Dança da Extinção escrita por yumesangai


Capítulo 15
Na sombra eu vi um reflexo do sol


Notas iniciais do capítulo

#krystal #f(x)



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Eles passaram uma semana sem ir muito longe, após a adrenalina passar, todos estavam cansados demais, com machucados demais para prosseguir viagem rumo a qualquer lugar. Eles saíram daquela casa porque precisavam, pegaram o carro, seguiram a estrada e pararam em uma casa da rodovia, ainda não era o ideal, era uma casa de estrada, era algo que chamava atenção, ainda mais com um carro parado do lado de fora, mas era o melhor que eles tinham.

Sehun ainda estava doente, Kyungsoo precisava descansar, Minseok precisava dormir, Lay precisava de comida e Baekhyun precisava de alguma coisa.

— Nós entramos e você pode tomar conta disso. – Minseok largou uma mochila nos pés de Lay, uma mochila que obviamente não era a de armas.

Baekhyun também não deveria carregar algo do gênero, Kyungsoo não tinha condições, ele precisava estar livre, Sehun não era o ideal, mas apesar de seu corpo estar mais lento, ele tinha aquela expressão fechada, mandíbula travada e olhos sérios.

Era um pouco preocupante se alguém perguntasse.

Lay apenas assentiu pegando a mochila e jogando no ombro, Baekhyun e Sehun entraram lado a lado após Minseok que liderava o grupo.

Uma criança apareceu saindo de um cômodo, uma criança morta-viva, com as veias roxas bem visíveis no rosto pálido. Minseok arregalou os olhos, mas Sehun e Baekhyun esticaram os braços e dispararam ao mesmo tempo.

Quando uma moça com um braço quebrado veio se aproximando, Minseok disparou a flecha contra os olhos dela. Sehun tacou uma faca no homem que vinha em sua direção. Baekhyun ergueu a sobrancelha.

— Eu não sabia que você era bom em arremessos.

— Eu não sou, foi um teste.

Minseok girou o dedo para que eles circulassem. No final, era apenas o que deveria ser os pais e a criança, eles levaram os corpos para o quintal e ocuparam o andar de cima, não era como se eles fossem limpar o rastro de sangue.

Era uma casa de dois quartos, havia um escritório e um banheiro no andar de cima, eles trocaram a roupa de cama antes de ocuparem o cômodo. Sehun desabou na cama da criança. Kyungsoo ficou na cama de casal, Minseok entrou no quarto após sair do banho. Baekhyun e Lay estavam no escritório.

— Nós confiamos nele a ponto de conseguir dormir? – Kyungsoo perguntou.

— Se trancar a porta acho que consigo dormir. – Minseok seguiu para o armário e começou a mexer nos cabides e nas roupas, não havia nenhum jeans ou calça que fosse de seu tamanho, mas ele conseguiu uma camisa limpa.

— Com Sehun no outro quarto? – Kyungsoo o conhecia melhor.

— Como estamos de remédio? – Rebateu sentando na cama e mexendo nas bolsas.

Eles perderam muitas coisas no acidente, ainda havia um pequeno estoque de refeições, havia um pouco de água, algumas roupas, as armas felizmente estavam intactas, mas não havia muita munição.

— Sehun e eu estamos esgotando os remédios. – Ele virou a cartela mostrando que havia apenas mais dois comprimidos disponíveis.

— No armário daqui só tem maquiagem e cremes, deve ter algo no banheiro lá de baixo.

— Deixe as bolsas aí no chão e vá deitar, parece que você vai desmaiar a qualquer segundo e eu não tenho força pra te puxar pra cama.

Minseok empurrou as coisas para o chão, mas ao alcance das mãos. Colocou a pistola embaixo do travesseiro e uma faca na mesinha de cabeceira.

— Acha que é uma boa ideia deixar Baekhyun de guarda?

— Nós não temos escolha, Sehun e eu estamos ligeiramente drogados pelos remédios, você precisa dormir e ninguém vai descansar se dependermos do novato. – Kyungsoo já estava fechando os olhos e puxando a coberta.

Minseok assentiu e fechou os olhos, ele rapidamente apagou, ele queria sonhar coisas boas, queria poder controlar o sonho, talvez uma memória.

***

— A melhor coisa do mundo é escovar os dentes. – Lay comentou sentando no sofá do escritório.

Era um sofá confortável, apesar do couro ficar rangeando ao se mexer, eles jogaram uma manta por cima. Ele tinha uma cartucheira precisa na cintura que ia até sua coxa, deveria ser desconfortável e pesar mais de um lado do que de outro, mas ele não parecia interessado em tirá-la.

— Você é estranho. – Baekhyun estava sentado sobre a mesa, mexendo nos papéis.

— Disse a pessoa que invadiu meu banho.

Baekhyun apenas sorriu.

— Estranho é uma boa qualidade, é a minha favorita. – Ele mexeu no porta retrato, uma família sorridente, uma família que agora estava morta.

— Eu não quis perguntar para não ser rude, mas... vocês tem algum plano? Estão indo para algum lugar ou encontrar alguém?

Ele colocou a foto virada para baixo.

— Não, nós queriamos chegar na praia, acho que essas criaturas não sabem nadar, talvez de pra pescar, essas coisas.

— Não seria melhor ir para o interior? Mais comida, mais espaço, casas maiores, essas coisas?

— Acho que é porque todos nós sempre vivemos nos centros, nós sabemos nos virar aqui, sabe? Conhecemos a distribuição de lojas, e mesmo que nunca tenhamos visitado uma cidade, não tem nada de diferente.

— Faz sentido...

— E você?

— O que tem?

— Você não é daqui.

— Bom, eu não posso voltar, posso?

— Você é péssimo em falar sobre você mesmo ou não quer falar a respeito? – Começou a mexer nas gavetas da mesa e encontrou um pacote de biscoito, ele mordeu um para testar, estava mole, mas ainda dava para comer.

— Um pouco de tudo isso. – Ele agarrou o pacote com uma mão. – Mas falar ou pensar sobre a minha casa... dói. – Ele parou para pensar em que palavra usar. – E talvez eu comece a falar em chinês quando for me expressar, então, eu não quero falar a respeito.

— Minha mãe era professora, estava dando aula, meu pai trabalhava nessas empresas grades, mas ele não é chefe, nem nada. Não sei onde eles estão, também já aceitei que eles estão mortos.

Yixing assentiu lentamente.

— Eu sinto muito.

— Eu também, pela sua história, seja ela qual for. – Ele se levantou e foi em direção a porta. – Você pode me ensinar, sabia? – Yixing o olhou confuso. – Chinês, eu aprendo fácil.

Ele apenas sorriu.

— Boa noite, Baekhyun.

— Bons sonhos.

Yixing desejou de verdade, ter bons sonhos. Baekhyun foi andando devagar pela casa, as mãos passando pela parede, mexendo nos móveis, abrindo gavetas.

Mas eram apenas memórias de outras pessoas.

Ele pensou se alguém teria entrado em sua casa, mexido em seu armário, nas coisas de seus pais. Como aquela caixa embaixo da cama com suas revistas e coisas que ele deveria devolver porque eram de Chanyeol.

Ou aquele relógio que seu pai havia dado, mas ele sempre ficou com medo de sair e roubarem.

Se a foto de casamento de seus pais ainda estava pendurada na sala. O retrato que sua mãe tirava poeira todos os dias.

Ele entrou no outro quarto, Sehun estava sentado numa cama que era pequena demais para ele, caso ele fosse deitar no colchão. O lençol também era pequeno, provavelmente seus pés ficariam de fora. Ele estava não estava dormindo, seus dedos se moviam no controle de um 3DS em suas mãos.

— O que você achou?

— Pokémon. – Sehun respondeu erguendo os olhos do jogo. – Você quer trocar o turno?

— Não. - Baekhyun sentou na cama, apoiando o queixo no ombro dele, enquanto o jogo continuava.

Eles não conversaram, Sehun ficou andando com o personagem pelo mato e caçando todos os Pokémons, as vezes seguia para a cidade e duelava, nada diferente do que se faria num jogo como aquele.

Depois de quinze minutos que se pareceram com uma hora, Baekhyun se levantou da cama, decidido a andar pela casa e de fato vigiar algo.

— Não acabe com a bateria, quero jogar um pouco depois. Você deveria dormir.

— Meu corpo está tentando desligar. - Respondeu deixando o jogo de lado. - Mas eu não quero.

— Por quê? - Ele sabia que a pergunta certa seria Do que você tem medo?

Sehun sorriu, ele entendeu a verdadeira pergunta.

— É meio assustador ficar a sós com seus pensamentos.

Baekhyun imediatamente olhou para a arma que carregava, ele assentiu e saiu do quarto. Olhou pelas janelas e depois voltou para o escritório onde Lay estava deitado no chão e a coberta o envolvendo.

— Você pode compartilhar o que estiver na sua cabeça. - A voz sonolenta de Lay soou.

— Você deveria estar dormindo. - Baekhyun desencostou da porta e se aproximou de onde o outro estava.

— Passei uma semana naquele buraco, escuto você respirando do corredor.

— Vou respirar mais baixo. - Disse um pouco indignado.

— Quer se certificar de que estou respirando? - Ele continuou falando ainda deitado, Baekhyun foi obrigado a adentrar o cômodo.

— Parece que só tem eu vivo.

—Você não está bem para ficar de guarda. Por que não disse nada?

— Sehun está doente, Kyungsoo tomou um tiro, Minseok parece um deles de tão cansado.

Lay chutou a coberta e sinalizou que o outro ocupasse um espaço ao seu lado.

— Eu consigo acordar antes que alguém saía do quarto. Você também precisa dormir. Pelo menos você vai ter certeza que estou respirando.

Baekhyun deitou com Lay o abraçando, ele fechou os olhos e sentiu o cansaço de tudo. Do shopping, de Exodus da floresta, de todos os roxos que ainda existiam em seu corpo. A respiração de Lay soava contra seus cabelos e ele conseguiu finalmente dormir.

 

***

 

Uma semana depois eles partiram sem olhar para trás. O carro enguiçou logo que eles adentraram a cidade. As ruas principais não estavam tomadas por veículos ocupando as ruas em todas as direções, o que era estranho.

Ninguém parecia reconhecer onde eles estavam.

— O que é aquilo? - Kyungsoo perguntou esticando o braço na direção de um arranha-céu.

Uma bandeira branca sacudia, com um x pintado de preto bem no meio.

— Parece algo como uma resistência? - Sehun chutou estreitando os olhos.

Baekhyun apertou a arma que estava em sua mão.

— Num prédio comercial? - Minseok disparou. - Acho que isso parece a região de alguém.

— Mas estamos falando de uma zona central. - Lay se meteu. - É uma zona de contaminação, deveria estar cheio deles.

— Isso parece aquela armadilha do colégio. - Baekhyun estava inquieto olhando para as lojas com as portas fechadas. - Vamos sair daqui o mais rápido possível.

Eles andavam pela calçada, quando ao passarem próximo de um beco com saída para outra rua viram um carro com pessoas em cimas. Uma 4x4, mas a que eles perderam. Por reflexo, Minseok empurrou a porta da primeira loja, que felizmente estava aberta, a vitrine coberta com papel e o vidro da loja estava pintado.

Todos se apertaram e entraram na loja, dava para ouvir o carro passando na rua de trás e ainda para ouvir o que parecia a sineta de um trem, ou o carro estava emitindo algum som e isso era o mesmo que suicídio ou havia um trem rodando os trilhos.

O que também deveria ser absurdo.

Eles se preocuparam tanto em não esbarrem com as pessoas do carro que ninguém prestou atenção na retaguarda.

— Nós estamos cercados. - Kyungsoo foi o primeiro a falar sem olhar para trás.

 – Como? - Minseok virou o rosto, o que não foi uma boa ideia, porque ele tinha uma arma em mãos e seu movimento poderia ser entendido de outra forma.

 – Coloquem suas armas no chão! - Uma voz feminina soou. 

Eles se entreolharam, já fazia algum tempo desde que encontram com uma garota e o grupo nunca realmente teve uma.

 Minseok assentiu e todos obedeceram, em movimentos lentos e depois erguendo as mãos.

 Um grupo de garotas se aproximou, os canos das armas estavam inconvenientemente próximos demais.

 – Vocês vão dizer o que estão fazendo aqui e como conseguiram essas armas.

 – Me chamo Minseok, eu sou o líder.

 – Amber. - A garota da voz autoritária se apresentou e encarou Minseok esperando o resto da resposta.

 – Nós conseguimos as armas em confrontos, a maioria está sem munição, você pode verificar se quiser. - Sehun quem respondeu, incomodado com o cano da arma em sua nuca.

 Amber fez sinal para que outra menina recolhesse as armas.

 – De onde vocês vieram?

 – Nós passamos um tempo numa região de acesso, não tem placas nas vias, nós nos perdemos. - Minseok achou melhor voltar a liderar as respostas.

 – Quantos vocês perderam? - Uma outra garota perguntou.

— 3.

— 4.

 Baekhyun e Sehun falaram ao mesmo tempo. A garota ergueu a sobrancelha, Kyungsoo franziu o cenho, mas ele reconheceu a garota, seu cabelo estava mais curto do que ela normalmente permitiria, seu rosto fino e com olheiras, mas ainda era ela.

— Krystal!

— Soo!?

Krystal o abraçou e Kyungsoo achou que iria começar a chorar, por cima do ombro dela, ele procurou por Jessica, mas ela não parecia estar entre elas.

Só a ideia de Jessica não estar com Krystal, foi o bastante para que ele a abracasse mais forte.

Amber encarou o reencontro ou o que quer que fosse e fez sinal para que o grupo se afastasse. As outras garotas recuaram as armas, mas continuaram em círculo em volta deles.

— Explicações são sempre bem vindas. - Ela falou chamando atenção dos dois. 

— Nós estudamos juntos! - Krystal estava realmente empolgada. - Estou tão feliz de vê-lo, parece que as pessoas do Colégio continuam aparecendo. 

Kyungsoo franziu o cenho.

— Eu confio nele. - Ela disse estendendo a mão para ajudá-lo a se levantar

 – Nós não vamos alimentar 5 pessoas. - A outra garota, Luna reclamou, cruzando os braços.

— Eu quero apenas conversar. - Krystal rebateu.

 – Eles vão embora hoje, nossas regras ainda são claras, nenhum homem.

Krystal assentiu e puxou Kyungsoo pelo braço, felizmente era seu braço bom, eles entraram em outro cômodo. 

— Onde está Jessica? - Kyungsoo se sentiu na obrigação de perguntar.

Krystal balançou a cabeça negativamente.

— Foi antes desse grupo, nós tentamos ser apenas nós duas, sabe? - Ela falou já soando chorosa. - Jessica era mais forte do que eu, por que é sempre assim?

Kyungsoo não tinha como comparar, mas ao julgar por seu grupo, eles concordariam: Luhan, Chanyeol, Suho, Jongdae... Kai.

— Para onde vocês estão indo?

— Nós pensamos na praia, mas nos perdemos e acabamos voltando para o centro.

 – Nós vamos para o interior, com aqueles campos, lembra dos passeios de colégio? E se esse surto não tiver chegado lá?

 – É impossível Krystal.

 – Os jornais nunca falaram sobre isso. - Ela continuava teimosa. - Eles fecharam aeroportos, então portos, e logo todos ficaram confinados no país sem autorização para sair, o exército chegou a abater o avião daquele ator!

 – Então as pessoas foram para a rua e o surto se espalhou e nada foi o mesmo desde então.

 – Não da pra viver entrando de casa em casa procurando comida, é arriscado. Fora que toda vez que eu entro numa casa, mexo nas coisas de alguém, eu penso na minha casa. Eu quero voltar pra ela um dia, sabe? Não quero que levem as coisas da Jessica ou dos meus pais, mesmo que signifique a sobrevivência de alguém.

 – Eu sinto muito, você tem razão, eu acho...

Ela assentiu, Kyungsoo parecia estar vagando em seus próprios pensamentos. Ela decidiu que não tinha muito tempo a perder antes que as garotas achassem que eles deveriam ir embora, mesmo com a sineta do trem soando.

 – O edifício central tem uma bandeira branca, você reparou?

 – O que é aquilo? Com um x no meio.

 – É a resistência.

 – Resistência?

 – Eles se denominam "O Clã", o prédio é da família de Hyungwon. - Ela percebeu a expressão confusa dele. - O modelo! Céus, você nunca ligou pra isso, ele é famoso e sua família é rica. Tem painéis solares, tem andares no subterrâneo, dizem que tem uma passagem que leva para um condomínio de luxo, como aqueles de Gangam, aqueles auto suficiente, com mercado, farmácia e segurança.

 – Condomínio de celebridades. Parece horrível.

 Krystal riu.

 – Nós estivemos lá por um dia, mas as garotas não gostam de grupos, homens, sabe? Nós ainda somos tratadas como moeda de troca.

 – Por eles?

 – Não. - Ela apertou a mão dele, apreciando sua preocupação. - Hyungwon não fez nada, mas quanto tempo você pode comer de graça até que alguém decida cobrar por isso, sabe?

 – Nós já tivemos um encontro desagradável com uma espécie de resistência. Nós temos sobrevivido do nosso jeito.

 – Bom. É bom ver rostos conhecidos.

 – Quem mais você encontrou?

 Krystal conhecia o Colégio inteiro, ela poderia falar uns quarenta nomes e ele não saberia quem eram.

 – Jongin.

 Kyungsoo quase avançou no braço dela.

 – Tem certeza?

 – Claro que sim. - Ela disse ligeiramente ofendida.

Jongin e Krystal eram amigos.

 – Jongin esteve conosco por um tempo, mas nós nos separamos. Ele estava sozinho? Taemin estava com ele?

 Krystal levou as mãos a boca e murmurou algo que Kyungsoo não entendeu, mas ele logo entendeu quando ela abaixou o rosto chorando.

 Taemin era um ex-namorado.

 Jongin não mencionou que Taemin estava morto para poupa-la, provavelmente porque ele sabia sobre Jessica.

 – Jongin foi procurar por Taemin, ele nunca voltou. Eles nunca voltaram.

Ela assentiu e quando conseguiu se acalmar, esticou a mão a colocando sobre a dele.

 – Soo... Jongin não é mais Jongin, o nosso Nini.

 – Eu sei. - Pensou no quanto gostava do garoto que conheceu no Colégio, e quão desconhecido era essa versão que estava com Sehun.

 Kai.

 – Eu fiquei feliz em vê-lo, mas ele me assustou também.

 – É complicado, não foi a primeira vez que ele e Taemin se separaram, alguns danos foram demais.

 Krystal assentiu.

 – Se você vê-lo, o proteja.

 – Sempre, mas... Tem outra pessoa que daria a vida por ele antes de mim.

 Ela franziu o cenho e Kyungsoo apontou com a cabeça para o cômodo de onde eles vieram.

 – Eu iria preferir você a qualquer um daqueles magrelos.

 – Vindo de você Krystal, é uma honra

 Ela sorriu como antigamente, como ele estava acostumado a se lembrar dela, era raro mesmo quando o mundo era mundo. Taemin era o único que conseguia fazê-la rir de ficar com as bochechas vermelhas.

 – Jongin foi para essa resistência? - Ele precisava saber.

 – Sim, embora eu tenha dito para não ir. Ele nunca foi bom em escutar os outros mesmo.

— Hey, você não quer vir conosco?

— Obrigada, mas... nós estamos bem.

 – Isso é por causa dos garotos? - Ele não se sentia confortável em deixá-la para trás.

— Um pouco disso também, mas... eu estou bem com as garotas, nós temos o mesmo objetivo, do interior, lembra?

Kyungsoo suspirou.

— Leva pra sua viagem, não é muito, mas... 

Kyungsoo olhou para a maçã que ela forçou em suas mãos. Ele nem se lembrava mais de quando havia comido uma fruta. 

— Obrigado, me desculpe não ter nada para retribuir.

 – Você me disse a verdade, é o bastante para mim.

Eles foram interrompidos quando Amber apareceu na entrada do cômodo.

— Krystal.

Ela conteve a vontade de girar os olhos.

— Nós já acabamos.

Seus amigos estavam de braços cruzados, Kyungsoo apenas assentiu para Minseok e foi direto na direção que Sehun que arqueou a sobrancelha.

— Kai está vivo.

Ele ergueu os olhos e em poucos passos chegou na direção de Krystal, embora as garotas estivessem destravando as armas.

— O que você sabe? Como ele está?

Amber esticou o braço, empurrando Krystal para trás.

— Eu o vi. - Ela respondeu se posicionando na frente, ela não tinha medo e havia algo desesperado no olhar dele, ela reconhecia isso. - Ele foi na direção da resistência e também estava usando um tapa-olho.

Sehun assentiu, só então percebeu a comoção que causou nos dois grupos.

— Obrigado.

Baekhyun soltou a respiração devagar e voltou a olhar para o que conseguia visualizar do lado de fora.

— Por que parece que tem um trem rodando?

— Porque tem. - Luna respondeu. - O trem é acionado às 15h e leva os errantes para longe, eles tem algumas pessoas que fazem vistoria na cidade.

— Por que você estão escondidas então? - Lay perguntou.

— Não somos amigos, não temos o mesmo objetivo, não quero ser recrutada para a cruzada de ninguém. - Amber se encostou na parede.

— É seguro sair? - Minseok perguntou também olhando para as frestas na pintura da porta principal.

— Quem disse que é seguro ficar? - A líder questionou.

Os garotos se entreolharam já cientes que estavam esgotando o tempo de boas vindas, mas não queriam se arriscar numa cidade desconhecida e diferente de tudo que eles já passaram, a cidade parecia verdadeiramente deserta, um trem funcionava e um arranha-céu era a resistência.

— Gostei do que fez no seu cabelo. - Kyungsoo disse apontando para o cabelo de Krystal que estava acima do ombro.

O comentário quebra clima fez com que todos relaxassem um pouco, ela tocou nos fios curtos, mais curtos do que ela jamais havia usado.

— Como eu vou cuidar do cabelo no fim do mundo?

Todas as garotas do grupo tinham o cabelo curto, Kyungsoo reparou, já os garotos que estavam sem corte, Kyungsoo mesmo estava com o cabelo grande, seus dedos afundavam no cabelo.

Baekhyun conseguia puxar uma mexa enxerga-la.

— Eu fiz um curso de corte. Posso dar um jeito antes de vocês irem embora. - Uma das garotas que até então estava calada acabou se pronunciando.

Amber deu de ombros.

— Obrigado. - Lay sorriu para a garota que se apresentou como Victoria.

O nome era estranho, mas ninguém questionou, Sehun se lembrava de Kai dizendo que eles poderiam ser quem eles quisessem nesse mundo.

O lugar era uma loja no primeiro andar, depósito no subsolo, e havia uma casa funcional nos andares de cima, eles foram para o terraço que tinha uma cobertura inacabada, havia um jardim que ainda estava inteiro.

— Alguem aqui fazia o curso, porque tinha todo o material no quarto. - Victoria disse ajeitando uma cartucheira cheia de tesouras e um pente. - Felizmente cabelo masculino é mais fácil, quem quer começar?

— Eu faço o cabelo do Soo. - Krystal disse se posicionando na frente do amigo, com uma tesoura e um pente em mãos.

— Você sabe o que está fazendo? - Ele perguntou preocupado.

— Claro que sim, além do mais, eu sei como você usa seu cabelo.

Minseok estava olhando para a cidade enquanto os outros conversavam, Amber estava sentada no parapeito.

— Elas estão se divertindo, devo agradecer por isso. - Disse também olhando para a cidade, o céu estava nublado de forma que não dava para ver muita coisa no horizonte.

— É bom ver um rosto conhecido, acho que estavamos precisando de um pouco de esperança. O que você pode dizer sobre essa resistência? Como o trem funciona?

— Não sei os detalhes sobre o trem. Ele não roda a linha toda, ele anda em círculos, o bastante para atrair os mordedores para fora, depois para em alguma subestação que eles não conseguem entrar e o trem volta a rodar no dia seguinte.

— Por quanto tempo isso tem funcionado?

— Estamos aqui há um mês, desde que chegamos, o método já existia antes, então quem sabe.

Minseok assentiu.

— Obrigado por nos deixar ficar.

— Como você pode dizer eu não votei a favor.

Minseok acabou rindo.

— Uau, você realmente sabe o que está fazendo. - Lay se aproximou de Sehun que estava levantando e passando a mão pelos fios bem mais curtos, ele perdeu a franja e o comprimento atrás.

Minseok pensou que o cabelo de antes era parecido com o que Luhan usava e agora era algo mais Sehun. Ele se perguntou se era proposital manter o corte e se o de agora também era.

— Sua vez? - Sehun perguntou para o líder.

— Não, eu estou bem.

Sehun deu de ombros. Minseok decidiu que ele não estava pronto para perder algo que ainda lembrava Luhan, mesmo que parecesse algo bobo como o o corte de cabelo.

Do terraço eles encaravam o arranha-céu com a bandeira do “Clã”, e do alto daquele prédio, eles viram alguém pular.

— Nós precisamos ir agora. - Minseok disse jogando a mochila no ombro.

Sehun já estava correndo para a porta. As garotas se olharam confusas.

— Vocês nem sabem o que está acontecendo! - Luna gritou.

— Fique bem, ok? E muito obrigado. - Kyungsoo apertou as mãos de Krystal que tremiam.

— Ele precisa de ajuda, Soo. De verdade.

— Eu sei.

Eles correram para a rua, mochilas nas costas, armas em mãos e foram na direção de um dos maiores prédios. As garotas se debruçaram no parapeito do terraço enquanto os viam correndo.

— Eles vão ficar bem? - Victoria perguntou olhando de Amber para Krystal.

— Vão sim. - Krystal respondeu sem tirar os olhos do grupo.


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