Dança da Extinção escrita por yumesangai


Capítulo 7
Forma do coração, espelho do mundo


Notas iniciais do capítulo

#Shopping #Exodus



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— Quer explicar como você me convenceu de que isso era uma boa ideia? Ou segura?

— Meu charme inabalável?

— Definitivamente não.

Sehun e Kai continuaram andando lado a lado pelo corredor vazio.

Depois de terem perdido o teatro como lar temporário, eles vagaram pela rua, mas andar nas ruas de uma cidade, ou no caso, de um bairro grande era sempre problemático, havia muitas criaturas vagando, muitas lojas, muitos carros bloqueando passagens.

Eles tinham que andar a pé, mas a pé também não era uma opção segura, eles poderiam encontrar um grupo grande e logo em seguida outro e não teria para onde ir.

Por sorte ou não, o tempo ruim e a chuva de quando deixarem o teatro continuou. Ajudava a camuflar o odor deles, ou seja, lá como as criaturas conseguiam perceber a presença humana. Eles não eram cegos, embora seus olhos tenham a íris nublada. Nada fazia sentido, eram corpos caminhando.

Kai tinha como objetivo parar no shopping local até a chuva diminuir e formularem uma rota. Sehun era contra a ideia de entrar no maior prédio local, mas o garoto havia garantido de que as entradas principais estavam seladas e não havia um exército faminto os esperando por lá.

Que não era nenhum tipo de armadilha, muito pelo contrário, parecia ser tão perigoso que ninguém pensaria nisso.

As portas principais do shopping estavam fechadas, os sensores automáticos desligados e ainda havia uma camada de ferro, alumínio ou qualquer que fosse o material que assegurava que ninguém iria quebrar as portas de vidro, ainda que muito resistentes.

Sehun e Kai tinham técnicas parecidas, eles jogavam algo como uma pedra numa direção e deixavam as criaturas se arrastarem em direção ao barulho Kai preferia ativar o alarme de algum carro, o que os deu bastante tempo para pular a grade de metal que acessavam as docas.

Kai andava tranquilamente pelo lugar como se conhecesse tudo. Eles andaram pelo pátio deserto e foram para o galpão das docas, onde alguns caminhões estavam estacionados. Havia uma porta pesada corta-fogo e Kai a empurrou e saiu andando como se nenhuma criatura pudesse aparecer de repente.

— Quantas vezes você já veio aqui? – Sehun perguntou estreitando os olhos, chegou até a abaixar a arma.

Eles seguiram por um corredor e passaram por outra porta de acesso restrito que os levou ao primeiro andar do shopping. O prédio tinha apenas três andares, o teto de vidro estava parcialmente quebrado, o que permitia que a chuva entrasse e também um pouco de iluminação.

Algumas lâmpadas de emergência estavam em pleno funcionamento nas pilastras, inclusive no corredor em que passaram das docas às lojas.

— Algumas, aquele teatro não se encheu sozinho. – Kai respondeu sem olhar na direção do outro. Ele subiu a escada e fez com que Sehun o seguisse. – Aqui no primeiro andar tem lojas de roupas, acessórios para casa e celular. No segundo tem umas cafeterias, foi o melhor lugar pra arranjar comida, a praça de alimentação é um festival de coisas estragadas, não vale nem a pena.

Sehun assentiu, girou a lanterna por cima das vitrines. As coisas não estavam destruídas, realmente, ninguém havia invadido o shopping.

— Ah. – Ele parou e foi se aproximando de uma loja em particular. – Uma loja de esportes.

— Pode pegar ué. É como um self-service.

A loja não era muito grande, tinha toda uma parede de tênis. Sehun chegou a mexer em alguns, mas não valia a pena trocar um coturno por um tênis de corrida, ainda que mais confortável. Ele havia aprendido da pior forma que era melhor ter mais camadas protetoras.

Também havia cordas, bolas de ginásticas, algumas mochilas e imobilizadores. Ele pegou alguns para o joelho, tornozelo e pulso e jogou na mochila, pegou dois modelos de garrafa retrátil que estavam numa propaganda no meio da loja.

— Você olha do jeito errado. – Kai comentou se levantando do banco. Ele estava com um casaco novo amarrado na cintura.

— O que? – Perguntou confuso.

Kai fez sinal para que o seguisse. Havia uma porta que dava acesso ao estoque, eles subiram uma escada de ferro apertada para um andar de pilhas e mais pilhas de caixas. Eles precisaram ligar as lanternas.

— Aqui só tem caixas e está um calor infernal. – Resmungou já sentindo que era difícil de respirar.

— Pode me esperar lá em baixo se quiser. – Kai nem se deu ao trabalho de olhar para trás enquanto andava.

Ao final do estoque havia uma mesa de plástico junto de uma geladeira, micro-ondas e alguns galões de água empilhados. 3 estavam vazios, mas um estava fechado em perfeito estado.

— Wah. – Sehun arregalou os olhos.

— Todas as lojas têm algo assim. – Kai sorriu satisfeito. – Agora me ajude a encher as nossas garrafas.

Eles conseguiram virar e abrir o galão. Agora as novas garrafas e as antigas estavam cheias. Kai pegou um pacote de torrada que estava fechado na mesa. Na geladeira havia algumas garrafas, mas o cheiro de resto de comida estrava tudo.

— Tem uma boa loja aqui, você vai gostar.

Eles passaram por uma loja de produtos naturais que Kai chamava de “mini supermercado”, era cheio de enlatados, biscoitos, sucos em pó, vitaminas e cereais. Sehun nunca pesou que poderia voltar a escolher o que comer.

— Pegue o que quiser, eu ainda preciso te mostrar a base.

A dita base, era uma loja no segundo andar, as portas de vidros já estavam abertas, mas o vidro da vitrine estava tampado com folhas de jornal. Era uma loja de móveis de dois andares.

Logo de cara havia exibições de sofás, poltronas, mesas de centro e painéis. No fundo havia poucas opções de cozinha e no andar de cima eram só quartos.

Sehun começou a rir.

— Você nem viu o melhor.

Kai se agachou perto de um amontoado de fios e apertou um botão. Ele abriu a porta da mini geladeira e a luz estava acessa. Sehun correu e esticou a mão, estava funcionando.

— Eu não acredito.

Kai riu e foi colocando as bebidas que havia roubado das outras lojas.

— Isso aqui vai ficar melhor quando gelado. – Disse com uma barra de chocolate nas mãos.

Eles deixaram as mochilas sobre a mesa de jantar, e alguns lanches espalhados. Ocuparam um sofá retrátil que também ficava aos fundos.

— Mas a ideia dos geradores é genial.

— Você entende disso? – Kai perguntou arqueando a sobrancelha. – Porque eu só estava contando que ainda funcionasse, eu não saberia arrumar aquele caos.

— Um pouco. Mesmo um alternador padrão de carro de 60 ampères vai produzir mais ou menos 720 watts. Por isso, é necessário um alternador. – Ele apontava para o equipamento no chão. - Se o motor tiver um sistema de correias estriadas, é necessário ter polias com um padrão estriado correspondente.

Kai riu.

— Ok chega, isso é grego. Taemin quem fez isso. Ele iria gostar de você.

Sehun franziu o cenho, mas nunca havia ouvido o nome antes. Mas seu cérebro processou as histórias contadas anteriormente por Kai, sobre o amigo que havia o deixado para trás.

— Não tenho certeza se eu ia gostar dele.

— Nah, todos gostam do Taemin.

— Você ainda gosta?

— Claro que sim. Ele é o meu Luhan. - Sehun tentou manter uma expressão neutra. Kai deitou a cabeça em seu colo e continuou comendo. – Vocês são um pouco parecidos.

— Oh.

— Taemin agora tem os cabelos loiros, nós pintamos juntos. – Ele sorriu com a memória. – É um pouco mais comprido que o seu, você é mais alto também. Ele tem o rosto de um modelo, olhos castanhos.

Kai continuou o descrevendo com uma riqueza de detalhes, mas Sehun não tentou imaginar a persona, sua mente vagou para Luhan, para seu sorriso e para todas as vezes em que ele acreditou que Sehun conseguiria seguir em frente.

— Você não está mais me ouvindo. – Kai disse com um sorriso.

Sehun nem percebeu que estava de olhos fechados. Ele encarou o olho castanho e o outro vermelho do garoto, assim como seus cabelos brancos.

— Já que nós estamos aqui, não deveríamos procurar algo para o seu olho?

— Não. Essa é a minha lembrança do Taemin. – Kai colocou uma mão por cima do olho castanho.

Era um pouco macabro e parecia dolorido, ainda mais quando Kai sorria, parecia algo insano, mas considerando do que havia acontecido com o mundo. Talvez insano não fosse necessariamente ruim.

— Como vocês descobriram o shopping?

— Nós estávamos cansados e não tinha pra onde correr, nós estávamos contra aquela grade das docas e a única opção foi escalar. Depois descobrimos que o shopping estava completamente selado. Taemin foi para a garagem e juntou os geradores. Ele já trabalhou em algumas lojas e sabia que poderíamos encontrar comida.

— Eu não entendo. Ele fez isso com o seu olho e te prendeu no teatro, como vocês foram de amigos para isso?

Kai sorriu, um sorriso triste.

— Nós achamos um santuário, não fica muito longe daqui.

— Santuário? – Sehun franziu o cenho.

— Tem uma vila há alguns quilômetros daqui, é uma espécie de resistência. Eles têm portões, painéis de energia solar. Armas, eles não são brincadeira.

O coração de Sehun disparou. Ele não acreditava mais que ainda poderia existir algo assim, mas ele sabia que não podia se animar com a notícia, não era uma história boa, caso contrário Kai ainda estaria morando na resistência, certo? Ou ele estava errado em confiar no garoto esse tempo todo.

— O que houve?

— Zitao. Guarde bem esse nome.

Sehun nunca havia o escutado antes.

— É o líder?

Kai assentiu.

— Ele nos recebeu de braços abertos, aparentemente o tratamento pra quem achar Exodus é um pouco diferente do que quando eles “recrutam” você.

— Exodus?

— É o nome do lugar, está pintado no muro e tudo mais. De qualquer forma, nós chegamos lá, conversamos com Zitao, ele é uma figura única, você o reconheceria direto num grupo de 100 pessoas.

— Ele é chinês?

— Bingo. – Kai se ajeitou no sofá, voltando a ficar sentado. – Ele conversa com você, pra saber no que você pode ajudar. Taemin é bom nessas coisas. – Disse apontando para os fios. – Então ele era valioso. Eu sou bom em dança, o que não significa muita coisa, mas eu poderia ajudar em qualquer área.

— No que você acabou ficando responsável?

Kai parecia tão absorto no passado que Sehun tinha medo que se não o estimulasse a falar, o garoto iria se encolher e cair numa rede obscura de pensamentos.

— Estoque. Comida. Eu via a van chegar com suprimentos. As vezes eles diziam que iriam sair para recrutar algumas pessoas, quem era responsável por isso era um cara chamado Yifan, mas era conhecido como Kris. A van voltava com marcas de bala na lateral. Por que eles precisariam entrar em confronto pra recrutar pessoas, certo?

— O que você descobriu? – Sehun estava começando a entender e o sorriso de Kai só indicava que ele estava raciocinando corretamente.

— Era de madrugada que eles traziam os “recrutados”, quando eles vinham do mesmo grupo não tem como separar alguns, ou as pessoas iriam começar a perguntar e espalhar pânico. Zitao estava tentando achar uma cura.

Sehun pareceu confuso por alguns segundos.

— Cura? – Era quase alien alguém falando em tentar arranjar uma cura para o Apocalipse. Quantos cientistas haviam sobrado? Quanto material e tecnologia ainda estava disponível?

— Sim uma cura. É claro que não tinha como dar certo, mas ele fez muitos estudos. – Kai pareceu enjoado. - Sobre o tempo que demora, se existem outros lugares além da cabeça. Se ligação emocional afeta a transição. Se existe remorso ou reconhecimento de amigos ou parentes.

— Ele torturou todas as pessoas. – Sehun sentiu um calafrio.

— Eu precisava tirar Taemin de lá, nós tínhamos que ir embora, mas não dá pra fazer as malas e sair, não é simples. Tem vigias em todos os lugares. E Taemin não queria ir embora.

— Mesmo depois de saber disso tudo?

— Eu não o julgo, ok? Era um teto, era um lugar seguro. Taemin não queria ter que desertar pela cidade novamente, nós não tínhamos armas ou rumo. Seria só uma questão de tempo até entrar no lugar errado e acabar com tudo, só que de uma forma dolorosa.

Sehun não precisava fechar os olhos, para se lembrar de quantas vezes teve que correr para sobreviver, quando estava cansado e não tinha mais forças. De quantas vezes, Luhan o arrastou, empurrou e o puxou.

— Ok, me desculpe. – Ele esticou a mão para segurar a de Kai, que apertou a dele de volta.

— Eles não são idiotas. Kris sabia que eu tinha percebido alguma coisa. Zitao deu uma missão para Taemin. Ele conseguiu negociar que nós fossemos para outro lugar, algumas pessoas nos acompanharam para se certificar de que eu não iria fugir.

— E então você ficou com uma arma com uma única bala e um dos cadeados estava aberto. Kai, acho que Taemin acreditou que você conseguiria sair de lá.

— Não importa, eu não posso voltar.

— Você não quer trazer ele de volta? – Insistiu.

— Eu tentei. Ele preferiu ficar. E eu estou vivo. Acabou.

— Eu sinto muito.

— Eu disse a você, escolher como morrer é uma benção.

Sehun apenas o abraçou.

—/-

O carro parou numa rua pequena, o motor desligou e Kyungsoo sabia que não tinha mais jeito, eles precisavam de gasolina. Não era nada impossível, considerando a quantidade de carros abandonados. Eles também tinham uma mangueira e um galão.

Mas eles também precisavam dormir. Minseok estava com olheiras. Suho parecia cansado e Baekhyun estava cochilando. Toda a adrenalina do colégio os esgotou.

— Vamos resolver o problema da gasolina mais tarde. Por hora, vamos pegar as coisas e procurar acampamento. – Kyungsoo foi o primeiro a sair do carro.

— Só tem prédios aqui, é uma péssima ideia. – Suho tirou a arma do coldre.

— Nossas armas não são rápidas o bastante. – Minseok ergueu a balestra.

— Nós passamos por um shopping.

Todos encararam Chanyeol.

— Você quer ir pra um lugar com o maior número de concentração de pessoas? – Jongdae perguntou incrédulo.

— Parecia selado, os portões estavam abaixados.

— E como nós iríamos entrar então? – Jongdae ficava mais irritado quando estava cansado.

— Pelas docas. – Baekhyun respondeu tendo a mais brilhante ideia. – Eu já trabalhei em lojas, quando o shopping fica selado desse jeito, os funcionários têm que sair pelas docas.

Todos se olharam.

— Vamos fazer o seguinte. – Suho tomou a liderança antes que eles perdessem mais tempo discutindo na rua. – Vamos ver se é seguro, caso contrário, precisamos de um plano B.

Alguns errantes vagavam pelas ruas, talvez ajudasse que eles não estavam na avenida principal, e sim numa rua menor e mais estreita para acessar as docas. Havia um córrego por todo o trecho e a mureta de um museu.

O shopping era grande, mas tinha apenas três andares. A grade das docas estava fechada por correntes, tudo parecia em perfeito estado.

Baekhyun colocou um pé na grade, mas Suho o segurou.

— Minseok e Kyungsoo vão primeiro, se tudo estiver ok, então nós vamos. Deixem as armas aqui, vocês levam apenas as facas.

Minseok empurrou a balestra para Jongdae e Kyungsoo empurrou a carabina para Chanyeol. Por sorte não havia arame farpado sobre a grade.

O pátio estava com alguns caminhões e tudo parecia vazio. Cada um seguiu para um lado e em pouco tempo voltaram para a entrada. Minseok fez sinal de ‘ok’ e o restante do grupo se juntou a eles do outro lado da grade.

Baekhyun tomou a liderança, pois ele era o único que entendia o acesso das docas, embora fosse simples. Havia um galpão com produtos para as lojas, e um depósito enorme para papelão e containers de lixo.

— Me diz que eles não recebem a comida dos restaurantes aqui. – Suho perguntou quebrando o clima sério.

— Recebem. – Baekhyun deu um meio sorriso.

Eles passaram pelo corredor e acessaram o primeiro andar. Estava tudo deserto. Suho fez sinal para que eles não abaixassem as armas e eles foram andando lentamente pelo corredor.

— Deveríamos subir? – Chanyeol perguntou olhando para os outros andares.

— Precisamos de comida. – Jongdae resmungou já ouvindo o estômago roncar.

— Vamos pra praça de alimentação então. – Minseok tomou a frente e os guiou pela escada rolante.

Eles subiram diretamente para o terceiro andar que era consideravelmente menor. Havia um cinema. Caixas eletrônicos. Pista de boliche e alguns restaurantes e pequenos estabelecimentos de comida.

Jongdae pulou no primeiro Mc Donalds que viu. Mas com o freezer desligado, não havia nada de útil. Ele se apoiou no balcão.

— A não ser que vocês queiram comer ketchup, não tem nada de bom aqui.

O restaurante self-service que Chanyeol entrou também era um depósito de comida estragada, sem falar nas moscas.

— Sem luz não vamos conseguir achar comida. – Minseok sentou numa cadeira próxima.

— Tem as balas do caixa. – Baekhyun voltou mascando um chiclete.

— Não coma de estômago vazio, você está só jogando saliva e fazendo o seu estômago achar que é comida. – Minseok tirou o chiclete da mão dele.

— Ok, eu vou procurar batatas então. – Baekhyun se virou para entrar em outra loja.

Jongdae sentou no balcão e esperou que todos retornassem para se pronunciar.

— Acho que estamos pensando errado. Baekhyun tem razão, não vamos conseguir comida, mas podemos arranjar biscoitos, vitaminas.

— Barras de cereal! – Baekhyun e Chanyeol disseram ao mesmo tempo.

Suho teve que rir. Era a fonte mais próxima de nutrientes que eles poderiam arranjar.

— Vamos para uma farmácia. – Kyungsoo se levantou.

— Sabe uma coisa engraçada. – Jongdae comentou enquanto eles desciam as escadas. – Algumas lojas do segundo andar pareciam saqueadas.

Suho parou imediatamente e Jongdae bateu com o nariz na nuca do mais velho.

— E você não mencionou sobre isso? Pode ter outros grupos aqui. Céus, Zitao pode estar usando isso aqui como fonte de suprimentos.

Chanyeol e Baekhyun pareciam confusos, mas entenderam quando todos voltaram a erguer as armas numa postura mais tensa.

— Nós explicamos depois. – Kyungsoo disse olhando na direção dos dois novatos que apenas assentiram.

Eles desceram as escadas para o segundo andar, mas não parecia haver mais ninguém lá. De fato, algumas lojas estavam com as vitrines quebradas e portas parecendo arrombadas.

— Chanyeol e Kyungsoo comigo. – Suho sinalizou enquanto eles seguiram por um corredor.

Minseok liderou o time na direção oposta.

— Eu não entendo, você e Suho não estão juntos? – Perguntou se aproximando de Jongdae.

— Sim. – Ele não entendeu o ponto de vista do outro. – E...?

— Por que vocês se separam?

— Porque se alguma coisa acontecer naquele grupo, Suho não pode ter prioridades.

Baekhyun assentiu, mas era estranho. Ele sempre andou lado a lado com Chanyeol. Eles sempre foram inseparáveis. Minseok colocou a mão em seu ombro.

— Suho é o nosso líder, você vai se acostumar.

Baekhyun duvidava que iria se acostumar, mas sorriu mesmo assim.

—/-

— Você ouviu isso? – Kai perguntou se levantando do sofá.

— Um grupo entrou. – Sehun tirou a arma de trás da almofada. – Kai?

O garoto estava se aproximando da porta. Sehun queria xingá-lo, ele deveria estar carregando uma arma, mas ele preferia uma adaga.

Kai fechou as portas e eles voltaram para o fundo da loja.

— Se a gente não conseguir aproveitar o que está na geladeira, eu vou ficar muito irritado. – Kai resmungou se agachando atrás do balcão.

— Quantas pessoas você acha que são?

— Talvez umas cinco, eles provavelmente não irão embora hoje, ninguém entra aqui e pega umas coisas e sai.

— Nós já percebemos que é uma péssima ideia. Na pior das hipóteses eu tenho um plano insano.

— Eu quero que ele seja necessário? – Perguntou arqueando a sobrancelha.

— Envolve abrir a porta principal, tacar fogo e correr muito.

— Definitivamente não.

Eles voltam a encarar a frente da loja.

—/-

Como Kyungsoo havia sugerido, eles entraram na farmácia, que também era uma das lojas que já havia sido invadida, tudo estava em perfeito estado nas prateleiras, apenas atrás do balcão estava um pouco bagunçado.

— Seja lá quem levou algumas coisas tinha prioridades. Tem um pouco de tudo ainda. – Suho examinava uma secção de analgésicos. Ele pegou remédios de dor de cabeça, febre, resfriado.

— Tem até adesivos para dor. – Chanyeol estava com três caixas na mão.

— Acho que a pessoa não tinha prioridades isso sim. – Kyungsoo comentou atrás do balcão, abrindo as caixas e ficando apenas com a cartela de remédios.

— Tinha sim, não tem esparadrapo ou gaze. – Suho jogou o restante das coisas na mochila. Ele andou para outra divisão. – Oh... – Ele parou de repente.

— O que? – Kyungsoo pulou do balcão.

— Hm. – Suho estava com o rosto vermelho. Chanyeol e Kyungsoo foram se aproximando.

Havia uma variada opção de preservativos. As orelhas de Chanyeol estavam extremamente vermelhas. Suho encarava sem coragem de esticar a mão.

Kyungsoo olhou para os céus e pediu clemência. Girou os olhos e pegou alguns jogando nas mãos dos dois idiotas que tinham coragem de enfrentar corpos em putrefação, mas ainda não conseguiam olhar para uma embalagem de preservativo sem corar.

O time de Minseok concluiu a ronda primeiro, eles acabaram no mesmo mini-supermercado que Kai e Sehun haviam usado. Baekhyun estava feliz agora que tinha algo para comer. Jongdae se contentou com uma garrafa de energético mesmo que quente.

— Quem quer que estivesse aqui já deve ter ido embora. – Baekhyun se deu por satisfeito.

— Com certeza não foi o Tao. – Minseok comentou.

— Não, ele não deixaria opções para os outros.

— Já que estamos aqui, que tal algumas roupas? – Baekhyun passou a mão na calça surrada que estava usando havia um tempo considerável. – Eu e Chanyeol perdemos nossa mochila no terraço daquele colégio.

— É uma boa ideia. – Minseok assentiu. – Vamos esperar Suho e os outros.

— Por que não usam o rádio de novo? – Baekhyun perguntou olhando para o aparelho pendurado no cinto do outro.

— Não, aqui faz eco.

Todos estavam mais relaxados até o trio retornar. Minseok assentiu para Suho e Kyungsoo. Jongdae foi até o namorado e o beijou. Baekhyun apenas abraçou a cintura de Chanyeol e não quis mais soltar.

— Tudo certo. – Kyungsoo sorriu.

— Achamos comida. – Minseok jogou barras de proteína na direção dos três. – E macarrão instantâneo. Jongdae achou água, só precisamos esquentar e teremos um jantar.

— Baekhyun sugeriu roupas novas, e sinceramente, eu concordo. – Jongdae se apoiou no ombro de Suho.

— Nós podemos cuidar disso assim que... – Suho estreitou os olhos. – Aquela loja não estava com as portas fechadas quando passamos mais cedo.

Todos se viraram na direção de uma loja de móveis. Jongdae suspirou. Todos voltaram para o estado de alerta. Suho guiou o grupo sinalizando quem deveria ficar nas laterais e quem era a retaguarda. Chanyeol e Baekhyun ficaram para trás pois não ainda não estavam acostumados com a dinâmica, mas poderia cobri-los.

A porta foi chutada. Havia um barulho constante, algo estava ligado. Ele apontou para o andar de cima e Minseok, Jongdae e Baekhyun subiram.

— Nós podemos resolver isso de uma maneira tranquila, ninguém precisa de machucar. – Suho anunciou. O flash da lanterna procurando por algo suspeito.

Kyungsoo apontou com a própria lanterna para os alimentos sobre a mesa e depois para os motores aglomerados que eram a fonte do barulho.

— Montaram até uma estação portátil. – Chanyeol olhou surpreso para a engenhoca.

— Então é a base de alguém. – Kyungsoo puxou o cilindro da carabina para carregar a arma. – Ótimo.

Ao fundo, uma sombra se ergueu de trás do balcão. Mãos erguidas em rendição. O garoto tinha cabelos brancos.

— Mãos atrás da cabeça. – Suho anunciou apontando a arma e o flash de luz na direção dele.

Kai obedeceu lentamente, mãos bem abertas para verem que não estava segurando nada. Suho foi se aproximando e Kyungsoo foi recuando para dar a volta. Chanyeol não sabia o que fazer, então foi seguindo próximo do líder.

— A sua arma é muito ruim. – Uma outra voz soou próxima.

Suho se virou imediatamente, uma mão bateu com precisão sobre a sua e ele derrubou a arma no chão. Kai se jogou no chão e a pegou.

Sehun estava com uma Glock na direção de Suho e Kai com a arma roubada apontada na direção de Kyungsoo. Chanyeol ainda estava em choque no fundo.

— Ok, vamos todos nos acalmar. – Suho pediu com as mãos para o alto.

— Engraçado você dizer isso. – Sehun franziu o cenho.

— Se você atirar nele, eu atiro em você. – Kyungsoo ainda estava com o dedo bem próximo do gatilho.

Kai abriu um largo sorriso.

— Com uma arma de brinquedo?

— Você quer testar a arma de brinquedo?

Chanyeol franziu o cenho.

— Sehun? – Ele perguntou se aproximando. – Sehun, é você?

— Quem diabos é você? – O garoto perguntou lançando um olhar rápido na direção do mais alto, mas sem prestar muita atenção.

— Nós te salvamos há um tempo atrás. – Baekhyun apareceu com o restante do grupo.  Chanyeol é o primeiro a se aproximar, ele tem um sorriso de alívio no rosto. Sehun reconhece Baekhyun.

Naquela vez ele havia falado sobre um acampamento, seriam eles?

Com mais armas apontadas, Sehun e Kai foram obrigados a baixar as armas e se render.

— Meu deus, Sehun! – Minseok derrubou a balestra no chão e correu até o garoto o abraçando com força.

Sehun foi pego de surpresa, mas ele reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Seus olhos de encheram d’água.

— Ok, precisamos de algumas explicações. – Jongdae relaxou ao ver a cena.

Kyungsoo arregalou os olhos quando Kai ficou sobre uma luz melhor, mas o garoto sacudiu a cabeça negativamente.

 — Onde... Onde ele está? – Minseok se afastou com as mãos tremendo. Ele olhou para todos os lados, mas não parecia que mais ninguém iria surgir.

Sehun balançou a cabeça negativamente, as lágrimas começavam a cair. Minseok literalmente caiu de joelhos no chão e começou a soluçar.

— Me desculpa Hyung. A culpa é minha. – Sehun o abraçou.

Suho suspirou. Era sempre bom encontrar alguém conhecido, mas costumava vir acompanhado de más notícias. Já era difícil viver nesse mundo, quem dirá sobreviver.


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