À Espada Pelo Sangue escrita por LahChase


Capítulo 46
Capítulo 37 - A Despreocupação


Notas iniciais do capítulo

Oi oi, gente ♥
Nossa, só tem uma semana desde a última atualização e eu estou com uma saudade enorme de vocês! ♥ ♥ Mas, enfim, aqui estou eu com mais um capítulo ^^
Agradecimentos a Leta Le Fay, Alhene Malfoy, Ary e Minoran por comentarem sempre ♥ Beijos, suas lindas
Bom, sem mais delongas...



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Hiro me entregou um maço de dinheiro, e Charlotte, Ian e eu fomos comprar algumas pizzas para o jantar. Quando voltamos, todos sentaram no chão para comer, e, ao fim da refeição, Izumi anunciou a rotação dos turnos para vigília. Eu seria a segunda, depois de Ian, que acabaria o seu à meia-noite. Decidi me recolher em minha barraca até o horário, apesar de todos terem permanecido acordados, conversando e brincando. Eu tinha muito no que pensar.

No espaço estreito da barraca, eu peguei uma lanterna e a posicionei de lado, deitando de bruscos e em seguida abrindo o diário do meu pai. Eu queria que ele tivesse escrito algo reservado para aquele dia. Talvez, se ele tivesse previsto os acontecimentos de hoje, teria escrito alguma coisa para me ajudar. No entanto, minhas expectativas quanto a alguma ajuda do passado foram frustradas: as únicas anotações que eu podia ler no momento, devido à regra das datas, eram algumas explicações sobre o sistema dos Greno e funcionamento das relações familiares.

Folheei as páginas, sem conseguir me concentrar em seu conteúdo. A tentação de ler além do que devia pairava em minha mente, enquanto eu lhe resistia. Meu pai não dava ordens sem sentido. Por muitas vezes, por exemplo, eu havia questionado o motivo de não poder passar pela rua que ele me proibia, mas agora eu entendia. Graças aos deuses eu não havia quebrado essa regra, ou poderia ter conhecido alguns Ciclopes antes do tempo. Quanto ao diário, eu precisava confiar que papai saberia exatamente os momentos nos quais eu precisaria ler aquilo.

“Ele saberia, certo?” pensei.

Era espantoso. A forma como meu pai tivera acesso ao futuro, a ponto de ser capaz de deixar tanto do meu caminho assegurado... No passado, quando eu pensava sobre as Parcas, destino e esse tipo de coisa, não era capaz de esconder minha repulsa pela ideia de ter uma vida traçada desde sempre. Eu não podia suportar o fato de que meu futuro não estava inteiramente em minhas mãos. Havia tantas vezes discutido com meu pai sobre isso, dizendo sempre que uma vida que há muito fora planejada não era uma vida de verdade. Imagino agora o quanto aquilo devia machucá-lo, tendo em vista tudo o que ele fizera pelo meu destino.

“Queria poder te dizer o quanto sou grata por isso agora, papai” pensei, passando os dedos pelas palavras escritas com sua letra “Se você não tivesse visto o meu futuro e me preparado para ele desde cedo... Eu não sei o que seria de mim em meio a toda essa confusão. Não se preocupe. Eu entendo agora”.

Jack Jacobs Greno... O vidente, JJ. “Ele previu sua própria morte, não foi?”

Por anos, ele cuidou daquela que empunharia a espada que o mataria. Layla... Será que ela sabia também?

Senti um arrepio subir por minhas costas, enquanto o pensamento cruzava minha mente. Minha madrasta... Ela sabia que eu seria usada daquele jeito e ainda assim me amou tanto? O arrepio não passou, ao contrário, parecia caminhar por minhas costas... Virei o rosto para olhar por cima do ombro.

Paralisei.

Meu coração acelerou absurdamente, enquanto o sangue me fugia do rosto e todo o meu corpo ficava frio. Minha respiração se tornou ofegante, e cada músculo se recusou a se mexer. Mesmo meus lábios se tornaram incapazes de se mover, e minha voz sumiu. Meus olhos fitavam a aranha enorme em minhas costas, arregalados, sem poder desviar dela.

Senti o desespero me consumir aos poucos. Queria gritar, espantar a aranha, correr, fazer qualquer coisa, mas meu cérebro estava congelado. As batidas do meu coração ecoavam em meus ouvidos, velozes e desesperadas, todo o meu corpo suava, e lágrimas surgiram em meus olhos, rolando incontroláveis por meu rosto.

Aranhas eram o ponto fraco de Atena, todo mundo sabia. Mas para mim, elas sempre geraram mais do que medo incontrolável. Eu ficava tão apavorada e desesperada que certas vezes chegava a desmaiar. O pior era que, uma vez que eu visse a aranha, eu não conseguiria me mexer, e estava fadada a olhar para ela aterrorizada até que alguém viesse em meu socorro. Uma vez aconteceu na escola. Você não tem ideia do quanto riram de mim por aquilo.

Incapaz de me mover, fiquei ali, naquela posição durante o que pareceram horas. Com o passar do tempo, minha visão oscilava, escurecendo, e meu corpo ficava cada vez mais fraco. Minha consciência ia se esvaindo, e eu já havia chorado todas as lágrimas que tinha. Apesar do terror, eu me recusava a desmaiar. Pior do que ver a aranha, era não vê-la mais. Já havia rezado a todos os deuses possíveis, e estava ficando mais e mais exausta.

Eu perdi as esperanças de que alguém viria em meu socorro, e foi justo quando estava entregando os pontos que uma mão entrou em meu campo de visão, arrancou a aranha das minhas costas e a jogou longe. Ergui o olhar cansado para a entrada da barraca, onde Ian me encarava com um olhar preocupado. Senti as lágrimas de alívio rolarem por meu rosto, enquanto todo o meu corpo relaxava de uma vez, a tensão se esvaindo, o sangue voltando a circular, as mãos esquentando. Minha voz voltou, e soltei o choro preso, enquanto inconscientemente agarrava o braço do garoto com força.

Ian ficou parado, deixando que eu liberasse tudo o que precisava, até finalmente me segurar pelos ombros e observar bem o meu rosto.

— Você está bem. – disse – Já pode ficar calma, nada vai te fazer mal. Respire fundo.

Obedeci, arquejando por causa do choro, e senti meu coração se aquietar mais.

— Uma aranha... – murmurei – Havia uma aranha aqui...

— Eu sei. – ele respondeu – Eu já me livrei dela.

— Eu... Odeio aranhas... – continuei, já sentindo a razão voltar a mim, e de repente envergonhada de ter sido vista naquele estado.

— Eu sei, mas está tudo bem agora.

— Odeio aranhas... – repeti – Por isso sempre deixo a entrada da barraca bem fechada, porque... Não quero que elas entrem.

Ele assentiu, paciente. Franzi a testa, encarando-o.

— Se eu fecho a entrada... Como ela chegou aqui? – perguntei.

Eu o vi franzir a testa.

— Isso importa?

Eu o larguei, completamente consciente, e então lembrando de quando chegara ao acampamento mais cedo, depois de ter ido buscar a comida. Não havia prestado muita atenção na hora, mas eu tinha visto Kess saindo da minha barraca. Senti meu rosto ficar quente.

— Kess. – falei, irritada – Ele colocou isso aqui.

Nós saímos da barraca.

— O que está dizendo? – Ian questionou – Você...

Eu o deixei falando sozinho e marchei para a fogueira, onde Hiro, Kess e Matt estavam sentados, conversando. Os outros provavelmente já estavam dormindo.

— Kess! – chamei.

Ele se virou para mim, surpreso.

— May? – perguntou – Achei que Ian tinha dito que ia ficar com o seu...

— Por que fez aquilo? – interrompi.

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Ahn... Aquilo o que?

— Não se faça de desentendido! – reclamei – Você sabe bem do que estou falando.

Matt ficou de pé ao lado do irmão.

— May, você tá legal? – perguntou, em tom preocupado – Sua voz está estranha, e você está pálida...

Ian se aproximou.

— Havia uma aranha na barraca dela. – explicou e vi Matt estremecer.

— Fiquei lá dentro com ela por horas!

— Na verdade, só tem uma hora desde que entrou na barraca, May-chan. – Hiro interviu.

— Não faz diferença. – falei – Você não tem ideia do quão aterrorizante é!

— Está dizendo que coloquei uma aranha na sua barraca? – Kess soou incrédulo, enquanto ficava de pé, obrigando-me a olhar um pouco para cima. Era irritante que, mesmo ele e Matt sendo mais novos, ainda eram mais altos que eu.

— Não sei de mais ninguém que poderia ter feito isso. – rebati.

— Aranhas têm pernas, May. – ele falou, cruzando os braços – Acha mais plausível que eu tenha feito isso do que que ela tenha andado até lá?

— Eu fecho a barraca pra não entrar nenhuma.

Kess desviou o olhar como quem está tentando evitar se aborrecer.

— Eu não coloquei nenhuma aranha lá, tá legal? – afirmou – Até eu sei dos meus limites.

— Eu te vi saindo da minha barraca mais cedo, Kess. – confrontei – O que estava fazendo lá?

— Acha que fiz isso naquela hora? – ele devolveu, irritado – Francamente. May, olhe direito lá dentro e saberá o que eu fui deixar lá. Devia me agradecer. Sua coruja ficou esperando por um bom tempo até que eu fosse e tirasse o equipamento dela. Assim que o fiz, ela saiu voando. Devia estar com fome.

Ele me lançou um olhar quase magoado.

— Eu sei sobre Atena e as aranhas, okay? Matty também tem pavor delas. Você pode achar que, só por que fiz o que fiz com as armas de Hiro, eu seria capaz de pegadinhas desse tipo. – ele colocou mais intensidade na voz – Você não sabe nada sobre mim.

Com isso, o garoto deu as costas e marchou para longe, em direção ao bosque.

Fiquei parada, pasma, com os pensamentos correndo. Link havia voltado. Foi por isso que vi Kess saindo da minha barraca: ele estava deixando a resposta do Acampamento lá dentro. “Droga” pensei, arrependida de tê-lo acusado sem nenhum fundamento. Havia me deixado levar pelo momento, pelo stress da situação, e não havia usado a cabeça. De repente, eu havia voltado a agir como aquela May de um mês atrás, que gritara com Michael sem motivo plausível.

— Ele tem razão, May. – Matthew falou, apesar de seu tom suave – Eu sei que ainda deve estar nervosa com o que aconteceu, mas você não tinha o direito de acusá-lo.

Suspirei, levando a mão à testa.

— Eu sei. – respondi – Ai, Matt, agi sem pensar. Droga, eu sempre faço isso. Eu juro, não queria magoá-lo.

O garoto balançou a cabeça.

— Não se preocupe de mais. – disse – Ele tem um coração mole. Assim como se machuca fácil, ele perdoa facilmente. Você só tem que pedir desculpas.

— Ah... Espero que sim. – falei, e então fitei o rosto dele – Ele está certo, Matt, não sei nada sobre ele.

Matthew riu.

— Neste caso, basta perguntar. – retrucou – Aquele lá é um livro aberto, sincero até de mais. Pode até parecer que fala sem pensar, mas ele se importa muito com as pessoas. E também não é de mentir, apesar de ter herdado tanto de Hermes, por isso fica meio irritado quando duvidam dele. – ele fez uma pausa – Irônico, não acha?

Não respondi, sentindo-me culpada.

— Eu... Deveria ir falar com ele agora?

Matt olhou para a direção na qual seu irmão havia seguido.

— Deixa ele esfriar a cabeça. – ele se virou para mim – E você também. É melhor ter certeza de que está bem antes de tomar o seu turno.

Hiro ficou de pé.

— E o resto de nós deve ir dormir. – falou – A viagem amanhã será longa, e estaremos por conta própria por metade do caminho.

 

Kess estava cochilando encostado numa árvore quando fui ao seu encontro, dez minutos depois da discussão. Não estava muito claro, mas eu ainda podia ver sua respiração regular e sua expressão tranquila. Pensei se não era melhor deixá-lo dormir, mas concluí que devia ser perigoso ficar dormindo mais longe do acampamento. Tentei me aproximar sem fazer muito barulho, para não assustá-lo, mas, assim que dei um passo mais para perto, ele abriu os olhos e avançou para mim como um raio, com sua adaga em punho. Ergui as mãos, alarmada.

— Opa, opa! – exclamei – Sou só eu!

Ele soltou a respiração, e desencostou a lâmina do meu pescoço.

— May... – disse, guardando a arma e esfregando os olhos – Eu acabei pegando no sono.

Ergui as sobrancelhas.

— Você tem os sentidos apurados, hein? – comentei – Para me ouvir chegando mesmo enquanto dorme.

Ele fez um gesto de desdém.

— Isso é o básico que ensinam às crianças da família. – respondeu – No centro de treinamento que eu e Matt vivemos, os professores podiam nos atacar a qualquer instante durante a noite. Ou aprendíamos a estar sensíveis a qualquer coisa estranha enquanto dormíamos, ou recebíamos algum tipo de punição.

Soltei um riso de deboche.

— Vocês realmente não brincam. – murmurei.

Ele me lançou um olhar.

— O que veio fazer aqui? – perguntou.

Suspirei.

— Eu vim pedir desculpas por ter te acusado naquela hora. – falei, envergonhada – Fui injusta com você. Sem querer justificar nem nada, mas isso sempre acontece depois de algum evento muito tenso. Eu.... Fico meio irracional. Você estava certo, eu não te conheço o suficiente para poder atribuir-lhe qualquer tipo de ação.... Sinto muito por aquilo.

Kess passou a mão pelo cabelo, desviando o olhar.

— Está tudo bem. – disse – Eu é que deveria ter te avisado mais cedo sobre a sua coruja, assim teria evitado o mal entendido. Além disso, talvez a aranha tenha entrado na hora que eu fui deixar as coisas na sua barraca, então... Talvez a culpa seja minha, mesmo.

Eu o observei. Sua postura sincera, o olhar evitando o meu em um claro desconforto, a mão apertando o cabo da adaga embainhada. Diante de sua fala, eu me dei conta de algo.

— Kess, realmente se sente culpado por isso? – perguntei, franzindo a testa – Mesmo não tendo feito nada errado?

Ele me fitou, surpreso. Ficamos ambos calados por alguns segundos, até que ele se virasse, caminhando de volta para o lugar onde estava cochilando antes, e sentasse no chão, ao mesmo tempo emitindo um suspiro zombador.

— Soa ilógico para você? – perguntou, encostando a cabeça no tronco ao olhar para cima, para a copa das árvores.

Ponderei a pergunta, perguntando-me o significado por trás dela. Kess não me parecia o tipo de pessoa que se preocupa com a lógica de um sentimento. Resolvi ser direta com ele, ao invés de tentar desvendá-lo como fizera com seu irmão, lendo-lhe pelas entrelinhas. Se Matt dizia que Kess era do tipo sincero, eu acreditava.

— A princípio, sim. – confessei, sentando ao seu lado – Mas talvez isso mude se me explicar o motivo. Se me explicar quem é.

Ele pareceu observar meu rosto por alguns segundos, e então olhou para frente.

— Isso é... Tomei para mim uma responsabilidade. – falou – De me tornar a pessoa certa para ser o equilíbrio de Matthew. E também de me tornar a despreocupação do grupo. Ao causar um problema real para alguém da equipe, como nesse caso, sinto como se falhasse em meu papel.

— A... Despreocupação? – repeti.

Ele assentiu.

— Você sabe, todos nessa equipe carregam um peso muito grande, estão todos preocupados de mais. Nós precisamos de alguém que quebre a tensão, que traga um pouco mais de leveza pro ambiente. É por isso que estou sempre agindo feito bobo, por isso que até me arrisquei a mexer nas armas de Hiro. Aquilo foi engraçado, não foi?

Assenti.

— Era o meu propósito. Você sabe, descontrair.

— Isso não é... Um fardo tão pesado quanto o que os outros carregam? – perguntei – Quer dizer, se está se tornando o nosso escape, isso não significa ser o mais forte de nós? Não acha que tomar isso sozinho é... Difícil de mais?

Ele deu um sorriso, e negou com a cabeça.

— Já me é natural. – respondeu – Enquanto crescíamos, fui vendo Matty se tornar cada vez mais sério... Eu decidi manter em mim tudo o que ele não se permitia ter. Eu me permiti ser inconsequente, fazer loucuras, arrastá-lo para confusões bobas... Aquele cara é sério o suficiente por nós dois. Sinceramente, acho que uma vida assim é miserável de mais. Não podia, não posso deixá-lo nesse estado o tempo todo. É por isso que eu faço o meu melhor para deixar o ambiente mais leve para ele, para trazer alguma diversão, alguma emoção e aventura. – ele esboçou um sorriso pequeno – Para mostrar pra ele que a vida vai além dos planos frios e calculados que traçamos... Eu agora só estou expandindo isso.

Fiquei quieta, secretamente impressionada com sua atitude. Perceber as necessidades de seu irmão, e então moldar-se para ser aquele a supri-las... O quanto de altruísmo isso exigia? “Não... Ele fez isso por si mesmo também. Por saber o que não queria se tornar, tomou em suas mãos que tipo de personalidade teria”.

— Talvez isso me faça soar imaturo. – ele continuou, quebrando o silêncio – Bem, talvez eu realmente o seja. Mas isso é tudo o que sei fazer agora. Não poderia me tornar um líder, ou um estrategista, ou um especialista como Matty pode. Ele tem todo o potencial e as habilidades... Eu realmente não sou tão bom quanto ele, então decidi me tornar a única coisa que sei que posso fazer melhor que ele. Em algum momento, talvez, ele deixe de precisar de mim, mas, por enquanto, se eu posso continuar a apoiá-lo desta forma...

Seu tom de voz não apresentava nenhum tipo de tristeza ou melancolia. Ao vê-lo falando aquilo, mesmo no escuro, vi em seu rosto que ele na verdade estava satisfeito com a posição que ocupava. Ainda assim, senti que não podia concordar completamente com aquele pensamento. De forma alguma podia deixar que ele continuasse a pensar que era imaturo. Ao contrário, sua postura me parecia muito madura.

— Kess... – comecei – Não consegue compreender? As palavras que acaba de falar... Elas provam que você precisa parar de se menosprezar. Você não precisa ser comparado ao seu irmão. Você não só está satisfeito com como você é, mas também posso dizer que a responsabilidade que tomou para si é essencial. Você e Matt... Vocês se completam. Talvez não possam viver a vida toda dessa forma, talvez o dia em que precisarão seguir diferentes caminhos chegue. Mas enquanto isso não acontecer, vocês estão aprendendo um com o outro. Acredite, há muita coisa do Matt em você, e muito de você no Matt.

Fiz uma pausa.

— Sabe, de início, pode-se pensar que vocês são como água e vinho: completamente distintos e opostos. Mas, na verdade, vocês apenas aprenderam a compensar as falhas e suprir as necessidades um do outro. Eu vejo isso agora. Ambos, pensando no bem um do outro, construíram quem são agora. Continuem assim, e vocês vão descobrir o quão melhores podem ser a cada dia.

Kess sustentou meu olhar por o que pareceu um minuto inteiro, e pude percebê-lo processar minha fala. Aos poucos, ele deixou um sorriso de canto brotar em sua face.

— May, você é mesmo filha de Atena, não é?

Fiquei surpresa.

— Como assim? – perguntei.

Ele riu.

— Você nem se dá conta... – comentou – Você está sempre com essas conversas profundas, não acha? Sempre percebendo os nossos sentimentos. Mesmo na viagem de vinda até aqui. Você conversou com Matty, e com Tori.... Por acaso está querendo se tornar a pessoa que conserta os problemas pessoais dos membros do grupo?

— Não exatamente... – respondi, franzindo a testa. Não tinha me dado conta desse meu costume – Acha mesmo que estou desempenhando esse papel?

Ele riu novamente.

— Acho. – falou, enquanto se levantava. Ele estendeu a mão e me ajudou a ficar de pé – É melhor voltarmos agora. Não é bom ficar longe por muito tempo. E Ian vai se preocupar se você ficar aqui comigo.

— Ah, olha só quem está sendo cuidadoso. Quem é mesmo inconsequente? – brinquei, e então me dei conta da última frase – Espera. O que Ian tem a ver com isso?

Kess me lançou um olhar malicioso.

— Parece que percebe os sentimentos de todos, exceto os daquele cara. – falou, enquanto caminhava de volta para o acampamento, deixando-me para trás.

— Como é? Ei, espera. Explica isso direito... Kess!

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu de novo! ^^
Então gente, o capítulo foi levinho, mas digam-me o que acharam dele ^^ Erros, críticas, teorias, expectativas...? Deixa um comment aí me contando tudo :3 Fico super inspirada quando vocês comentam ^^
Então, eu perguntei quem vocês queriam no próximo Extra, e não tivemos ninguém ganhando por maioria hahaha Agora só me resta escolher, mesmo. De qualquer jeito, ainda essa semana tentarei postar um Cartas Para o Futuro com algumas informações. Vocês têm alguma dúvida que gostariam que o Jack respondesse na carta?
Bom, vou ficando por aqui ♥
Até mais ♥