Passos longos. Ansiedade. Queria olhar nós olhos dos malfeitores de modo que visse seus medos e seus pontos fracos, a caminhada até a escola era curta, já podia ver alguns estudantes chegando a suas proximidades, em minha mente tudo se organizou tão rápido que não tive problemas para pensar no que faria.

Eu queria o medo, o pavor, a angústia delas. Sim, eu queria ver todos eles sofrendo, como nunca haviam sofrido. É, acho que havia virado uma sádica.

Cheguei a escola não tão cedo, os demais alunos já estavam no pátio, há espera do sinal, entrei pelo portão e segui até meu armário, que para minha alegria, fica ao lado do armário do Neji, que ao fundo se aproximava.

_Bom dia. – Suas palavras eram doces, penetravam em meus ouvidos como uma melodia.

_Bom dia. – Respondi.

Peguei alguns livros e me dirigi a sala, percebi que até meu jeito de andar estava diferente, agora se assemelhava ao de Sakura, porem a diferença é que eu tinha o que mostrar.

Fui até a sala de matemática, primeira aula. Elas estavam lá, no fundo, rindo e tagarelando como sempre, ao me ver se surpreenderam, acho que pensaram que eu iria mudar de escola ou algo assim, como se o maldito bêbado fosse fazer algo por mim, ainda mais me mudar de escola no meio do trimestre.

Me sentei na primeira carteira, abri meu caderno e escrevi alguns poemas, não de amor ou felicidade, mas sim de morte e dor, isso estava estampado em minha mente, para completar, até fiz uns desenhos, e fiquei nessa até o professor de matemática entrar; um homem magro, feio e de óculos, o pior é que o maldito tinha alguma coisa contra mim, me ignorava, e as vezes até ria das brincadeiras de mal gosto que faziam comigo, sempre, sempre me tratava como um lixo humano.

Ele ficou escrevendo equações no quadro negro, enquanto a ‘turminha’ da Sakura continuava a me jogar bolinhas de papel, ele fingia que não via, como sempre. Mas a cada riso, cada comentário, cada conversa que eles tinham lá atrás me irritava mais e mais, um ódio crescente se manifestou em mim, e me fez fazer algo que nunca pensei fazer.

Me levantei, calmamente, e andei até o fundo da sala, vidrada na loira nojenta que ali estava, e que agora me olhava pasma, pela primeira vez vi medo em seu olhar. 

_O que você tá fazendo aqui, vadiazinha? – Ela se levantou, não respondi nada, apenas estiquei minha mão até seu cabelo, e o puxei com toda a força, a fazendo cair no chão, e arrastando-a pela sala, toda a turma me olhava, calados.

_AAAh, me solta, me solta! – Sakura estava tão assustada que não sabia o que fazer, ficou apenas sentada em sua carteira, assistindo sua amiga ser usada como pano de chão, o professor me fitava sério.

_Professor, me desculpe se você é um babaca incompetente que não tem moral nem para pedir pra eles pararem de me incomodar, isso é falta de mulher? É por causa dos dias em que apenas as duas vem para cá, e depois suas notas sobem drasticamente? – Isso era fato.

_Sakura... – Ele limpou os óculos. – Saia, agora. – Obedeci sem questionar, sai da sala com a cabeça erguida, e pode parecer meio maluco, mas até feliz. Não fui a diretoria, seria inútil ficar de castigo e perder tempo... Apenas fiquei parada na entrada no colégio, olhando para o nada, pensando no meu próximo feito, foi quando vi minha próxima vítima se aproximar... Sasuke, tão ingênuo como uma gazela. Estava vestido para a aula de educação física, e se aproximava de mim cada vez mais, foi quando uma idéia mirabolante invadiu minha mente. Ele já estava bem perto, e ao me ver, sua expressão mudou para de medo, pavor. Tentou se focar em outra coisa, e olhou para o chão, enquanto passava por mim, fingindo nunca ter me visto em sua vida.

_Se divertiu ontem a noite, não foi? – Ele parou, e olhou para trás. Me foquei em seus olhos.

_Eu poderia ir até a polícia, na verdade... Meu padrasto disse que se eu precisasse, ele iria se encarregar de me levar... – Sua cabeça estava baixa. Continuei.

_Você vai ser preso, sua namorada vai ser presa...

_Mentira! – Gritou. – Você não pode provar nada, sua grande mentirosa! – O tom de sua voz era ameaçador.

_Ah, eu posso... Posso sim, não duvide de mim.

_Eu não fiz nada... Foi a mandado de Sakura!

_Não importa, você fez, e o que foi feito não pode ser mudado... Aliás, onde está minha camiseta?

_Pergunte para Ino... – Sua Voz estava mudada, parecia até um pouco chorosa.

_Sasuke... Eu disse que podia contar, não que eu vou...

_Então...

_Não quer dizer que eu não conte, quero dizer que posso manter em sigilo, se você fizer algo por mim... – Era tão fácil que até perdia a graça, ele estava caindo direitinho em minha teia.

_O quê? – Ele olhou em meus olhos, era realmente um desperdício fazer algo que danificasse sua perfeição. 

_Termine com Sakura.

_Só isso?

_Não. – Ri maliciosamente. – A outra condição lhe contarei depois, hoje a noite. Me leve a um restaurante bem caro. – Disse saindo, e deixando ele parado, confuso, tinha certeza de que tudo daria certo...