Novamente Alice escrita por Sol


Capítulo 1
Novamente Alice e White Rabbit


Notas iniciais do capítulo

Hey, estou fazendo essa segunda versão da fic após notar algumas falhas que cometi na original, algumas um pouco graves, e se tornou necessária essa versão, algumas mudanças serão de fato evidentes, sinto que me localizei mais nessa versão, espero que gostem!



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~Alice~

Cento e vinte seis...
— Alice? - Ouvi Judith bater na porta para me chamar, mas apenas a ignorei e voltei a jogar a jóia para cima, retomando a contagem.
Cento e vinte sete...
— Será possível? – Ela reclamou e ouvi o som da maçaneta a girar.
Cento e vinte oito...
  —Vamos deixe de enrolações e se arrume, temos visitas.
Cento e vinte nove...

—Alice? Estou falando com você!

Cento e trinta...

Ela pegou a jóia de minha mão e me forçou a levantar da cama, meus olhos se guiaram até os dela e eu suspirei.
— Quem?
— Seu tio Marcos veio vê-la, isso não é ótimo? – Seus olhos castanhos brilharam e ela escancarou um sorriso sonhador na cara, como sempre fazia ao ver Tio marcos, francamente, ela esta cansada de saber que desde que Tia Eley o abandonou ele não está querendo nada com essa coisa romance.
Andei até ela e rapidamente peguei minha jóia de volta, me sentando em frente ao espelho, a pequena pedra de jade em minhas mãos pareceu cintilar em contraste com meus olhos verdes.
— Até ele começar a contar os causos de suas viagens, é sim com certeza. - Reclamei.
Eu sempre gostei muito do meu tio, mas sempre achei que ele inventava muito em suas histórias, o que me fazia perder a paciência.


— Não fale assim Alice, seu tio gosta tanto de você e sua avó também está!


—Minha avó? Pensei que ela não quisesse mais ver a casa antiga. – Judith apenas deu de ombros. ―Se bem que não faz diferença o que ela pensa... Está cada vez mais doidinha da cabeça. – Resmunguei e Judith pareceu querer me socar, mas se conteve, graças a Deus.


— Não fale assim, ela é uma senhora muito respeitada.


— Ah sim claro, é muito respeitada ainda com aquela história toda de magia e...


— Alice! Já chega disso, seu tio veio de longe só pra te rever e ele certamente a verá, não é mocinha?


"E eu por acaso tenho opção?” pensei me encarando no espelho, como sempre teria que ser a garota ideal e perfeita, teria que viver sob uma máscara de encantamento e beleza. Pensar nisso me irritava, olhar para a expressão de felicidade de Judith me irritava e falar da minha avó não melhorava em nada.


— Isso não muda o fato de que ela é louca! – Tentei em vão não soar rude. —Louca! E vocês querem que eu seja igual a ela, daqui a pouco vai vir o coelho branco me levar para o país das maravilhas!


— Alice! Chega! - Ordenou minha mãe, aparecendo ao lado da porta, ele deveria ter chegado há pouco tempo, Judith saiu no mesmo instante e eu comecei a fitar o chão.


— Desculpa! – Murmurei quando notei que ela tinha ficado chateada. — Mas é que é sempre a mesma coisa, vocês vivem me comparando com ela, mas ela é louca.


— Pare de falar o que não sabe! Você não pode julgá-la dessa forma, não pode julgar alguém só porque ela acredita em alguma coisa que você não acredita! Uma hora você vai aprender que a vida é mais do que isso, de hoje para amanhã talvez eu possa não estar mais com você, e ai? – Os olhos dela agora pareciam um pouco entristecidos. ―Se você precisar da ajuda de outros, o que vai fazer se eles não te ajudarem por te acharem louca? Ou será que você não vai aceitar a ajuda por ter achado eles loucos? Você tem que aprender a respeitar aqueles que são diferentes de você, as pessoas têm sentimentos, que são muito mais complexos do que você imagina e você tem que aprender a respeitá-los ouviu bem?


— Sim... – Resmunguei e ela me abraçou, seu abraço aconchegante me deixou mais calma, eu adorava seu aroma do campo, pois sempre me lembrou do tempo da minha infância, em que ainda era aceitável eu ser feliz do jeito que queria.


— O futuro ninguém sabe querida! – Ela sorriu uma ultima vez e saiu do meu quarto.


—Fácil falar! – Resmunguei e me voltei ao espelho.


~ # ~


Peguei a joia e a guardei em meu bolso, já caminhando para o primeiro andar, estava vestida como uma dama deveria, certamente, meu vestido verde não era tão longo, porém era um incomodo da mesma forma.


Minha mão se encontrava segurando a joia em meu bolso, por mais que eu não gostasse tanto da minha avó, ela me dera essa pedra de jade em uma ocasião especial, a Jade havia se tornado um presente com um significado muito importante para mim, ela me ajudava a me lembrar do quanto eu amava minha família, mesmo que conturbada, estranha e confusa.


— Ora, vejam se não é a minha linda sobrinha Alice! – Meu tio falou, ou melhor, berrou, enquanto corria para me abraçar.


— Olá tio Marcos, há quanto tempo.


— Digo o mesmo querida, queria ter vindo antes, mas você não vai acreditar em quanta coisa aconteceu.


— Ó, mas eu imagino!


―Alice querida, seus primos adorariam ter vindo, mas a maioria está lotada de compromissos. – Vovó comentou e eu me contive em sorrir e dizer qualquer coisa para deixar claro que não seria um problema.


Meu pai logo iniciou uma conversa com meu tio, vovó se ofereceu para ajudar as cozinheiras a fazerem doces para mim, enquanto minha mãe começou a implicar com meus cachos rebeldes.


―Ah! Mãe... Judith me apressou muito, não tive tempo de ajeitar muito o cabelo. – Me justifiquei e recebi um peteleco na cabeça.


―Alice você não é mais criança.


—Agora você diz isso...


O momento família feliz durou até que meu pai nos convidou a dar um passeio pela residência e, com qualquer desculpa esfarrapada, eu o convenci de que minha presença não era necessária.


Rapidamente me afastei deles e corri para um dos jardins, gostava de me sentir livre, de correr e respirar, me sentei embaixo de uma roseira e fechei os olhos, sentindo a brisa leve daquela tarde.

— Lindo dia... Certo? - Disse do nada uma voz, me assustando, abri os olhos rapidamente, surpresa, com um misto de curiosidade e medo.


Tratava-se de um garoto bem vestido que sorria minimamente, ele parecia possuir a mesma idade que eu, mas era um garoto um tanto estranho, seu cabelo, curto e branquinho como a neve, estava um pouco bagunçado, mas o mais curioso eram seus olhos, eles eram um pouco cor-de-rosa, meio avermelhados.


―Quem é você?


— Não faz nem ideia? – Ele se aproximou mais e eu rapidamente me levantei, preocupada. — Tudo bem Alice, não vou te machucar, eu vim te ajudar!


― Não brinca! – Protestei. ―Quem é você? De onde veio? Como assim me ajudar? Estou muito bem até onde eu sei.


— Muitas perguntas para pouco tempo. - Ele parecia decepcionado.


— O que? Do que está falando?


— O que você faz aqui? - Ele retrucou me surpreendendo.


— É a minha casa! Anda fala o que quer?


— Muitas perguntas, pouco tempo. – Por um segundo tive vontade de chutá-lo de cima de uma árvore. ―O que há de errado com vocês aqui? Eu já estou cansado desse mundo louco, tenho que terminar essa missão logo. – Ele reclamou, acabando com o sorriso gentil e a pose de nobre. ―Vem! – ele mandou quando saiu andando.


— Espere aonde vamos? Espere! - A essa altura o estranho estava bem adiantado nos passos e com muita pressa, eu o acompanhei para fora do jardim, fazendo perguntas inevitáveis. — Pelo menos me diga quem é você? O seu nome? O que quer de mim?


O estranho finalmente parou e respondeu com um tom apressado: — Quero que me leve a Alice...


— Mas Alice sou eu, ah espere, está falando de minha avó?


— Como vou saber se é ou não sua... Avó? Ela já esta tão velha assim?


— É... Sim!


— Então temos menos tempo ainda. - Ele se virou e recomeçou a andar em direção a minha casa, volta e meia ia olhando seu relógio, me deixando ainda mais confusa. ―Me leve até ela!


—Você nem disse seu nome. – Sorri com a cara de raiva dele, sempre amei irritar pessoas chatas.


— Talvez porque eu não queira. – Ele retrucou.
Deus do céu, o que ele tinha de fofo, tinha de irritante.


— Temos que encontrar Alice o mais rápido, nós não temos tempo vamos, ou o pior pode acontecer.


— Espera! Como assim o pior? - Sem resposta, ele parecia bem focado em toda essa história e já tinha voltado a caminhar.


— O que importa é que precisamos encontrar sua avó, ela vai entender tudo isso.

 


— Ta de brincadeira? Minha avó é louca! - Eu comentei com ironia. Ele parou e me olhou revoltado:


— Sua avó não é louca! Não no sentido que você está falando. - Ele me repreendeu, seu tom de voz afirmava que ele falava sério.


— Você a conhece? - Perguntei cruzando os braços.


— Não exatamente.


— Então como sabe? – Minha pergunta pareceu irritá-lo ainda mais, ele me puxou pelo braço e voltou a andar rapidamente.


— Eu sei que se não agirmos rápido as coisas vão acabar mal, sua família pode acabar morta e você também, por isso precisamos nos apressar, ou ela nos encontrará logo.


— O QUE?- Eu perguntei assustada, ele parecia estar falando sério, mas o estranho não respondeu nada e eu tive que me acalmar para poder entender o que estava acontecendo. — Me diga pelo menos como é seu nome? Por favor!


— É White, White Rabbit!


— White Rabbit? Isso é nome de gente? – Ele ia retrucar, mas não teve tempo.


―Alice, eu estou te procurando! Não suma assim. – Olhamos rapidamente para o lado, minha avó nos encarava com curiosidade. ―Ora, um amiguinho!


―Alice que bom que está aqui! – White correu até ela. ―Preciso que fique segura, estamos em perigo.


―Mas... – Minha avó parecia analisá-lo. ―Você... Coelho? Parece um pouco mais jovem, mas certamente é você! - Ela parecia pasma e até um pouco pálida, White ergueu a sobrancelha ao ser chamado de coelho, mas nada disse sobre isso. — O que houve?


— Bem... – Ele pareceu pensar. —Resumindo? Hm... Logo depois que você fugiu a rainha começou a enlouquecer e ficou assim por um bom tempo, depois, quando ela enlouqueceu de vez, mandou que a matassem. -White olhava para o chão enquanto falava.

— Mas... Mas aqueles capachos nunca fariam nada contra a rainha! - Minha avó observou ainda perplexa.
— Mas fizeram! – Por um segundo notei um meio sorriso em seu rosto.

— De quem estão falando?- Eu perguntei totalmente perdida na conversa.


— Rainha de copas - Ele disse como se não fosse nada de mais.


— E quem é essa?


— A querida não se lembra daquela história que eu te contei sobre ela... O país das maravilhas e até mesmo sobre o White? - Minha avó me perguntou docemente e eu a encarei, completamente perplexa, sim eu me lembrava, me lembrava de uma história louca, num mundo louco e pelo visto minha avó também estava definitivamente louca.


— Ah... Sim eu acho que lembro. -Respondi desanimada.


— Mas agora a rainha de copas tem uma sucessora que está a fim de te matar a qualquer custo, você e toda sua família Alice! - White se dirigia a minha avó com seriedade.

Minha avó pareceu estar em alerta, eu estava perdida e apenas os segui quando começaram a correr em direção a nossa casa. Estávamos quase saindo da área dos jardins quando um grito nos assustou, a voz era feminina e terrivelmente conhecida.


―Isso foi a minha mãe? – Perguntei assustada e desejando estar errada.


— Eles se adiantaram, Ás está aqui!


―O que? – Encarei a minha avó. ―Vovó para onde os outros foram?


Ela parecia desesperada, e olhava para todos os lados. ―Não sei, faz tempo que não os vejo e-


Subitamente o silencio a atingiu, ela havia olhado na reta oposta e engoliu em seco.


Olhei na mesma direção, um par do sapato da minha mãe estava jogado perto do inicio do jardim mais próximo, minha mão não faria isso com um sapato, ela chutaria longe até meu pai se fosse preciso, mas um sapato definitivamente não.


— Espere um pouco, o que é aquilo? – Consegui perguntar, já tendo um pressentimento péssimo.


Aproximei-me com bastante cautela da parede do jardim, mas quando cheguei bem perto e decidi olhar por trás do muro meu mundo inteiro desabou!


Eu não podia acreditar bem na minha frente estava minha mãe, caída e sem vida, com grande quantidade de sangue ao redor e muitas cartas de um baralho estranho todo composto por copas.
Meu grito ecoou entre os jardins, minha mente só captava a imagem da minha mãe, nada mais parecia ter importância. Se eu ainda fosse mais rápida! Se eu estivesse com ela! Lágrimas embaçavam a minha visão.


Perdi a força e caí de joelhos no chão, ouvi o choro abafado de minha avó e vi quando White parou ao meu lado, mas ao contrario de mim ele não se apavorou ou se surpreendeu, ele apenas a observou por um segundo e depois desviou a atenção para as cartas, o que pareceu deixá-lo realmente preocupado.
No meio do baralho havia um envelope, White pegou o envelope e, depois de uma rápida avaliação, o abriu, lendo em seguida:

"Hey coelhinho...
Se você está lendo isso, significa que meus soldados fizeram um bom trabalho, e isso é ótimo! Estava começando a ficar preocupada com a demora deles para encontrar o alvo, mas pelo visto eles não são tão ruins assim, acho que posso poupá-los da decapitação dessa vez, mas eu não terei piedade de vocês, sei que já a encontrou, mas isso não vai resolver nada, sei bem o que você está tentando e já te adianto que seu plano falhará.
Você teve a sorte de fugir de mim uma vez!
Mas isso não se repetirá!
Estou de olho em você a todo o momento!
Com amor: Aquela que lhe cortará a cabeça.”

 


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Notas finais do capítulo

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