— O-O que você d-disse? - Gabriel cambaleou, escorando-se na mesa. - Isso... isso não é verdade.
— Apenas ligue os fatos. - Adrien suspirou. O homem pareceu pensar em algo, como se realmente estivesse ligando os fatos.
— Não pode ser. - murmurou. - É MENTIRA! - gritou atordoado.
— Porque mentiríamos? - Marinette falou.
— Porque... vocês querem me destruir e não sabem como. - Adrien revirou os olhos.
— O único destruidor de vidas que temos aqui, é você. - se aproximou do pai. Gabriel passou a mão pelos cabelos. Havia juntado as peças. Se não fosse verdade, eram coincidências demais.
— Eu fiz tudo isso... para nada? - olhou para suas mãos como se visse todo o sangue que teve que derramar, escorrer entre seus dedos.
— Não é tarde para mudar isso. - Marinette se aproximou com um olhar acolhedor. Adrien a observou com um sentimento bom dentro do peito. Como ela conseguia agir dessa forma com uma pessoa que fez tantas coisas ruins para ela? Ele não sabia como, mas sabia que só ela era capaz de agir dessa forma com quem quer que seja.
— E-Eu... - Gabriel não sabia o que dizer. Marinette olhou para Adrien como se dissesse para ele fazer algo. Afinal, mesmo com as complicações, era seu pai que estava ali em estado de choque.
O loiro prontamente se aproximou e hesitou por alguns segundos, mas por fim abraçou a cintura do homem, que ficou surpreso, porém logo retribuiu, deixando as lágrimas caírem.
— Eu vou ali tomar um ar enquanto vocês conversam. Certo? - Adrien assentiu de leve e Marinette passou pela grande porta e assim que a fechou, se escorou na parede, respirando fundo. - Isso foi... tenso. - respirou mais uma vez, fechando os olhos e segurando seu ioiô contra o peito.
— O que vocês vão fazer agora? - Tikki surgiu, fazendo a garota dar um pequeno pulo.
— Que susto, Tikki!
— Me desculpe. - ela deu uma risadinha.
— Tudo bem. - endireitou a postura - Respondendo à sua pergunta, honestamente eu não sei.
*
— A polícia já esvaziou o local. - Adrien chegou ao lado dela.
— E o seu pai? - perguntou receosa.
— Convenci ele a se entregar. Ele prometeu não contar sobre a gente. - cruzou os braços, olhando sério para algum ponto fixo. - Nathalie se prontificou em cuidar de mim até eu completar dezoito anos. Não vai ser muito diferente do que era. - deu um sorriso forçado.
— Eu estou aqui para o que der e vier. - o abraçou - Você sabe, não é? - ele assentiu e afogou seu rosto nos cabelos da amada.
— Igualmente, my lady.
— Ladybug! Chat Noir! Será que podem dar uma declaração? - alguns repórteres se aproximavam, fazendo o casal se separar. Marinette encarou Adrien, como se perguntasse se tudo bem falar algo. Ele apenas assentiu e os dois deram um passo à frente.
*
— "Hawk Moth não foi o primeiro e nem será o último vilão a assombrar Paris." - Ladybug falava séria ao microfone - "Mas eu e Chat Noir estaremos aqui, dando nosso melhor para proteger todos os cidadãos parisienses".
— "E com esta bela declaração de Ladybug, juntamente com seu parceiro Chat Noir, encerramos mais um programa. Mas antes eu quero deixar um grande agradecimento aos grandes heróis que arriscaram suas vidas para nos salvar das inúmeras ameaças que cercam nossa cidade em troca de nada. Há algum tempo atrás eu lancei a seguinte pergunta: Você apoia os heróis ou é contra os vigilantes? E por mais que eu já saiba a resposta, tenho o dever de esclarecer a Paris que mesmo que algumas pessoas não concordem com a política de justiça com as próprias mãos, Ladybug e Chat Noir são os heróis que os cidadãos estavam precisando. Portanto, apoiem eles. Novamente, muito obrigada por tudo que fizeram por nós. Eu sou Nadja Chamack diretamente do canal seis. Tenham uma boa noite". - Marinette desligou a televisão e olhou para Adrien, que dava um pequeno sorriso.
— Acha que eles acreditam mesmo em nós? - ele questionou.
— Espero que sim.
— Na verdade, sempre acreditaram. - Tikki e Plagg surgiram.
— Bem, grande parte de Paris, pelo menos.
— Como assim? - a azulada franziu a testa - O que querem dizer? - os kwamis deram um sorriso de lado e abriram vários hologramas com algumas fotos. Marinette e Adrien ficaram de pé e começaram a ver as imagens.
— "Ladybug e Chat Noir são os heróis que Paris precisa" - Marinette leu com um sorriso, e a baixo da frase havia um grafite deles que alguém havia feito em algum muro qualquer.
— "Obrigado Ladybug e Chat Noir!". - os dois continuaram a ler até que foram interrompidos por um vídeo.
— "O que você acha da Ladybug e do Chat Noir?"
— "O que eu acho? Eles são demais!" - um adolescente com mais dois amigos respondeu.
— "Graças a eles, o dinheiro que tinham roubado da minha vó, foi devolvido. Ela precisava daquilo para um tratamento. Se não fosse por eles, eu nem sei o que poderia ter acontecido". - outro falou. A imagem mudou para uma garotinha que aparentava ter uns cinco anos.
— "Quando eu crescer, quero ser igualzinha a Ladybug. Quero ter uma roupa legal e salvar as pessoas também". - ela sorriu. A imagem mudou novamente.
— "Eu tenho um pôster do Chat Noir no meu quarto. Fala sério, o cara é demais". - um adolescente falou.
— "Paris precisa deles". - uma garota disse.
— "Se não fosse por eles, minha filha teria sido agredida enquanto voltava do trabalho". - um homem mais velho sorriu terno e desviou o olhar para a câmera. - "Obrigado Ladybug e Chat Noir".
— "Eu queria dizer obrigado para Ladybug e Chat Noir".
— "Muito obrigada por me salvarem".
— "Paris tem uma dívida com vocês".
— "Obrigada Ladybug e Chat Noir". - o holograma se apagou e Marinette encarou Adrien.
— Isso foram imagens e vídeos gravados antes da captura de Hawk Moth. - Tikki falou. Adrien deu um sorriso enquanto Marinette levava as mãos até a boca e sentia lágrimas escorrerem pelo seu rosto.
— Eu acho que toda aquela preocupação sobre ser aceito e ser visto como herói, era bobeira. - Adrien suspirou - Só eu precisava acreditar em mim. Mas agora sabendo que Paris também acreditou e ainda acredita, traz um sentimento bom.
— Isso foi tão bonito. - Marinette andou até o namorado - Eu nunca pensei que... Nossa! Obrigada Tikki e Plagg, por nos mostrarem tudo isso. - os kwamis assentiram e em seguida sumiram. - Não acha que foi maravilhoso? - voltou o olhar para o loiro.
— Acho. - sorriu - Mais maravilhoso ainda foi poder dividir isso com você. - ele segurou delicadamente o pescoço da azulada e em seguida encostou seus lábios nos dela.
O beijou foi se aprofundando, então Adrien colocou suas mãos nas coxas de Marinette e impulsionou o corpo dela para cima, fazendo-a ficar no colo dele. Sem quebrar o contato dos lábios, ele se dirigiu até sua cama, deitando a namorada graciosamente. Pararam um instante e ficaram se encarando.
— Eu amo você. - ela disse séria.
— Também amo você. - juntou seus lábios com os dela novamente.

Obviamente a vida dos dois não seria a mesma daqui para a frente. Novos desafios, novas dificuldades e novos obstáculos, que Marinette e Adrien enfrentarão juntos. Contanto que tenham um ao outro, nada poderá separá-los.