou as mãos nos ombros dele, como se os limpasse. — E eu já te contei o que ele fez com nós duas. Deveria usar isso a seu favor para convencê-la de que seria um melhor namorado que Jasper Wood.

Ser namorado de Rose Weasley… Era engraçado pensar nessa possibilidade, mesmo que ela não desse vontade de rir. Scorpius queria poder estar com ela sem precisar se esconder e ignorar que alguém o visse conversando bobagens com ela, segurando sua mão e beijando seu rosto, igual Jasper Wood fazia naquela noite.

— Mais tarde vou chamá-la para dançar e vou dizer tudo a ela — falou com um sorriso de lado, inflando o peito de uma coragem que não era sua. Ou melhor, de uma autoconfiança que praticamente ecoava dentro de si pedindo para sair. —  Por enquanto, Jasper Wood pode tentar ter uma chance. Ela vai ser minha.

Maddie sorriu muito maior naquele instante, como se estivesse tão orgulhosa que não pudesse caber dentro de si. Seu sorriso, no entanto, foi cessando quando os olhos encararam algo vindo por cima do ombro de Scorpius.

Oh-oh. A cavalaria está vindo.

Scorpius virou e deu de cara com Roxanne ajeitando a pose de braços cruzados para ele. Uma sobrancelha erguida, uma baixa, e as mãos apertando os braços não eram bons sinais corporais definitivamente!

— O que você tá fazendo? — Ela perguntou, apontando para trás com a cabeça. Scorp espiou e viu Rose sentada com a mãe de Albus. — Achei que tinha aprendido a dançar para fazer isso com ela.

Ele e Madeline se entreolharam por um momento antes de Scorpius suspirar e tentar, inutilmente, se justificar:

— Estou dando o espaço dela.

— Fala sério, você é emocionalmente burro às vezes. — Ela balançou a cabeça completamente indignada. — Está deixando Jasper mexer com ela.

De alguma forma, sabia ainda que essa não seria a única bronca que levaria naquela noite. E ele estava tentando ser a melhor pessoa ali!

— Rose não vai agir normalmente enquanto os tios de vocês estiverem aqui, ela mesma me disse isso, que nós não nos beijávamos por causa deles — disse enquanto franzia as sobrancelhas, tentando mais se convencer agora do que convencê-la. — Eu vou roubá-la pra mim, mas preciso que ela veja que eu sou uma escolha melhor que Jasper Wood por si mesma.

Madeline riu e levou a mão à bochecha de Scorpius, apertando-a de uma vez ao falar:

— Isso não é roubar, lindinho. Isso é esperar que ela se dê conta do óbvio.

— Obrigada, Madeline! Ouviu ela?! — Roxanne quase aplaudiu! — Acredite em mim, Rose funciona com ultimatos. Diga a ela "Reconheça-me agora ou perca-me para sempre".

— Tá, mas eu não funciono assim.

— Pois deveria — interviu Madeline — seria incrivelmente sexy.

Roxie bateu três palminhas e assentiu.

— Madeline Nott está a voz da sensatez hoje!

— Nós deveríamos andar mais juntas, gata. Eu sou uma ótima conselheira e amiga. — Ela deu uma piscadela para Roxanne e virou para Scorp, endireitando a coluna para parecer um pouco maior e mais altiva. — E você, se quiser realmente ficar com Rose Weasley, precisa mostrar para ela que Jasper Wood não é o príncipe que ela pensa. Ela não vai me escutar, mesmo que eu conte a verdade sobre o nosso beijo.

Scorpius engoliu a seco aquilo, mas foi Roxanne quem exclamou confusa:

— Espera, o quê?

— Quando Jasper e ela namoraram, ele me beijou no pátio porque os dois brigavam e Rose Weasley reclamava demais dele. Ele me beijou, e eu estava apaixonada por ele o suficiente para não ligar para mais ninguém. Foi um erro que me custou perda de cabelo. Péssimo!

Roxanne ergueu as sobrancelhas e encarou Scorpius como se esperasse alguma confirmação. Assentiu sem pensar duas vezes. Ao menos era essa a versão de Madeline, e ele confiava nela.

— Nesse tempo todo, a gente achava que você que tinha tentado agarrar ele. Jasper traiu ela? É isso?

Não queria usar aquilo. Por mais que fosse até bom ver a imagem de Jasper Wood como bom moço desaparecer na frente dos olhos de Rose, era a arma que ele achava mais insensata.

— Eu não quero que ela me escolha porque a alternativa é pior. Era para...

— Para de ser certinho! — As duas rosnaram em uníssono, fazendo-o estremecer.

— Parem de brigar comigo!

Madeline revirou os olhos e segurou a mão de Roxanne, unindo-a à de Scorpius, em seguida encaixando a outra dele na cintura da Weasley.

— Façam o seguinte: dancem! — falou de uma vez sorrindo grande. — Isso é uma festa. Perder tempo discutindo sobre Rose Weasley não vai adiantar de nada porque ela está muito bem sentada. Divirtam-se, não gastem o tempo do meu último Natal do Slug.

Madeline acenou para que os dois se afastassem, mas Scorp e Roxanne só ficaram parados a encará-la. Maddie cansou e girou os calcanhares, indo embora em passos ligeiros.

Talvez fosse um pouco doida mesmo. Scorp gostava disso nela.

— Então… — Virou-se para Roxanne e apontou com a cabeça para as mãos unidas. — Quer tentar?

— Rose vai surtar comigo mais tarde. Eu topo!

Os dois riram juntos antes de Scorpius começar o primeiro passo e o segundo para o outro lado, exatamente como Nate lhe ensinou. Não estava mais tão tenso quanto no início dos treinos, até mesmo James Sirius fez questão de mostrar a ele como deveria fazer com o tronco e com as mãos. Ergueu a que segurava Roxanne e lentamente a girou no ritmo do piano. Ela achou graça e voltou à posição com a mão sobre o ombro dele.

— Preciso admitir — disse ela com um sorriso grande — assim é mais legal que só assistir.

— Acho que tenho um pouco de vocação para dançarino. Você também, Roxie!

Girou-a novamente, mas dessa vez tiveram que ter cuidado para não bater em um casal muito bizarro de amigos de Slughorn.

— Ao menos você está se divertindo. Até pouco tempo atrás, eu estava fugindo de Lysander Scamander.

— Sabe, eu ainda não sei porquê você foge tanto dele. Ele não é tão chato assim. — Scorp franziu as testa, mas recebeu um beliscão em resposta, que o fez até choramingar um pouco. — Tá, tá! Não tá mais aqui quem perguntou!

— Chato é o Lorcan. Lysander é só irritante — bufou um pouco mais conformada. — Não tenho coragem de dar um fora nele diretamente, então fico fugindo. É muito mais fácil.

— Também era difícil conversar com a Maddie, mas agora pouco vocês pareciam quase amigas.

Roxanne deu um sorriso meio de lado para o que ele disse, como se de fato fizesse sentido.

— É, talvez chamar Madeline de “louca” não seja algo muito saudável — falou com um suspiro convencido. — Ela gosta de você. Se gosta de você, não deve ser má pessoa.

Ele balançou rápido a cabeça, alegre pela constatação de Roxanne. Podia imaginar tão bem que Roxanne e Madeline podiam ser amigas! Eram assertivas, diretas e legais, acima de tudo. E mais que isso, as duas cuidavam dele e do seu coração sem noção. Devia muito a ambas por terem visto ele quando poucas pessoas realmente viam.

— Fora que, se tudo der certo no meu plano, Rose e Maddie vão ser obrigadas a conviver — murmurou como se estivesse falando a coisa mais fácil do mundo. Girou Roxanne e a trouxe de volta, escutando sua risada. — Seria bom ter alguém para apaziguar além de mim.

— Você tem muita esperança nelas duas. São farinha do mesmo saco, por isso se bicam demais. Mas podemos tentar, principalmente depois que a Grindy descobrir que o problema na verdade é Jasper. — Roxanne segurou um pouco mais firme a mão de Scorpius, o que o intrigou. — Eu preciso dizer a ela, Scorp. É minha melhor amiga. Até entendo seu lado, mas eu vou falar.

— Tá, Roxie… Só… — Ele umedeceu rapidamente os lábios. — Só espera ela decidir. Depois você pode falar. Não quero sentir como se devesse minha felicidade aos erros dos outros.

A grifinória bufou e passou a mão na cabeça dele, esticando-se demais para isso.

— Então acho que já podemos parar de dançar para você ir chamá-la, o que acha?

Scorpius ia concordar, mais do que tudo no mundo ele concordava com aquilo! No entanto, bastou que os dois parassem de se balançar para que uma moça de cabelos negros surgisse ao lado deles, dizendo de manso:

— Oi, Scorpius! Você está cansado? Se não, o que acha de dançar comigo?

Era Raven McGregor, do quinto ano da Corvinal. Ela foi uma das garotas que Roxanne comentou que não parava de falar sobre ele e que Scorpius bem sabia que não perdeu nenhuma das suas aulas de reforço.

Ele não se lembrava de ter sido já olhado daquela forma. Levou sua mão de Roxanne para ela sem pensar. A cara que a moça Weasley fez foi de cobrança. A que Scorpius respondeu foi só culpada ao falar:

— É só uma dança…

— E o ciúme de você-sabe-quem é só uma faca entrando entre as suas costelas.

Ele fez que riu e acenou com os dedos enquanto Roxanne balançava a cabeça para assistir a cena. Uma coisa era dançar com Madeline, que tinha charme próprio. Outra era dançar com Roxie, que era sua amiga. Agora uma garota que mal conhecia pediu para dançar com ela. A garota pediu! Scorpius sentiu o rosto ficar vermelho no segundo que colocou uma mão na cintura dela.

Raven McGregor parecia tão nervosa quanto Scorp. As primeiras conversas entre eles resultaram em tentativas com sons nervosos, pigarros e sorrisos rápidos. Ele perguntou se Raven gostou das aulas, e ela piscou os grandes olhos castanhos para dizer que foram as melhores explicações de Transfiguração que já ouviu.

De repente, estavam falando sobre o jogo de quadrisolo e sobre casos de amor e ódio por sopa de Shrake. Enquanto o mundo parecia se dividir entre os dois, ela ria graciosamente e se aproximava mais de Scorpius.

— Você é muito alto — disse em um momento.

— Se quiser, pode pisar no meu pé para ficar mais alta. — Ele nem mesmo saberia o que fazer se Raven fizesse isso. Ainda bem que ela negou. — Err… Se você curte mesmo Transfiguração, tem um livro excelente que o Professor Akilah me recomendou uma época! Posso te emprestar o meu.

Raven continuou ali, e Albus passou por trás dela com os polegares erguidos para Scorpius, incentivando o que quer que estivesse acontecendo.

Quando pararam, e Scorpius achou que o nervosismo tinha chegado ao fim, Julia Fisher da Lufa-Lufa se apresentou. Ela era do sétimo ano, uma garota esperta que por vezes comia perto de Nate e dos seus amigos da Sonserina.

— O que acha de mais uma dança? Não são todos os garotos que aceitam, sabe? Temos que aproveitar quando um se propõe.

O sorriso dele vacilou, mas assentiu rápido e nervoso. Julia era mais fácil de dançar que Raven, ela mesma parecia conduzir um pouco a situação. Disse que Nate geralmente fazia companhia nessas horas, durante os jantares de Natal do clube. Acrescentou ainda que ficava feliz que a Sonserina tem todo ano alguém legal e gentil, e que era isso que via em Scorpius há alguns meses.

— Albus também é assim. Ele só tem mais pose de moleque sem noção, mas é um cara incrível.

Julia deixou o rosto sobre o ombro de Scorpius um tanto mais confortável que ele imaginou que ficaria, suspirando ao dizer:

— Mas ele não é tão fofo quanto você.

Se foi o suspiro ou o “fofo”, Scorpius não saberia responder, mas subitamente o nervosismo o atacou, e ele perdeu o compasso e a contagem dos passos na música, indo para frente e sem querer esbarrando em outras duas pessoas que também estavam dançando.

Qual foi a surpresa dele quando viu Alice Longbottom com os braços sobre os ombros do irmão de Rose! Ele olhou para Scorpius com as sobrancelhas ruivas franzidas, logo desviando o rosto para baixo.

— Foi mal! — exclamou Julia com o rosto meio nervoso. — Esbarramos em vocês sem querer!

— Ah, é, claro. — Scorpius pigarreou. Olhou para Julia e olhou para Alice, antes de procurar a mesa dos Potter. Albus estava sentado lá com Lily, James e Nate. — Como está a noite de vocês? Estão se divertindo?

Alice balançou a cabeça positivamente, alegre como sempre.

— E muito! Lily e eu sempre somos as acompanhantes uma da outra, então nunca fico com outras pessoas. — Virou o rosto para ele, rindo. — Hugo aqui está contando os segundos para eu deixá-lo ir embora.

— Eu não sei dançar, Alice…

Scorpius assentiu e voltou-se para Julia com seus olhos pidões. Nem soube ao certo como ela entendeu o recado.

— Você se importa?

— Não, não! — A lufana sorriu abertamente e parou de se mover. — Eu rendo o Hugo por você.

Alice e Hugo pararam também, e lá estava Scorpius estendendo a mão para a garota Longbottom. Ela ficou surpresa, porém nem mesmo pensou duas vezes antes de soltar o Weasley e se segurar em Scorpius.

— Você está livre, Hugo! — disse com um riso brando, acenando para ele e para Julia. — Obrigada por ter aguentado tanto tempo, amigo.

Por um momento, ele pareceu meio perdido sobre o que fazer, respondendo apenas:

— De… Nada…

Deu meia volta e desapareceu no meio das outras pessoas.

— Ele acha que você trabalha para a Rose — sussurrou Alice Longbottom logo que os dois começaram com o gingado suave da música. — Por isso é tão antipático. Fica tranquilo, não é por mal.

— Trabalhar para Rose? As pessoas da nossa idade trabalham umas para as outras? — Scorpius riu, e ela também, negando com a cabeça. — De onde tirou isso?

Alice deu de ombros simplesmente. Estava tão radiante que parecia o próprio sol de tanto sorrir.

— Sei lá, acho que de ver vocês se suportando da noite para o dia. — “Suportando” era uma boa palavra para o que ele e Rose tinham. — Não conta para ela que eu te disse isso. Pode ser que pegue no pé do Hugo, e é a última coisa que eu quero para meu amigo.

— Prometo. Entendo bem essa proteção com melhores amigos. — Scorp assentiu brevemente, puxando um pouco o corpo para os limites daquele espaço para dança. — Não importa a besteira que façam ou pensem, só nós podemos falar mal deles.

— Exatamente! — exclamou Alice com os grandes olhos bem abertos. — E se pisam nos calos deles, viramos monstros de um segundo para o outro! — Os dois se fitaram em silêncio por um instante e riram juntos. — Sabe, Scorpius, eu sempre te observei perto do Albus. É um bom amigo! Vocês têm sorte de ter um ao outro.

O sorriso dele ficou um pouco mais tímido e desconcertado.

— Acho que ele não vai ficar nada feliz de me ver dançando com você — confessou com o erguer de uma sobrancelha. — Já percebeu que ele está realmente querendo chamar sua atenção, não percebeu?

Alice hesitou em responder por um momento. Abriu e fechou a boca duas vezes antes de suspirar com graça.

— Eu sou uma farsa. Rose me sugeriu não dar bola para ele mais essa noite para deixá-lo doidinho por mim, mas só o que eu queria era conversar com ele e ouvir suas ideias idiotas sobre o que vai explodir e destruir. — As bochechas dela ficaram ligeiramente vermelhas. — Foi um conselho ruim o dela?

Inevitavelmente, o Malfoy maneou com a cabeça.

— Se você acha que isso de fazer ciúme proposital é uma boa ideia…

— Eu me pergunto se é isso que Rose está fazendo andando para cima e para baixo com Jasper. — Alice fez uma careta com as sobrancelhas franzidas, espiando por cima do ombro de Scorpius, como se vigiasse para não ser pega falando aquilo. Então, tornou a encará-lo. — Jasper Wood é um chato. Sempre achei estranho como quase todas as garotas ficavam babando ele para cima e para baixo. Super pretensioso e sem graça. Acho que o meu gosto que é um pouco mais… Caótico.

— Alice… — Scorpius a interrompeu, rindo. — Acho que eu nunca te achei tão legal quanto agora. É sério. Você é muito legal, garota.

Ela não entendeu, só o olhou com cara confusa e aceitou. Era verdade! Até aquele momento, nunca achou que se daria tão bem com Alice. De repente, queria fazer dela sua “cunhada” como nunca quis tanto algo na vida!

E era por isso que estavam saindo de perto das outras pessoas que dançavam. Se Alice percebeu e se fez de desentendida ou se ela estava apenas flutuando, Scorpius não saberia nem perguntaria. Quando teve certeza que ela tinha se tocado do que fazia, era tarde demais.

O pé de Scorpius foi para entre os de Alice, prendendo-os num quase nó de ossos e carne. E por mais que tivesse tempo de impedir uma queda horrível, ele não a segurou! Foi uma cena quase em câmera lenta conforme Alice caía para trás sem ter o apoio do Malfoy. Bom, ela teria atingido o chão, se não fosse a proximidade muito bem calculada da mesa dos Potter em que estavam.

Quando Scorpius a soltou, Alice caiu sentada justamente no colo de Albus, que a segurou com ambos os braços no susto.

— Ah! Alice! Me desculpa! — Scorpius ainda tentou, mas era um péssimo ator. Ergueu as mãos para se fazer de inocente e tudo. — Foi sem querer!

Ela estava vermelha. Encarava o rosto de Albus com as duas mãos em seus ombros, parada como se tivesse sido petrificada. Mais vermelho que ela, só mesmo Albus Severus Potter. O sonserino estava com o queixo caído, ruborizado do nariz às orelhas sem tirar os olhos do anjo que de repente caiu para si.

— A-Albus… Eu…

— A-Alice, o que?

Gaguejaram juntos, nervosos. Para quem pagava de bonzão com as garotas, Albus de repente estava perdido, e Scorpius se sentia o maior trambiqueiro naquele instante, orgulhoso do seu próprio feito.

Lily Luna, que estava sentada de frente pro irmão, apenas franziu as sobrancelhas. Ela viu claramente o intuito de Scorp ali. James Sirius e Nate só se entreolharam, cutucando um ao outro com os cotovelos.

— Bom, eu acho que vou pegar algum refresco para beber — declarou Scorpius, mesmo que nem Albus nem Alice parecessem ouvir. Virou-se para Lily e sorriu. — Quer ir também, Lil?

Ela deu uma risadinha e apontou para os pés descalços.

— Vou só me calçar. Eu não aguento ficar muito tempo em saltos. Mas pode ir na frente que eu te alcanço na mesa.

O rapaz assentiu e olhou só mais uma vez para o melhor amigo. A cara de choque deu vazão a um sorriso e a uma declaração:

— É um absurdo que o Scorpius quase te deixou cair. Quer dizer, você estava tão… legal… dançando… parecia um hipogrifo… Muito graciosa!

— Acho que eu tive sorte — respondeu ela, tão boba quanto Albus — que você tem mãos rápidas. Digo, é um ótimo apanhador, claro que teria mãos rápidas.

"Dever de melhor amigo cumprido" pensou antes de girar os calcanhares e sair em direção à mesa com o ponche. Estava realmente satisfeito! Melhor ainda, estava radiante! Scorpius bem sabia do esforço que Albus empenhou na semana para saber absolutamente tudo de matérias como Trato Com Criaturas Mágicas e História da Magia, justamente para entrar nas aulas oferecidas por Teddy Lupin. Até porque foi Scorpius que varou as noites ao lado dele, também estudando para as suas próprias provas. Estudaram tanto que Scorpius sabia que fecharia tudo na última prova de Poções, mesmo não precisando de todos os prontos. Não fazia mal nenhum perder alguns pontos com um errinho mísero no final; só o suficiente para Rose se certificar de que ficaria na frente dele nas colocações. E de fato ficou!

Estava tão imerso em seus pensamentos, que demorou para notar quem estava na mesa do ponche, bem na sua frente.

Mas Jasper Wood o notou quase como se estivesse esperando que ele chegasse.

— Malfoy — cumprimentou-o, e Scorpius engoliu a seco, aproximando-se mais. — Que subida social e tanto, meu amigo. Dançou já com todas as garotas do Clube do Slug?

"Meu amigo"?

Scorpius ficou sem jeito e pegou uma taça já servida com água no impulso. Nem queria água, para ser bem sincero, mas também não queria ficar sem jeito na frente de Jasper Wood.

— Não todas. Ainda falta chamar a Professora McGonagall. — Deu um meio sorriso esperto. Nunca que iria chamar a Diretora! E mesmo assim, Jasper Wood deu uma risada branda, o que o fez olhar para a água no seu copo sem mesmo levá-la à boca. — Eu nem bebi nada alcoólico e já estou falando bobagem.

— Quer que eu pegue um copo de hidromel para você? — ofereceu com bom grado e um sorriso grande. — É sempre importante comemorar sua chegada no Natal do Slug. O Professor parece gostar bastante de você.

Negou com a cabeça rapidamente, pestanejando e desviando em seguida os olhos para o restante da festa. Mal acreditava que estava sozinho com a criatura mística que Rose criava na sua cabeça.

Se bem que, de perto, ele não parecia tão místico. Era mais baixo que Scorpius. Tudo bem, podia ser mais forte, mas não parecia exatamente o tipo que aguentava as chatices de Rose facilmente. Depois da forma que o ouviu retrucar para Madeline, havia dúvidas de que aguentasse até a si mesmo.

Scorpius não conseguiu segurar muito tempo. Tornou a olhar para Jasper Wood com as sobrancelhas franzidas e a garganta coçando para falar:

— Wood.

Ele pareceu um tanto surpreso e olhou para Scorpius com um sorriso meio de lado.

— Malfoy?

— Madeline me disse que você e ela eram… Algo. — Bastou fechar a boca para que as sobrancelhas de Jasper Wood se erguessem juntas. Scorpius estava determinado a odiá-lo com todas as forças, mas era difícil com ele sendo tão suave assim nas expressões. — E que você ficou com Rose para despistar o irmão dela. E depois ficou com ela enquanto namorava Rose. O que houve?

Ele soltou um rápido riso um tanto desacreditado e coçou a própria nuca, cruzando um braço no corpo, enquanto o outro segurava uma taça de provavelmente hidromel.

— Eu não sabia que ainda falavam as besteiras que eu fiz em Hogwarts — disse meio sem graça. — As coisas foram um pouco mais complicadas, não eram tanto preto no branco na época. Você e Maddie estão… Você sabe, tá rolando algo entre vocês?

Scorpius não pensou direito. Ficou instantaneamente nervoso com a pergunta.

— Bom, não é… — Não era Madeline. Era Rose. — Ela é uma amiga. Eu só fiquei sabendo direito da confusão esse ano. Estava só preocupado com ela depois de ver vocês conversando.

Jasper lentamente assentiu com um movimento de cabeça, suspirando. Parecia estar blindado, completamente ao contrário do nervosismo de Scorpius.

— Olha, Malfoy, foi um baita triângulo amoroso. Eu não me orgulho muito das coisas que fiz na época. As duas mereciam um pouco mais de mim. Mas fazer o quê? O coração quer o que o coração quer. — Ele deu de ombros, e Scorpius continuou a encará-lo sem ter certeza se ele estava arrependido do que havia feito. — Madeline é bonita, mas não era garota para namorar. Eu quase perdi Rose porque ela é bonita demais. É o tipo do erro que eu não cometeria de novo, sabe? Ao menos não com Madeline Nott, se é que me entende.

Scorp lembrou de mais cedo, quando viu Maddie, tão feliz enquanto ria com um braço pendurado no ombro de Nate e o outro apontando algo para James Sirius, que também gargalhava do que ela dizia. Não conseguia imaginá-la triste por causa de um cara que simplesmente não se importava. Era quase doloroso. 

Ele. Não. Estava. Nem. Aí.

— Isso é algo bem escroto de se falar.

A afirmação saiu tão espontânea, que nem mesmo se deu conta dela até a boca fechar. Os dois se encararam. A cara de Jasper fechou como um temporal, mas Scorpius sequer vacilou.

— Com quem você acha que está falando, garoto?

“Garoto?” Scorpius repetiu em pensamento, olhando-o de cima a baixo. Tudo bem que Jasper Wood era mais forte que ele, mas era também mais baixo. Só porque tinha barba e era alguns anos mais velho achava que podia chamá-lo assim?

— Estou falando com você, o cara que beijou Madeline enquanto namorava Rose, depois de enrolar a Maddie do jeito que podia — disse, erguendo um pouco o queixo para olhá-lo de baixo. — E que fez meu amigo Nate Parkinson perder o posto de monitor. Ah, e agora acha que pode acenar e ter Rose Weasley na mão.

Jasper só deu um meio riso irônico ao responder:

— Você não gosta muito de mim, não é?

— Não mesmo. — Deu de ombros. — Mas é como você disse, as coisas não são tão preto no branco.

Scorpius bateu sua taça ligeiramente na taça dele, bebendo o resto da água.

Foi como se tivesse só tempo o suficiente para não virar purê de batata. A voz de Lily Luna soou em seus ouvidos a menos de um segundo do toque dela em seu braço:

— Eu estava te procurando, Scorpius! — Os dois rapazes se viraram para ela, que acenou com a cabeça para Jasper antes de começar a puxar o sonserino. — Vem, quero que me acompanhe para conversar com um amigo de papai.

Os olhos de Scorpius e Jasper Wood se trocaram mais uma vez antes do Malfoy se virar e sair dali ao lado de Lily Luna Potter. 

Bastou sair do campo de visão do Wood para que a mão começasse a tremer!

— Pelas barbas de Dumbledore!

— O que foi aquilo? — Lily deu um meio riso entre as passadas. — Você e Jasper estavam…

— Eu acho que fiz besteira. — Scorpius passou a mão nos cabelos um tanto nervoso. — Confrontei o cara sobre o que ele fez com Madeline. Lily, ele não é um muito legal não.

Lily Luna franziu as sobrancelhas e sorriu meio boba com o que Scorpius fez. Rapidamente, segurou no braço dele e o levou pelo salão até o outro lado de um tecido mais grosso, escondendo-se com ele ali atrás, perto de uma das pilastras da sala de Slughorn. Seria difícil que os vissem ali, especialmente porque a pilastra os cobria.

— Me explica direito isso. O que você disse para Jasper Wood?

Seria mais fácil ter explicado o que Maddie contou e o que Jasper completou, mas estava com aquilo engasgado na garganta sem conseguir botar para dentro direito.

— Não estou dizendo que ele é o diabo e que é a pior pessoa do mundo, não é isso. Até seria mais fácil lidar com a situação da Rose se o cara fosse terrível assim — disse enquanto piscava rápido demais, olhando por vezes para além do tecido que os protegia. Ninguém parecia ver os dois ali, escondidos. Ótimo. — Ele parece legitimamente gostar da Rose, só foi um completo babaca com a Madeline. Isso me subiu o sangue muito mais que ciúme.

Lily pendeu a cabeça para o lado e cruzou os braços, tentando entender.

— Tá, eu só tenho uma pergunta: o que você quer fazer?

— Tentar não ser trucidado por um jogador de quadribol? — Ele riu. Lily não. — Eu quero… Eu quero desaparecer. Quer dizer, eu dancei com Madeline, Roxanne, Raven e Julia, mas nem mesmo consegui conversar com a Rose direito. Eu não devia ter vindo pra essa festa sabendo que Jasper Wood estaria aqui. Ela tentou me alertar e-

Não terminou de falar, acabou sendo interrompido por uma batida de Lily em seu ombro, igual ela fazia com Albus.

— Está pensando tudo pelo lado errado — disse ela mais baixinho, aproximando-se do rapaz. — Enquanto estávamos sentadas na mesa, Rose não tirou os olhos de você. Ela precisou se levantar e sair para disfarçar o quanto estava incomodada. Isso, meu amigo, é impressionante.

Ele se encolheu nos ombros, imerso no silêncio de si mesmo. O verde dos olhos de Lily podiam assustar um pouco.

— O que acha que eu devo fazer? Ela disse que não poderíamos agir normalmente porque seus pais estão aqui, então eu acabo ficando sem muita margem.

— Isso eu posso resolver. — Ela balançou a cabeça com firmeza. — Mas o resto é você quem...

— Eu simplesmente não consegui engolir o que acabou de acontecer!

Não foi Scorpius nem Lily Luna que disseram aquilo. Os dois se encolheram mais próximos atrás da pilastra quando viram, do outro lado do tecido, Jasper Wood aparecendo e parando ao lado de Rose.

Ele tinha os braços cruzados e uma cara de indignação bem clara estampada, mas Rose estava de costas, evidenciando a linha austera de seu pescoço pelo cabelo preso e pelo vestido de ombro a ombro.

Rose nada disse, talvez por isso Jasper tenha continuado:

— Quem ele pensa que é? Não me importa que Madeline esteja falando sobre o que houve e o que não houve entre nós, mas a partir do momento que as pessoas começam a acreditar no que ela diz e alguém como Malfoy vem querer me dar lição de moral! Por favor, é pedir demais da minha paciência.

A atenção de Scorpius não saiu das costas de Rose. Ela mexeu a cabeça como se fosse responder, porém logo Jasper Wood tornou a falar:

— Malfoy… Não me desce isso. Ele foi rude, mais mal educado do que eu esperava da laia de ex-Comensal da família dele…

— Scorpius não é…

— Arrogante? Pretensioso? Uma coisa ele é: estranho e desengonçado. Duas, quero dizer. — Jasper deu um meio riso e trocou o peso das pernas, impaciente. — Se eu soubesse que esse garoto era no fundo tão irritante, tinha colocado ele no próprio lugar quando ainda estava em Hogwarts, igual fiz com Nate Parkinson. Dá para acreditar, amor?

— Jasper, Scorpius não é assim. — A voz dela soou mais irritada. Scorpius não podia ver seu rosto, imaginando apenas se estaria furioso ou apenas desgastado.

— Ou talvez eu ainda possa dar essa lição. É até mais fácil de dar um susto nele, se pensar bem. Talvez eu esteja exagerando um pouco, mas ele falando comigo em favor das mentiras de Madeline me subiu o sangue...

A verdade era que as palavras de Jasper nada mais eram do que as mesmas que ele já ouviu de Rose Weasley e James Sirius Potter dizerem. Pouco importava o que aquele cara achava de si. Como Rose estava tentando responder importava muito mais.

— Eu vou lá parar essa palhaçada — sussurrou Lily Luna, já dando um passo para frente, que Scorpius precisou deter. — Não aguento mais escutar ele falando isso de você.

— Deixa pra lá, eu não m-

Scorpius foi cortado por um som alto e súbito no tom de voz mais grosseiro de Rose Weasley:

Cala a boca, Jasper!

Ela praticamente gritou. O barulho de algumas pessoas que conversavam por perto cessou, e Rose precisou pegar a taça que ele tinha em mãos, virá-la goela abaixo e entregar de novo nas mãos do rapaz. 

— Rose, você…

Só que, desta vez, foi ela quem o interrompeu, encarando incisivamente seu rosto ao dizer sem pausas:

— Primeiro de tudo, Scorpius Malfoy não é uma pessoa grosseira. Muito pelo contrário, é uma das pessoas mais gentis que conheço com sua pose de menino comportado e educado em casa. Você nem imagina o quanto ele já não sofreu nas minhas mãos todos esses anos, e ainda assim tem a capacidade hercúlea de ficar do meu lado quando as pessoas da escola me perturbam. Nem importa se pensa que ele não tem tantos amigos, todo mundo quer estar perto dele pela sensação boa que dá desfrutar do seu sorriso. Até quando tenta ser rude, tudo que ele consegue é que eu torça seus argumentos contra ele e o faça cair da vassoura. Enquanto isso, você sabe muito bem da sua capacidade, Jasper, de soar como se tivesse o nariz mais empinado desse castelo, fazendo com que todos ao redor pensem que é "o cara" para se elevar num patamar acima. Eu sei que faz isso, sabe por quê? Porque eu também faço, aprendi com você em todas as escapadas que dávamos. E por isso, Scorpius Malfoy está sob a minha guarda. Minha. Guarda. Se você ousar tocar em um fio daquele cabelo loiro lambido, vai precisar se ver comigo. E ouça bem o que eu digo: sou a melhor aluna da classe de feitiços do meu ano.

Quando Rose finalmente parou de falar, puxou o ar de uma vez e endireitou a coluna, como se pudesse ficar até mesmo um pouco mais alta e encarasse Jasper de igual para igual.

Se bem que, naquele momento, Scorpius a via gigante na frente de um Jasper ínfimo.

— Você… — Foi o que ele conseguiu dizer tão boquiaberto. Parecia que tinha levado uma surra. — Amor, uau! Você...

— Quer que eu repita? Estou com metade disso engasgado desde que você começou a me interromper. O que foi aquilo na frente do Slug? Esqueceu quem sou eu?! Agora quer falar de dar uma lição em Scorpius como se ainda estivesse no colégio? Tá de brincadeira?!

Jasper segurou a mão dela, e Scorpius ficou tenso por um momento.

— Qual é, amor… Não precisa ficar tão esquentadinha por causa de Scorpius Malfoy.

— E só mais uma coisa. — Rose apontou para o peito dele, enfiando-o em sua roupa. — Quer dar em cima de mim e me lembrar do quanto éramos bons? Tudo bem. Fique à vontade. Saber que você ainda se interessa por mim é mesmo uma sensação mágica. Mas se quiser mesmo algo comigo, pare de agir como se eu fosse te chamar de "amor" de volta depois de todo esse tempo porque eu não vou.

Ela deu um sorriso cheio de si, ajeitou os cabelos e endireitou o vestido, tudo em menos de cinco segundos, recobrando toda a graça que momentos antes lhe faltava. Aquela era a Rose que Scorpius conhecia.

Foi por aquele fogo e caos que se apaixonou.

Jasper Wood pareceu impactado demais para responder, tanto que ela mesma riu e exclamou:

— Pronto! Bem melhor agora. — Respirou fundo e olhou ao redor como se nada tivesse acontecido, mas ao mesmo tempo tivesse tirado trinta quilos das próprias costas. — Vou atrás do Professor Akilah falar sobre o projeto de aulas de reforço que dei na semana passada. Conversamos melhor mais tarde, sim? Assim você fica mais calminho e esquece esse absurdo de ideia que é se meter com Scorpius.

— Eu fico calminho? — Ele deu um meio riso, cruzando os braços enquanto a admirava com o olhar. — Senti falta dessa sua capacidade de explodir tudo que pensa e sente.

— Continue falando do Scorpius que tem muito mais de onde essa veio.

De repente, ela zarpou com passos rápidos para longe dele. Wood ficou a observá-la se distanciar sem se mover. Parecia estar ainda processando o discurso de Rose para ter alguma atitude sobre ela. Então, balançou a cabeça e saiu para o outro lado.

— Scorpius — murmurou Lily — você viu o que ela…?

Scorpius Malfoy cobria a própria boca com a mão para disfarçar o tamanho do sorriso, mas era inevitável deixá-lo claro. Sorria com os olhos, com o corpo e com a alma.

— Ela gosta de mim, Lily — disse ao encarar a ruiva Potter, que riu e assentiu com a cabeça.

— Você devia ir lá falar com ela, Scorp, antes que dê outro chilique.

Podia ouvir os chiliques de Rose pela noite toda e não ligaria. Scorp beijou o topo da cabeça de Lily Luna e saiu do esconderijo dos dois entre os tecidos à procura da ruiva mais sem noção daquela escola.

Não estava com o Professor Akilah. Ah, não! Estava na frente da Estante do Slug, segurando as mãos atrás do corpo e percorrendo com atenção todas as fotos emolduradas. 

Scorpius não fazia a menor ideia do que dizer a ela naquele instante. Conhecia-a bem o suficiente para saber que dizer que ouviu tudo era uma péssima escolha e a faria se retrair. Queria derrubar suas barreiras e queria ouvir a voz que ela pareceu ter segurado a noite inteira, ao menos até ali.

O que verdadeiramente desejava era puxá-la e beijá-la na frente de todos. Se o fizesse, as chances de ser estapeado eram grandes… Mas valia a pena.


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Notas finais do capítulo

100 FAVORITOS! Gente, eu tô tão orgulhosa dessa história. Sei que ela já rola há muito tempo e que eu sou uma autora péssima que some e que deixa de responder algumas reviews, mas, de coração, eu tô mega feliz. Obrigada a todo mundo que acompanha! Vocês são incríveis ♥ ♥ ♥ ♥ continuo aqui porque ainda recebo mensagens, reviews e vejo as visualizações dos capítulos! Tudo por vocês e por esses personagens que eu sou apaixonada! Obrigada ♥ ♥

SOBRE O CAPÍTULO! Nossa, tanta coisa para comentar, e eu realmente queria ver as reações até de quem não costuma comentar sobre a reação da Rose mandando o Jasper calar a boca hahhahaha. Muita coisa em um capítulo só! Scorpius dançando com a Maddie, com a Roxanne, com duas outras moças e ainda ouvindo a Rose surtar com o Jasper! AHHH MUITO LINDO! Espero que tenham gostado. Digam o que acharam! Tô mega ansiosa para descobrir!
E como eu disse, a última parte está vindo! Vou tentar postá-la antes do Natal ainda... HUHUHU MUITA COISA!



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