À Espada Pelo Sangue escrita por LahChase


Capítulo 47
Capítulo 38 – Sem Origem e Descendência.


Notas iniciais do capítulo

Oie, pessoinhas lindaaas ♥
Então, estou um pouquinho atrasada, mas é porque eu viajei e não tive como postar antes. Mas, aqui estou eu ^^
Agradeço de coração os comentários de Leta Le Fay, Minoran, Ary e Alhene Malfoy ♥ Vocês me fazem muitíssimo feliz. E, mais uma vez, perdão pela demora a responder -.-'
Bom, espero que gostem. Vejo vocês no final ♥



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Ian falou que iria cobrir o meu turno, pois Izumi queria que eu tivesse um sono tranquilo que me proporcionasse tudo o que eu precisava para ter o sonho sobre Jayden. Eu levei quase trinta minutos antes de ser capaz de me acalmar dentro da barraca. Não importava se era apenas o vento ou meus próprios movimentos, eu sentia aranhas em todos os cantos. Na tentativa de acabar com isso e distrair minha mente, peguei o pequeno papel que Link havia trazido com a resposta do Acampamento. Havia escrito:

“Oi, May, é o Mike. Como vão as coisas? Estamos com algumas tensões aqui, mas vai tudo bem, na medida do possível. Sinto sua falta. Espero que esteja cuidando bem de seus ferimentos”.

“Hey, maninha! Relatório da missão: Laura e Luther estão com saudades, mas já se acostumaram melhor com o ambiente. Eles pintaram um quadro lindo no Chalé 7 ontem. Estão ansiosos pra te mostrar”.

“Mayara, foi bom ter mandado a espada do seu pai. No entanto, eu não posso designá-la a nenhum dos seus irmãos. Isso deveria ter sido feito por Jack ou por Layla. Vou guardá-la até que você volte. Ass.: Quíron”.

“May, não esqueça dos morangos. Cuide-se. PS.: Sean quer saber quantos monstros você já matou”.

Sorri diante das palavras dos meus amigos e de meu professor, e algo em mim se aquietou. Peguei o frasquinho de Kyle em meu pescoço e aspirei o aroma de morangos. Ele estava certo quando disse que isso me faria lembrar de lá. Recordando sobre o momento, examinei o papel mais uma vez, à espera de ver mais algum recado, já que não havia nenhum remetido a Shayla, mas todo o espaço fora preenchido pelos demais.

“Talvez só tenha faltado espaço” tentei me convencer. No entanto, eu não tinha tempo para pensar sobre isso. Colocando o assunto de lado por enquanto, apaguei a lanterna e fechei os olhos, ainda com a mente vagando.

 Mas, quando finalmente consegui adormecer, o sonho que tive superou minhas expectativas.

Primeiro, eu me vi diante de duas portas. Tudo ao meu redor era escuro, e as portas seriam idênticas à da minha casa, e uma à outra, se não fosse pela placa em uma delas. A placa, claramente com um aspecto de Prata Olimpiana, tinha o nome de Jayden cravado em grego. Fiquei de pé à sua frente, perguntando-me o que deveria fazer. Após esperar sem que nada acontecesse, estendi a mão para a maçaneta, e girei-a. Com um rangido suave, ela se abriu, e todo o ambiente ao meu redor mudou.

Vi uma mulher, rosto encoberto por um capuz, fios de cabelos loiros escapando pelas bordas, o andar cauteloso a fim de misturar-se às sombras da noite. Em seus movimentos, uma urgência, em seus braços, um bebê. Eu soube de imediato que aquela criança devia ser Jayden, e a cor intensa de seus olhos confirmou.

A mulher parou em frente a uma porta enorme, de madeira e decorada no estilo oriental. Ela bateu com força. Vi gotas de água molharem o rostinho de Jayden, e compreendi que eram lágrimas da mulher. A porta enorme foi aberta, mas a pessoa do outro lado apenas viu um bebê enrolado em um casaco preto, chorando no chão. A mulher havia corrido para longe, quase como se fugisse de algo.

O sonho mudou. Agora Jayden tinha cerca de cinco anos, e estava socando um tronco de madeira cravado ao chão, igual ao que tínhamos no meu dojo de Karate. O nome japonês para aquilo era makiwara. Socar aquilo era um treino comum, mas normalmente não se colocava crianças para fazer isso. O impacto do punho podia ser muito doloroso, e, não raramente, nós socávamos até sangrar. A cada batida que Jayden dava no makiwara, a peça tremia. Outras crianças, todas com cerca de treze anos de idade, o observavam com admiração, enquanto um adulto fazia uma contagem.

Apesar de eu estar ciente de que a fala era em outra língua, meu Past Dream devia vir com algum tipo de Google Tradutor Divino, porque eu era capaz de entender perfeitamente o que era dito.

— Ele não vai mesmo parar...? – uma garota comentou com um colega, enquanto a contagem chegava em trezentos e cinquenta.

— Esse garoto é insano...

— E pensar que teríamos duas crianças prodígio na nossa turma. É mesmo um saco. Todos só prestam atenção neles.

— Mas todos sabemos que Asada Hiro é um Greno puro. Ele até mesmo já manifestou sua Habilidade.

— Agora esse aí...

— Origem e descendência desconhecidas, nenhuma Habilidade diferenciada, apenas uma agilidade absurda e uma resistência considerável. Não se sabe nem mesmo se é Greno ou não. Mas ainda assim se destaca por ser melhor que nós. Esse garoto é o pior.

— Sensei! – ouvi uma voz e procurei de onde vinha. Foi então que notei Hiro, com cerca de nove anos, socando outro makiwara da mesma forma que Jayden fazia – Sensei, há vozes atrapalhando.

Ele lançou um olhar para o grupo que fazia os comentários, e o instrutor os mandou calar a boca. Aborrecidos, eles obedeceram.

— Greno puro ou não... – um deles sussurrou – Esse pirralho ainda é um pé no saco.

A imagem mudou novamente. Agora, havia uma cela suja, as paredes manchadas de sangue seco, e Jayden estava sentando numa cadeira no canto, balançando os pés no ar, feliz da vida. A porta foi aberta e um homem foi jogado lá dentro. Em seguida, outro homem, de porte forte e vestindo um terno preto, passou pela porta. Ele tinha olhos escuros, uma fisionomia dura e cabelos pretos. Jayden fixou os olhos grandes nele enquanto o mesmo o olhava de cima.

— Papa! – Jayden sorriu.

— Pronto para mais um, shinigami?

A expressão do garoto ensandeceu de repente.

— Posso? – perguntou animado.

Um som se fez ouvir, como se algo elétrico fosse ligado. O homem lançou um olhar para a parede.

— Parece que já começaram com aquele garoto. – suspirou e então olhou para Jayden novamente – Quando eu mandar parar, obedeça. Não queremos que o hospedeiro morra.

O menino tirou da bainha uma adaga de lâminas duplas, como a da foice que usara contra os demônios depois da luta comigo. Girando a arma na mão, ele lentamente caminhou até o homem caído.

— Hai, papa.

O sonho mudou.

— Vou poder sair?! – os olhos de Jayden brilhavam enquanto ele falava aquilo.

Os adultos à sua frente o encaravam com um misto de desejo e repulsa, da mesma forma que se encara uma lâmina ensanguentada: sabendo o seu valor como arma, mas desprezando-a por não estar limpa.

— Você vai manter sigilo, shinigami.

— Hai! – Jayden assentiu, veemente.

O mesmo homem da outra visão estava de pé ao lado do garoto, e recebeu um envelope vermelho nas mãos.

— Já que a formação do laço com a foice foi um sucesso, cremos que esteja na hora de fazer um melhor uso das suas habilidades. – um dos adultos falou.

— Por isso nós vamos te testar hoje. Se conseguir, vamos poder te mandar em missões especiais mais vezes. – outro completou.

O homem que Jayden chamou de papa abriu o envelope e leu o que estava escrito.

— Acha que ele está pronto? – alguém lhe perguntou.

Ele ergueu o olhar.

— Eu o criei para tanto. – disse – Ele será meu sucessor, e vai cumprir as missões perfeitamente.

Mais uma vez, o sonho mudou. Desta vez vi mais um cenário escuro, como uma sala fechada, mais parecia um escritório. Os móveis estavam meio bagunçados, mas eu podia ver que eram do tipo caro. Em uma das paredes, uma foto enorme estava emoldurada de forma extravagante. Na imagem, um homem em um uniforme militar enfeitado com várias medalhas, com um porte imponente, posava ao lado de uma bandeira. Apenas de olhar, eu não podia dizer de que país era aquela bandeira, mas aquele homem era claramente uma figura importante por lá, como algum tipo de líder militar, talvez um ditador.

Enquanto eu encarava o quadro, ouvi um murmurar assustado, e virei-me para procurar de onde vinha. No outro canto da sala, o homem da foto se colocava à frente de uma mulher e um adolescente. Jayden estava à frente deles, com sua foice em mãos, meio hesitante.

— Acabe logo com eles, Shinigami. – o homem de preto falou, e o garoto o fitou.

— Mas, papa, não tem graça. Eles não têm demônios, e nem estão lutando. Por que preciso cortá-los?

— É a missão, garoto. Cale a boca e faça. Não questione. Vamos, seja um bom garoto.

Foi quando o homem no chão atacou. Ele partiu para cima de Jayden com um abridor de cartas, pronto para enfiá-lo no corpo do menino, mas este facilmente desviou. Diante do ataque desesperado do militar, Jayden abriu um sorriso.

— Agora sim! – exclamou, erguendo sua lâmina e partindo para cima do homem.

Foi um massacre que durou pouquíssimo tempo, macabro e sanguinário de mais para que eu o descreva. Menos de um minuto, e todos os três estavam ensanguentados no chão, morrendo lentamente de hemorragia. A criança que empunhava a foice da morte encaixava-se perfeitamente no título de Shinigami. Sua expressão ao ver que a luta havia acabado era de pura frustração.

— Shinigami. – o homem de preto chamou e Jayden se virou para ele, todo sujo de sangue.

Ele ergueu a mão e deu um tapa poderoso na face do menino, que foi jogado ao chão.

— Nunca questione a missão. – disse, olhando-o de cima. Ele fez uma pausa e então falou: – Levante-se.

Jayden obedeceu, apenas para ser socado para o chão novamente.

— A família foi generosa em te acolher, seu bastardo sem descendência. Tudo o que tem que fazer é o que mandam, sem perguntas, sem argumentos. Levante-se.

Mais um soco.

— Nós deixamos que você se divirta com as lutas, não deixamos? Mostre sua gratidão. Você é o próximo Shinigami, meu sucessor. Não ouse manchar minha reputação com falhas, entendeu? Levante-se.

O garoto dessa vez ficou de joelhos e se curvou.

— Perdão, papa. – disse.

O homem de preto o fitou por alguns instantes, e então se abaixou, levantando seu rosto.

— Muito bem. – falou – Você executou a missão de forma satisfatória. Contanto que não me questione mais, eles vão ficar felizes em te dar mais missões. Quem é você?

— Sou Jay Kill, Shinigami dos Greno. Não importa se eu morro ou vivo, devo obediência à família. – Jayden recitou, como se fosse algo repetido várias vezes.

O homem assentiu.

— Ótimo.

 

 

Acordei assustada, com o coração acelerado. Mas, assim que abri os olhos, senti uma dor se espalhar por minha cabeça. Mais um pouco e notei a febre, bem como o fato de meu corpo inteiro estar tremendo. Demorei um pouco mais para perceber que eu não estava mais em minha barraca, mas sim dentro de um carro. Sobressaltada, tentei entender o que estava acontecendo, mas a dor em meu crânio era de mais para que eu pudesse pensar direito.

— Calma, May. – ouvi a voz de Charlotte ao meu lado, e só então minha visão focou o suficiente para vê-la bem.

Ela estava sentada no banco de trás, ao meu lado, enquanto Ian sentava ao volante. Lá fora, a estrada passava rapidamente, e o sol estava se pondo.

— O-o que...? – tentei falar, mas minha garganta doía imensamente.

— Você não acordava, não importava o que fizéssemos. – Charlotte explicou – Está com uma febre altíssima e tremendo muito. Nós tivemos que alugar este carro para poder viajar.

— Eu... Doente? – murmurei.

— Você teve o sonho com Jayden, não teve? – ouvi a voz de Ian.

Assenti com a cabeça, esforçando-me no ato pela dor.

— Isso então não deve ser doença. – ele continuou – Consequências dos nossos poderes muitas vezes são feitas para nos deixar mais fracos. No seu caso, isso aí deve ser o efeito do uso dele no seu corpo. Amanhã você já deve estar melhor. Como foi o sonho?

Minha expressão se tornou sombria, e consegui dizer:

— Pior do que imaginei.

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu de novo!
Então, o que acharam? Agora conhecemos o passado do nosso querido Jay.
Críticas, dicas, recomendações, expectativas? Contem-me tudo nos comentários, por favor! Amo MUITO comentários, e sempre fico muito inspirada quando vocês deixam até mesmo um Hello ^^
Gente, pra quem tiver conta no Pinterest, eu fiz uma pasta lá, onde vou postar imagens dos personagens da fic. Não serão de minha autoria (o talento pra desenho aqui é pouco), e a maioria vai ser em estilo anime/mangá, mas quem estiver interessado, pode seguir lá:
https://br.pinterest.com/lahchase/personagens-da-fic/
Bom, o próximo capítulo será: Capítulo Extra - Cartas Para o Futuro: Sobre A Família e Alguém Em Seu Presente. Devo postar próximo fim de semana.
Enfim, vou ficando por aqui! ♥ Beijos e até mais ^^