Dia 17 de junho, sexta-feira, 16h30

Há quatro meses, Sasuke e Sakura estavam juntos. Depois de um tempo fingindo que não existia um compromisso entre eles, o casal se assumiu perante amigos e familiares. Estava tudo muito bem. Não brigavam. Sasori percebeu nas poucas ocasiões em que viu os dois juntos que havia ali um elo difícil de ser quebrado. Angustiado com a possibilidade daquele namoro evoluir, o produtor musical resolveu que interferiria na relação de sua ex.

Sasori sabia que não seria fácil, que tentar reconquistar Sakura com a presença do Uchiha seria praticamente impossível. Então, ele resolveu que jogaria sujo para ter sua amada de volta. Ele tinha uma carta em sua manga e pretendia usá-la.

— Tem tênis de corrida nessa loja? – Disse Sasori, após olhar a vitrine da loja em que Sasuke trabalhava.

— Tem sim. Naquela prateleira. – Sasuke apontou e caminhou até lá com Sasori, que observou os modelos.

— Traz um desse preto e outro desse branco, por favor. – Pediu o ruivo.

— Qual o tamanho?

— 42.

Sasuke trouxe os modelos e Sasori experimentou. Decidiu levar os dois e antes de ir embora fez um pedido a Sasuke.

— Tenho algo para falar com você.

— Sobre o que Sasori? - Perguntou Sasuke curioso.

— Sobre algo que você pode fazer para ajudar a banda do seu irmão.

— Tudo bem. Daqui a 30 minutos eu saio da loja. Onde encontro você?

— Pode ser na minha casa. Você sabe onde fica?

— Itachi já comentou comigo. Vou passar lá, então.

— Ótimo! Até mais!

[...]

Na casa de Sasori...

— O que você tem para me falar? – Perguntou Sasuke já acomodado no sofá da sala.

— Você está ciente de que seu irmão e a banda dele tem um contrato de cinco anos com a minha gravadora além de que eu sou o empresário deles, certo?

— Sim, Itachi conversou comigo. Ele é muito grato a tudo que você fez pela banda.

— Então, você sabe que, se eu quisesse prejudicar a banda, poderia fazê-lo não é mesmo?

— Aonde você quer chegar, Sasori? Você vai prejudicar a banda do meu irmão porque eu namoro com a Sakura? – Sasuke começou a entender a linha de raciocínio do ruivo.

— Garoto esperto! É quase isso! Na verdade, eu quero lhe fazer uma proposta que pode beneficiar e muito a carreira do seu irmão. Se você topar, farei da Akatsuki a maior banda do mundo. No entanto, se você recusar...

— Se eu recusar o que? – Falou impaciente.

— Se recusar, eu terei de acabar com a carreira deles para sempre. Pelos próximos cinco anos eles serão incapazes de gravar e eu ainda influenciarei meus amigos na indústria musical a não trabalharem com ele. Ou seja, seu irmão será um músico fracassado. Sem álbum, clipe, turnês ao redor do mundo... Toda a glória que ele sonhou pode acabar por sua causa.

— E o que você quer? – Perguntou Sasuke, embora já imaginasse o que o ruivo planejava.

— É muito simples. Afaste-se da Sakura. Termine com ela sem mencionar o motivo da sua decisão.

— Você acha mesmo que ela vai voltar para você? Mesmo que eu termine com ela, Sakura nunca ficará com você! – Respondeu nervoso.

— Isso o tempo dirá! Faça a sua parte e com a Sakura eu me resolvo. Só preciso que você deixe o caminho livre.

— Eu... eu... posso pensar?

— De nada adiantará você pensar, mas se quer um tempo... Te dou uma semana. Aproveite e já vá pensando numa forma de dispensar a Sakura sem que ela perceba que faz isso a contragosto.

— Se você quer tanto ela de volta, porque não tenta conquistá-la sem meter meu irmão no meio?

— Ela está apaixonada por você e ainda sente mágoa por mim. Não faria efeito. Sem você no caminho, eu tenho chances.

— Já sei... Eu aceito a sua oferta e me afasto da Sakura, mas você também tem que ter as suas condições nesse nosso trato.

— E o que sugere?

— Você terá um prazo para conquistar a Sakura. Se não conseguir nada, eu poderei retomar meu namoro.

— Interessante. De quanto tempo seria o meu prazo?

— Seis meses.

— Fechado. Seis meses e se eu não conseguir fazer a Sakura se apaixonar por mim de novo o libertarei do nosso trato e não ferrarei a Akatsuki. – Sasori estendeu a mão e Sasuke apertou.

— Só peço que me dê alguns dias para que a Sakura não estranhe meu afastamento.

— Ok. Não será um problema.

[...]

Sasuke saiu da casa de Sasori ainda atordoado. Ele não queria ter aceitado o trato, mas não queria prejudicar seu irmão quando ele estava vivendo de seu sonho. Sasuke se sentiria arrasado se fosse o responsável pelo fim da carreira do irmão e dos amigos. Ele os viu batalhando por isso há tanto tempo. Além do mais, Sasori teria um prazo. Seis meses para convencer Sakura a amá-lo de novo. Sasuke era tão seguro dos sentimentos de Sakura por ele que esperava verdadeiramente que a médica não cedesse ao ex. Dentro de seis meses eles poderiam retomar a relação. Era a isso que o moreno se apegava.

[...]

Quando chegou a casa de Sakura, ela o beijou ternamente. Sasuke então a abraçou com força. Tinha medo do que aconteceria de agora em diante.

— Aconteceu alguma coisa? – Sakura perguntou ao se afastar.

— Por que? – Falou serenamente, tentando afastar sua tristeza.

— Você me abraçou com tanta força. Parecia um menino indefeso com medo do escuro. – Falou num tom brincalhão e Sasuke ficou impressionado como ela era capaz de ler os seus atos. No entanto, a partir de agora tinha que mascarar seus sentimentos para fazê-la acreditar em uma separação. Sabia que a faria sofrer e isso o fez sentir mal.

— Estava ansiando por abraço seu. Só isso. – Disse depositando um beijo na testa da amada.

— Sasuke, eu estava pensando em uma coisa... – Disse puxando o namorado pela mão até o sofá.

— No que doutora? – Sasuke a encarou e ela sorria. A ideia que ela havia tido lhe parecia boa.

— Você dorme muito mais aqui no que na casa do seu irmão, certo?

— Sim.

— Acho que você poderia se mudar para cá de uma vez. Assim aproveitaríamos mais nosso tempo juntos e você daria mais espaço ao seu irmão. – Ela dizia sorrindo. Estava realmente empolgada com a ideia – O que acha da minha proposta?

— Isso é um pedido de casamento, doutora? – Sasuke perguntou normalmente, mas Sakura percebeu que o rapaz não aparentava estar tão animado com a ideia quanto ela.

— Não exatamente. Só digo que seria mais prático para nós... O que acha?

— Eu preciso pensar... – Sasuke falou seriamente e Sakura se decepcionou. Ela estava esperando por outro tipo de reação.

— Ah claro... – Sakura acabava de tomar um banho de água fria. Sua realidade não correspondia a sua imensa expectativa. Sasuke não aceitara de cara o convite para integrar sua vida de uma forma mais significativa.

— Prometo lhe dar uma resposta logo! – Sasuke deu um sorriso forçado e em seguida beijou Sakura. Ele sabia que a resposta teria de ser não. Talvez, essa proposta fosse inclusive uma boa desculpa para se afastar da médica. Mas, por enquanto, aproveitaria de sua companhia.

— Tudo bem... sem pressão! – Sakura então o abraçou.

— Posso dormir hoje com você? – Sasuke disse e recebeu um beijo empolgado como resposta.

— Não só pode como deve! – Ela sorriu, então Sasuke a colocou no colo e levou até o quarto. Aquela seria a última noite dos dois como um casal.