A Sombra do Pistoleiro escrita por Danilo Alex


Capítulo 26
Francisco Herrera - O Ajuste de Contas


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus queridos!
Chegamos finalmente ao capítulo fatídico.
É hora de Enrico finalizar o que começou.
Nós o acompanhamos até aqui ao longo de sua dura trajetória.
Ele terá êxito?
Vamos descobrir em seguida.
Meu muito obrigado a todos que chegaram até aqui, aqueles que fielmente me apoiam e me dão seus feed backs, seja por meio de reviews, seja por mensagens.
E meu grande abraço a todos aqueles que seguem a história mesmo sem nunca ter dito uma palavra a esse projeto de escritor.
Boa leitura, meus queridos!
Divirtam-se!!!



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 "E se lembrou de quando era uma criança, e de tudo que vivera até ali. E decidiu entrar de vez naquela dança: Se a Via Crucis virou circo, estou aqui."

(Faroeste Caboclo - Legião Urbana)

 

 

Mas aquela bala jamais atingiria Enrico.

Um homem chamado Peter Davis nunca permitiria que isso acontecesse.

Estava subindo as escadas quando ouviu o primeiro disparo, aquele que partiu a perna da cadeira onde estava Greg. Acelerando ainda mais o ritmo, correu o mais rápido que foi capaz e entrou no escritório. Empurrou Herrera no exato momento em que ele disparava contra Enrico. Vendo que não conseguira evitar o tiro, sem hesitar se jogou na frente da bala, usando seu próprio corpo como escudo vivo. O tiro o acertou no peito. Estava disposto a se sacrificar para salvar Enrico. Enquanto caía, Davis ainda sacou seu revólver e disparou.

Alvejado na perna, Herrera deu um grito e foi ao chão, largando a arma. Em seguida, preocupou-se apenas em escapar; arrastou-se para fora do escritório, alcançando logo o corredor e rastejando rumo à escadaria.

Enrico puxou de volta a cadeira para dentro da sala. Rapidamente desamarrou Gregory e o livrou da mordaça. A seguir, ajoelhou-se junto de Davis:

— Por que foi fazer isso, seu louco?

— Devo minha vida a você, Enrico. Estou feliz por retribuir o favor. Agora, vá atrás do desgraçado; ele está fugindo!

— Não posso deixá-lo sozinho aqui. – replicou Enrico com voz trêmula.

Nisso, um homem entrou no cômodo de arma em punho. Uma estrela brilhava em seu peito. Indagou a eles:

 — Que houve aqui? Estava fora, investigando uma série de assaltos a fazendas e, quando chego, encontro a cidade nesse estado.

— Xerife! – gritou Enrico – Há um médico por aqui?

— Há, sim. Ele mora bem perto.

— Então vá chamá-lo, por favor. Meu amigo precisa urgentemente de atendimento.

Assim que o agente da Lei saiu apressado, Enrico olhou novamente para Davis e preocupou-se. Viu-se em um dilema, pois precisava perseguir Herrera, mas não queria deixar seu amigo ali. Como que adivinhando seus pensamentos, Gregory Summers tocou de leve no ombro dele e disse:

— Pode ir, rapaz. Eu fico aqui com ele, esperando a chegada do médico.

Enrico balançou a cabeça afirmativamente e se pôs de pé.

— Aguente firme, irmão. – disse a Davis e girou nos calcanhares.

Apanhou suas armas no chão antes de sair do escritório. Desceu as escadas correndo e chegou à rua a tempo de avistar Herrera se afastando montado em um cavalo a todo galope. Ainda tentou mirar, porém, o bandido astutamente desapareceu em uma curva.

De repente, Enrico vacilou. Estava fraco. O ferimento no ombro doía terrivelmente. Entretanto, o que o fez vacilar era algo mais sério.

Não permitira que Davis visse, mas fora gravemente ferido no tiroteio na rua, algum tempo antes de confrontar Harper e ser baleado no ombro.

Tinha uma bala alojada no lado esquerdo, pouco abaixo da costela, perto do rim. Sangrava bastante e sentia a carne queimando em brasa.

Ficou em dúvida se deveria prosseguir. Pensou em todos que queriam vê-lo vivo novamente, principalmente Catherine. Se voltasse ao escritório da mansão, seria atendido em breve pelo médico que vinha ajudar Davis.

Mas Herrera escaparia...

Se perseguisse o bandido, poderia morrer de hemorragia, ainda que antes o fizesse pagar.

No entanto, não veria mais seus amigos. Nem Catherine.

Decidiu correr o risco; talvez fosse possível apanhar Herrera e voltar para receber atendimento médico.

Assobiou e aguardou.

Muchacho surgiu correndo e Enrico montou nele.

Talvez aquela fosse a última cavalgada que tivessem juntos. Como se entendesse isso, o cavalo partiu o mais velozmente que conseguiu.

Herrera deixou a cidade e Enrico o seguiu. A perseguição durou cerca de quinze minutos.

O patife entrou em um rancho que era sua propriedade, desceu do cavalo e se embrenhou em um denso milharal. Enrico, chegando instantes depois, deteve seu animal e apeou. Afagou o pescoço robusto do cavalo e olhou para o alto. A chuva intensa lhe encharcava até os ossos. Virou-se e entrou também na plantação.

Às vezes, corria. Às vezes parava, escutava e avançava rastejando, a fim de evitar surpresas.

As lembranças o inundavam. Mais uma vez, coincidentemente, se arrastava por um milharal enquanto perdia sangue.

Entretanto, dessa vez ele era o caçador.

Chegou a uma espécie de clareira e se levantou. Divisou Herrera ajoelhado logo adiante, cavando a terra com as mãos desesperadamente, e depois tirando um baú da cova. Enrico ordenou que ele se erguesse.

— Vai atirar em um homem desarmado? – indagou o facínora, apreensivo, suando frio.

Enrico sacou um de seus Colts e jogou para ele enquanto rosnava:

— Defenda sua existência miserável!

Herrera tremia ao segurar a arma. Suava. Estava apavorado.

Contratara um exército de pistoleiros profissionais para protegê-lo da fúria do jovem De La Cruz. Confiara sua vida àqueles homens. E agora, contra todas as possibilidades, cada um de seus assassinos de aluguel estava morto. E ele definitivamente seria o próximo. Podia ver isso nos olhos determinados daquele rapaz diante de si, que flamejavam de fúria incontida, como se fossem os olhos de um arcanjo justiceiro.

Francisco Herrera se arrependera de poucas coisas na vida e, uma delas, indiscutivelmente era agora o fato de ter causado sofrimento ao jovem parado à sua frente. O olhar que Enrico lhe dirigia era duro como aço, frio, implacável. Seu olhar expressivo mostrava que toda uma vida fora gasta em preparação para aquele momento de vingança. Herrera não teria a mínima chance. Ciente disso passou nervosamente a língua pelos lábios e tentou ganhar tempo:

— Ouça, Enrico. Não precisa ser desse jeito; não tem que me matar. Possuo dinheiro suficiente para nós dois. Podemos ser sócios. Sou muito rico agora, com inúmeras propriedades. Você pode ter uma quantia muitas vezes maior que o valor da indenização recebida por sua mãe naquela época. Pense nisso: será rico, poderoso, respeitado. Terá todas as mulheres que quiser. Você e eu dividiremos essa grana. Que me diz?

— Digo que não dou a mínima para o seu dinheiro, e que ele não vai salvar você dessa vez. Saque! – rugiu Enrico com a face desfigurada pelo ódio mortal alimentado por anos.

Herrera precisou de cinco segundos para erguer o revólver e começar a apertar o gatilho. Enrico precisou só de dois.

Um único tiro soou em meio ao milharal, o estampido seco rasgando o som da chuva vertida pelas nuvens carregadas.

Herrera não conseguiu disparar: levou um balaço exatamente no centro do peito e caiu para trás dando um forte grito de dor, ódio e frustração. Sangrando em profusão, rastejou pateticamente até o baú que desenterrara, abriu-o e mostrou os maços de dólares a Enrico:

— Veja, é todo seu. Poupe a minha vida. Piedade! — o corpo do covarde tremia convulsivamente e seu timbre embargado de voz traiu o fato de que mal estava contendo o pranto.

Ao ouvir isso, Enrico sentiu tanto asco que cuspiu de lado, cheio de desprezo. Parou diante do inimigo e fitou-o friamente:

— Já disse que não pode me comprar com sua fortuna. Seu dinheiro não trará minha mãe de volta, e nem livrará você da minha ira. Poupar sua vida? Ter piedade? Acaso teve piedade de minha mãe? Você é um canalha que não merece viver, ainda há pouco tentou me matar à traição.

Olhando para o homem caído, Enrico guardou o Colt 38 no coldre e sacou o Winchester 73, o qual trazia preso às costas. Disse implacavelmente:

— Vá para o Inferno, padrasto. Que os demônios terminem o que estou começando agora.

Então, Enrico De La Cruz simplesmente enfiou o cano duplo do rifle na boca do atônito Herrera e apertou o gatilho sem vacilar. Quase simultaneamente ao rugido poderoso da arma, gotas de sangue espirraram salpicando com um som aquoso o rosto endurecido do jovem pistoleiro, que logo em seguida foi lavado pela chuva.

Tudo estava finalmente terminado.

Subitamente as forças do rapaz o abandonaram e as pernas não puderam mais suster o peso de seu corpo. Tentou ainda usar o Winchester para se apoiar, mas acabou caindo de bruços, com o rosto colado à terra úmida. Sentia um frio intenso e seus ferimentos ardiam. Os dedos da mão direita crisparam-se na lama. A chuva gelada ensopava-lhe o corpo e parecia estar lavando sua alma. Experimentou uma sensação de leveza, quase de paz.

Pensou em toda sua vida, em todos os que amava. Contemplou, em delírio, o rosto belo e amado de Catherine. Sorriu enquanto suas vistas escureciam lenta e gradativamente.



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Notas finais do capítulo

Imagino que, ao chegar aqui, seu estado seja de estupefação. Você talvez esteja mudo (a), chocado (a), sem reação. Sem conseguir concatenar as ideias ou organizar as palavras. Eu sei. E te entendo.
Mas, por favor: não me mate! Não ainda! rsrs
Antes, deixa um review para eu saber sua opinião, por favor.
Se eu for alvo da sua indignação, sei que será merecido. rsrs
Aguardo os comentários de vocês.
Forte abraço, cowboys e cowgirls!!!



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