Dança da Extinção escrita por yumesangai


Capítulo 22
Roleta Russa, mas a sua vida vale por duas.


Notas iniciais do capítulo

#Morte
#Super Junior



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Kyungsoo e Kai abriram fogo, mesmo sem ver. Até porque ver era o menos importante, embora o ponto crucial, ver talvez fosse o fim e eles não podiam aceitar. O grito que ecoou era de Baekhyun, e Lay chutou a grade junto de um palavrão em chinês.

Os grunhidos dos errantes e o fato deles estarem se abaixando num ponto cego, tornava tudo um grande pesadelo.

De repente a luz de um holofote acendeu, cegando a todos momentaneamente, o estrondo de luz foi tão grande que até mesmo os errantes pararam, afinal eles eram aparentemente sensíveis a algumas coisas.

— Fogo! - Uma voz ordenou sacudindo a mão.

E de cima do prédio um grupo vestido de preto começou a tirar nos errantes aglomerados no pátio. Minseok arregalou os olhos, eram onze pessoas no teto com armas de alto calibre, a luz não permitia ver com detalhes, mas pareciam saber usar as armas perfeitamente.

— Exército? - Kyungsoo estreitou os olhos, mas não dava para identificar.

Kai decidiu que não se importava com eles, desde que Sehun ainda estivesse vivo lá embaixo, ele escalou a grade novamente.

— Hunnie!? - Kai pulou na caçamba, havia tantos corpos caídos que ele não conseguia achá-lo, o grupo novo estava atirando, mas basicamente já haviam concluído o serviço, as armas eram muito melhores do que qualquer coisa que eles estivessem carregando.

Havia tanto sangue que o sapato de Kai afundou em algo gosmento.

Ele escutou um gemido baixo e teve que puxar um braço de cadáver e arrastar mais alguns corpos para abrir passagem.

Baekhyun e Sehun estavam embaixo da caçamba, o espaço era tão pequeno que ele se perguntou como os dois conseguiriam aquele feito.

Yixing apareceu logo depois e ajudou Baekhyun a se colocar de pé, ele tremia tanto que Yixing estava basicamente o mantendo em pé.

Sehun estava pálido. Os dois estavam cobertos de sangue, ao menos Baekhyun estava banhado em sangue e metade de Sehun era sangue e sujeira do chão.

— Hey! - Kai imediatamente o abraçou e Sehun o apertou com tanta força que parecia que queria se fundir a ele.

Minseok estava agachado no chão e parecia extremamente aliviado.

O portão se abriu e um rapaz alto de boné apareceu, ele tinha um corte militar e o rosto sério, ele carregava uma SR-25 nas costas e ao julgar pelas outras cinco pessoas ainda no alto com as armas na direção deles, eles estavam dispostos a atirar.

Ninguém em sã consciência iria contra um grupo de atiradores com armas semi-automáticas, e sem a luz dos holofotes, todos usavam visivelmente um colete a prova de balas.

— Meu nome é Leeteuk. - Se apresentou em posição militar.

Minseok o encarou da cabeça aos pés, ele não parecia estar brincando com relação ao cargo que ocupava e naquele momento, ele se perguntou se isso era uma coisa boa ou se só serviria para eles terem mais problemas.

— Minseok. - Se apresentou com um aceno. - Todos aqui são do meu grupo.

— Teuk! - Um outro rapaz se aproximou, ele carregava um HK417, que era um fuzil de assalto de calibre grosso. - Lee Dong Hae. - Se apresentou de forma pausada, pés juntos e em continência.

— Kyungsoo. - Se apresentou rapidamente, olhando preocupado na direção de Baekhyun e Sehun.

— Baek! - Yixing o segurou quando Baekhyun simplesmente apagou. — Baek!

A movimentação entre Sehun, Kai, Yixing foi rápida, mas o Leeteuk se moveu mais rápido, com um gesto para a equipe do alto, eles saltaram em cordas e desceram para o pátio em segundos, ainda que a altura não fosse tão considerável, a agilidade e precisão era algo difícil de ver.

Cinco pessoas os cercaram.

Um rapaz alto afastou Yixing, e outro fez uma espécie de barreira, enquanto um rapaz baixo se aproximou e segurou Baekhyun, ele tirou uma lanterna do bolso e um estetoscópio de algum lugar.

— Ele está perdendo sangue. - Sua luva ficou suja no momento em que encostou no braço de Baekhyun que parecia ainda mais pálido do que antes, e ele não estava falando do sangue já existente no corpo do garoto. — Nós precisamos sair daqui agora.

— Ele está em choque. - Um deles constatou examinando Sehun rapidamente. A etiqueta em sua roupa dizia: Sungmin.

— Nós não temos tempo a perder. - Donghae sinalizou que o grupo os acompanhassem e novamente, não havia outra opção.

Não com Baekhyun desmaiado e perdendo sangue, não com Sehun parecendo que iria desmaiar em segundos. E novamente, eles se viram seguindo um grupo de estranhos, com armas que só o exército teria acesso.

O exército deveria ser seguro, mas no meio disso tudo, para onde eles tinham ido? Quando as televisões ainda noticiavam, eles estavam nas ruas e fazendo barreiras e criando quarentenas, depois de um tempo tudo saiu do controle.

E eles certamente foram os primeiros a cair.

Minseok tinha muitas perguntas, mas algo mais importante estava acontecendo. E foi assim que eles entraram no prédio que era uma fábrica de montagem de peças de veículo, lá dentro eles se dividiram em veículos oficiais do exército.

— Qual o status do paciente? - Leeteuk perguntou enquanto carregavam Baekhyun numa maca e o colocavam no chão.

Sungmin e Ryeowook estavam basicamente em cima dele com um kit de primeiro socorros.

Yixing tentava acompanhar com o olhar, mas Kangin e Siwon, segundo o nome dos uniformes estavam o direcionando para outro veículo.

— Eles são do departamento clínico. - Yesung explicou subindo após eles.

Minseok, Kyungsoo, Yixing e Kai num veículo, enquanto Baekhyun e Sehun em outro.

— Quem são vocês? - Kai foi o primeiro a perguntar quando o rosto do namorado desapareceu.

— Não ficou claro? - Yesung ergueu os olhos o encarando. - Nós somos o exército.

— Achei que todos vocês tivessem desaparecido ou fugido para Jeju. - Kai rebateu.

— Yah, que tal ser mais grato por quem está salvando a sua vida? - Kangin não precisou aumentar o tom, ele era grande o bastante para fazer Kai se ajeitar no banco.

Kyungsoo colocou a mão sobre sua coxa, apertando de leve.

— Você sabe que nós fomos os primeiros a ser afetados quanto isso começou? Nós tínhamos que responder ao governo, à população, as pessoas estavam morrendo, se levantando e matando. Nossos amigos, nossas famílias, você não tem noção do que era aquele inferno. Eram duas paredes se fechando contra você. - Heechul foi a voz da razão, seus olhos ainda tinham um brilho de raiva.

— EcoMikeCharlie. Ele foi mordido, nós precisamos interna-lo imediatamente. - Uma voz saiu no rádio.

— Copiado. - Yesung respondeu e Kangin bateu na lateral do carro.

— Siwon, mais rápido.

Os carros seguiram por uma espécie de túnel, em momento nenhum eles voltaram a ver o céu ou os prédios, do galpão eles seguiram para uma rota subterrânea, totalmente escura, o caminho durou um tempo considerável.

O novo grupo permaneceu em silêncio, apenas o som do motor era ouvido e alguns bipes no rádio.

Eles voltaram a ver luz, quando o carro subiu por uma rampa e os levou a um pátio totalmente cercado, com duas torres em cada lateral e um prédio de dois andares com uma torre de controle central.

Parecia mais uma instalação da aeronáutica do que do exército, talvez eles tivessem se fundido. O grupo não usava uniforme militar, todos usavam roupas escuras, coletes e tags com os nomes que deveriam ter vindo das roupas originais.

Uma garota usando um blazer e roupas formais se aproximou de Leeteuk.

— Irene, nós precisamos movê-lo rapidamente, ele está contaminado.

Ela assentiu, falou rapidamente no rádio, Sungmin e Ryeowook saíram carregando a maca, outras pessoas seguiram com eles.

Kai tentava os acompanhar com o olhar.

— Onde nós estamos? - Kyungsoo perguntou ainda sem conseguir se localizar.

— No centro de pesquisa das forças aéreas. - Yesung respondeu.

— Vocês não eram do exército? - Yixing se pronunciou pela primeira vez.

— Somos militares. - Um garoto mais novo falou, a tag em seu uniforme dizia Kyuhyun. — Como vocês já sabem, o exército sofreu uma baixa muito grande quando o vírus se espalhou, as coisas fugiram do controle.

Leeteuk colocou a mão em seu ombro e ele se calou.

— Para onde Baekhyun e Sehun estão indo? - Minseok encarou o aparente líder do grupo.

— Ser examinados com mais cuidado. Vocês também vão ter que passar por uma inspeção, nós não podemos deixar potenciais multiplicadores do vírus andando livremente, seu amigo foi mordido.

Yixing respirou fundo.

— Vocês falam como se nós estivéssemos doentes. - Kai retrucou. — Mas nós não fomos mordidos.

— E o que acontece quando vocês forem? - O capitão o encarou com um tom cansado, era uma conversa repetitiva e ele não se importava mais em ser civilizado. — Nós já desenvolvemos uma vacina. Vocês querem ficar? Então tomem uma dose, se não quiserem podem ir embora, nós abrimos os portões e vocês podem voltar e esperar o mundo voltar a ser mundo.

Minseok encarou o grupo. Eles já não haviam passado por algo assim? Em Exodus, ficando submissos a um grupo com um terreno vantajoso, mas ninguém nunca havia falado sobre vacina.

— Espera, vocês podem curar o Baek? - Yixing tentou processar a informação.

— Ele foi mordido, então é um pouco mais complicado.

— Inserir um vírus inativo em alguém com o vírus ativo, pode causar reações diversas. - Yesung explicou. - Mas nós vamos tentar, é a melhor chance que ele tem.

— Qual a reação do vírus em quem não foi infectado? - Kyungsoo olhou na direção do grupo procurando algo.

— Nós podemos conversar lá dentro? - Donghae estava protegendo o rosto do sol. - Vocês querem ver seus amigos, certo? Melhor sairmos do meio do pátio.

— Espera, nós já estivemos em muitas situações que ficaram desfavoráveis para nós. - Minseok segurou a mão de Yixing que já estava basicamente seguindo Donghae.

— Eis o que vai acontecer.- Heechul começou a explicar num tom obviamente irritadiço. — Vocês vão passar por uma ‘lavagem’, vão vestir roupas limpas, vão passar pela sala de exames. Então nós vamos sentar numa sala, vamos nos apresentar, vocês vão entender o que é esse programa, como as vacinas funcionam e depois poderão ver seus amigos.

— E se nós não quisermos tomar as vacinas? - Kai cruzou os braços.

— Então você vai ser convidado a se retirar.- Leeteuk cortou o assunto.

— E Baek e Sehun?

— Se os dois estiverem infectados, eles vão tomar a vacina e ficar em observação.

— Você quer dizer que eles vão ser testados. - Kyungsoo o corrigiu.

Heechul deu de ombros.

Minseok suspirou, eles não tinham escolha e assim seguiram Leeteuk e seu grupo para dentro da instalação. O processo de limpeza mencionado por Heechul, era uma sala de descontaminação, parecia ser algo improvisado ao invés de uma câmara propriamente equipada.

Eles se livraram das roupas e seguiram por um corredor iluminado com chuveiros. As mochilas e armas tiveram que ser deixadas em gavetas.

— Acha que isso é uma boa ideia? - Kai encarou Minseok enquanto a água caia.

— Sehun e Baek já estão lá dentro, e nós estamos falando de um prédio militar, não tem outro jogo a não ser o deles.

— Nós precisamos entender o que está acontecendo, eles estão falando sobre vacina. - Kyungsoo estava quase sussurrando. — Por que isso não veio a público?

— Ou desenvolveram tarde demais ou a vacina é experimental.

— Provavelmente os dois. - Yixing completou olhando na direção de Kai.

Eles assentiram e novamente chegaram a conclusão que não havia outra saída.

 

 

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— Eu odeio essa sensação de Deja’vu. - Sungmin comentou enquanto olhava para o rosto de Baekhyun deitado na maca.

Ryeowook ergueu o braço que havia sido mordido, estava devidamente enfaixado, as veias próximo dos dedos estavam altas e roxas. Roxo não era um bom sinal, roxo significava que a infecção estava se espalhando.

— Parece que nós não estamos fazendo o bastante.

— Mas nós estamos. - Ryeowook ergueu os olhos para o amigo. — Nossos amigos também morreram, também foram infectados. Infelizmente não é uma cura, não é o bastante para salvá-lo, mas vai ganhar tempo.

— E se não for tempo o bastante?

Ryeowook olhou com pesar para o garoto deitado, ele tinha amigos e não estava sozinho, deveria ser o bastante.

— Melhor do que ser jogado à própria sorte.

E puxou a seringa para aplicar a vacina.

 

 

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— O que aconteceu com o seu olho? - A garota de antes, Irene estava mexendo num refletor, agora que Kai estava deitado sem o tapa-olho.

— Muita coisa aconteceu com ele antes de chegar a esse ponto.

Ela torceu os lábios, mas não era a mesma reação de quem sentia nojo, era apenas como o ferimento havia cicatrizado.

A ala médica era como num hospital, várias macas espalhadas, uma cortina protetora, havia até um equipamento odontológico, curiosamente era onde Kai estava sentado agora.

O local era frio e todos estavam usando roupas de moletom.



— O que houve com o seu ombro? - Seulgi, uma garota de cabelos castanhos perguntou enquanto fazia com que Kyungsoo virasse o braço em algumas posições.

— Nunca se recuperou, eu consigo usar o braço, mas esticar para o alto é quase fora de questão.

Ela moveu os dedos apertando levemente.

— Eu acredito que ele tenha se curado de uma forma ruim, nós não temos condições ou espaço para cirurgia, nós não somos um hospital.

— Não se preocupe, já me acostumei.

Ela assentiu levemente.

 

Yixing era tão magro que Minseok não conseguiu desviar os olhos, todos eles estavam mais magros, mas certamente o tempo que o outro foi prisioneiro ficou bem claro por quão saliente eram os ossos das costelas.

Todos eles mereciam ter um lugar de verdade para descansar.

 

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O sino do colégio tocou e Baekhyun acordou assustado, um papel grudado no rosto. Chanyeol sorriu e descolou a folha de seu bochecha.

— Como você espera passar de ano desse jeito?

— Com as suas anotações é claro. - Acabou bocejando e se espreguiçando na cadeira

Eles andaram juntos pelo corredor, ao descer as escadas do pátio, alguém esbarrou com força no ombro de Baekhyun, ele encarou o garoto de cabelos castanhos e olhar estoico.

— Hey.

— Eu conheço você? - Ele questionou com as mãos no bolso, nem um pouco preocupado.

— Sehun, anda logo! - Outra pessoa o chamou acenando.

— Ei, que tal uma partida? - Jongdae perguntou se aproximando, ele trazia uma bola de basquete nas mãos.

Chanyeol tirou a bola de suas mãos e a quicou pelo chão, enquanto se preparava para um arremesso que foi interceptado por Junmyeon.

— Se quer jogar, então jogue de verdade. - O mais velho comemorou com um sorriso.

Baekhyun estreitou os olhos e virou novamente o rosto na direção de Sehun que conversava com um rapaz que ele não conhecia.

— Mas desde quando vocês estudam aqui…?

 

 

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— Bem vindos a zona 8. - Leeteuk começou quando todos se acomodaram num salão. Além de Minseok, Yixing, Kai e Kyungsoo, outras pessoas de antes estavam sentados, além de rostos novos, algumas meninas que os auxiliaram na enfermaria.

Ninguém parecia ser de fora, não como eles.

— O que é a zona 8? - Kyungsoo perguntou quando chegou a conclusão de que ninguém mais iria.

— É o mapeamento de áreas que foi feito pelo exército. - Yesung continuou de onde estava, sentado.

— Em primeiro lugar, quem são vocês? - Kai questionou com menos paciência entre eles.

— Leeteuk, Yesung, Kangin, Heechul e Donghae, nós somos do exército. - O líder apresentou, enquanto cada um deles ia levantando a mão. — Sungmin e Ryeowook que levaram seus amigos são enfermeiros, também do exército.

— Meu nome é Siwon, e vocês estão numa base da aeronáutica. - O rapaz que pouco havia dito se pronunciou. - Eunhyuk, Kyuhyun e Shindong também são das forças aéreas.

— Vocês não parecem que fazem caridade em recolher as pessoas. - Yixing olhou ao redor procurando algum tipo de reconhecimento no rosto das pessoas ali presentes.

— Nós já fizemos isso. - Leeteuk tinha um sorriso triste no rosto. — As pessoas não retribuíram nossa gentileza da mesma forma.

— Quer dizer que nossos amigos foram mortos pela estupidez das pessoas. - Heechul rebateu de volta.

— Nós servimos, mas nós não somos descartáveis. - Siwon completou. — Por isso, se a nossa vida estiver em risco, nós não vamos ajudar, o nosso trabalho é mais importante.

— Ok, isso tudo faz sentido. - Minseok decidiu melhorar o clima. - Nós já encontramos outros grupos, resistências, de pessoas, não militares e as coisas não foram muito bem.

— Nunca são. - Yesung suspirou.

— Vocês falaram sobre uma vacina, podem explicar? - Kyungsoo questionou.

— Em primeiro vocês precisam entender sobre os mortos. - Donghae iniciou a narração se levantando. - Quando o nosso cérebro para. E como o vírus funciona. Vocês já viram uma transformação?

Todos assentiram.

— Não é imediato, certo? A pessoa tem que morrer para ativar o vírus, isso acontece muito mais rapidamente quando ela é mordida, existe um processo de re-ligamento das sinapses do seu cérebro que até então estavam foram de funcionamento, mas o lobo frontal o neocórtex, a parte humana, ela não volta.

— Existe alguma exceção?

— Nenhuma, é um corpo morto ligado, ativo como uma espécie de vírus da raiva, no entanto, nem tudo está funcionando, do contrário eles teriam inteligência e poderiam ser rápidos, a maioria não é por causa dos machucados, mas os mortos não abrem portas, por exemplo, eles não tem noção de alto e baixo.

— Mas aquela pessoa está morta, certo? - Kai questionou se inclinando para frente. - Nada poderia ser feito. Essa vacina não é uma cura, ou vocês já teriam dito isso.

— Não é uma cura. - Donghae concordou. — É um inativador do vírus, você pode dizer. É como se todos nós já estivéssemos contaminados, pois estamos falando de um vírus que já sofreu variadas mutações, mas ele não consegue funcionar sem a mordida.

— A vacina não te torna imune, mas provavelmente vai criar uma reação protetora caso você seja mordido. Seu corpo vai lutar para expulsar o vírus. Vai funcionar em 90% dos casos.

— Como um câncer, não estamos falando de algo simples que você cuida em casa, seu corpo vai tentar de todas as formas expulsar um vírus que está te matando, como um câncer muito avançado e muito rápido.

— E isso funciona? - Kyungsoo agora parecia descrente.

Eunhyuk desdobrou a manga da camisa onde havia uma marca de mordida meio azulada.

— Eu já havia tomado a vacina, e fui mordido. - Explicou. — Nós estávamos em outra base, e houve uma briga com as pessoas que estavam conosco, elas queriam que nós fizéssemos um milagre com os suprimentos e decidiram expulsar nossos amigos e eu fui mordido enquanto tentava salvá-los.

— Eunhyuk ficou mal por algum tempo, mas ele sobreviveu, não foi fácil, não foi indolor, mas nós vimos o sinal da infecção diminuindo e nunca mais retornou. - Donghae completou.

— Então, a vacina vai te salvar, mas se você sobreviver ao processo. - Minseok concluiu.

Eunhyuk assentiu.

— Eu achei que fosse morrer, não vou mentir. E eu desejei morrer várias vezes. - Alguns de seus amigos abaixaram o rosto. — Mas eu estou bem, eu fiquei bem graças a eles.

— O que nós temos hoje. - Leeteuk voltou ao assunto. — É uma versão mais forte da vacina, em teste.

— Você quer dizer que vão testar no Baekhyun. - Yixing o encarou.

— Seu amigo já está mordido, todos nós já havíamos tomado a vacina antes que algo pudesse acontecer. Então sim, nós vamos testar no seu amigo.

O grupo se encarou, eles conheciam o resultado da mordida, viram a transformação de perto. Kai literalmente viu Chanyeol e Taemin, ele não desejaria assistir novamente.

— E se der certo, ele vai ficar bem.

— Se não der certo, não vai mudar em nada, pois ele iria morrer de qualquer forma. - Kyungsoo concluiu o que nenhum deles gostaria de ouvir.

— Eu quero vê-lo. - Yixing se levantou rapidamente.

 

 

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Sehun acordou com Baekhyun gritando, do mesmo jeito quando haviam caído entre os mortos, era uma sensação que ele nunca iria conseguir apagar, as mãos tentando agarrar um pedaço de carne, os dentes batendo.

Baekhyun estava preso numa maca, os braços literalmente afivelados, ele se debatia.

Era um cômodo pequeno com uma porta de vidro automática, ele reparou que estava descalço quando pisou no chão gelado, o ar também era gelado, ele não reconhecia o lugar.

— Baek? - Sehun entrou em seu campo de visão.

— Eu vou morrer. Eu vou morrer.

Sehun olhou imediatamente para o estado do braço, era mais forte do que uma mordida comum, era pior do que já havia visto por aí.

E ele conseguiu se lembrar quando eles caíram, ele jogou o corpo para baixo do container e puxou Baekhyun, mas não havia espaço o bastante para os dois, Baekhyun não ficou totalmente protegido.

Os olhos de Sehun perderam a cor.

Sua culpa, novamente.

— Ele está apenas reagindo a vacina. - Sungmin respondeu calmo entrando no cômodo.

— Isso é normal, então? - Questionou preocupado, as mãos procurando consolá-lo de alguma forma, acariciando seus cabelos, algum tipo de distração.

— A vacina está fazendo efeito, por isso ele está gritando, mas é normal. - O rapaz não parecia preocupado. — Você também já tomou, mas nem percebeu.

— E por que eu não estou gritando pela minha vida?

— Porque você não foi mordido.

Sehun não gostou da resposta, ele olhou novamente na direção de Baekhyun, seus dentes batiam com tanta força.

— Você pode soltá-lo? Ele vai se machucar desse jeito.

— Ele vai enfiar o dedo na ferida. Ele vai se acalmar em alguns minutos, aí nós vamos soltá-lo. Até porque aqui não é uma sala de descanso.

— Está queimando, faça parar, faça parar!

Sehun apenas fechou os olhos.

 

 

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— Quando você ficou tão bom assim? - Chanyeol perguntou se apoiando na porta, quando Baekhyun terminou de tocar.

Ele virou o rosto na direção da voz e imediatamente sorriu.

— Eu tenho praticado bastante.

— Para alguma competição? - Chanyeol entrou na sala de música e ocupou metade da banqueta, como suas pernas eram maiores, ele empurrou o banquinho para trás.

— Para você.

Chanyeol sorriu e aproximou o rosto, Baekhyun se viu fechando os olhos de antecipação. Tudo isso já parecia ter acontecido antes.

 

 

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— Eu vou morrer, não vou? - Baekhyun perguntou com a voz trêmula.

— Hey. - Sehun se agachou ao seu lado. — Não diga isso.

Baekhyun ergueu os olhos, suas mãos massageavam seu tornozelo, havia uma marca roxa onde uma criatura havia mordido originalmente, mas não forte o bastante graças ao calçado, mas não havia como fugir de quando seu braço foi mordido.

Chanyeol havia passado por isso.

Chanyeol não durou nem dez minutos antes de se transformar, quantas horas já haviam se passado? Quanto tempo ele ainda tinha?

A marca em seu braço parecia infeccionada, vermelha e coçava, havia algumas marcas roxas subindo, mas elas eram tão claras quanto suas próprias veias.

— Você acha que vai dar certo? - Sehun o olhou confuso. — Tudo isso, esse lugar, essas pessoas, você acha que vai dar certo?

Sehun não acreditava mais nos outros havia muito tempo, mas Baekhyun precisava de algum suporte, ele precisava se distrair da própria situação.

— Eu espero que sim.

— Você está bem?

Sehun sorriu.

— Desde quando eu estou bem? - Quis rir.

Baekhyun bateu de leve em seu ombro, mas acabou sorrindo também.

— Você sabe o que eu quis dizer, foi mordido?

— Não. Não eu não fui. - E ele encarou o teto, se sentindo culpado. Baekhyun o encarou e apenas assentiu com um sorriso.

— Então está tudo bem.

— Por quê? - Sua voz saiu engasgada, ele tinha lágrimas nos olhos que não estavam lá antes e uma vontade absurda que começar a soluçar. De onde haviam saído tantos sentimentos?

E ele apenas sorriu como se estivesse tudo bem. Sorriu como no sonho, quando ainda havia esperança e sorriu como deveria, se eles tivessem se conhecido numa situação normal.

 

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— Eu posso dividir o quarto com você? - Sehun perguntou parando na porta do quarto de Minseok.

Kyungsoo e Kai estavam conversando em algum lugar e Sehun decidiu não interromper.

— Isso é uma surpresa, mas claro. - O líder bateu no espaço vazio da cama. — Que houve?

— Eu sinto a sua falta. - Admitiu se encolhendo no espaço, se sentindo pequeno. Minseok imediatamente passou o braço por seus ombros o trazendo protetoramente para perto. - Sinto falta de antes, eu não sei se aguento mais esse mundo, hyung.

— As coisas vão voltar, sabia?

— Mas nada vai ser como antigamente. Sem o Luhan… dói e não para de doer, eu não queria que Chanyeol tivesse morrido, Baekhyun não vai sobreviver.

— Você não sabe disso.

— Sim, eu sei. Eu estava lá quando ele caiu e eu estava lá quando ele acordou. Hyung, o que quer que eles estejam testando, não vai fazer efeito. Se for uma luta, Baekhyun já parou de lutar.

Minseok torceu os lábios, mas ele entendia. Baekhyun e Chanyeol quando apareceram eram únicos, eram felizes no mundo deles. Talvez ele também se sentisse assim se estivesse com Luhan, como Sehun esteve.

— Eu não quero perder você, eu sei que é egoísmo, mas Sehun, eu te conheço, e eu não posso perder você também, não depois do Luhan.

— Sinto muito por todas as vezes que eu fui um mala com você, e não te respeitei.

— Yah. Pare com isso, eu não quero ouvir.

Eles dividiram uma cama, mesmo com outra pronta para ser usada.

 

 

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— Você acredita nisso? - Kai perguntou de braços cruzados.

Kyungsoo estava bem mais relaxado, usando roupas limpas e entre quatro paredes de uma instituição militar. Havia até conseguido adesivos para dor muscular.

— Se eu não acreditar, então por que diabos nós passamos por isso tudo?

— Mas se isso tudo for verdade, então nós só tivemos má sorte? - Kai se aproximou parecendo Jongin depois de muito tempo, com a voz triste, os ombros caídos e o olhar perdido. — Exodus, Taemin, foi tudo má sorte? Esse tempo existia algo que poderia ter o salvado? Até mesmo o Clã, eu conheci eles, sabe? Hyungwon. Eles não mereciam. Taemin não merecia nada disso.

— Nós também não. Ninguém merecia. Mas uma hora isso tudo tem que acabar.

— Soo. - Jongin sentou na cama e segurou suas mãos. — O que eu fiz esse tempo todo? Eu poderia ter salvado Taemin?

— Não, ninguém poderia, tudo que aconteceu antes de chegarmos aqui, nada disso teria sido diferente. Foram nossas escolhas e nós temos que viver com elas. Jongin. - Ele segurou a mão do garoto de volta, com a mesma força. — Você precisa ser forte. Pare de fugir.

 

 

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— Eu soube que você é o novo VIP. - Yixing se aproximou com um prato de sopa.

Baekhyun abriu os olhos e pareceu demorar para se acostumar com a claridade, mas ele sorriu na direção de Yixing.

— Eu soube que vocês tomaram a vacina.

— Estamos chegando no inverno, ficar vai ser a melhor opção, aparentemente vão fazer um recolhimento de mantimentos na cidade. Eles concordaram que nós não precisamos ajudar, deve ser a primeira vez que escuto isso.

— Porque eles não confiam em vocês. - Baekhyun estava satisfeito com o calor da comida e o sabor. — Isso são batatas de verdade?

— É claro que não confiam, mas eles certamente não precisam da nossa ajuda.

— Eu sei, eu estava no meio daquelas balas, embora fosse a minha menor preocupação.

— Como está o braço?

As ataduras estavam levemente sujas de sangue, mas era evidente que as marcas roxas e azuladas estavam subindo por seu braço.

— Dói. Não seja mordido.

Deveria ser uma piada, mas Yixing não conseguiu se divertir dessa vez, os olhos de Baekhyun estavam fundos, sua pele mais pálida naquela luz branca, ele parecia muito menor do que o garoto que tentou libertá-lo do porão.

— Onde você quer visitar na China?

— É meio clichê, mas eu gostaria de ir para a grande muralha e aquela ponte de vidro. Também quero que você me leve para algum festival e comer os seus pratos favoritos.

Yixing ajeitou algumas mechas que caíam no rosto dele.

— Claro.

Baekhyun fechou os olhos depois de comer a sopa e se acomodou contra Yixing.

— Eu já disse que quero visitar a muralha…? - Falou ainda sonolento.

Pelo decote da camisa, dava para ver as veias avermelhadas subindo pelo peito. Yixing repetiu tudo novamente.

 

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— Nós podemos ajudar. - Minseok estava reunido com Leeteuk e Yesung.

— Não me leve a mal, mas nós já tivemos experiências demais com pessoas de fora e nunca resultou em algo bom. - O vice líder cortou logo o assunto.

Leeteuk tinha um mapa da região, da zona 8, como havia dito. Estava mapeado mercados, farmácias, lojas e pontos que eles consideravam críticos. Observando o mapa, a praia estava cercada de pontos críticos.

— E nós não podemos ceder as nossas armas para pessoas que não possuem treinamento.

Eram boas armas, Minseok se viu apenas assentindo, eles não tinham nada para oferecer depois de gastar toda a munição disponível.

— Como nós já explicamos, estamos entrando no inverno, e aqui é uma região com neve. Então nós vamos precisar estocar os mantimentos, provavelmente vamos usar o subterrâneo para guardar as coisas, nesse período ninguém vai poder sair.

— Nós não temos experiência com o que quer que vocês façam aqui, mas podemos ficar de guarda, ou podemos cuidar da limpeza ou comida, eu por exemplo, sei cozinhar.

— Guarda não, mas limpeza e comida certamente será bem vindo.

— Eles vão congelar com a baixa temperatura, e quando a primavera chegar, isso tudo vai acabar.

— Então, isso realmente vai ter um fim? - Minseok se agarrou na mesa.

— Claro que sim. - Yesung chegou até mesmo a sorrir. — Nós temos outros pontos pelo país. Atualmente, Jeju é a zona de controle, mas temos pontos locais, a maioria não está em grandes centros pois a infestação foi muito rápida, mas sim, nós vamos ver o fim disso tudo. Tem mais gente viva do que você pode ter dado crédito.

— Eu sei como isso parece, mas vocês andaram em zonas vermelhas o tempo todo basicamente. - Leeteuk apontou para a rota que eles indicaram que fizeram até então, Exodus inclusive estava ali.

 

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Baekhyun passou tanto a unha pelo pescoço, que haviam marcas e mais marcas, se misturando com o desenho de raízes da infecção por seu corpo. Seus olhos estavam com as linhas d'água vermelhos e havia uma certa oscilação da cor de seus olhos para algo nublado.

— Eu preciso de um favor.

Sehun se aproximou, mas Baekhyun recuou.

— O que foi?

— Eu preciso que você traga uma arma.

— Baek--

— Eu não aguento mais. Meu corpo dói, tem pensamentos que não são meus. Eu sonho e às vezes parece que eu estou acordado, parece que passaram horas ou dias, às vezes eu não faço ideia do que aconteceu. Você me deve isso Sehun.

— Você falou com o Lay?

— Não.

— Baek.

— Eu vou… apenas… me traga uma arma, se eu não fizer você vai ter que cumprir a sua promessa.

— A promessa envolvia você me matar, não o contrário.

— Bom, eu que estou morrendo, então vamos ter que inverter as coisas. - Ele quis rir, mas seu corpo doía.

— Eu sinto muito.

— Eu também.

Sehun o encarou e Baekhyun tinha um sorriso que não combinava com sua aparência.

— Por exigir isso de você. - Ele mudou a postura parecendo relaxado. - Eu tenho sonhado com todos nós num colégio. Às vezes eu te vejo, mas você não me reconhece. Chanyeol está sempre comigo, então tem sido ótimo. Eu quero ficar por lá.

— Talvez quando chegar a minha hora, eu te encontre no colégio.

— Que tal nos tirar do colégio? Não quero passar a eternidade tendo provas.

— É uma nova promessa?

— Acho que sim.

Às vezes ele parecia bem e lúcido, mas pouco tempo depois, quando Sehun estava saindo do cômodo, ele ficava olhando para o vazio, com os olhos sem brilho, a respiração mais ofegante, quase como um deles.

Sehun estava tão preocupado com seus próprios pensamentos que se chocou com Yixing no corredor e quase caiu no chão.

— O que vocês vão fazer?

— Como é?

— Eu sei que ele pediu algo a você, o que é?

— Uma arma.

Yixing suspirou.

— Você pode me dar mais um dia?

— Eu não sei se ele tem mais um dia.

Yixing decidiu não perder mais tempo naquele corredor frio, ele foi direto ao cômodo, Sehun como o masoquista que era, ficou parado, ouvindo o chinês chamar Baekhyun algumas vezes e depois escutou quando o outro começou a soluçar.

— Yixing, por favor...

 

 

—/-

 

 

— O que você acha que está fazendo?

A voz era desconhecida, mas não fez com que Sehun parasse o que estava fazendo. Ainda de costas, mexendo nas armas que eles haviam guardado. O estranho era um dos enfermeiros, Sungmin ou algo parecido.

— Salvando meu amigo.

— Com uma arma? - Seu tom era descrente, mas de alguma forma ele não parecia pronto para impedi-lo.

— Você viu que não está fazendo efeito, vocês sabiam que não iria fazer efeito. - Sehun corrigiu e pegou a arma, ele puxou o carregador, havia exatamente uma bala como havia deixado.

— Existia uma chance pequena, muito pequena.

— Baek não vai se transformar. Vocês testaram e não funciona. Ok? - Colocou a arma na parte de trás da calça e saiu do pequeno depósito basicamente empurrando Sungmin para o lado.

— Eu posso acionar a segurança.

— Mas você não vai. - Parou o encarando pela primeira vez.

— Não, porque alguém que guarda uma única bala sabe o que está fazendo. Sempre foi para ele ou era pra você?

— Você sabe a resposta, não? Seus amigos também morreram.

Sungmin assentiu lentamente.

— Eu sinto muito que a vacina não tenha funcionado.

Sehun também, mas não importava.

 

 

—/-

 

 

— Você faria algo diferente?

Chanyeol perguntou enquanto eles estavam sentados no parapeito da cobertura, o céu era uma mistura de roxo e rosa, era um pôr do sol com o céu parecendo uma pintura. Baekhyun queria tocar.

— Não sei. E se ao fizer algo diferente fosse pior?

Chanyeol sacudiu os pés, no pátio do colégio Junmyeon e Jongdae estavam passando a bola um para o outro.

—Não se preocupe, você não tem mais que pensar nisso, está tudo bem. - E segurou sua mão com força. Baekhyun sorriu sem perceber que estava chorando.

Junmyeon acenou.

— Desçam logo! - Jongdae gritou.

E tudo parecia muito familiar. Baekhyun encarou o prédio da frente, mas não havia ninguém na cobertura. Chanyeol já estava de pé com a mão erguida.

Eles desceram as escadas, até que ao cruzar o segundo andar, Baekhyun olhou para dentro da sala de música. Sehun estava encostado no piano enquanto outra pessoa estava tocando.

— O que foi?

Sehun ergueu o rosto e sorriu em sua direção, com um aceno discreto.

— Nada. Está tudo bem, eu acho.

O sino tocou novamente.

 

—/-

 

Baekhyun estava caído no chão, sangue escorrendo pela boca, uma das mãos não parava de tremer, as veias azuladas e roxas faziam um desenho em seu rosto, seus olhos tinham uma cor amarelada e ele parecia estar respirando pela boca.

— Yah. - Ele limpou o canto da boca. - Você está atrasado… o sino ainda está tocando. - Apontou para cima, mas obviamente não havia som nenhum.

Sehun destravou a arma.

— Você vai ter que fazer, eu não consigo. - Ele não se aguentava em pé, o tremor nas mãos parecia involuntário.

Até respirar parecia um grande esforço.

— Você pode fingir que é roleta russa.

— Não é roleta russa se a sua vida vale por duas.

Baekhyun sorriu parecendo divertido.

— Você já fez isso antes, não é? Então você sabe, eu não quero me transformar. E eu estou com medo, faça acabar logo.

Sehun apontou a arma e Baekhyun fechou os olhos, o sorriso desaparecendo e se transformando numa linha reta, apertada.

— Diga ao Chanyeol, “muito obrigado”.

E isso foi o bastante para que ele relaxasse, seus ombros não estavam mais tensos, e os lábios pintados de sangue tremeram num sorriso.

— Direi.

E quando ele sorriu de verdade. Sehun puxou o gatilho, o corpo de Baekhyun encostou na parede, a sala branca manchada de sangue. O som do tiro ecoando mais tempo do que o necessário.

Sehun colocou a arma contra a própria cabeça e puxou o gatilho.

Ele puxou mais uma vez, e depois outra, mas o clique foi vazio.

Assim como ele.


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