A Linhagem Bennet escrita por Wondy


Capítulo 2
Sobre segredos e problemas de confiança.


Notas iniciais do capítulo

Heya Divosas!
Eu sei que eu atrasei demais, eu sei, mas não é minha culpa se eu sou perfeccionista, okay? Neste cap, teremos dois flashbacks, olhe só que legal! Na verdade, essa temporada terão muitos flashbacks, mas não deixaremos que eles atrapalhem a história original, não é?
Enjoyyy



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Veneza, 19 de março de 1937.

Ele estava animado. Seria a primeira vez que iria passar as férias em outro lugar que não fosse sua casa! É claro que ele sentiria a falta de sua mãe, mas a animação conjunta de ansiedade abafava esse pensamento cada vez que sua mente decidia refletir sobre. Ele costumava pensar que todos aqueles estudos quanto à língua italiana nunca seriam usados, porém ele finalmente pôde colocá-los em uso! Afinal, qual é a finalidade de falar uma outra língua se não pudesse pô-la em pratica?

O garotinho estava tão agitado que mal conseguia manter-se sentado no banco do trem que deveria leva-los à Veneza.

— Você deveria se acalmar – Sua irmã sugeriu, sorrindo ao ver a agitação do irmão mais novo. Ele tinha oito anos, mas era tão hiperativo quanto à uma criança de quatro. Não parava nunca. – Chegaremos à casa da tia Agnese em algumas horas, você deveria descansar.

— Como irei descansar, Bi? – questionou o garoto. Ele movimentava as mãos freneticamente. As sombras do vagão pareciam seguir seus movimentos, mas nenhum dos irmãos pareceu notar. – Estamos na Itália! Podemos finalmente falar em italiano sem que nos achem malucos! – exclamou, lembrando-se dos olhares tortos que ele costumava receber na escola todas as vezes em que falava algo na língua estrangeira. Sua mãe falara que era por causa dos desentendimentos que estavam acontecendo na Europa. Muitos americanos começaram a acreditar que uma guerra está para desencadear, tudo o que é preciso é: tempo.

A irmã mais velha riu da animação do pequeno, porém ainda assim sentiu um peso no estômago ao lembrar qual era a verdadeira razão para estarem ali. Não se tratava de uma viagem de férias como o irmãozinho acreditava, mas sim de uma fuga. Ela não sabia de quem, nem o porquê, sabia apenas o que sua mãe havia lhe falado.

“Vocês precisam ir, aqui não é seguro.” Disse sua mãe, segurando as lágrimas. “Você é a mais velha, prometa-me que cuidará do seu irmão!”

“Eu prometo” Disse ela, estranhando o comportamento da mãe.

“Não, preciso que você jure pelo Rio Estige” sua mãe exclamou, agarrando as mãos da filha. 

“Rio Estige?” questionou ela, confusa.

“Apenas... apenas faça!”

“Eu juro pelo Rio Estige!” exclamou ela.

Não sabia o que aquelas palavras significavam, mas ao ver sua mãe suspirar aliviada e a abraçar fortemente, ela julgou ser um juramento muito importante.

Com esse pensamento, ela apenas encostou a cabeça no banco e se deixou levar pelo cansaço.

— Vou dormir um pouco, você também deveria tentar – opinou, fechando os olhos. 

Porém, antes de cair no sono, ela conseguiu ouvir a resposta do irmão.

— Eu te acordo quando chegarmos, Bianca.

*****

Nico di Angelo

Imagino o que os tripulantes do Argo II estejam fazendo. Será que estão bolando teorias sobre como “escorregamos e caímos” no abismo? Ou será que estão criando estratégias para nos resgatar? Eu, sinceramente, prefiro a primeira opção. Eles devem ir para o Épiro, e não se atrasarem conosco.

Parece estarmos aqui há décadas. Hayley ainda não parece acreditar completamente em mim, mas eu nem ao menos percebo. Estou muito ocupado tentando não entrar em pânico. O Tártaro está diferente. Acredito que seja por que as forças de Gaia não estejam tentando me dominar, ou por que dessa vez não estou sozinho, mas a jornada parece bem mais suportável. Quando me puxaram para o poço, já era parte do plano de Gaia, então ela me dominou no mesmo instante. Estranho, ela parece não notar que estamos aqui. A não ser... a não ser que ela saiba, e não nos atacar seja parte do seu plano... não. Não posso me preocupar com isso agora. Preciso me focar em achar o caminho para as Portas da Morte.

— Você planeja me ignorar por quanto tempo? – pergunto, fazendo com que Hayley pulasse de susto. Ela rola os olhos logo depois.

— Não estou ignorando você.

Uma risada sarcástica escapa de minha garganta.

— Você não troca uma palavra sequer comigo desde que chegamos aqui – observo. -  Tem certeza de que não está me ignorando?

Hayley me encara por alguns segundos antes de desviar o olhar, derrotada.

— Não, não tenho certeza – disse finalmente, voltando a andar logo assim que as palavras saíram de sua boca como se eu nunca tivesse perguntado nada.

Ficamos em silencio por alguns minutos – talvez horas, o tempo era diferente no Tártaro.

— Obrigada – murmurou Hayley, praticamente inaudível. Fiquei tão surpreso que cheguei a questionar se havia ouvido direito.

— Pelo quê?

Hayley suspirou antes de responder, hesitante.

— Por estar aqui.

Uma risada nervosa escapa de minha garganta. Qual seria a última vez em que Hayley havia me agradecido? Talvez nunca, pois há três coisas infinitas no mundo: o universo, a estupidez humana e o orgulho de Hayley Bennet.

Dei de ombros.

Eu não podia deixar você vir sozinha.

­— Eu estava entediado mesmo – falei.

Hayley me encarou, seus olhos verde-mar estudando-me como se eu fosse um experimento muito interessante.

— Mentiroso.

Arqueei as sobrancelhas.

— Como pode ter tanta certeza de que estou mentindo? – questiono, desafiadoramente.

— Eu não sou idiota, Nico, sei identificar quando você está mentindo – respondeu, com ar superior. Maldita convencida.

— Sabia que você é muito irritante? – indaguei, arqueando uma sobrancelha.

Uma sombra de um sorriso passou pelo rosto de Hayley.

— É, eu sei. – Mas então o olhar convencido deixou completamente seus olhos, substituído por um brilho inovador, como sempre acontecia quando Hay tinha uma idéia brilhante. – Você acha que cães infernais conseguem vir até o Tártaro?

Franzi a testa, momentaneamente confuso com a brusca mudança de assunto. Cães Infernais provavelmente teriam forças o suficiente para entrar no Tártaro, mas talvez não conseguissem viajar nas sombras de volta para a superfície. Isso exigiria muita força e concentração, tanta que poderia até resultar na morte do animal. Penso na Sra. O’Leary, com seu tamanho semelhante à um tanque de guerra, pensando se ela conseguiria por ser mais experiente quanto à viajem nas sombras, mas era pouquíssimo provável, principalmente carregando dois semideuses junto com ela.

— Talvez, mas duvido que consigam sair. Seria preciso estarem muito perto da saída para conseguirem viajar nas sombras até a superfície novamente, mas entrar seria consideravelmente fácil. – respondo, absorto em teorias. – Por que quer saber?

 - Por que eu tenho uma idéia consideravelmente boa – respondeu ela. -  Mas não tenho certeza se é seguro para ele.

Ele?

Hayley não me responde, está ocupada demais andando de um lado para o outro, murmurando coisas inaudíveis e estalando os dedos freneticamente como costuma fazer quando está traçando um plano brilhante. Estava listando os prós e os contras de sua idéia.

Eu conseguia ouvir poucas palavras que ela murmurava, como: pode ser perigoso... só um filhote... força suficiente... pode nos ajudar... precisamos de toda a ajuda possível. Até que ela parou, parecendo ter finalmente tomado uma decisão. Levou os dedos aos lábios e assoviou.

Primeiramente, nada pareceu acontecer, o que me fez questionar se Hayley já estava ficando maluca. A idéia de que o som agudo pudesse alertar monstros sobre a nossa localização me atingiu como um tapa. Eu estava prestes a questioná-la sobre o assunto quando uma forma negra e peluda saltou de um portal nas sombras a alguns metros de onde estávamos, correndo até Hayley. Assim que a criatura encostou no chão, sua forma ficou mais nítida, revelando um cão infernal. Seu tamanho era equivalente à um cavalo, pequeno comparado à um cão adulto, porém maior do que um filhote. Ele deveria ser, no mínimo, um adolescente.

O cão infernal correu até Hayley. Ela sorriu ao vê-lo, afagando a orelha peluda do cachorro que, ao notar minha presença, rosnou e pôs-se protetoramente à frente da filha de Netuno.

— Calma Art, ele é amigo – Hayley o acalmou. O cão infernal parou de rosnar, porém ainda me encarava desconfiadamente.

— Que bola de pelo nervosinha você tem aí, Bionda – observei.

Hayley rolou os olhos para o alto ao ouvir o apelido.

— O nome dele é Art. – disse ela. – E ele não é meu. É um cão infernal livre. Mas, digamos que ele tenha uma espécie de dívida comigo. Longa história – acrescentou quando eu abri a boca para perguntar. – Pensei que seria bem mais difícil algum monstro nos atacar se tivermos um cão infernal conosco.

— Faz sentido – falei, franzindo a testa. – Mas, como pode ter certeza de que ele conseguirá voltar?

Hayley mordeu o lábio inferior, seus olhos banhavam preocupação.

— Como você disse: é preciso estar perto da saída para que ele consiga voltar à superfície. E, talvez seja uma forma bem mais fácil de voltar também. Além de mais perigosa.

Suspirei.

Era uma ideia arriscada, calculista, perigosa e típica Bennet. Mas, ainda assim, não deixava de ser brilhante.

Como de costume.

— Estou dentro. Qual é o seu plano brilhante?

*****

Hayley Bennet

— Eu sou um desastre! – Arthur exclamou, irritado, socando as teclas do piano com raiva.

— Art, é a sua segunda aula está bem? Não seja tão duro consigo mesmo. – eu tentava acalma-lo, concentrando-me para não rir pois isso o faria ficar ainda mais irritado. – Por favor, tente não quebrar o piano, mamãe nos mataria se soubesse que você socou-o desse jeito. Deixe-me lhe mostrar novamente.

Arthur apenas bufou, cruzando os braços.

— Eu nunca serei bom como você – sussurrou ele. – Você toca piano, desenha e é a melhor aluna da sua sala. Eu não consigo tocar nenhum instrumento musical, desenho tão bem quanto um cachorro e minhas notas são uma bela porcaria.

Rolo os olhos para cima. Não era a primeira vez que Art reclamava sobre isso – na verdade, era a milésima vez -, achando-se um inútil. Arthur era modesto. Ele tinha um talento e sabia disso.

— Você não é um inútil – asseguro-lhe, passando um braço pelos seus ombros e puxando-o mais para perto. Sua cabeça cai pesadamente sobre meu ombro.

— Não sou? – perguntou ele, infantilmente.

— É claro que não é! – exclamei, fazendo-o olhar para mim. – Você tem um talento grandioso.

— Qual?

— O de me irritar.

Arthur abriu um sorriso amarelo.

— Acho que você pode estar certa. 

******

O chão esburacado e a falta de iluminação do Tártaro eram grandes aliadas na missão de me fazer tropeçar toda maldita hora. Eu tinha a impressão de que estava caminhando na areia do mar, pois todas as vezes que eu dava um passo, o solo parecia querer engolir o meu sapato. Eu teria caído inúmeras vezes se Nico não me segurasse toda vez que eu fizesse menção de cair. Por mais incrível que pareça, ele não tropeçou nenhuma vez. Estou até desenvolvendo uma teoria sobre como ele deve conseguir ver no escuro melhor do que eu, por que não é possível andar pelo tártaro sem quase cair algumas vezes.

Art caminha com passos lentos à nossa frente, os caninos de fora, pronto para atacar qualquer monstro que ouse cruzar nosso caminho. Ele olha para trás de vez em quando, lançando um olhar desconfiado à Nico, que nem ao menos parece perceber. Ele está muito ocupado observando as rochas e paredes de pedra vermelha à nossa volta, como se as achasse muito familiares embora a lembrança não pareça ser tão boa assim.

— Por aqui – instrui ele, virando a direita e passando por baixo de uma espécie de aro de pedras. Eram diferentes das outras que encontramos, pois não eram vermelhas, mas sim cinzas.

Depois de alguns minutos andando, consigo ouvir o som de água corrente. Acho estranho, não estou sentindo a presença de nenhum lago ou rio, mas o barulho se intensifica cada vez mais enquanto nos aproximamos.

Nico para de repente, virando-se para ficar cara a cara comigo.

— Hayley, preciso que feche os olhos – diz ele, inexpressivo.

Franzo o cenho.

— Por que eu faria isso? – questiono, confusa.

Nico morde a parte interna do lábio, olhando momentaneamente para trás de si. Preocupação toma conta de seu olhar por completo e ele contrai os lábios em uma linha fina.

— Você ainda tem medo de fogo? – ele pergunta após um tempo em silencio.

— Sim, por quê? – pergunto, estranhando a pergunta. Ele sabia melhor do que ninguém sobre meu pânico por fogo. Fazia-me lembrar dos gritos dentro da igreja no dia em que eu morri, há mais de setenta anos atrás.

— Você está escutando o som de água corrente, mas não sente a presença de nenhum lago ou cachoeira, não é? – Ele não me dá a chance de responder a pergunta. – Ligue os pontos, Bionda.

Meus olhos se arregalam. Oh, era por isso que ele queria que eu fechasse os olhos. De fato, havia sim um rio mais à frente, porém ele não era composto por água. Era composto por fogo líquido. Era o Rio Flegetonte.

— Não tem como irmos por outro lado? – pergunto, tentando controlar o tremor em minha voz. Nico balança a cabeça negativamente.

— Feche os olhos e apoie-se no meu braço, eu te guio. – opina ele, estendendo o braço.

Olho desconfiadamente para seu braço estendido.

— Como posso saber que não vou bater em alguma rocha?

Uma sombra de um sorriso passa pelo rosto dele.

— Terá que confiar em mim, Bionda.

O encaro por alguns segundos, até que estendo a mão e seguro seu antebraço, fechando os olhos logo em seguida.

— Se eu bater em alguma coisa, eu juro que te mato, Di Angelo – ameaço. Mesmo sem vê-lo, consigo imaginá-lo contendo um sorriso.

— Desafio aceito.  

*****

Hazel Levesque

Eu, sinceramente, estou tentando me sentir deprimida, mas tudo o que consigo realmente sentir no momento é raiva. Como aquele idiota cai no Tártaro de novo? Ele havia acabado de sair de lá, e agora ele e Hayley estão na parte mais profunda do Mundo Inferior correndo risco de morte. E tudo isso depois de todo o nosso esforço para resgatá-lo!

Quanto mais eu pensava na possibilidade dos dois terem caído, menos eu acreditava nela. Nico, sem sombra de dúvida, ficaria o mais longe possível daquele maldito abismo, sem mencionar que o equilíbrio de Hayley era desumano, não há possibilidade alguma de eles terem escorregado, muito menos puxados. Só há uma explicação: Hay pulou para fechar as Portas da Morte, e Nico – sabe-se lá por que Hades – foi junto com ela.

Decidi focar-me em outra coisa, então apenas encarei as montanhas distantes pelas quais eram adornadas por nuvens esfumaçadas e pouco visíveis por causa na falta de sol. Lembro-me de quando eu era pequena e acreditava que no topo da montanha mais alta havia um grande castelo de nuvens. Um pequeno sorriso se abre em meu rosto, mas ele logo se esmorece quando percebo que era a primeira vez em que eu sorria desde o... “acidente”.

O ânimo dos tripulantes do Argo II não parece estar melhor que o meu. Todos andavam cabisbaixos, irritados por não poderem fazer nada a não ser continuar a jornada até o Épiro. Até Leo não estava mais fazendo piadas com a mesma frequência de antes. O pior é Percy, que, mesmo insistindo estar bem, não engana nem à si mesmo. As olheiras fundas debaixo dos seus olhos o entregavam.

Sinto a aproximação de Frank antes mesmo de vê-lo, e talvez tenha sido por isso que não me assustei quando ele perguntou:

— Você está bem?  

Suspiro pesadamente e olho para ele. Encaro seu rosto por algum tempo antes de balançar a cabeça tristemente.

— Não – murmuro, abaixando o olhar para as minhas mãos entrelaçadas.

Frank suspira pesadamente, como um búfalo.

— É, nem eu. – admite. Ele abre um sorriso fraco ao completar a frase. – Eu tenho essa impressão de que ela irá aparecer no mastro, exclamando lá de cima “Os stronzos aí em baixo pensaram que eu tinha morrido?”, como se tudo fosse parte de uma brincadeirinha sem-graça.

Uma risada escapa dos meus lábios quando penso na cena.

— Parece algo que ela faria... - observo. Eu conseguia ouvir sua risada debochada ao ver as nossas expressões descrentes. – Sinto falta dela.

Frank estende a mão, entrelaçando seus dedos nos meus e apertando-os acolhedoramente, confortando-me.

— Eu também. – sussurrou ele em um fio de voz.

Suspiro pesadamente, encarando o horizonte e tentando conter as lágrimas. A última coisa que eu queria no momento era chorar. Apoio a cabeça no braço de Frank, desejando que aquilo não passasse de um sonho. Talvez eu acorde amanhã com os murros de Hayley em minha porta, ou talvez com Nico chacoalhando meu braço, informando que havíamos chegado ao Épiro. Mas não iria acontecer.

— Hayley é a semideusa mais corajosa que eu conheço – revelou Frank. – Se tem alguém que pode atravessar o Tártaro, é ela. Principalmente ao lado do seu irmão. – Por mais que aquelas palavras fossem para me confortar, eu sentia que ele as usava para confortar a si mesmo também. Hay podia ser minha melhor amiga, mas era a dele também. Nós dois sentíamos a falta dela e sofríamos com o pensamento de ela estar morta.

Ele tinha razão. Hayley era mesmo a semideusa mais corajosa que eu já conheci. Depois de tudo o que passou, ela ainda consegue colocar um sorriso no rosto e seguir em frente. Se isso não é coragem, então eu não sei o que é. E Nico já esteve no Tártaro, ele deve saber para onde ir, o que enfrentarão pela frente. Um sorriso fraco se abre em meu rosto. Acredito que os dois seriam os mais qualificados para aquela tarefa de qualquer maneira.

Talvez eles realmente consigam chegar até as Portas da Morte.

— Eu só... não consigo entender por que Nico foi junto – ponderou Frank, a confusão era evidente em sua voz. – Quer dizer, quem pula de um abismo junto de alguém que acabou de conhecer? Não faz sentido algum.

Engulo em seco.   

— Estranho, não é? – pergunto, fitando minhas mãos.

Frank olha para mim, encarando-me desconfiadamente.

— Você parece saber algo que eu não sei – observa ele.

Levanto o olhar, fingindo o melhor olhar inocente que eu conseguia.

— Não sei do que está falando, Frank – falo. Ele não parece acreditar, mas ainda assim abre um sorriso fraco.

— Tudo bem – diz ele, desviando o olhar. O sorriso divertido ainda pairava em seus lábios. 

— Pare com isso – peço, tentando não olhar para ele.

Frank franze o cenho, parecendo momentaneamente confuso.

— Parar com o quê?

— Com... isso – tentei explicar, mas não consegui.

Era como uma espécie de peso no peito por não poder dividir aquele segredo com ele. Eu sempre confiei muito em Frank e ele em mim, acho que nunca guardamos algum segredo um do outro, sempre compartilhamos tudo. Eu estava tão acostumada a sempre contar-lhe tudo que, quando eu não pude dividir aquela informação com ele, eu estava praticamente enlouquecendo.

— Tudo bem, eu te conto! – exclamo, rolando os olhos e xingando-me internamente pela minha fraqueza. – Mas precisa me prometer que não contará ao Percy.

Frank se aproximou, curioso.

— Eu prometo.


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Notas finais do capítulo

Entonzis, eu tenho certa noção de que alguns leitores já mataram a charada do cap (outros talvez não), mas esses flash backs estão aí por uma razão especifica. Não se preocupem, no fim da temporada tudo será esclarecido. Até o próximo cap, divosas! Deixem reviews!