Novamente Alice escrita por Sol


Capítulo 6
Traição e amizade


Notas iniciais do capítulo

:3
espero que gostem



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Alice

 

Lebre se levantou e se aproximou de mim, eu apenas fitava os outros dois, até mesmo alguns pássaros pararam no ar.


— Claro que posso te ajudar! – Ela disse num tom sínico e eu também me levantei rapidamente, minha intenção era fugir o quanto antes, eu só não sabia bem exatamente do que. Ela suspirou e pareceu decidir algo, me afastei da mesa a tempo de ver o momento em que ela retirou uma faca de um dos bolsos.


— O que é isso?


—Isso? – Ela lançou um olhar rápido e frio aos “amigos”, ainda sorrindo. — Não passam de loucos que estão perdendo a noção do tempo aos poucos. – E me olhou novamente — Eu apenas acelerei o processo.


— Pensei que vocês fossem amigos!


— Amigos? Não tem como se ter amigos nesses tempos, nem família, nem nada. Não se pode confiar em ninguém, nem mesmo naquele gato estúpido que certamente mandou você aqui, eu sei que ele esta observando tudo e que pode me ouvir, posso dizer que te mandar aqui foi uma péssima decisão. – Ela lançou um olhar à floresta e sorriu, se voltando a mim. — E você... – Lebre lançou um olhar para a faca em sua mão e a ergueu na reta dos olhos. — Acha mesmo que pode simplesmente fazer as coisas sem se preocupar? – Ela abaixou a faca e me olhou. — Acha mesmo que não corre perigo andando por aí sozinha? Acha que tudo será como foi com a outra Alice? Acha que pode sair por ai confiando em qualquer um, seja nesse mundo ou em qualquer outro?


— Não, não acho! – Admiti para ela e para mim mesma, sentindo algumas lagrimas pontarem. —Não quero repetir os passos da minha avó, não quero confiar em ninguém, só quero minha família de volta, eu faria qualquer coisa por eles, qualquer sacrifício por eles. Entende o que é isso?


Ela diminuiu o sorriso um pouco, parecendo começar a levar o assunto.


—Não quero que uma menina mimada me diga o que é família, não quero que me diga o que é sacrifício! O que você sabe sobre uma prova de amor?


Ela terminou de falar e me olhou com ódio, eu não entendia do que ela estava falando, desde quando essas pessoas desse mundo louco entendem sobre coisas como uma família? Olhei para a mesa de chá e foquei minha visão em uma faca simples, Lebre suspirou e desapareceu na minha frente, reaparecendo atrás de mim.


Eu estava apavorada, nunca havia experimentado um perigo tão real, me joguei no chão rapidamente e tentei correr até o outro lado, senti meu coração acelerar, mas não podia desistir.


Percebi quando ela desapareceu novamente e acelerei os passos, correndo na direção da casa branca aos fundos, tentei correr mais rápido e só vi de relance quando a sombra dela apareceu ao meu lado e me fez tropeçar, a faca em sua mão foi se encaminhando na direção da minha garganta, pude ver ela se aproximando, pude ver o braço dela se movendo e pude sentir meu corpo cair lentamente... Lento até de mais.


A principio eu imaginei que fosse mais um truque dela, porém pela expressão em seus olhos eu notei que estava tão surpresa quando eu.


Fechei os olhos esperando o pior, que não veio. Senti-me ser jogada para o lado e cair no chão bruscamente, o choque me fez abrir os olhos quase instintivamente.


— Você não perde tempo mesmo não é! - Lebre exclamou, tentando soar confiante, mas era obvio que algo o incomodava, eu me virei para olhar e a vi na defensiva com duas facas na mão.


— Com você tem que ser assim! - A voz de White ecoou na minha cabeça, havia sido ele que fez o tempo reduzir de velocidade? Impossível. — Então era isso que estava fazendo? Magia das trevas? Era isso o tempo todo e você mentiu para mim?


Arrastei-me para me afastar o máximo possível deles. Céus! Eu só queria a minha família.


— Não seja tão mal comigo! - Lebre parecia seriamente incomodada com o comentário e White permanecia sério como sempre, porém sua voz carregava uma pontada de fúria. — Não é assim que se trata sua irmãzinha sabia?


Quando terminou de falar ela praticamente se jogou e cima de White com a faca apontada, ele se defendeu cruzando os braços na frente do rosto, mas lebre foi rápida e tentou chuta-lo, White rapidamente desviou e tentou segurar um dos braços dela, mas acabou passando direto.


—Não pensa que vai ser fácil! – Ela sorriu.


— Você continua talentosa, mas é fútil demais para poder possuir seus talentos por completo, irmãzinha! - White e lebre fuzilavam um ao outro através do olhar, eu não sabia definir o que era mais lamentável, ver todos congelados sem poder fazer nada ou ver dois irmãos brigando como velhos inimigos.


— E você um inútil sensível, irmãozinho.


— Não quero ouvir isso de uma subordinada da rainha, o que está ganhando em troca em? Já se esqueceu de onde veio? Quanto vale sua lealdade em? Eu... Eu realmente acreditei que pelo menos você-


— NÃO É OBVIO? Poder! Poder que aquele país de fracos nunca pode me proporcionar!


Eu não entendi exatamente o que ela quis dizer, mas a resposta dela pareceu abalar o irmão.


— Eles não eram fracos, eles resistiram, eu tenho certeza. – A voz de White saiu quase como um sussurro. —Já se esqueceu de tudo? Já se esqueceu da nossa vida?


— Sonhador iludido! – Lebre avançou novamente, dessa vez tentando um soco direto, White desviou por pouco, mas acabou se desequilibrando e quase caiu. Seria possível que lutar contra a irmã o desconcentrasse? Não duvido!


—É isso que você é! Um iludido! E poder? Poder que, aliás, é quase idêntico ao seu! Não acha que precisamos mudar um pouco, mano? - White baixou os olhos e parecia segurar algo em sua mão, um relógio de bolso, enquanto lebre continuou a falar. — E o poder das trevas é tão magnifico e poderoso, o poder de criar com o as sombras e vencer qualquer um, nada o supera, nem mesmo uma a morte da prova de amor.


— Eu o supero. - White disse andando até lebre, que por algum motivo não conseguiu se mover rápido o suficiente para fugir, ele a desarmou lentamente, ela sorriu e baixou os olhos, tentou novamente fugir, mas seus movimentos eram extremamente lentos e ela mal conseguiu dar um passo.


—Você supera? – Ela riu baixinho. —Supera a morte por prova de amor? Você realmente superaria?


—Do que está falando? Está louca como aquela rainha, não é mesmo? – White parecia muito irritado. —Ela te manipulou a esse ponto.


Mas Lebre apenas continuou sorrindo. — Porque não me mata logo?
— Não vou matar minha irmãzinha! - White admitiu baixo e ela sorriu.


— Não me diga! - Eu esperava que ele dissesse algo que a provocasse ou coisa do tipo, mas o que ele fez foi ainda surpreendente, ele a abraçou!


— Não é nenhum truque! Será que não posso proteger minha irmãzinha bagunceira? Minha amada irmãzinha bagunceira. Você terá um futuro incrível sabia? Eu realmente me importo com você, Carime!


Ao ouvir a ultima palavra que White disse Lebre baixou a cabeça, seus movimentos tinham voltado ao normal, mas ela não atacou mais, ela retribuiu o abraço dele e os dois ficaram assim por um tempo, eu realmente achei que esse momento duraria para sempre...


Mas estava terrivelmente errada.


White se afastou um pouco da irmã, mas ainda continuou ao lado dela.


Eu ainda estava assimilando tudo quando ouvi o som da xícara quebrando e o da cadeira se arrastando, ao olhar para a origem do som me deparei com o olhar confuso do chapeleiro e um Let complemente choroso, Lebre de março o encarou e sorriu:


— Ei! - Ela falou em um tom baixo. — Sei que isso é repentino, mas... - Ela olhou nos olhos de White e depois nos meus, logo tornando a olhar para os amigos confusos. — Desculpa tá! Meus amigos. – O chapeleiro apenas balançava a cabeça, perplexo, e Let estava em choque. — Você sabe não é mesmo Cedrik? Uma prova de amor...


—Carime... – O chapeleiro se sentou novamente em outra cadeira e pareceu ter dificuldade em respirar.


—E... Meu irmão. – Ela encostou a cabeça no peito dele. — Eu te amo. - Ela pôs a mão o coração, por algum motivo lançou um olhar para a floresta, ao seguir seu olhar pude ver um vulto distante, só pude ver um ou outro fio loiro e o brilho de seus olhos amarelos assustadores, antes dele desaparecer por completo Lebre fez algo que chocou a todos.


Um único grito, um ultimo grito dela e tudo se pôs em um silencio arrepiante, meus olhos se arregalaram...


Ainda com a mão no coração ela fez uma espada aparecer e atravessar seu peito...


Ela caiu sobre White, que se ajoelhou e a deitou em seu colo com cuidado, pude ver que as mãos dele tremiam um pouco, ela olhou nos olhos dele e sorriu.


Corri até mais perto deles.


— Acho que não vai mais ter ninguém para jogar tinta no cabelo. – Ela murmurou para ele, sorrindo.


— Por quê? – A voz de White não passou de um fio de sussurro.


— É o destino, um dia você vai entender, não tente me salvar. – Com essas palavras ela sorriu novamente, White se abaixou um pouco e beijou a testa dela.
Ela perdeu a consciência.
Para sempre.


— Ela... - Na hora que eu ia começar a falar, ela começou a brilhar e seu corpo foi desaparecendo ao poucos até sumir completamente — O que... - Tentei entender, mas estava sem força e confusa demais para isso.


— White? - Ele não respondeu.


—O corpo dela foi enfeitiçado! – O Chapeleiro murmurou ao meu lado, chocado. —Ela se enfeitiçou... Ela já planejava isso há muito tempo.


Os sons dos soluços de Let foram diminuindo à medida que ele corria para dentro da casa cor de rosa, e então tudo ficou silencioso.

 


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