Novamente Alice escrita por Sol


Capítulo 3
Chegando ao país das maravilhas


Notas iniciais do capítulo

Enfim o país das maravilhas ehehe :v



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Alice

Depois de muito tempo o buraco já havia dado em um túnel e eu ainda caía. Tive tempo suficiente para notar as prateleiras e quadros ao redor, tudo parecia ofuscado, os rostos nos quadros estavam embaçados e os objetos das prateleiras pareciam desaparecer aos poucos, o tempo foi passando e eu só caía, caía e caía lentamente, pensei que a queda jamais acabaria e fechei meus olhos, desejando que tudo acabasse logo.


Foi ai que tudo ficou mais rápido, as prateleiras e os quadros desapareceram e tudo ficou escuro, me assustei com a velocidade que estava caindo e comecei a gritar, por um segundo senti que estava perdendo a consciência e então meu corpo parou, a queda abafada por algo macio.


Abri os olhos, sentindo meu coração acelerado, algumas almofadas gigantes me salvaram de uma queda fatal, uma forte luz me assustou, olhei para cima e vi um buraco se abrir no teto, eu pulei para o lado ao ver White cair.


— Você está bem? – Perguntei enquanto o ajudava a levantar.


— Sim... Mas odeio portais. –Ele resmungou e nós pulamos para fora das almofadas.


Eu ainda estava surpresa, mas poderia ser pior, então assim que pisei em “terra firme” olhei ao redor e me lembrei das histórias que a minha avó me contava, achei estranho porque algo parecia fora do lugar.


— Este lugar pode estar cheio de armadilhas, cuidado! – White me alertou, ele parecia serio então resolvi não questionar.


— Tudo bem!


— Vamos. – Disse me puxando para um túnel bem à frente.


— Pra onde? – Em vão, White simplesmente me ignorou, “pra variar”, pensei com raiva. — Se você me explicasse pelo menos onde estamos ajudaria...


— Estamos sem tempo pra isso!


Suspirei cansada e decidi ficar quieta por enquanto, seria inútil perguntar mesmo.


Nós dois correremos até um comprido e baixo aposento, iluminado por uma fileira de lâmpadas penduradas no teto.
Havia portas por volta de todo o aposento, que pareciam estar trancadas, pensei que não conseguiríamos passar, mas White tirou um chaveiro lotado do bolso e ficou tentando encontrar a que precisava no meio das outras.


Sorri de lado, pelo menos ele era um coelho útil.


Olhei ao redor e decidi ir para o centro da sala, onde vi uma bela mesinha de madeira, encontrando em cima da mesma uma pequena garrafa com uma etiqueta que dizia, “Beba-me” em letras delicadas e decoradas.


— O que é isso White? – Perguntei levantando a garrafinha.


— Isso o que? – Ele ia olhar, mas nessa hora as nossas vozes ecoaram pela sala, o que me fez rir e que consequentemente fez White me ignorar de vez.


— Chato! – Impliquei enquanto me aproximava do pequeno frasco e o pegava, olhei bem para o frasco, algo parecia me dizer que eu deveria beber, parecia me chamar, senti que realmente deveria bebê-lo e destampei o frasquinho. —O que há nisso? – Olhei para o liquido vermelho que havia dentro, que mal faria?


Fui impedida por White, deixando a garrafinha cair e quebrar.


— Mas o... - Parei de falar quando notei que o líquido vermelho se derramou e derreteu um pequeno pedaço do chão. — Isso... – Eu estava pasma, definitivamente alguma coisa estava fora do lugar.


— É veneno, feito exclusivamente para você! Para te matar na mesma hora que o bebesse. – Quando White disse isso o pouco de certeza que eu tinha sumiu e deu lugar a uma grande confusão.


— Co... Como assim?


— Assim como sua avó, você deveria beber e toda aquela história de encolhe e cresce, mas a rainha conhece toda a história e por isso mudou muitas coisa por aqui, na esperança da própria Alice voltar ou alguém bem próximo, como você... Então ela quer te destruir de qualquer modo!


— Entendi!


Na verdade eu ainda não havia entendido nada, mas como sabia que se perguntasse iria com certeza ficar pior eu preferir deixar como está.


— Por isso disse que seria perigoso!


— Pode até ser, mas eu ainda quero muito reencontrar minha avó e também meu pai e até Judith...


— Se conseguimos, podemos recuperar Alice e talvez seu pai e essa Judith... Mas ainda temos muito a seguir, vamos é por aquela porta que devemos ir. – White disse indo em direção a uma grande porta com uma chave dourada na mão...


— E quanto... A minha mãe? – Eu perguntei enquanto ele já encaixava a chave na fechadura. — Tem algum jeito de... Mudar isso? – Ele parou quase que instantaneamente e pareceu refletir enquanto eu continuava. — Talvez, tenha um jeito... Ela... Pode não ter morrido!


— Mas ela morreu! – Ele parecia mais sério que o normal, neste momento eu me senti perder o chão, porque no fundo eu sabia que ele tinha razão, mas não queria acreditar. A voz de White soou um pouco vaga e distante, mas séria o suficiente para me fazer perceber que não era só pra mim que ele falava.


— White... Você-


— Vamos logo estamos sem tempo! – Ele me interrompeu abrindo a porta e me levando dessa vez para fora do lugar.

 

~ # ~

 

Continuamos a andar até chegarmos a uma floresta, eu nunca havia entrado em uma floresta, era tão escura e horripilante, tremi um pouco, eu estava com um vestido longo e sapatilhas, essa viajem seria no mínimo desastrosa.


— Céus! Vamos morrer aqui, tem certeza que não há animais selvagens?


— Pela milésima vez, não! – E ele mal terminou de falar e apertou o passo, “White sendo White”, foi o que pensei, acelerando os passos para tentar acompanha-lo.


— Bem que você poderia ir mais devagar!


Ele apenas suspirou e continuou na mesma velocidade, o que me matou de raiva. — Aqui devemos encontrá-la! – Ele disse quando finalmente parou.


— Quem? – Perguntei quase automaticamente, sem resposta, estava começando a ficar com raiva, desisti de White e comecei a olhar ao redor. O lugar era definitivamente confuso, muitas árvores, flores do meu tamanho e, espera... Flores do meu tamanho?


— Isso são flores?


— E o que mais seria?


— Mas desse tamanho? – Eu o encarei, estava ficando mais irritada. — Se eu bem me lembro, deveria estar em meu tamanho normal. Até onde eu sei não comi nem bebi aquelas coisas.


— E você está! As coisas é que mudaram, será que ainda não entendeu que a rainha quer acabar com você a qualquer custo? Seja te envenenando seja te enlouquecendo! Pensei ter dito que ela conhece perfeitamente bem a história de sua avó!


Fiquei em silencio, por mais que infinitamente odeie ter que admitir White tinha razão, isso significava que deveria tomar cuidado, mas cuidado com o que? Eu nem sequer sabia onde estava.


Mas isso me parecia um dia normal do “País das maravilhas”.


—Ora! – Uma voz do além me assustou, olhei para frente e meus olhos imediatamente avistaram uma mulher que aparentava uns trinta anos, sentada no topo de uma rocha, seu cabelo era longo e azul e estava ligeiramente preso para um lado só, ela nos encarava com os braços cruzados.


— Você deve ser Alice, a nova Alice! – Ela me olhava como se me decifra-se. — O que há? Não me diga que se esqueceu como se conversa com alguém?


— Não eu não esqueci só que essa... Não é uma maneira encorajadora de iniciar uma conversa, a última pessoa estranha que já me conhecia antes de eu mesma saber foi White e veja onde estou.


Quase que prevendo uma suposta discussão desnecessária White tomou frente na conversa.


— Vamos, deixem disso, não temos tempo para conversas desnecessárias e você sabe. – A mulher sorriu de um modo um tanto intimidador que me incomodou imediatamente. — Já tem o que te pedi? – A mulher mostrou-nos um pedaço grande de papel e o entregou a White se levantando e saltando para onde nós estamos.


Assim pude observá-la melhor, notei que usava um belo vestido azul escuro de tamanho médio, os olhos também azuis eram intimidadores, mas transparecia sabedoria, o azul do cabelo um pouco mais claro continha uma franja cortada para o mesmo lado em que fora preso, ela me olhou e sorriu novamente, indo em direção a White.


Eles começaram a conversar sobre o mapa e eu me senti totalmente ignorada, não me importaria tanto se a conversa fosse rápida, mas depois de muito tempo eu já estava cansada de esperar, eles ainda ignoravam a minha existência, então sem pensar duas vezes eu apenas sai andando pelo caminho a minha frente, fiquei pensando se White não teria uma crise, mas me lembrei de que não me importava com os pensamentos alheios, ainda mais se os pensamentos forem daquele coelho albino metido e mandão.


  Comecei a correr até ficar o mais distante o possível, corri até avistar um lugar descampado, com uma pequena casinha, me senti um pouco curiosa para saber quem poderia viver lá por isso fiquei observando de longe, não aparecia ninguém então e aos poucos fui me aproximando da casa, eu fui seguindo e me aproximando cada vez mais, a casa era até bonitinha, mas parecia abandonada e sem sinal de vida, pelo menos não recente.


 Com um suspiro de derrota eu decidi ir embora, comecei a me virar e correr para o outro lado e a ultima coisa que notei foi um estranho gato que sorria de ponta a ponta, fiquei arrepiada, por isso me apressei, estava na hora de voltar até onde White e a maluca azul se encontravam... Ou pelo menos tentar.


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