Cartas para Harriet escrita por Ahelin


Capítulo 3
22 de Novembro de 1915


Notas iniciais do capítulo

Heyyy, gente!
Perdoem a demora, tive alguns problemas :(
Agora estou de volta e postarei logo!

Ah, um aviso: todas as cartas da Harriet serão bem pequenas, desse jeito.

Até lá embaixo o/



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Querido Luke,

Como você está? Comendo e dormindo direito? Da forma como lhe conheço, deve estar vivendo à base de pão e ovos estrelados. Se você se comportar muito bem, prometo preparar uma deliciosa torta de maçã para você quando chegar em casa, depois do nosso maravilhoso jantar de reencontro.

A propósito, sabe que amo panquecas.

Aqui, as coisas não vão muito bem. É apenas pão, água e os malditos feijões enlatados cozidos para todas as enfermeiras, mas os poderosos soldados feridos ganham sopa quente, com sorte até um chá. Alguns nos tratam muito mal, aliás; certa vez eu tinha acabado de fazer um curativo na cabeça de um cabo e este me perguntou se eu não tinha nenhuma louça para lavar, querendo se exibir para seus colegas como quem diz "homens são superiores" e todas aquelas bobagens. Os outros a seu redor soltaram risadinhas, aparentemente orgulhosos do amigo macho.

— Desculpe, ainda não terminei isso aqui — devolvi, apertando a faixa branca em sua cabeça com tanta força que ele gritou. — Pronto, assim está melhor. Com sorte, vai sobreviver, mas corre o risco de perder o sentido do tato.

Posso dizer que o olhar de terror em seu rosto e a pele que se tornou pálida em menos de dez segundos fizeram valer a pena.

O clima, nos dias comuns, não é dos mais tranquilos. A maior parte das mulheres aqui fica encarando doentiamente a porta de nosso hospital construído às pressas durante todo o dia, ansiosas. Elas têm medo de que o próximo soldado a entrar machucado ou morto seja seu marido, seu filho, seu pai, seu irmão. Minha agonia por não ter você por perto e não saber se está se virando bem é quase igual, mas confio em meu marido para superar isso.

Apesar de tudo, temos esperança. Ela nos move e nos motiva a acreditar que dará certo, que tudo ficará bem, mesmo quando a Guerra ameaça não ter fim.

Vou lhe contar um pequeno segredo: tenho um registro de quantos de nosso batalhão morreram. Começou como um hobbie, mas agora é uma obseção: anoto seus nomes e a data da morte, e também guardo qualquer pertence que tenham trazido consigo.

Faço isso desde que vi qual o tratamento dado pelo exército às famílias dos que não resistiram. Eles enviam um telegrama com cinco míseras palavras:

"Soldado (nome) morto em combate."

E isso é tudo! Nem ao menos um "sentimos muito pela sua perda", ou um mísero "foi um ótimo combatente"! Esses homens estão lutando por algo que acreditamos, aceitaram morrer por nosso ideal, e são tratados como nada quando deveriam ser heróis.

É o que quero fazer: devolver tudo o que eles tinham aqui às suas famílias, em um último gesto de compaixão. A maioria mora bem perto de nós... Podemos fazer isso, não podemos?

Logo começarão as festas de fim de ano, e eu gostaria de te pedir uma coisa. Peça a alguém que busque para você os enfeites de Natal no sótão e decore uma árvore, mesmo que seja bem pequena. Acenda as luzes, tire o pó do piano e toque todas as canções que lembrar. Chame toda a vizinhança, sei que a senhora Peterson não se incomodará em fazer um belo assado. Talvez não entenda o que quero com isso, mas é bem simples e posso explicar.

As pessoas precisam de alguma esperança, sabe? Precisam de algo que as faça lembrar de que as coisas vão ficar bem. Sei que você, mais do que ninguém, vai saber o que dizer a elas para que se sintam bem de verdade, mesmo que só por uma noite.

Isso fará com que as coisas melhorem, você vai ver.

Luke, estou com saudades. Me escreva sempre que puder, certo? Quanto mais, melhor.

Não acabe com a minha colônia e nem deixe o pobre cãozinho passar fome. Qual o nome dele?

Um grande beijo,

Harriet.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima carta do Luke :3
Beijinhos ♡



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