À Espada Pelo Sangue escrita por LahChase


Capítulo 35
Capítulo 28 – O Preço Por Uma Pergunta


Notas iniciais do capítulo

Oie!!
Então, meus lindoos: eis mais um capítulo ^^
Agradecimentos pelos comentários de Minoran e Leta Le Fay ♥ Amo muito, sério.
Vejo vocês no final ^^



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Quando chegamos à sala, fui surpreendida por um cenário bem menos bagunçado do que quando eu havia deixado o recinto mais cedo. Os livros estavam de volta nas estantes, as poltronas e o sofá estavam em seus lugares e havia menos coisas espalhadas pelo chão. 

— May-chan. – Charlotte veio até mim.

Ela havia prendido os cabelos cor de canela em um rabo de cavalo e estava usando um avental de cozinha, segurando uma espátula com uma das mãos.

— Estamos pegando sua cozinha emprestada, tudo bem?

Achando graça, assenti. 

— Vocês arrumaram a sala? – perguntei. 

— Pedi ajuda a Neko-chan. – ela respondeu, apontando para um canto, onde um livro andava sozinho.

Arregalei os olhos.

— Mas o que...?

O livro caiu deitado no chão, revelando uma garotinha de trinta centímetros de altura por trás. Ela tinha uma pele rosa e cabelos brancos como os de Hiro. Vestia um vestidinho vermelho com branco e tinha olhos roxos. Mas o mais estranho eram as duas orelhas de gato em sua cabeça.

— É um espírito da natureza. – Matt explicou – Tori tem o poder de invoca-los. Normalmente quem tem essa habilidade só pode fazê-lo em momentos de perigo, mas Neko atende os chamados de Tori a qualquer momento.

A menina olhou para nós, sorriu, exibindo caninos afiados, e acenou.

— Meow! – miou.

Franzi a testa.

— Qual é o lance das orelhas e do miado? – perguntei.

— Ela gosta de gatos, então normalmente escolhe aparecer com essa aparência. – Chalotte respondeu – Aliás, “neko” significa gato em japonês.

— Lotte! – ouvi a voz de Ian e desviei o olhar para ele, que vinha andando da cozinha. – Eu definitivamente não vou usar isso!

Caí na gargalhada.

Ele me fuzilou com o olhar.

— Mas o que diabos você está usando...? – ri, sem fôlego.

— Um avental de cozinha, ao que parece. – Matt respondeu, igualmente ofegante de tanto rir.

Charlotte exibiu um sorriso divertido.

— Fica perfeito nele, não?

Não consegui responder, apoiando-me na parede.

— Deveríamos tirar uma foto? – a voz de Hiro surgiu, e eu o vi entrar na sala pela porta da frente.

— Nem ouse!

Mas o garoto já tirava do bolso um celular e preparava para tirar a foto.

Ian partiu para a ação antes que ele fosse capaz, e os dois se engalfinharam pelo chão.

Respirei fundo, obrigando-me a parar de rir. O celular de Hiro caiu aos meus pés e eu me abaixei para pegá-lo.

Franzindo a testa, perguntei a Matt se não era perigoso usar tecnologia da forma como Hiro usava. Ele disse que o garoto havia de alguma forma conseguido contornar este problema, mas que ninguém tinha certeza de como ele o fizera. A verdade era que a maioria até mesmo achava que ele simplesmente não se importava com os riscos e usava de qualquer jeito, mas que ele tinha certeza de que Hiro mantinha algum segredo quanto àquilo.

— Bom, ele tem o necessário, afinal. – comentei – Sendo filho de Hefesto e tudo mais.

Matt concordou.

— Se for para falar grosseiramente, a maior parte das habilidades de Hiro envolve tecnologia. Mesmo quando se trata de combate, ele escolhe usar pistolas ao invés das armas convencionais.

Eu o olhei.

— Agora que falou sobre isso... – disse – Se podemos usar armas de fogo, por que mantemos as espadas e armas antigas, se elas apresentam um risco maior? Não seria mais seguro que todos usassem pistolas e metralhadoras?

Ele negou com a cabeça.

— Não é tão simples, principalmente para nós, que temos que prender os demônios com magia. As habilidades necessárias para usar armas de fogo não são tão simples quanto parecem. Nossos instintos de semideuses estão muito mais ligados às lâminas e às armas convencionais que às de fogo. Hiro é capaz de fazer cálculos instantâneos que garantem sua mira perfeita: ele prevê a trajetória de suas balas em segundos.

— Você também tem que ter dinheiro para produzir tantas balas. – Charlotte acrescentou.

— E, quanto à magia, quando nós a ativamos com as palavras, abrimos tipo um “portal” para a arma. A concentração precisa ser suficiente para permitir a entrada e impedir a saída dos demônios. Quando a arma está em um contato direto com o corpo, é muito mais fácil. No caso das armas de fogo, o esforço é duplicado.

Murmurei um “hmmm” admirado, enquanto observava Hiro em sua brincadeira com Ian.

— Ele é forte. – deixei escapar.

— Mais do que imagina. – a voz de Izumi irrompeu.

Ela apareceu ao meu lado, novamente me assustando. Felizmente, disfarcei bem desta vez.

Ela lançou um olhar ao irmão, e então falou para nós:

— Vou chamar Kess e então vamos nos reunir para comer e resolver o que fazer em seguida. – e subiu as escadas.

Charlotte esperou que ela tivesse sumido escada acima e comentou:

— Izumi-chan acha que Hiro é mais forte que ela, mas ele nunca a enfrenta seriamente para que isso seja comprovado.

— E isso seria por que...?

— Quem sabe? – Matt disse, dando de ombros – Mas se quer saber minha opinião, ele está evitando problemas. Provando que é mais forte, ele seria obrigado a assumir a liderança dos Asada no lugar da irmã mais velha deles. Ele não quer isso de jeito nenhum.

— Matthew, não fique falando do que não sabe. – Hiro disse, liberando Ian de uma imobilização.

Os dois ficaram de pé justo no momento que Kess e Izumi desceram as escadas.

 

Quando Charlotte e Ian serviram o almoço (uma macarronada de salsicha com batata palha), nós nos sentamos à mesa de jantar e discutimos o que faríamos dali em diante. Estava claro que ainda precisávamos de um vidente, e Matt relembrou que RR seria a próxima escolha.

— Embora MM também seja uma opção. – acrescentou.

Segurei uma risada. Que tipo de vidente tinha nome de doce?

Izumi fez uma careta.

— Pelos deuses, prefiro ficar longe de MM e suas insanidades. Como chegamos a RR?

Matt deu de ombros.

— Ela vive no Queens atualmente.

Decidimos ir até ela. O próximo tópico a ser discutido foi a organização das duplas. Ian queria que Charlotte ficasse com ele, mas Matt afirmou que ele e Kess precisavam estar em um trio para serem mais eficientes, e que Charlotte era a pessoa ideal para completar a equipe. Quando o filho de Poseidon se deu por vencido, Izumi trouxe à tona o que eu estivera esperando:

— Bom, agora temos que discutir sobre May-chan.

O silêncio que se seguiu fez meu coração bater mais devagar, enquanto todos os olhares repousavam sobre mim.

— Ela deveria ficar de fora da missão. – Ian foi o primeiro a se manifestar.

Eu o encarei, pronta para rebater, mas ele foi mais rápido:

— Mantê-la conosco é um risco. – disse, olhando em meus olhos – Se o Conselho descobrir sua identidade, não haverá nada que possamos fazer. Ela é procurada! O que acham que vão fazer se...

— Eu não vou desistir da missão! – interrompi, e então olhei para Izumi, sabendo que a decisão final seria dela – Izumi, eu entendo que levar-me com vocês é um risco para a equipe, mas eu não quero fugir. Não agora, que sei o quanto meu pai estava envolvido, e que sei que tenho um papel a cumprir nesta Guerra. Se eu for descoberta, nego o envolvimento de vocês, tomo a responsabilidade por tudo. Mas não me tire da missão, por favor!

— Se você for descoberta, eles não vão ter misericórdia! – Ian retrucou.

Não vacilei, ainda fitando a líder do grupo.

Ela me encarou por alguns segundos. Todos na mesa tinham seus olhos sobre ela, com expectativa. Mantive minha expressão firme, certificando-me de que eles entendessem que eu não voltaria atrás.

Izumi suspirou.

— Você tem certeza disso? Participar desta Guerra é realmente o que quer?

Assenti.

— É o que eu preciso fazer. – respondi, séria.

Ela fechou os olhos, como se chegando a uma decisão.

— Pois bem, você fica conosco. – falou.

Ian desviou o olhar, insatisfeito, e eu suspirei de alívio.

— Ótimo, então as coisas vão continuar como estavam. Mas precisamos de um jeito de prevenir que você seja descoberta. – Matt completou.

— Um pseudônimo! – Kess soou estranhamente animado com a ideia.

Charlotte abriu um sorriso.

— Isso! Deixa eu escolher, por favor!

Pisquei.

— Ahn... Um pseudônimo?

Izumi apoiou os cotovelos na mesa, os dedos cruzados.

— Faz sentido. – disse – Não podemos te apresentar como Mayara Jacobs para os Greno que encontrarmos no caminho.

Matthew assentiu, mas argumentou que além de um nome novo, precisaríamos de uma boa história que explicasse minha origem, e o motivo de ninguém ter me conhecido antes. Depois de meia hora de discussão e ideias malucas para meu passado falso, Hiro pareceu se cansar e finalmente formulou uma história plausível.

Ao fim do almoço, eu era uma Greno cujo pai era amigo da mãe de Izumi e que havia morrido, deixando-me aos cuidados da família, que me enviou para o interior do Japão, onde cresci, devido à minha saúde frágil. Fui criada por americanos (por isso não falava japonês) e treinada em artes marciais e ginástica, mas apenas recentemente havia começado a desenvolver a esgrima.

Charlotte escolheu para mim o sobrenome “Chie”, que significa “sabedoria”, e disse que “May” soava japonês o suficiente, sem necessitar de mudanças. Quando eu fosse ser apresentada a alguém de fora da equipe, esse seria o meu nome.

Quando me dei conta, ainda um pouco pasma com a situação, todos estavam levantando da mesa e levando seus pratos para a cozinha.

— Mais duas horas de descanso e partimos. – Izumi informou.

 

 

Voltei ao quarto do meu pai, esperando poder dormir por alguns minutos. Meus ferimentos sarariam mais rápido se eu o fizesse, e talvez eu fosse capaz de acalmar um pouco meus pensamentos tempestuosos, mas meus olhos não se fecharam.

Apesar de me sentir cada vez mais parte da equipe, eu me culpava por ser um peso. Olhar cada um deles mais de perto só destacava ainda mais minhas fraquezas. E agora, com o Conselho à minha procura, eu estava trazendo problemas. Tudo o que eu tinha era a minha determinação em cumprir o que meu pai desejava, e esse era o motivo para eu não desistir, o que me faria permanecer na missão mesmo que os outros achassem que era um risco. Mas eu faria de tudo para descobrir minhas habilidades, para formar logo o laço com Prostátida, para ficar mais forte.

Esfreguei meus olhos, suspirando. A ideia que surgiu em minha mente não era das melhores, mas eu sabia que não seria capaz de evitar.

“Vai ficar tudo bem...” pensei “Só preciso tomar cuidado com ele”.

Levantei e tranquei a porta do quarto. Liguei o som para impedir que me ouvissem do lado de fora, e peguei a caixa de madeira com entalhos prateados.

Com a ansiedade em minha garganta, eu me ajoelhei no chão e coloquei a caixa à minha frente.

Dois minutos se passaram enquanto eu enfrentava uma luta interior.

“Eu só quero saber sobre uma habilidade secundária, só isso.” Argumentei contra meu medo “Não deve ser caro”.

“Mas Quíron disse para tomar muito cuidado. Sua insegurança não é um motivo bom o suficiente para consultá-lo” foi a resposta.

“Isso não é insegurança. Eu quero ficar mais forte, para poder ajudar a equipe.”

“Um pedido, um preço” lembrei “Está mesmo precisando tanto disso?”

— Só uma pergunta. – respondi – Se o preço for alto de mais, desisto.

Ambas as partes entraram em acordo e eu estendi minha mão para a fechadura, que se abriu, revelando a Página de Prata.

Com a voz baixa, comecei a recitar:

— “Você, que primeiro profanou a terra de meus antepassados e que deles foi feito escravo por justa disputa, responda a quem vos chama. Com a autoridade concedida pelo sangue em minhas veias, eu, Mayara Jacobs, filha de Atena e Jack Jacobs, vos invoco e ordeno: responda às minhas perguntas”.

Névoa preencheu o chão, e a estaca se projetou da Página. Equilibrado em cima dela, Daímonas me lançou seu sorriso faminto. Ele posicionou dois dedos sobre o peito esquerdo e se curvou.

— Milady. — sua voz fria soou — Já faz algum tempo desde que me chamou. Estava me perguntando se havia desistido como os outros.

— Daímonas. – fiz meu tom soar confiante e firme, ficando de pé – Pelo contrário, eu decidi que vou te purificar.

Seu sorriso se alargou.

— Não sei se você é muito corajosa, ou se é inconsequente, mas eu gosto da ideia. Uma vez que você tiver sucumbido pelas minhas induções, poderei me alimentar dos seus desejos de vingança, como fiz com os que falharam antes de você.

Eu lhe lancei um olhar afiado, sentindo uma onda de confiança me atingir. Um desafio tão escancarado era justamente o que eu precisava como combustível para resistir a ele com ainda mais força.

— Você pode tentar. – retruquei – Mas eu não tenho a intenção de me entregar a uma caçada inútil pelo resto da minha vida.

Ele dobrou os joelhos e ficou agachado, equilibrando-se na estaca. Seus olhos astutos me fitaram.

Tem certeza, Mayara Jacobs? — falou — Agora mesmo eu posso ver em seus olhos seu desprezo pelos eidolons... Ah, é verdade. Eles mataram seu pai, feriram sua madrasta, destruíram sua família. Tudo isso usando você. O que acha? Eles merecem morrer, não é? Precisam sofrer pelo que te fizeram. Não quer persegui-los, acabar com seus planos, fazê-los pagar por todo o seu sofrimento? Seus irmãos vão crescer sem um pai, e a culpa é toda deles...

— Se vai tentar me convencer de que o motivo para eu querer entrar nesta Guerra é por vingança, Daímonas, pode parar. – interrompi – Talvez eu queira fazer com que os demônios paguem pelo que fizeram a mim. Talvez, lá no fundo, eu deseje que eles sofram por tantos séculos de perseguição à minha família. Mas isso não importa. Por que eu deixaria tudo isso de lado e desistiria de persegui-los se eles não ameaçassem a segurança dos meus irmãos e daqueles com quem eu me importo.

Eu me aproximei mais um pouco, colocando intensidade em minhas palavras.

— O motivo para eu entrar nessa caçada é para proteger o mundo, não para satisfazer qualquer tipo de sede de vingança. E, se algum dia o motivo for esse, então eu sei que já terei me tornado o tipo de monstro que matou o meu pai.

Daímonas suspirou, parecendo decepcionado.

Acho que vou precisar tentar com mais força, então — sorriu – Bom. Não tem graça quando é muito fácil.

Ele mexeu na coleira em seu pescoço.

— De qualquer jeito, por que me chamou hoje, milady?

Eu sentei na beira da cama, colocando as mãos nos bolsos do short. Fiquei mais alguns segundos em silêncio, até finalmente perguntar:

— Como você escolhe os preços pelos pedidos?

Ele ergueu os olhos, interessado. Expondo os caninos afiados em um sorriso, respondeu:

O preço que cobro é proporcional ao pedido. Pode custar um dólar, pode custar uma vida.

Eu o encarei.

— O quanto custaria se eu te perguntasse algo sobre mim mesma? Por exemplo, se eu perguntasse como eu posso ser útil neste grupo, ou se eu quisesse saber uma de minhas habilidades secundárias, qual seria o preço pela resposta?

Daímonas riu e então levou o dedo indicador aos lábios.

É segredo!

— O que?

Ele apoiou o queixo na mão.

É a regra. Milady só fica sabendo qual foi o pagamento quando eu o cobro.

Eu o fitei por um momento.

— Você não pode nem me dizer se seria caro ou não?

Ele pareceu intrigado.

Bom, neste seu exemplo... Talvez fosse barato. Como se eu fizesse você beijar aquele seu colega que você não suporta.

Franzi a testa. Por que que todo mundo ultimamente vinha relacionando beijo a pagamento?

— Mas por que diabos você iria querer isso?

Ele deu de ombros.

— Porque seria divertido.

Eu bufei.

— Você é mesmo só uma criança, não é?

Seus olhos brilharam, intensos de repente, famintos.

— Acha mesmo?

— Não. – respondi prontamente.

De qualquer jeito, isso é só um exemplo comparativo. Como eu disse, se milady me fizer um pedido, só saberá qual foi o preço quando este for pago.

Assenti com a cabeça, e então fiquei de pé.

— Bom, então já pode voltar.

Ele inclinou a cabeça.

— Hm? Não vai querer fazer a pergunta?

Eu lhe lancei um sorriso de canto.

— Não até eu realmente precisar dela. Por enquanto, vou aguentar a curiosidade mais um pouco.

O olhar dele foi de interesse a divertimento.

Você certamente é diferente dos outros.

Com isso, ele recolheu sua forma à Página.

Suspirei, aliviada, e guardei a caixa no fundo da mochila, cobrindo-a com minhas roupas para esconder bem. Joguei-me na cama, e fitei o teto estrelado, sem nenhum pensamento específico na minha mente. De fato, de alguma forma conversar com o demônio na Página de Prata havia aquietado meus pensamentos inseguros.

Não demorou muito para que eu pegasse no sono.

 


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Notas finais do capítulo

Eu de novooo ^^
Então, gente, quem estava com saudades das imagens no final do capítulo? o/ heheh
Essa é Neko, um espírito da natureza (quem lembrou dos espíritos dos Grãos que atacaram Hazel? o/ hahah). Pois bem, o poder de Tori envolve ser capaz de invocar tais espíritos (inclusive os dos grãos), por ser filha de Deméter. Ainda a veremos aparecer mais na história ^^ O que acharam dela?
Críticas, expectativas, erros, teorias? Deixa um coment aí me contando tudo ^^
O que vem por aí é: Capítulo 29 - A Vidente e a Água do Poço. Devo postar até o próximo fim de semana, mas vou tentar postar na Terça.
Até mais ♥ ♥ ♥