À Espada Pelo Sangue escrita por LahChase


Capítulo 61
Capítulo 49 - Desespero e Juramentos


Notas iniciais do capítulo

Oi seus lindos!!
Gente, eu fico de joelhos se quiserem, mas peço de coração que me perdoem! A vida está tão "corrida maluca" ultimamente, que tou tendo que escolher entre escrever ou responder os comments maravilhosos de vocês. Mas saibam que eu os leio todos e sou apaixonada por cada um deles. Então, por favor, perdoem-me e não me abandonem!
Agradeço a Ary, Minoran e Alhene Malfoy por seus comentários lindos. Não falo por falar. Juro que são os motivos de eu continuar escrevendo ❤



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Acordei buscando por ar em uma respiração arquejante. Meu peito se apertava em uma dor pulsante que diminuiu aos poucos enquanto eu sentava na cama do quarto de hotel onde estava com a equipe. 

— Ai! - deixei escapar, levando a mão ao peito esquerdo, sentindo o coração sofrer por mais alguns instantes. 

Que sensação era aquela...? Eu tinha certeza de que a havia sentido antes, mas minha mente ainda estava enevoada pelo cansaço e pela surpresa.

Busquei meus óculos novos ao lado do travesseiro e os coloquei no rosto, imediatamente sentindo o desconforto que era tê-lo apoiado sobre o nariz. Ainda não havia me acostumado. Saltei da cama e cambaleei até o banheiro, encarando meu rosto suado no espelho e em seguida o lavando com água fria da torneira. Tentei não fazer muito barulho, pois Charlotte e Alicia dormiam no quarto, assim como Izumi, que havia - finalmente - decidido descansar. 

Depois do resgate de Kess, todos nós seguimos por caminhos diferentes para um hotel longe do prédio da delegacia, quase na saída da cidade. Quando nos encontramos, Izumi nos deu cinco horas de descanso antes de partimos urgentemente, pois nos era perigoso permanecer na cidade. 

De acordo com o relógio na parede, faltavam duas horas para sairmos.

Encarei-me no espelho novamente, sem tirar da cabeça o que me acordara de meu sono.

— O que foi isso...? Onde eu já senti isso antes...? - sussurrei, e a resposta me veio como um estalido.

O preço. 

Era de onde eu conhecia aquela sensação, pois era exatamente a mesma que eu sentira depois do ataque no restaurante, quando Daímonas cobrara o preço pela revelação de minhas habilidades secundárias. 

Assumi uma expressão sombria. Isso queria dizer que ele agora havia cobrado pelos serviços que me prestara no cárcere.

Lancei um olhar rápido às minhas companheiras de equipe, verificando o estado delas. Estavam bem. Apressada, me esgueirei para fora do quarto e caminhei a passos largos até a porta dos garotos, batendo nela com insistência.

Um Hiro de cabelos bagunçados a abriu.

— May-chan. - disse, com um bocejo - Aconteceu alguma coisa?

Inclinei o corpo para ver dentro do quarto.

— Está tudo bem aqui? - perguntei, e minha  soou trêmula.

Ele franziu a testa.

— Ahn... Sim, perfeitamente. 

Suspirei. Então não fora aqui. 

O alívio passou logo em seguida. "Se ele não cobrou o preço aqui... então onde foi?"

Minha família.

Sim, meu primeiro pensamento foi Tio Henry e meus primos, e foi o que me levou a correr à recepção do hotel e pedir para usar o telefone. Eu havia sumido da festa e não dava notícias desde então, o que fazia totalmente compreensível a bronca enorme que aturei de meu tio e de Liam, bem como as súplicas de Lizzy para que eu nunca mais repetisse aquilo. Mas me senti tão aliviada ao ouvir suas vozes que quase chorei de alegria diante das reprimendas. Fiz o possível para me esquivar das perguntas sobre meu paradeiro e motivos para o meu sumiço, e me despedi com uma promessa de retorno e jurando que ligaria em breve. 

Colocar o telefone no gancho foi um movimento que sincronizou com o desespero que me atingiu.

"O preço sempre custa algo que é importante para você" relembrei as regras de Daímonas, juntamente com sua fala: "Não ficará tão agradecida quando eu tomar meu pagamento". 

Só havia mais um lugar que importava e que eu não havia pensado. Não havia considerado porque sempre o imaginei totalmente seguro. Mas e se não fosse...? "Laura, Luther!"

Eu corri para o jardim, onde sabia haver uma fonte que jorrava água suficiente para formar um pequeno arco-íris. Procurando nos bolsos com pressa, peguei um Dracma e o lancei, fazendo a prece.

— Ó Íris, deusa mensageira, aceita minha oferenda. Mostre-me Laura Jacobs. 

O sol refletiu na moeda enquanto ela girava no ar, ela caiu na água, desaparecendo, esperei por cinco, dez, quinze segundos e... nada. Sendo tomada por uma agonia que me trazia lágrimas aos olhos, apalpei meus bolsos à procura de mais um Dracma.

— Ó Íris, deusa mensageira, aceita minha oferenda. Mostre-me Drake Farrell. 

Mais uma vez a moeda caiu e desapareceu, mas nada aconteceu. Busquei mais uma.

— Mostre-me Michael Yew.

Nada.

— Mostre-me Shayla Milan.

Nada.

— Mostre-me Kyle Harris.

Minhas moedas acabaram, enquanto minha aflição apenas aumentava. Fiquei encarando a fonte com um olhar vidrado. 

O que estava acontecendo? Por que eu não conseguia contactar ninguém no Acampamento? Isso significava que realmente Daímonas cobrara seu preço lá...? Ele tomara de mim meus irmãos...? Mas se fora assim, por que eu não conseguia falar com Drake e os outros? 

Minha mente começou a ser bombardeada por hipóteses cada vez mais desesperadoras, minhas mãos tremendo e a respiração falhando, fui sendo consumida pela preocupação.

"Eu disse que tragaria o que lhe é importante, não disse?" a voz ecoou em minha cabeça.

— Daímonas... - murmurei entredentes.

"Eu vou consumir você, milady, e me alimentar de seus desejos sombrios."

Apertei os punhos.

— Eu... Eu não vou d-deixar...

"Você não precisa. Agora mesmo seu ódio por mim está crescendo, posso sentir no sangue que compartilhamos."

— Não...

— Ei.

Minha reação à voz que soou atrás de mim foi me armar de Prostátida em uma fração de segundo e erguer a lâmina ao mesmo tempo em que me virava para ver quem era.

— Pelos deuses, por que você sempre faz isso?! - Ian exclamou em tom de reclamação, com as mãos erguidas.

— Ian... - minha voz escapou em um soluço, e eu já chorava antes que me desse conta.

"Que fraca..."  Daímonas prosseguiu "Vê o que te faço passar? Agora está mostrando a ele toda a sua fragilidade."

— Eu não... Saia, Daímonas... - consegui suplicar e vi Ian franzir a testa com raiva.

— Daímonas. - a voz dele soou firme - Deixe-a.

"Ora, que fofo. Milady, diga a seu amigo que ele não tem autoridade sobre mim, só você pode me ordenar o que quer que seja." 

Ian estendeu a mão e segurou meu punho, com um olhar determinado que me fez buscar forças para respirar fundo. Ele estava dizendo que estava ali pra mim, que eu podia vencer.

Trinquei os dentes, apertando o cabo de minha espada. Eu precisava ser capaz de resistir. 

— Daímonas, cale-se. - ordenei, embora ainda sentisse as lágrimas em meus olhos - Eu não vou ceder às suas loucuras.

A risada dele ecoou. 

"Você já está cedendo."

Com essa fala, sua presença opressora me deixou, e eu senti minhas pernas fraquejarem. Ian me segurou ao passar os braços por meus ombros, apertando-me em um apoio seguro e firme. Fiquei fitando o chão por alguns instantes, incerta, incapaz de reagir. Muitas coisas estavam acontecendo ao mesmo tempo.

— O que aconteceu? - o filho das águas me perguntou, fazendo-me erguer o olhar pra ele.

Engoli em seco.

— Daímonas cobrou seu preço. 

 

 

Ataque frontal, defesa lateral, esquiva, gira, arco vertical, rasteira, desvia...

Ian era bom em me acalmar com palavras, como eu sabia por já ter tido provas disso anteriomente. Mas, de alguma forma, era ainda mais confortável lançar fora as minhas preocupações treinando com ele do que conversando. Ali, em meio a golpes e ataques, nós nos conectávamos de uma forma que me era incompreensível. Tão incompreensível quanto aquele garoto. 

Ian me era um mistério. Alguém cujo passado estava encoberto, cujas palavras me surpreendiam, e cujas ações eu não podia prever. Quando juntos em campo de batalha, eu podia reagir instintivamente aos seus movimentos e ele aos meus, mas, quando lutando um contra o outro, era como se ele fosse outra pessoa. Paradoxal, já que mesmo assim eu me sentia ligada a ele naqueles momentos. 

De qualquer modo, eu estava jogando nele minhas frustrações, e ele as estava jogando para longe. Um demônio que queria me tragar. Subjugue-o. Meus sentimentos estavam enveredando por caminhos perigosos. Tome de volta o controle. Eu não sabia qual fora o preço. As resposras virão na hora certa. Meus irmãos podiam estar mortos. Não assuma o pior antes de ter certezas. O Acampamento estava incomunicável. Não completamente. 

A falas que Ian não proferira eram, na verdade, as respostas que eu era capaz de pensar quando minha mente era clareada graças às suas ações. E esta última me atingiu juntamente a um arco poderoso que trouxe de volta a mim a razão. Arregalei os olhos e abaixei minha espada, parando a luta. 

— Tem razão. - murmurei, fitando o garoto que me encarava com um olhar questionador.

Ignorei sua pergunta prestes a ser expressa, e levei os dedos aos lábios em um assovio alto. Em alguns segundos, Link pousava em meu braço.

— Ai! - exclamei, pois estava sem a proteção de couro contra as garras afiadas do pequeno. 

Eu o fiz pousar na fonte e me ajoelhei diante dele.

— Ian, tem uma caneta? - pedi. 

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Tenho cara de quem carrega caneta por aí? 

Revirei os olhos.

— Tá. - resmunguei - Vou buscar  na recepção.

Fiz menção de levantar, mas ele pousou a mão em minha cabeça e me fez perder o equilíbrio. Caí sentada na grama.

— Mas o que...?

— Eu pego. - cortou-me e caminhou na direção da entrada.

Lancei às suas costas um olhar apertado, em seguida ajeitando o óculos no rosto.

— Ele é louco, tenho certeza. - falei para Link.

A corujinha virou a cabeça de lado, como quem não entende, fazendo-me rir. Posicionei o indicador sob seu bico e o acariciei.

— Ah, Link... - suspirei - Como sinto falta de outros tempos... Desde que saí em missão, é apenas um problema atrás do outro, e sinto como se nunca fosse parar. Já foi ruim perder papai, a incerteza quanto a Layla, as descobertas sobre Jay, sobre Himeko, as prisões... Eu não sei se posso suportar que algo aconteça a Laura ou a Luther... Eles foram os motivos pelos quais me arrisquei a me meter nisso tudo.

Link me encarou com carinho diante de minha confissão, e se inclinou para frente, mordiscando meu cabelo no que eu imaginei ser uma espécie de tentativa de conforto. Permiti um sorriso.

— Você é o melhor, meu pequeno. - sussurrei.

Quando Ian voltou com a caneta e um pedaço de papel, escrevi palavras para as quais ansiava a resposta:

"Drake, pelos deuses, eu imploro que me diga que meus irmãos estão bem. O que aconteceu aí?" 

Rezando por boas notícias, enviei Link ao Acampamento.

 

 

 

Não tive tempo para continuar alimentando minha ansiedade. Pouco depois de nosso treino intenso, no qual me recuperei melhor de minha crise emotiva, Izumi mandou chamar para uma reunião, e fomos até o quarto dos garotos, onde sentamos sobre as camas enquanto encarávamos a líder à espera das orientações. 

Alicia estava sentada no colo de Matthew, com as pernas estiradas sobre as pernas de Kess, que tinha um dos braços engessado. Charlotte pareceu achar a cena bonita e imitou a posição com Ian e Hiro, que mantinham nos rostos as expressões neutras. Eu permaneci sozinha na terceira cama, as pernas e os braços cruzados, apreensiva pelo que viria, a boca apertada em uma linha fina.

— Eu tenho algumas coisas para falar com vocês. - Izumi começou, passando o olhar pelos rostos de todos - Espero que me ouçam sem interrupções até o final. Só então poderão questionar minhas decisões, okay?

Assentimos. 

Eu não gostava de ser liderada, e muito menos por alguém inflexível. Mas isso era antes de conhecer Izumi e estar sob o comando dela. Izumi era compreensiva e firme, inteligente e forte. Ela conseguiu ganhar meu respeito, e estar com ela por perto me dava uma sensação de segurança, e a certeza de que ela sabia o que estava fazendo. Além disso, ela estava sempre disposta a ouvir conselhos e sugestões. 

— Primeiramente, sobre Himeko. - seu tom soou amargo, e eu franzi a testa, estranhando que ela chamasse a irmã pelo nome e não por "Nee-sama" - Todos já ouviram sobre seu passado, como May-chan contou, certo? Sabemos agora que ela está possuída pelo eidolon de Mitsuki há anos, e que está trabalhando com os demônios. Sendo tão importante como é, assumimos que ela está em contato com os mais altos escalões, ou seja, próxima ao líder deles. Se vocês bem lembram, nosso objetivo original sempre foi identificá-lo e o derrubar. Com o rastrador de Hiro, nós interceptamos uma conversa entre Himeko e um desconhecido, marcando um encontro daqui a um mês, no Cinturão da Ferrugem, em um ponto próximo a Chicago. 

Ela cruzou os braços.

— Claro, nós pretendemos invervir neste ponto. Se formos capazes de ir derrubando os demônios mais importantes, ficamos mais próximos de vencer a guerra e fazer a Maldição regredir. E também ficamos mais próximos de desvendar todos esses malditos mistérios sobre o líder deles e seus planos. 

Ela fez uma pausa.

— Então, o que faremos? - Hiro perguntou, claramente sem se importar com a ordem de não interromper.

Sua irmã não se incomodou.

— É aí que temos uma questão importante. - diz ela - Taiga entrou em contato, avisou que recebi a ordem de regressar à sede do Conselho, em Nova York, para apresentação dos relatórios e para a realização de alguns desafios que foram propostos. Diante da situação, alguns estão se aproveitando e desafiando os Generais para tomar lugar nas cadeiras do Conselho, e eu prefiro estar por perto quando isso acontecer. - ela viu a pergunta se formar em nossas expressões - Não, isso não quer dizer que vamos todos a Nova York. Estamos nos separando.

Nós franzimos a testa em sincronia. Os únicos que não pareciam surpresos eram Ian e Matt.

— Preciso de vocês em campo, e o mais longe possível da base de NY, onde há a chance de Himeko aparecer. Nós não podemos denunciá-la ainda. Para ser sincera, eu considero possível que mais Greno estejam envolvidos com os demônios, e não podemos deixar que saibam que sabemos disso. Vamos criar uma história: May-chan e Ian-kun estão desaparecidos desde a festa na mansão, e o resto de nós não faz ideia do envolvimento de Himeko. Talvez possamos sustentar isso por algum tempo. Nós vamos nos separar de acordo com o que sempre fazemos, e nos encontraremos em duas semanas. Matthew passará as instruções quanto à comunicação e a onde cada dupla deve ir.

Ela passou o olhar por nossos rostos ainda meio pasmos e continuou:

— Taiga também falou que intensificaram as buscas por May-chan, embora não saibam ainda sobre sua aparência, parecem ter descoberto seu nome. Ele disse que foi enviado ao Acampamento Meio-Sangue para verificar se os filhos legítimos de JJ-sama estão lá. E, se os encontrar, deve levá-los de lá.

Arregalei os olhos.

— Não, ele não pode! - deixei escapar, já nervosa com a possibilidade. Se Laura e Luther caíssem nas mãos da Família, sendo que esta está envolvida com os eidolons... Será que era esse o preço de Daímonas...?!

Izumi fez um gesto apaziguador.

— Calma, May-chan, eu pedi a Taiga que desse um jeito nisso. - ela fitou meus olhos de forma intensa - Espero que considere isso uma prova de minha confiança em você. 

Paralisei, estática por alguns instantes com as palavras da líder. Izumi confiava em mim... Descobri que isso me trazia um alívio incrível, como se tirasse de minhas costas um peso que sentia desde nossa conversa antes da festa de gala, quando suas palavras exprimiram que ainda tinha dúvidas quanto a mim.

Foi como eu soube que chegara a hora. 

Essa ideia vinha rondando minha mente aos poucos, e foi crescendo em meu coração. Não restavam dúvidas agora.

Assumindo uma expressão determinada, coloquei-me de pé e desembainhei Prostátida com um movimento rápido. E então coloquei sua ponta contra o chão à medida que ficava dobrava um joelho. Sustentei o olhar de Izumi.

— Izumi Asada. Você conquistou minha admiração, e meu respeito. E agora você me prova completamente que é mais do que digna de minha lealdade. Eu te ofereço minha espada e a minha força. Lutarei por você enquanto precisar de meus esforços.

E, com isso, eu me tornei uma familiar da Herdeira dos Greno.


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Notas finais do capítulo

Eu de novooo!
A equipe está se separando! O que acham disso?
Bom, estamos entrando na última fase da fanfic, mas ainda temos umas tretas pra vivenciar! Teorias??
Gente, posso não merecer, mas que queria mesmo implorar por comentários! Contem-me seus pensamentos, digam se gostaram, se odiaram, podem até me xingar por demorar a postar, mas comentem, please! ^^
Agradeço muito por lerem até aqui, vocês servem como inspiração ♡
Até mais
~jaa ne!