A Virgem e o Garoto De Programa escrita por Leprechaun


Capítulo 2
I- Morrer ou não morrer, eis a questão


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo pra vocês. Nele vocês vão conhecer um pouco da Bella, e espero que vocês gostem dela



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Sabe quando você está meio de um pesadelo horrível e num segundo de desespero lucido, no sonho mesmo, começa a se beliscar pra acordar?

Pois é, meus braços já estão roxos e nada!

Ok, bem que eu queria que tudo fosse um sonho e que eu pudesse acordar — Toca logo, despertador dos infernos!!!. Na verdade eu me contentaria com um breve delírio provocado por uma mistura muito inocente de Coca-Cola com minha medicação vencida de epilepsia, mas, infelizmente, a realidade é outra: Eu estou morrendo e ponto. Fim de papo. Hasta la vista, baby. Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho... E toda essa merda de chegou o fim.

Então... pensando bem... Será que fui muito direta e incisiva agora?

Desculpa. Eu sei que nem todo mundo lida com facilidade com o "Oi,prazer em conhecê-lo! Tudo bem com você? A proposito, estou morrendo, mas adorei sua camiseta". Mas, quer saber? Eu vou morrer mesmo! Tô pouco me lixando se vão sentir pena ou dançarem encima do meu caixão!

Mas morrer é algo triste, né? Eu deveria tá triste... É... eu deveria...

Mas não estou.

Ah, mas pelo menos chorar, não é? É o mínimo que se espera nessa situação em que me encontro.

Eu acho...

Chorar...

Porque quando se descobre que vai bater as botas em breve, sua reação física involuntária é chorar, correto? Sim, antiga criança, cuja mente fora monopolizada pelos filmes pornográficos da Disney, chorar! Mas chorar com gosto mesmo. E não é bem um choro tipo "Aiiiiiii eu vou morrer!!!! Adeus mundo cruel", na verdade é bem mais pra "Ahhhh que merda... eu devia ter comido mais pudim no jantar".

Sacou o nível?

Não é exatamente uma despedida do que se está perdendo, tá mais pra uma lamentação por o que não se pôde fazer.

Entretanto, as lágrimas que geralmente são derramadas não são bem repentinas e instantâneas. Não é como Xiii.. você vai morrer e pimba descem cascatas por os seus dutos lacrimais sem aviso prévio — Serio, já vi gente chorando tanto por que descobriu que vai morrer que me pergunto como aquela criatura não morreu logo de desidratação.

Na verdade, é mais para a continuação de um choro reprimido desde o útero gosmento em que você foi formado. É mais simples que a soma quadrado dos catetos igual ao quadrado da hipotenusa, e olha que sou ruim pra caramba em matemática: quando um bebê nasce e começa a chorar, não é porque está sentindo dor ou qualquer merda, é porque ele sabe que vai morrer, e que este é o começo do fim...

Nossa...

Dramatizei legal agora...

Morrer ou não morrer? Eis a questão...

Pensando bem, acho que é por isso que ainda não derramei nenhuma lagrimas até agora; não chorei quando nasci, nem mesmo quando o obstetra me deu aquela palmada vinda dos inferno para checar que se estava tudo "okay", de acordo com ele, é claro!

Por amor de Deus!

O que custa checar se a criança tá respirando?

Não, tem que bater pra doer na alma!

Acho que eu sinto os cinco dedos daquele infeliz estralados na minha busanfa até hoje!

Bem, ao contrario da maioria dos bebês, eu sorri, dá para acreditar?

Nem eu acredito, mas minha mãe diz que foi assim então... Não vou contestá-la se quero continuar respirando.

Continuando...

A segunda reação, esta já bem voluntaria e espontânea, é culpar.

Sim, meu camarada, culpar! Culpar tudo e todos, menos a você, é claro!

Culpa Deus, que te abandonou mesmo você indo à igreja todos os domingos e pagando o dizimo esporadicamente para aquele pastor filho da puta que embolsa todo o dinheiro para gastar comprando bala pra criancinhas que ele é muito mais muito mesmo apegado — principalmente nos fins dos cultos naquela salinha dele escura... .

Você culpa o mundo, que não vai ter uma perda tão significativa.

Convenhamos, com sete bilhões de habitantes na terra, você é algo um tanto insignificante nessa conta, querido.

E, claro, você culpa os médicos! Porque quando eles dizem "fizemos tudo o que foi possível, mas...", o que eles realmente querem dizer é: "Fodeu, minha filha!", "Boa sorte na próxima","Seja idiota e acredite na reencarnação!", "Você vai morrer, e daí? Que lavar a pia de louça suja que deixei em casa antes disso?" "Eu sou especializado em eutanásia, se você tiver interessada!...", e essas coisas.

Apesar deles tentarem de fazer entender seu fim da melhor maneira possível, é nítido que eles realmente não se importam se você vai aceitar esse fato ou não. Afinal, eles lidam com a morte todos os dias para serem afetados especificamente com a sua.

Lembre-se: sete bilhões = você insignificante.

Mas essas duas reações acontecem porque você ainda não sabia que iria morrer, pelo menos não conscientemente.

Pelo amor de Deus! — Porque nessas horas ou você se apega nele como chiclete em calça jeans em primeiro dia de aula ou arranca as roupas na porta da igreja— de preferencia aquela do pastorzinho FDP citada anteriormente— e se autoproclama lucífer

Você está pálido, magro, tomando 15 tipos de diferentes de remédios cinco vezes ao dia e os médicos sempre analisam os resultados de seu seus inúmeros exames com a cara de quem está segurando merda; das duas uma: Ou você está morrendo, ou contraiu AIDS!

Sim, é claro que você ainda nutri a esperança de que vão inventar uma cura milagrosa do dia para a noite, ou que sua expectativa vai aumentar significativamente. Mas eu não. Quando descobrir o tumor,já sabia que ele seria a causa da minha morte cedo ou tarde.

Só não esperava que fosse tão cedo, constato fechando os olhos e inclinando a cabeça para trás contra o apoio da poltrona —deixando que o sol da Califórnia queimasse minha pele.

Sim, queimasse.

Sou muito branca, puba mesmo. Acho que uma folha de papel deve ter uns três tons mais quentes que eu.

Porém, ao contrario do que seria esperado para uma pessoa na minha situação, eu não chorei e nem culpei ninguém; apenas aceitei tudo como tivesse sido diagnosticada com uma simples gripe no meio das férias de verão: chato, mas ainda existem aspirinas, né?

Só que essa gripe poderia acabar com minha vida a qualquer momento.

Mas, como qualquer outra pessoa, eu não podia fugir da morte.

Apesar de eu ter brincado com ela por muito tempo.


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Notas finais do capítulo

Eai?
Eu e você...
Nos comentários...
Vai rolar?
Tô te esperando



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