Acampamento Imortal escrita por Vallabh


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Eu ouvi capítulo extra?! O aniversário é meu, mas o presente é de vocês!!



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Fico o encarando até ele desviar o olhar e encarar algo atrás de mim, olho para trás e vejo o Kai o encarando de volta, ele coloca a mão na minha cintura e me puxa para ele. Me acomodo no abraço do Kai e vejo o Tobias se afastar, misturando-se à multidão. Ficamos abraçados por cerca de cinco minutos quando uma movimentação começa na entrada do acampamento, me viro e vejo os quatro deuses membros do conselho caminhando até uma estrutura que foi montada próximo à entrada. A estrutura é composta por um grande quadro de madeira que eu creio que seja para anotar as classificações dos semideuses, uma torre de madeira maior que a copa das árvores da floresta, uma estrutura semelhante a um palco na frente da torre e uma pequena tenda que irá abrigar o conselho durante as competições. Eles param no centro do palco, a multidão se organiza atenta para toda e qualquer informação que está por vir.

— Serei direto, a primeira prova de vocês é bem simples, encontrem a ninfa da lua e me tragam o presente que ela os der. Vocês irão ter até o meio dia, tempo mais que suficiente, na minha opinião. — Thoth fala encarando a todos.

— Um tiro de canhão irá ecoar pela floresta quando já tiver passado a metade do tempo, dois tiros quando o tempo tiver acabado, aqueles que já tiverem voltado irão para a próxima prova. — diz Apollo apontando para um canhão no topo da torre.

— Àqueles que não estiverem aqui ainda, a floresta se encarregará de trazê-los de volta. — Agora é Ártemis quem fala e percebo que tem feições cansadas, ela me encara e percebo um misto de preocupação e ressentimento no seu olhar.

— Como vamos encontrar a ninfa da lua certa? Existem várias, sem falar no fato de que elas se escondem durante o dia. — questiona alguém que não consigo identificar.

— Esse é o trabalho de vocês, encontrá-la, e lhe garanto que apenas uma lhe dará um presente. — fala Thoth e olha para o céu.

— Estão prontos? Ótimo! Boa sorte! — diz Apollo olhando para o céu, fazendo o primeiro raio de sol raiar.

Pego minha mochila no chão e começo a observar a multidão de jovens e adolescentes correndo floresta adentro, coloco minha mochila nas costas e começo a caminhar no sentido contrário a multidão.

— Tenho certeza que tem um plano e gostaria de sabe-lo antes de seguir no caminho contrário a maioria. — Kai fala me acompanhando.

— Uma ninfa da lua nunca sairia durante o dia, nem pelo pedido de um Deus, elas odeiam a luz do sol. Mas tem um lugar que ela ficaria, se fosse obrigada a sair durante o dia. — explico esperando que ele entenda.

— A cachoeira dos amantes? — Ele pergunta após um tempo pensando.

— A caverna por trás da queda d’água da cachoeira serve de abrigo para todos aqueles que não podem sair durante o dia. A queda d’água deixa os raios de sol passarem, mas quem está lá dentro não é atingido por eles.

— São quase três horas de caminhada até lá e devemos ter no máximo seis.

— Então acho bom corrermos. — Termino de ajeitar a mochila nos ombros e começando a correr.

Estamos caminhando/correndo a mais ou menos duas horas, eu acho, quando sinto o ar ficar mais frio, diminuímos os passos e aos poucos a floresta vai abrindo e dando lugar a incrível paisagem da cachoeira dos amantes. Caminhamos até a beirada do rio onde a cachoeira desemboca, coloco a mochila no chão e começo a tirar os sapatos para entrar na água quando uma ninfa do rio aparece. Por mais que já tenha visto várias delas nessa região, é sempre hipnotizante admirar sua beleza. Ela deveria ser um pouco menor do que eu, a pele extremamente alva e o cabelo ondulados tão preto quanto a escuridão, os olhos cor de âmbar combinavam com as pequenas sardas espalhadas pelo rosto. A água envolvia o seu corpo formando uma espécie de vestido quase transparente. Uma imagem de longe deslumbrante e até mesmo inocente, entretanto, ninfas podem ser extremamente letais quando querem.

— Vocês foram rápidos, mas o outro menino chegou primeiro. — Ela fala, encarando o Kai.

— Quem? — pergunto terminando de tirar os sapatos, a calça e o casaco.

— Entre e você vai ver. — responde e volta para o fundo do rio.

— Vamos. — diz o Kai entrando na água e segurando minha mão.

Andamos até a queda d’água e atravessamos, a água extremamente fria e forte penetra nos meus músculos como pequenas agulhas. Já dentro da caverna está tudo claro e calmo, de repente uma gargalhada vem do fundo da caverna e começamos a caminhar para a origem do som. Ao chegarmos no fundo da mesma encontramos a ninfa da lua sentada em uma espécie de trono feito de pedra translúcida e um Tobias todo molhado, assim como eu e o Kai, sentado em uma pedra de frente para a ninfa.

— Ahh, que maravilha! Olhe só pequeno príncipe, temos companhia! — anuncia olhando para nós e batendo palmas e eu me seguro para não gargalhar pela forma que ela chamou o Tobias. — Venham, venham, juntem-se a nós. — Nos chama com as mãos e aponta para outras duas pedras na sua frente. — Estávamos falando sobre como os outros devem estar perdidos na floresta me procurando.

— Tenho certeza que sim. — digo me aproximando, mas sem me sentar. — Mas não temos a intenção de ficar muito, gostaríamos que desse os nossos presentes para que possamos voltar.

— Exatamente. — Kai concorda.

— Ahh, que pena. — fala visivelmente decepcionada, ela me lembra uma criança traquina. — Sendo assim, venha até aqui, minha pequena. — diz, me estendendo a mão. Caminho até ela e coloco a minha mão sobre a sua.

— É você. — sussurra um tanto surpresa e olha para o Tobias que balança a cabeça negativamente.

— O que sou eu?

— A senhora de todos os povos. — Ela fala sorrindo, olhando para a minha mão em cima da sua, depois vira, deixando a minha por baixo e sinto um objeto gelado na palma da minha mão. Ela retira sua mão de cima da minha e posso ver uma coroa muito bizarra sendo atravessada por uma espécie de lança que me lembra um pouco o tridente de Posseidon, o pingente é feito de uma pedra bruta dourada, é como se ele fosse feito de ouro puro, é um pouco menor que o punho de um bebê fechado.

— Obrigada. — falo, me afastando, ainda observando o objeto enquanto o Kai caminha na direção dela.

— Ainda não, criança. — fala, fazendo um sinal para o Kai parar. — O primogênito primeiro. — diz estendendo a mão para o Tobias. Ele levanta e lhe estende a mão. — Luz ao vazio do coração perdido.

Ela retira a mão e uma pequena pedra com o formato de um coração se faz presente na sua mão, ela é preta e tem uma mancha branca no centro que fica brilhando, como um farol.

— Agora você. — Estende a mão para o Kai. — O sangue amado. — fala com uma voz triste e depois sorri.

Ela mais uma vez retira a mão e tem uma gota d’água como as que ele faz, mas essa é sólida como gelo e dentro dela há uma balança, de um lado tem uma pena e no outro um coração, este que, segundo a balança, é mais pesado do que a pena. A imagem me faz lembrar um conto egípcio antigo que Thoth me contava, O tribunal de Osíris. Ela se senta novamente no trono e estende a mão para o Tobias, que a pega e beija o dorso.

— Foi um prazer revê-la, Lucina.

— O prazer foi todo, meu príncipe, mande lembranças a sua mãe e agradeça a ela por ter me dado essa honra.

— Pode deixar.

Ele se vira e sai da caverna sem olhar para mim. Assim que ele sai escutamos o primeiro tiro, só temos aproximadamente três horas. Olho para o Kai e saímos o mais rápido possível da caverna sem nos despedirmos da ninfa. Atravessamos a queda d’água e saímos do rio, visto minhas roupas e pego a mochila. Estamos entrando na floresta quando avisto o babaca do Peter correndo a todo vapor em direção a cachoeira, ele parece não ter nos visto, então aproveito e corro de encontro a ele lhe dando uma rasteira, o fazendo cair.

— Ops! Por que a pressa, campeão? — digo sorrindo e voltando pra onde o Kai está me esperando.

— Você nunca perderia a chance de humilhar ele. — fala rindo e passando a mão pelos meus ombros.

— Não mesmo.

Fazemos o caminho de volta para o acampamento correndo para podermos descansar um pouco antes do tempo acabar. Depois de algum tempo avistamos a torre e depois a tenda onde se encontra o conselho. Assim que chegamos na frente da tenda meu pai sai e vem ao nosso encontro, ele para de frente para o Kai primeiro e o mesmo coloca o presente que a ninfa lhe deu na mão do Thoth.

— Muito bem, garoto. — Ele roda o objeto na mão e depois o devolve para o Kai, só que agora ele tem uma corrente fina envolta transformando o simples objeto em uma pulseira. — Coloque-a e não tire para nada. — Ele caminha até mim e estende a mão, coloco a pequena pedra na sua mão e agora ela tem uma cor mais viva do que antes.

— Sabia que não iria me decepcionar. — Ele mais uma vez roda o pequeno objeto na sua mão e ele ganha uma fina corrente dourada envolta, formando um colar. — Vire-se. — Ele manda, me viro e ele coloca o cordão no meu pescoço. Passo a mão pelo pingente e ele pulsa na minha mão, passo os dedos na corrente e percebo que não tem um fecho, as pontas estão fundidas.

— Não tem fecho? — pergunto, me virando para ele.

— Para garantir que você não irá tirar. — diz piscando um olho, me fazendo rir e depois vira para o quadro e estala os dedos, meu nome e o do Kai aparecem logo abaixo do nome do Tobias, juntamente com as nossas respectivas pontuações ao lado dos nossos nomes. Os pontos dessa prova são de acordo com a quantidade de minutos que faltavam para acabar a prova quando chegamos ao acampamento, a de Tobias é 62, Kai 48 e a minha 49.

— Vamos? — fala o Kai segurando a minha mão e apontando para uma grande tenda um pouco afastada. — Creio que seja para a gente e ainda devemos ter cerca de uma hora para descansar.

— Claro, estou louca para tirar essas roupas molhadas. — digo e caminho ao lado dele até a tenda.

Entramos na tenda e ela tem vários espaços divididos por cortinas, como se fossem quartos e uma grande mesa no centro. O primeiro “quarto” está com a cortina fechada, então creio que deve estar ocupado e tenho certeza de quem é, então encaminho para o segundo que tem a cortina aberta.

— Vejo você lá fora. — Kai solta a minha mão e me dá um beijo.

— Certo.

Entro e fecho a cortina, tiro as minhas roupas molhadas e estendo em cima de um banco que tem ao lado, abro a mochila e tiro uma roupa seca. Me sento na cama apenas com as roupas de baixo e olho para o “quarto” do lado direito e fico pensando em como ele está, aparentemente ele não está nada bem, parece cansado e abatido, mas sua personalidade demonstra que está tudo bem, continua o bastardo de sempre, só que alguma coisa está diferente.

Deito na cama e fico olhando pra cima e acho que acabo pegando no sono, acordo e percebo que estou sendo observada, olho para o lado e vejo o Sr. Mandão sentado em uma cadeira com os braços escorados nas costas da cadeira, me olhando. Fico encarando aquelas esmeraldas que tentam incansavelmente me falar alguma coisa, mas não consigo entender o que. Ele está descalço, vestindo apenas uma calça jeans azul claro, o que é estranho, pois sempre o vejo com roupas escuras. A tatuagem dourada agora parece meio apagada, como se tivesse perdido o brilho. Ele desvia o olhar e fica olhando para o meu corpo e só agora percebo que ainda não me vesti, levanto para colocar a minha roupa quando ele me chama.

— Luna. — Sua voz está mais rouca que o normal e o chamado sai mais como um pedido, não tenho coragem de encará-lo, mas paro onde estou.

— Por favor, não precisa falar nada, eu apenas preciso da sua presença perto de mim. — Ele fala, se aproximando atrás de mim.

Não sei o que pensar, sinto raiva por tudo que ele me disse e agora volta dizendo que precisa de mim, mas ao mesmo tempo sinto uma necessidade inexplicável de abraçá-lo e me perder na paz do seu abraço. Fecho os olhos e posso sentir a sua respiração no meu pescoço.

— Por quê? — É a única coisa que consigo dizer.

— É complicado, eu sei que essa não é a resposta que você quer, mas é a que eu posso te dar no momento. Eu sei que não sou digno, mas me traria uma paz sem igual se você pudesse me perdoar por tudo que eu lhe disse. Nenhuma daquelas palavras foram sinceras ou verdadeiras, você é a garota mais incrível que eu já conheci, forte, guerreira e que é muito amada. — Sinto minhas forças sumirem e minhas pernas virarem gelatina, desabo para trás e sou amparada por um peitoral largo e um par de braços forte. — Em tão pouco tempo você me mostrou que mesmo com tantas cicatrizes é possível amar e ser amados pelas pessoas ao nosso redor e eu não quero perder isso.

Sinto meus olhos arderem pelas lágrimas não derramadas e sinto o restante das minhas forças se esvaírem, espero pelo impacto com o chão, mas o que sinto são os braços do Mr. Mandão me pegarem no colo e me levarem para a cama, ele me coloca de um lado e se deita ao meu lado, me aconchegando no seu peito, fecho os olhos e deixo algumas lágrimas caírem enquanto sinto seus dedos fazendo cafuné no meu cabelo.

— Sinto muito por todas as lágrimas que permiti que você derramasse. — fala passando a mão pelo meu pescoço e parando ao tocar no colar que a ninfa me deu, ele fica olhando e depois volta a fazer o carinho de antes, olho para o seu pescoço e não vejo o seu pingente.

— Aqui. — Ele fala antes mesmo que eu pergunte, levantando a mão e mostrando a fina corrente de prata com o pingente, ela está enrolada no seu pulso formando uma espécie de pulseira com quatro correntes e o pingente preso no meio de todas elas.

Fecho os olhos e fico apreciando o seu carinho até que caio no sono novamente. Sinto meu travesseiro se mexer e acabo despertando do meu pequeno descanso, abro os olhos e vejo o rosto do Tobias relaxado, ele está dormindo, fico apreciando o quanto seu rosto é másculo e lindo quando o Kaique entra no pequeno cômodo e para ao me ver deitada na cama seminua com o Tobias apenas de calça, me abraçando.

— Por mais clichê que pareça, eu juro que não é isso que você está pensando. — falo, tentando sair dos braços do Mandão e ir atrás do Kaique que saiu sem me deixar falar nada, mas ele me segura, mais forte. — Tobias! — chamo balançando seu ombro, mas ele não responde. — Mandão! — chamo e ele abre os olhos, acabo sorrindo pela situação. — Eu preciso que você me solte. Vamos.

— Por quê? — pergunta com a voz rouca.

— Porque um Kai muito furioso e confuso acabou de sair daqui após me ver com você e eu preciso ir falar com ele. — respondo, sendo sincera.

— Hum... — resmunga sentando na cama e vendo eu me vestir. — Gostosa pra caralho. — fala sorrindo safado.

— Nem pense nisso. — digo, me afastando um pouco dele.

— Não estou pensando em nada. — rebate levantando.

— Esse é o problema. — Tento correr para fora, mas ele é mais rápido e me segura pela cintura, me virando e me beijando em seguida, um beijo cheio de saudade e desejo.

— O que vocês estão tendo? — questiona, parando o beijo.

— Não sei, não definimos um rótulo, estamos apenas aproveitando o momento.

— Quando tudo isso acabar e se ainda estivermos vivos, vou fazer de tudo para te ter só pra mim. — diz me dando outro beijo logo em seguida. — Mas por hora, preciso que esqueça da minha existência e se ocupe em ficar viva. — Me dá um pequeno selar e depois sai do quarto, me deixando mais confusa do que nunca.

Fico momentaneamente desnorteada pela intensidade das suas palavras, depois que o torpor vai embora termino de me vestir e saio a procura do Kai. Saio da cabana e já tem uma boa quantidade de pessoas no local, ando entre elas procurando pelo Kai e o encontro conversando com Thoth perto da torre, começo a ir na sua direção quando meu pai me vê e faz um sinal com as mãos para o Kai, encerrando o assunto. Paro ao lado do Kai, mas ele não olha pra mim.

— Preciso falar contigo.

— Eu não tenho nada para falar contigo. — diz, se virando e indo em direção ao alojamento.

Ainda chamo ele mais uma vez, mas ele não para. Olho para o meu pai que está com um olhar interrogativo e apenas dou de ombros, indo atrás do Kaique. Não tenho paciência para essa infantilidade dele, nunca disse que tínhamos algo sério ou jurei fidelidade a ele, estou um pouco atrás dele e resolvo acabar com isso de uma vez por todas. Começo a correr na sua direção e pulo nas suas costas, o derrubando no chão, ele cai e rola, ficando de barriga para cima, imobilizo suas mãos e sento em cima das suas pernas.

— Não perguntei se você queria falar comigo, agora para de frescura e escuta! — brigo, lhe segurando firme. — Vai escutar? — Ele apenas fica calado. — Primeiro de tudo, eu não lhe devo satisfação nenhuma, nós não temos nada sério, estou me explicando apenas porque lhe considero muito. Segundo, já tá mais do que na hora de vocês dois acabarem com essa rixa infantil. E terceiro, eu não quero perder o meu amigo/irmão, então eu acho que é bom a gente parar por aqui.

— Vocês se entenderam? — pergunta, se referindo a mim e o Tobias.

— Não sei, com ele é tudo muito complicado. Por mais que eu tente afastá-lo, sinto uma necessidade imensa de cuidar dele, me traz paz. — respondo e encosto a cabeça no seu peito.

— Hunrum. Eu sempre vou estar aqui pra você, pequena, não importa o que aconteça.

— Obrigada. — agradeço, olhando nos seus olhos.

— Luna, eu te...

— Não diga isso, não agora e não assim, se for para falar que seja com plena certeza e não pelo calor do momento. — Ele parece meio assustado e decepcionado pela minha interrupção, mas concorda com a cabeça.

— Eu não vou desistir de te ter pra mim, então se não é isso que você quer esse é o momento de falar.

Paro um pouco, pensando nas suas palavras e refletindo se é isso o que eu quero, por mais que eu goste muito do Kai, no fundo eu sei que isso entre nós nunca daria certo, eu nunca poderei correspondê-lo na mesma intensidade dos seus sentimentos e a história do mundo já provou que amar por dois nunca dá certo. Por outro lado, me pergunto se as coisas seriam diferentes se o Tobias não tivesse entrado em minha vida, será que eu seria capaz de gostar do Kai? Para minha surpresa, percebo que sim, por mais que o que eu sinta pelo Sr. Mandão seja algo intenso e devastador, se ele nunca tivesse aparecido, eu seria capaz de amar o Kai.

— Eu não sou um prêmio para vocês disputarem. — digo, me levantando e esperando que ele faça o mesmo. — Então se quiser continuar com essa disputa boba, vá em frente, mas faça isso com a certeza de que quando tudo isso acabar pode não existir mais nenhum laço entre nós dois. — Termino de falar e observo seu olhar assustado.

— Entendi, então acho que aceito o risco, o prêmio final é importante demais para que eu possa desistir. — fala se aproximando de mim e me beijando.

Percebo que as coisas acabaram ficando da mesma forma que antes, a única diferença é que agora ele sabe que não posso correspondê-lo. Sei que isso será uma grande dor de cabeça no futuro, mas no momento minha única prioridade é ganhar essa campeonato, depois penso em como resolver isso.

— Quanto tempo ainda temos? — pergunto quando nos separamos e volto a caminhar para a tenda onde estão as minhas coisas.

— Não tenho certeza, mas creio que menos de meia hora. — Ele fica aguardando em silêncio enquanto termino de arrumar as minhas coisas para sairmos, o Kai já está com a sua mochila nas costas apenas me esperando. Arrumo tudo e saímos do pequeno cômodo, tem algumas pessoas dentro do alojamento conversando e rindo, passamos direto e saímos da tenda. Começamos a caminhar para onde fica o placar, mas no meio do percurso tropeço em alguma coisa e acabo caindo por cima do Kai quando ele tenta me segurar. Ele reclama pelo impacto e eu sei que ele está prestes a reclamar comigo.

Porém somos interrompidos pelo som de dois tiros de canhão, o tempo acabou. De repente uma movimentação começa na floresta. Saio de cima do Kai e o ajudo a levantar. Olhamos em direção a floresta para entender o que está acontecendo, vejo uma garota correndo tentando chegar até a torre quando a raiz de uma árvore sai de dentro da terra e agarra o seu pé, a puxando para dentro da terra. Creio que foi isso que a Ártemis quis dizer com “a floresta se encarregará de trazê-los de volta”.

— O quadro está mudando. — O Kai fala, apontando para o quadro das classificações.

Começamos a andar em direção a multidão. Tem 300 nomes classificados de acordo com a ordem de chegada, o nome do Mandão é o primeiro, seguido pelo do Kai e depois o meu e logo depois o do Peter e vários outros. Consigo ver o nome da Maia e da Kelvia no meio. Vamos para o local onde será anunciada a próxima prova. Paramos no meio da multidão e vejo quando Dionísio se encaminha para o pequeno palco para anunciar a próxima prova.

— Prestem atenção! — fala e todos se calam. — No centro da floresta vocês encontrarão um labirinto. No centro dele terá um trono para cada deus do olimpo, encontrem o de seus pais e sentem nele, ele irá transportá-los de volta para cá, é bem simples. Vocês já sabem como funciona, um tiro, metade do tempo, dois tiros, fim do tempo. Preparados? — Ele pergunta e me posiciono para começar a correr. — Oh, só mais uma coisa. Cada trono só aceitará dois semideuses, quando o segundo semideus for transportado o trono se destruirá e terão que achar o caminho de volta para sair do labirinto, então sugiro que corram para serem os primeiros. Boa sorte!

O canhão é disparado e começamos a correr.


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Notas finais do capítulo

Preparem as bombinhas que fortes emoções nos aguardam!

XOXO!



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