A Linhagem Bennet escrita por Wondy


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá divosas! UHUM UHUM A SEGUNDA TEMPORADA DE AFRG SAIU! Eu estava tão ansiosa para começar a postar, tava morrendo de saudade de escrever essa fic maravilhosa!
Aviso rápido: eu não vou mais estabelecer uma programação como eu fiz na primeira temporada. Por que? Porque eu amo escrever, mas por diversão. Se eu tiver esse peso que é a programação, não será mais algo que eu faço por pura expontanea vontade, mas sim uma obrigação. Alguns se lembram da pausa de meses que ocorreu na primeira temp, não é? Bem, além de eu estar passando por problemas, eu não sentia mais vontade de escrever porque eu comecei a ver a fic como uma obrigação e isso me fez desanimar. Para evitar que o mesmo aconteça nesta segunda temporada linda e maravilhosa, nenhuma programação será estabelecida, vou postar quando eu sentir que os capítulos estão do jeito que eu quero.
Bem vindos à nova temporada de AFRG, A Linhagem Bennet.



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Nova York, 17 de dezembro de 1864

Seus cabelos esvoaçavam com o vento gelado, mas ela não sentia frio. O céu de Nova York estava nublado e provavelmente alguma chuva viria a caminho, mas ela não se incomodava com o fato de não ter trazido um guarda-chuva. O corpo sem vida à sua frente era a única coisa da qual ela deveria se preocupar. Ela não sentia remorso, não sentia nada. Tentava sentir-se culpada pelo que havia feito, mas não conseguia, como se fosse incapaz de se sentir algo em relação ao homem desprovido de qualquer vida em sua frente.

Jack. Seu nome era Jack.

Não era culpa dele estar ali, mas não era dela também. Oras, se Jack não tivesse passado por aquele beco, ele não estaria morto agora. É, a culpa era dele, completamente e apenas dele. Ela não tinha culpa de nada, afinal ele deveria ter apenas passado reto e não perguntado se ela estava bem e nem se aproximado.

Ela sabia que, se não teria sido Jack, seria outra pessoa com as roupas ensanguentadas grudadas em seu corpo sem vida. Mas que belo jeito de morrer. Esfaqueado num beco, enganado pela inocência de uma bela garota de dezesseis anos. Patético.

Os punhos dela se fecharam com força ao redor do cabo da faca. Um presente de sua mãe pelo seu aniversário de quinze anos. Ela lembrava de ter achado estranho, afinal quem presenteia uma garota com um punhal? Agora ela entendia.

Decidiu que era uma boa hora para voltar para casa. Era perigoso sair à caça em plena luz do dia, mas ela não conseguiu se conter. Precisava fazer aquilo, se não fizesse ficaria louca. Era como um vício. A morte era seu vício.

Ela puxou o capuz da capa até que ele cobrisse seus cabelos platinados, tomando a precaução de não ser reconhecida nas ruas. Embora Nova York fosse uma cidade grande, ela era a única, além de sua mãe, com aquela coloração. Ela ainda conseguia ouvir os cochichos todas as vezes que saia de casa. Pessoas murmurando sobre como aquela cor de cabelo não era normal, alguns até taxando-a de bruxa. Imbecis.   

Guardou o punhal na cintura e saiu o mais discretamente que pôde. Se tivesse sorte, o corpo seria encontrado daqui algumas horas. Rezou para que ninguém entrasse naquele beco até que ela estivesse longe.

Com a prece em sua cabeça, a garota atravessou as ruas de Nova York, desviando de carroças e nova-iorquinos apressados. Concentrou-se o máximo possível em controlar sua vontade de atravessar uma faca pelo peito de cada um deles. Não era hora nem lugar, ela precisava fazer seu trabalho nas sombras pois, se não fizesse, uma cela estaria à sua espera. Ela lembrava das histórias horríveis sobre mulheres serem violentadas por policiais, e, mesmo sendo considerada a Serial Killer mais perigosa da cidade, não teria chance alguma se a sedassem, o que provavelmente aconteceria se fosse presa.

Era uma guerreira. Sua mãe fez questão de garantir isso ao começar a treiná-la assim que ela aprendera a caminhar, e, modéstia à parte, era consideravelmente ótima quando se tratava de luta. Queria poder se alistar, mas não aceitam mulheres na Guerra Civil. Em compensação, seu irmão mais velho, Eric, se alistou e faz questão de mandar cartas contando o quanto a guerra era incrível. Ele também havia sido treinado pela mãe, também havia sido transformado em uma máquina de matar, a única diferença era que ela usava sua aparência inocente ao seu favor, enquanto Eric atacava sem nem pensar duas vezes. Sua pressa era sua ruína.

Ela desejava do fundo do seu coração que ele morresse naquela maldita guerra. Ela nunca o amou, não sentia nada mais que desgosto pelo irmão. Foram criados como rivais, nunca incentivados a se amarem, mas sim a se odiarem mais do que seria possível. Ele realmente pensava que conseguiria tomar o lugar dela como a herdeira? A ideia a fazia rir. Não importa o que ele faça, ele é homem. A maldição não funciona nos homens, não importava o sobrenome que ele carregava. Era exatamente por isso que ela sempre foi a favorita. A única primogênita mulher de sua família. O orgulho de sua mãe, o pesadelo de seu pai. Ela era a razão pela qual ele havia partido. Eric a culpava, sua mãe não se importava.

A garota passa pelo portão de ferro entrelaçado. No topo, o ferro estava moldado de um jeito que o sobrenome Bennet ficasse perfeito. Sua família era uma das mais ricas de Nova York, como haviam enriquecido tanto, ela não fazia idéia. Era um dos poucos assuntos que sua mãe se recusava a falar sobre.

No jardim, encontrava-se uma fonte feita de gesso em meio a uma imensidão de flores coloridas. O chafariz era majestoso, com cupidos e deuses esculpidos à mão em toda a sua extensão. Mas o que sempre atraía a atenção assim que se entrava naquelas terras, não era a fonte.

A Mansão Bennet era a mais bonita e bem construída da cidade. Era completamente branca, com videiras subindo suas paredes de pedra e formando uma escada perfeita até a janela do seu quarto. Na varanda, a madeira se contorcia formando lindos desenhos que levavam até a porta da frente, que, em relevo, continha uma estrela dentro de uma lua crescente. O símbolo da família.

Ela se aproxima das videiras que levavam até a janela do seu quarto no segundo andar, começando a escalá-las. Sua mãe não poderia saber que ela havia saído. Se soubesse, ela seria punida. Conhecia as regras.

Assim que conseguiu passar pela janela, ela se permitiu soltar um suspiro aliviado. Havia conseguido. Tudo o que precisava fazer era trocar o vestido e fingir que estava lendo dentro de seu quarto todo aquele tempo. Fechou a janela, porém notou que suas mãos ficaram marcadas na madeira com sangue. Ela não havia percebido que sua pele estava tão suja. Começou a limpá-las na saia do vestido, tomando a decisão de mandar uma criada queimá-lo logo após isso. Havia aprendido há muito tempo que manchas de sangue não saem com tanta facilidade, e, no caso do seu vestido, não teria outro jeito se não incinerá-lo.

— Achou mesmo que eu não iria perceber? – Uma voz perguntou, fazendo com que a garota enrijecesse no mesmo instante. – Você conhece as regras, Evangeline.

Sua mãe estava sentada em uma das poltronas de balanço. Esbanjava um vestido azul celeste lindíssimo e várias joias. Seus cabelos platinados estavam presos no alto de sua cabeça por duas presilhas de brilhantes, seus olhos azuis pareciam ainda mais frios do que de costume. Uma faca prateada com o cabo encrustado de pedras estava em suas mãos protegidas por luvas de rendas brancas.

Evangeline quase tentou se explicar, mas desistiu quando percebeu que isso não mudaria o que iria acontecer a seguir. Ela apenas ergueu as mangas compridas do vestido, deixando seus antebraços cheios de cicatrizes à mostra. Sua mãe não disse nada, apenas levantou-se da poltrona, aproximando-se da filha, que desviou o olhar, esperando pela dor. Quando o ferro frio cortou sua pele, ela fez de tudo para manter sua expressão ilegível, sem demonstrar dor. Assim que ela sentiu-se livre da faca, Evangeline encarou os novos cortes profundos que escorriam sangue escarlate. Mary Bennet sabia fazer cortes profundos, porém não fatais, com o único objetivo de sentir dor. Ela percebeu, orgulhosa, que não sentia mais tanta dor como nas primeiras vezes. Na verdade, ela ousaria dizer que havia evoluído consideravelmente neste quesito.

Assim que terminou, Mary afastou-se admirando seu trabalho. Abriu um sorriso satisfeito quando percebeu que nenhuma lágrima escorria pelo rosto da filha.

— Você está evoluindo – observou, orgulhosamente. – Mais alguns cortes e você se tornará praticamente imune à dor.

Evangeline abriu um sorriso ao perceber isso. Ela queria se acostumar com a dor dos cortes, assim, nas palavras de sua mãe, ficaria sem nem sentir dor quando for atacada. Não ficaria totalmente imune, mas conseguiria resistir à dor muito melhor do que antes.

— Ainda faltam muitos? – perguntou ela, pegando uma toalha e limpando o sague que escorria pelos seus braços.

Mary assentiu com a cabeça, erguendo as mangas do seu vestido e deixando à mostra inúmeras cicatrizes de diferentes tamanhos e profundidade.

— Para mim foram cento e dezessete – disse ela, orgulhosamente. – Você tem apenas setenta e quatro. Seja paciente, logo nem irá mais sentir a faca. – disse, limpando o sangue do punhal com um lenço. – A propósito, seu irmão mandou uma carta para você – avisou, estendendo um envelope branco decorado com um selo de guerra.

Evangeline rolou os olhos. A última coisa que queria era uma maldita carta de Eric se gabando por estar matando livremente lá fora, enquanto ela teria que ficar dentro da mansão sem fazer absolutamente nada.

— Pode queimar – disse ela, indo até o armário e escolhendo um novo vestido.

Mary porém, ao invés de colocar a carta encima das velas, a colocou encima da penteadeira da filha, saindo logo depois. Evangeline estava ocupada demais tomando o cuidado de passar cautelosamente os braços pelas mangas do vestido para não encostar em nenhum dos seus novos cortes. Quando já estava devidamente vestida com um vestido negro de mangas longas, se olhou no espelho. Seus cabelos prateados caíam pelas suas costas, destacando seus olhos azuis. Ela lembrava de quando eles eram castanhos, mas ela preferia assim, afinal era marca da maldição. Evangeline só queria ver quando Eric chegasse da guerra e percebesse que ele já perdera seu posto de herdeiro.

Estava prestes a sair do quarto quando notou a carta de seu irmão pousada em sua penteadeira, intacta. A curiosidade havia sido mais forte que Evangeline, tanto que, quando ela percebeu, o selo já estava rompido e o papel com os garranchos de Eric em suas mãos.

Irmãzinha,

Eu queria que você soubesse que a guerra está sendo muito divertida e...

Evangeline nem terminou de ler, já pousou a carta nas chamas da vela. Ela sabia o que viria a seguir, Eric se gabando por estar na guerra e ela não, contando o número de soldados que ele matara. Ela não estava com cabeça para aquilo. Se ao menos Eric pudesse sumir do mesmo jeito que seu pai sumira....     

Pelas histórias que sua mãe costumava contar, Evangeline sabia que seu pai não era a melhor pessoa do mundo, nem de longe. Ele era um assassino de aluguel, assim como sua mãe. Na verdade, foi ele quem mostrou à ela que era possível ganhar dinheiro matando. Eles, então, tornaram-se Mary e Jorge, o pesadelo de Nova York. Sua mãe costumava contar, com muito orgulho inclusive, as histórias dos seus assassinatos em equipe. Ela nunca o amou, mas ainda sentia a falta de um cumplice no crime. Por isso Evangeline era tão especial para ela, por que seria sua parceira, alguém que não teria compaixão alguma e concordaria com o que ela dissesse. Mary sempre dizia que Jorge sempre foi “frouxo”. Não gostava do jeito que ela matava, não gostava do jeito que ela torturava, mas ainda assim a amava. Poderia ser uma linda história de amor se não fosse pelo fato de Mary ser uma psicopata.

E psicopatas não amam ninguém além de si mesmos.


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Notas finais do capítulo

Então, capítulos como este serão bem comuns nessa nova temporada - até porque é por isso que a fic se chama A Linhagem Bennet. Acontece que Sarah, Vera e Hayley não são as únicas Bennet que já existiram e estão marcadas pela maldição, mas sim muitas outras, pois Vera viveu há muitos muitos muitos anos atrás, afinal ela foi a primeira psicopata. Eu quis mostrar um pouco também do porque de Sarah mutilar Hayley e depois dizer que era para o bem dela, pois os cortes é uma espécie de tradição para as Bennet, pois elas acreditavam que isso as deixavam mais fortes.
Então, espero que tenham gostado, mandem reviews! Quero saber a opinião de vocês!