— Mas o que foi que aconteceu aqui?! – Sakura chegou correndo com Sai à tiracolo – A noite virou dia e então seu bushin, Naruto, veio me encontrar para salvar a Hinata e então... - ela falava afobada e só parou quando viu Sasuke perto de mim e de Hinata, ainda desmaiada.

— Sakura, por favor, cheque se Hinata está bem – eu pedi.

Sakura prontamente atendeu meu pedido e checou-a. Encontrando somente o ferimento superficial causado pelo RasenShuriken, Sakura aplicou um ninjutsu médico em cima do ferimento que se fechou quase na mesma hora.

— Ela está bem? – perguntei, preocupado.

— Hai. Nada que uma boa noite de sono não a revigore.

Poderia Sakura curar além do corpo, um coração machucado também? Resolvi perguntar.

— Sakura, sei que não é exatamente sua especialidade, mas você poderia checar esse selo no peito de Hinata? Quem sabe tirá-lo? – Eu indaguei. Não custava nada tentar.

Sakura analisou o local, colocou a mão no queixo enquanto pensava.

— Desculpe, Naruto, mas não há nada que eu possa fazer. Temos de levá-la para Konoha. Quem sabe Tsunade-sama não possa remover este selo.

— Não – Sasuke se pronunciou. - Ela não pode ficar perto de Naruto. Veja o que aconteceu hoje.

Assenti, triste. Ele tinha razão.

— E você sugere o que? Deixá-la com você? Acaso é médico? – Sakura cutucou.

Fiquei em choque. Nunca a tinha visto falar daquele jeito com Sasuke. Mas eu não era o único chocado. Sai e Sasuke também estavam de olhos arregalados. Entretanto, Sasuke logo se recompôs.

— Eu tenho uma teoria de como ajudá-la. Já estava matutando isso há dias.

— Teoria? TEORIA!!! – Sakura gritava agora – Ela precisa é de ciência médica, seu idiota! Não de uma teoria tirada do c...

— Tá bom, Sakura – Sai interveio, tentando apaziguar os ânimos e voltar para o problema – Mas creio que Sasuke tem razão quanto a deixar Hinata longe de Naruto.

Sakura arqueou a sobrancelha cor de rosa, em sinal de revolta. Xiii! Viria chumbo grosso.

— Me deem um bom motivo – ela exigiu.

Resignado, suspirei pesarosamente e contei a eles tudo o que tinha acontecido momentos antes de eles chegarem.

Narrei em detalhes e conforme eu contava, Sakura fazia caras e bocas. Não pude deixar de notar como Sasuke a observava atento, como se qualquer movimento dela fosse precioso. Eu entendia como ele se sentia. Olhei para Hinata deitada em meu colo, dormindo profundamente. Não resisti e cheirei seu cabelo. Depositei um beijo no topo de sua cabeça e fechei meu colete em volta do corpo dela. Fazia uma noite fria.

Sakura esfregou os braços sentindo a brisa fria, olhou para mim, os olhos marejados.

— Eu sinto muito, Naruto. Muito mesmo... a culpa é minha... eu não devia ter... te beij...

— Não, Sakura. Deixa isso para lá. Vamos passar uma borracha nisso, por favor. Só me importa daqui para frente. Farei o impossível para reverter essa situação.

— Pode contar comigo para o que precisar, Naruto – Sakura me disse, olhando em meus olhos e pegando minha mão entre as suas. – Eu juro que vou te ajudar a desfazer este selo da Hinata.

— Obrigado.

Sasuke olhou nossas mãos unidas e seu olhar escureceu. Ignorei-o e virei minha atenção para a mulher que dormia em meus braços. Acariciei seus cabelos negros e o toque sedoso brincava com a ponta de meus dedos. Beijei sua testa, em seguida, a pálpebra de seus olhos e por último, a pontinha do nariz. Hinata parecia uma boneca de porcelana de tão perfeita. Aconcheguei-a melhor no meu colo e imaginei que tipo de vida eu poderia ter dado a ela se nada do que aconteceu tivesse acontecido. Visualizei o sol da manhã invadindo nosso quarto e a despertando aos poucos, enquanto eu já estaria acordado há alguns minutos a admirando. Eu diria “Bom dia!” tão logo ela abrisse lentamente as pálpebras pesadas de sono e quando percebesse que eu a fitava, ela coraria daquele jeito amável e me diria “Bom dia, Naruto-kun”.

Mas então, a realidade bateu na minha cara. Uma, duas, três e várias outras vezes. Gotas pesadas de chuva caíam e molhavam a todos nós.

— Melhor colocar a Hinata na barraca, Naruto – Sakura me aconselhou.

Assenti. Não queria que Hinata pegasse um resfriado ou coisa assim. Deitei-a sobre o saco de dormir dentro da barraca e certifiquei-me de que meu casaco estava bem fechado sobre ela. Queria que ela tivesse algo meu com ela, para que se lembrasse de mim.

Vendo minha dor, Sakura e Sai tentaram me animar.

— Tudo vai dar certo, Naruto.

— Hai – Sai concordou – Mesmo quando eu tinha o selo de Danzou, conseguia burlar de uma forma ou de outra. Tenho certeza de que Hinata conseguirá encontrar um jeito.

Eu queria muito acreditar no que aqueles dois me falavam. Escondi a tristeza e sorri para eles.

— É claro, ttebayo! Vamos indo – disse para meus companheiros, em seguida me dirigi à Sasuke. - Deixo Hinata contigo mais uma vez. Eu, Sakura e Sai vamos retornar à Vila e vou dar um jeito de descobrir como quebrar esse selo do Byakugan. Falarei com o pai dela, com os anciãos ou com quem precisar. Mas enquanto isso, por favor, cuide dela.

— Pode deixar, Naruto – ele concordou fácil demais.

Eu deveria estar a cara da derrota se até o Sasuke estava com pena de mim.

Afastei-me sem olhar para trás, do contrário, não teria coragem de partir. Corri rapidamente entre as árvores, tudo se tornando um grande borrão verde quando notei Sakura e Sai do meu lado, finalmente, eles tinham acompanhado meu ritmo.

Chegamos em Konoha ainda era noite. Eu não estava com pique de voltar para casa e encontrá-la vazia, então, fiz o que Ero-Sennin teria feito numa situação dessas. Fui para o bar encher a cara.

Para minha surpresa, Sakura e Sai foram comigo. Pedimos uma garrafa de sakê e começamos a beber. O líquido descia queimando, mas era exatamente aquilo que eu precisava. Pedimos mais garrafas e conversávamos sobre a desgraça que era a vida, mas havia toque de humor na conversa. Tudo estava meio anuviado e Sakura ria mais do que o normal. Sai dizia coisas hilárias e ficamos sabendo que ele estava pegando Ino.

— A porca? Eu não acredito! Até a loira se deu bem e eu aqui chupando dedo! – Sakura choramingou.

Eu ri e Sai disse:

— Isso é porque você não desencana desse Sasuke. Está cheio de homens de Konoha interessados em você.

Sakura ruborizou e eu me lembrei de Hinata. Droga! Nem a bebida me faria esquecer ela? Nem que fosse temporariamente?

— O amor é u-uma... tic! Dor – eu disse.

— Ah, não! O Naruto vira poeta quando está bêbado! – Sakura rachava o bico.

Sai ria descontroladamente até se engasgar com o Sakê e Sakura teve de dar uns tabefes em suas costas para desengasgá-lo.

Pouco depois Shikamaru, Shouji, Ino, TenTen, Rock Lee, Kiba e Shino apareceram. Eles se uniram a nós.

— E aí, Naruto, por que está bebendo? – Kiba me provocou. Ele sabia bem que eu estava mal por causa de Hinata, mas mesmo assim, ele ainda não tinha me perdoado por eu ter partido o coração da amiga dele.

Eu não podia culpá-lo. Na verdade, me dava certo alívio saber que alguém se importava com ela a esse ponto. Então, nem respondi como ele deveria.

Notei quando Sakura ficou corada, um pouco tímida, eu diria, quando Kiba se sentou ao lado dela.

— Oi, Sakura – ele sorriu todo galanteador.

Eu comecei a dar risinhos. Sai me acompanhou. Logo, estávamos os dois morrendo de rir. Bêbado é uma merda mesmo!

— Aff! Vamos embora, Kiba! – Ela olhou feio para gente. Ela sabia muito bem porque estávamos rindo. - Tenho que passar na biblioteca. Me acompanha?

— Hai.

Ele se levantou, deixando a galera com o falatório sobre eles.

— Sakura e Kiba, hein? Quem diria?! – Ino comentou.

— Eu sabia que o Kiba tava a fim dela fazia um tempo já! – TenTen disse.

— Yo!!! É o fogo da juventude, moçada!!! Garçom, traz mais sake para nóis! – Rock Lee completamente alterado, pediu.

— Rock Lee, se acalma! – TenTen pediu e Shino a ajudou colocá-lo sentado no banco.

— Tsc, tsc! Já me basta meus problemas – Shikamaru resmungou.

— Tá aqui por que, reclamão? – perguntei.

Mas foi Ino quem respondeu:

— Temari e ele estão se pegando, mas eles brigaram – confidenciou em tom de fofoca.

Arregalei os olhos, em choque.

— A irmã do Gaara?

— Ela mesma.

— Você é louco, cara! A mulher é muito brava! – Eu disse.

— Mas é linda – Sai disse e Shino concordou.

— Ei! – Shikamaru reclamou.

— Ai, ai, Ino! – Sai exclamou de dor devido os tapas que levou da namorada.

Tenten olhou brava para Shino que abaixou a cabeça.

Eu ri.

— Pegar um tapado dá nisso, Ino! – Comentei e todos riram.

Sai me olhou revoltado e então resolveu dar com a língua nos dentes. Atualizou a todos da minha situação romântica. Inclusive não poupou os detalhes vergonhosos. Ele era uma velha fofoqueira quando ficava bêbado. Igualzinho à Ino que acabou revelando segredos quentes deles dois...

Todos riam. Eu acabei rindo junto. Era muito bom estar entre amigos. E, apesar de toda a tristeza que assolava meu peito, eu me senti sortudo por aquele momento.